domingo, 26 de outubro de 2008

Eppur si muove!

Com esta expressão Galileu Galilei, o grande cientista italiano do século XVI vingou-se dos “doutores da Lei” da Igreja que o acusavam de heresia, naturalmente querendo com isso assar-lhe numa fogueira (para limpar-lhe a alma ímpia antes de “ir pro céu”). “Entretanto, se move!” Foi a tréplica do grande cientista ao sujeitar-se a praticamente desmentir aquilo que então ensinava. No fundo, a expressão reconfirmava o que antes afirmava e, temporariamente teve que mentir. Os brucutus que o acusavam, apesar de cheios de tantas leituras eram incapazes de pensar por si só e não entenderam de imediato a afirmação. Quando vieram a entender era tarde. No mínimo soaria ridículo se quisessem retomar o processo. Galileu morreu de velhice e a ciência foi salva de sofrer duro golpe pela ignorância e suas companheiras inseparáveis: malandragem, desídia e arrogância.

Venâncio, Heleno e sanguessugas. E Serginho.

Eppur si muove! Digo eu. Não no tempo e espaço desejado, mas a Justiça, como condição fatal, não falha. De alguma forma ela chegará. Não discuto os méritos de... ou o porquê de tanta gente achar que é possível roubar o dinheiro público e safar-se livremente, sem se questionar, porém, que de alguma forma vai cair.
Sobre os porquês, a corrupção eleitoral é a mãe de todos os roubos. Inicia-se pagando dívidas de campanha até não mais ter controle algum. Em geral, salvo algum muito malandro que intermédia o sistema, todos acabarão como os salteadores, senão atrás das grades físicas, atrás das terríveis grades da insociabilidade, aquela onde o sujeito vive sempre sobressaltado com medo de alguém lembrar “eu sei do que você fez o ano passado!”
Sobre os méritos, só os tolos acham que é possível ficar rico de roubo e não pagar alto preço. Isso quando fica realmente rico. Em geral trata-se de um espírito paupérrimo que acredita “na força do dinheiro” e o máximo que consegue é servir de boi de piranha pro reais malandros; os que nunca aparecem. É aqui que entram os politiqueiros.
Não quero discutir o mérito de, ou o porquê de Venâncio e Heleno estarem encalacrados com as ambulâncias de Vedoin e de Zé Serra (que a Folha de São Paulo e toda a mídia grande de São Paulo – especialmente - esquece completamente nas matérias pertinentes), mas o fato é que o status quo até pode livrar Serra de alguns constrangimentos, mas Vedoin e os venâncios e helenos da vida vão dançar. Aliás, por falar em Serra, ambulâncias... isso nos remete à corrupção na Saúde - o queijo suíço por onde tudo é possível (desde prefeituras a estados e até União) – e aí cabe a pergunta: como andam aqueles processos movidos contra a administração da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe há alguns anos atrás? (mais aqui, aqui e aqui).
Da mesma forma Jose Sergio de Oliveira, o Serginho de Glória, recém-eleito prefeito de Nossa Senhora da Glória não poderá tomar posse e, se o fizer, terá que deixar a Prefeitura assim que o Pleno do TSE julgar a decisão do ministro Joaquim Barbosa. Crime? Trapalhadas com o dinheiro público. Repito, na maioria das vezes a matriz de tais trapalhadas é a corrupção eleitoral que vai desde a compra do título ou voto diretamente à troca por sacos de cimento, dentadura, etc., e etc. O vale tudo. Mas chega o momento em que isso há de bastar. Na última eleição para a Câmara Federal mais de vinte por cento dos deputados sequer se candidataram à reeleição ou candidataram alguém. É caro o voto corrupto. E a conta chega, mais cedo ou mais tarde. Nesse roldão de maluquices e irresponsabilidades nem mesmo os financistas - que esperam quais lobos de dentes afiados a visita de um desesperado candidato - levam tranqüilidade. A qualquer momento poderão receber a visita da PF. Afora a quantidade de dinheiro gasto em propina pra defender-se de outros tipos de urubu: os que militam nas comunicações e na Justiça, principalmente. É coisa de maluco. O preço pago por Venâncio, Heleno e Serginho é o resultante por atos impensados ou mal pensados do tipo: se quero, posso; se posso, faço.