sábado, 10 de setembro de 2022

LUTAR ATÉ O FIM.

(O título foi uma resposta em forma de comentário à uma pergunta de uma matéria no site JLpolítica, e depois ali publicado com artigo, que replico aqui.)

Em 1996, com minha singela ajuda e com papel invertido, o vereador Valmir dos Santos Costa foi derrotado por Luciano Bispo para vice-prefeito com Carminha Mendonça candidata à cabeça de chapa.
Vitória acachapante: quase dois por um EM TODOS os oponentes.
Eram favas contadas. Luciano não tinha saído da administração anterior com tanta popularidade; mas tinha o capital da juventude, da renovação, dos novos tempos e da inexorável mudança que sempre ocorre e se alastra por todo o espetro social e político, periodicamente, tão certa como são as sucessões anuais das estações. E, na quebra-de-braço contra Zé Queiroz e Djalma emplacou seu sucessor, João Alves dos Santos, o João de Zé de Dona, que fez boa administração, porém não empolgou como líder, ainda se distanciou de Luciano, favorecendo o seu retorno.
Eleito deputado estadual em 1994, Luciano resolveu voltar à Prefeitura em 1996. Todo mundo sabia que seria invencível. E dessa vez com Queiroz de vice.
É nessa situação que Valmir abre mão de mais um mandato certo de vereador e aceita compor com Carminha, numa espécie de lava-honra para o grupo que, sabia-se perderia a eleição; como perdeu.
No início de 1997 encontrei um Valmir meio desolado, até confuso, porém não me pareceu um derrotado clássico. Estava então na direção da Rádio Capital do Agreste, que lhe restou para continuar no ativismo político, e onde me convidou para um longo e tranquilo bate-papo acerca da administração da emissora, a qual tive o prazer de cooperar na sua fundação, artisticamente falando, e nela ainda tive curta experiência administrativa.
Notei-lhe a chama de bom político sempre presente.
Valmir retornou à Câmara nas eleições de 2000, 2004 e 2008. Nas de 2012 resolveu se testar novamente, dessa vez invertendo as posições: ele de cabeça de chapa e Carminha agora de vice; o que mesmo por uma questão de liturgia da tradição seria impossível com o velho Chico de Miguel ainda vivo, logo, até 2007 – o eleitorado tradicional, a base, não aceitaria. E contra o mesmo Luciano Bispo; no cargo e buscando a reeleição. Mesmo o conhecendo, Valmir me surpreendeu.
Naquela eleição eu não votei para prefeito. Um fetiche pessoal: quis ver a eleição municipal completamente sem a minha intervenção depois de vinte anos de envolvimento além de eleitor. Não votei, não orientei voto... sequer uma resposta concisa além de "não sei" eu dei. Apenas agradeci em forma de voto ao meu vereador o apoio noutro projeto.
Dificilmente os recursos de Valmir serão aceitos pelo Judiciário. No entanto ele deve ir - e vai - até enquanto der.
E o amanhã... será outro dia.


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

VIRALATISMO OU ANALFABETISMO MESMO? (Ou para não citar Itabaiana?)

 

A morte da rainha Elizabeth II, sejamos sinceros está comovendo o mundo. Não seria pra menos: foi a monarca mais longeva na história britânica; nos seus 70 anos de reinado viveu os mais dramáticos momentos do reino, quando viu a situação de superpotência onde o sol não se punha desabar, restando à Coroa o mero lugar protocolar de chefia-de-estado, mas com o comando real dividido entre a poderosíssima banca inglesa e os vários primeiros ministros dos estados membros da Commonwealth; a perda de territórios ricos, como os do vice-reinado da Índia - hoje Índia, Paquistão, Bangladesh e Sri-Lanka - da Nigéria, África do Sul e Egito; e a perda de poder político interno, onde até serviu de gozação a certo banqueiro a desdenhar que ela podia ter a carinha impressa nas notas de libras esterlinas; mas quem controlava tudo era ele.
Enfrentou novidades políticas como as brigas no Parlamento. Com o grosseirão e pragmático Winston Churchill, Elizabeth se deu muito bem com ele, apesar de não vir da nobreza. Ao desbancar o nobre burocrata Neville Chamberlain, Churchill foi o primeiro a ver, antes de iniciar a Segunda Guerra que Hitler seria a desgraça europeia.  Mas as transformações ainda estavam começando; e eis que o trabalhismo finalmente chegava ao poder. E Elizabeth teve que sentar-se com plebeus para discutir o império ou o que restou dele.
Sem rompantes de força fez o melhor reinado na história da ilha.

Desconhecimento: ignorância ou viralatismo

Numa matéria com aparência de “copy and past” o Uol publicou que, “Reis 'homônimos' a Charles 3º levaram períodos turbulentos à Inglaterra.”
Ao menos relativamente a Charles II eu acho que faltou discernimento, pesquisa histórica mínima, ao menos; mas também pode ter pesado doses como sempre cavalares de viralatismo, somente em suprimir que Charles II foi o cara que na prática criou o império inglês, que começou – e que o avô de Elizabeth, Jorge V alcançou em todo o esplendor – e que o fez em cima do enfraquecimento, fagocitando, comendo por dentro o império português.
De cara, a subida de Charles II ao trono 1660 foi seguida de um acordo matrimonial que o casou com uma filha de D. João IV, o restaurador, D Catarina Henriqueta de Bragança, em 1662; por cujo dote a Vila de Itabaiana (e as demais vilas e cidades do Brasil) pagaram o dote até meados do século XVIII. No acordo também entrou a África do Sul, ocupada pelos holandeses, mas oficialmente ainda colônia portuguesa; o entreposto comercial mais valioso da Índia, além de licença para o comércio inglês operar em toda a Índia; licença para Macau, na China; no Japão, em Nagasaki; Indonésia e Timor; enfim: Portugal deu a galinha dos ovos de ouro e ainda facultou aos ingleses os celeiros de ração, inclusive o maior e melhor de todos depois da Índia: o Brasil. Quarenta anos depois, começava a borbulhar ouro no Brasil - 1700 - quase todo levado para a Inglaterra a financiar a Revolução Industrial. Com muito pouco para Portugal e nada para o Brasil.
Do mesmo modo que a Grécia se fez em cima das trilhas comerciais dos fenícios, assim se fez a exuberância inglesa em cima de Portugal. Iniciada pra valer com o casamento de Charles II com a princesa portuguesa Catarina de Bragança. E o grande jornalismo nacional parece não conhecer a História ou a essa parte não dar a menor relevância.

Quanto a Itabaiana na história

D. Catarina teve um filho com o rei Charles II, depois de dois abortos espontâneos; mas... ele morreu ao nascer. Charles II morreu jovem, aos 54 anos, em 1685, sem deixar herdeiros, óbvio, assumindo a complicadíssima coroa inglesa um seu irmão.
A Coroa portuguesa não estava em melhor situação. Na verdade, reinou durante quase vinte anos como regente a rainha consorte, D. Luíza de Gusmão. Foi dela a ordem para não destruírem Sergipe depois da Rebelião dos Curraleiros e das prisões e condenações em massa dos criadores de gado, depois de 1656, especialmente dos de Itabaiana.
Em março de 1692 D Catarina despediu-se para sempre da fria e inóspita Londres e retornou a Portugal. O transportador dela, dentro da Espanha no trajeto português até sua quinta foi João Manuel do Cabo. Que por esse serviço especial foi premiado em 16 de junho de 1700 com a nomeação como primeiro tabelião do Segundo Ofício de Itabaiana, ou o conhecido cartório de Maria Helena ou Zeca Mesquita.
Como a História é ramificada.
Que o artigo do Uol não trouxesse, isso sobre Itabaiana, está claro; é somente um desdobramento. Mas, desconhecer a grandeza do reinado de Charles II e sua intima relação com o Brasil via Portugal soa estranho.

Em tempo: escusas pela correção do texto. O foi para torná-lo mais claro. Obrigado.

DIA DA PÁTRIA

 


 "E o sol da liberdade em raios fúlgidos
brilhou no céu da pátria nesse instante."

Homenagem na tarde de ontem, no desfile cívico do 7 de setembro feito pela Escola Municipal Dom José Thomaz (Rio das Pedras, Itabaiana-SE), à Academia Itabaianense de Letras, MOC MAP (Movimento Cultural Maria Pereira) e escritores Itabaianenses em geral.

(Trajeto na Praça Fausto Cardoso)

domingo, 4 de setembro de 2022

HONRARIA FRUSTRADA

Na próxima quarta-feira é o grande dia nacional; que, desde os anos 1940, e graças a universalização da escola pós-Estado Novo passamos, finalmente a ter uma data da Independência do Brasil para chamar de nossa, festejada pelo povo, mesmo depois do Brasil já ter mais de cem anos de independente. Em termos.
Uma festa bonita, independente das mazelas no governo e na sociedade.
Na última sexta-feira, 02, pelo meio dia recebi um convite que ao tempo em que me senti enaltecido, também me senti entristecido justo por me achar impossibilitado de atender tal honraria: desfilar, depois de 50 anos pela minha escola primária, a Escola Municipal Dom José Thomaz, do povoado Rio das Pedras, como um dos representantes da Academia Itabaianense de Letras, onde ocupo cadeira 27, consagrada a Maria Thetis Nunes; e no Sete de Setembro, no grande desfile anual do Dia da Pátria, promovido pela Secretaria Municipal de Educação do Município de Itabaiana.
Momento ímpar; ao qual não poderei participar como proposto. Problemas recentes de saúde me forçam à moderação; quer nas emoções, quer nas exposições fisicamente falando.
A minha escola de hoje é bem diferente daquela onde concluí o então Quarto Ano Primário. Se chama Dom José Thomas, ao invés de São Vicente como na minha época; voltou à margem da BR-235, porém a 200 metros da primeira versão à margem de uma estrada histórica e que só pouco tempo vim saber. Tem turmas variadas, e não uma de séries mistas; as instalações são bem mais modernas, a começar do prédio, propriedade do Município (na época era particular, da professora); equipada com 14 salas, onde estudam aproximadamente 300 alunos, vários professores e outros servidores, enfim, os desfiles ocorrem todos os anos e não mais em novembro, mas em setembro.
A inquietude e criatividade da ex-diretora Rosa Maria Vieira de Santana, a levou a estimular seus comandados, fazendo ali uma revolução. Além da agitação cultural através de palestras, concursos internos e até publicações impressas criou uma academia de letras, estimulando-os, não somente à leitura, muito além do conhecimento técnico, restrito aos currículos oficiais; mas também à expansão da consciência mediante a prática literária, quer estimulando à leitura; quer à iniciação à prática literária ativa, como pequenos escritores contistas, poetas, etc.. A escola, não mais como mero repassador formal de conhecimento; mas um laboratório do pensamento. Com maior ou menor intensidade, as sucessões administrativas vêm mantendo essa inestimável conquista, e, certamente a Academia Serrana de Jovens Escritores, ASJE, deverá desfilar no Sete de Setembro à caráter, e, além de mostrar que não estar para brincadeira, deverá mais uma vez homenagear a Academia Itabaianense de Letras, em que se espelha, e nos seus acadêmicos, tomadas como patronas daquela arcádia mirim.
Foi para compor xesse cenário maravilhoso que tive a honra de ser convidado. Pena que não poderei fazer jus à atenção; às deferências a mim dirigidas. Mas estarei rapidamente na plateia e integralmente de coração.
Gosto de que gosta de fazer.