quinta-feira, 23 de maio de 2019

DE VOLTA À IMPORTÂNCIA

Durante exatamente dois séculos e meio ela foi o mais importante acesso da cidade.




Observando na última segunda-feira o frenético movimento do popular “desvio do Bairro da Torre”, hoje oficialmente Rua Alemar Batista de Andrade, e outrora estrada real de São Cristóvão, uma constatação: jamais substituirá a relativamente imponente BR-235 de hoje; mas voltou a ter uma grande vitalidade. A construção do Shopping Peixoto e sua consequente melhoria, fê-la também importante via de acesso a urbanização que toma a área por 43 anos, desde que o lixão da Lata Velha deixou de ser o ex-futuro aeroporto, sonhado por Euclides Paes Mendonça e deu lugar ao Bairro Miguel Teles, ainda hoje também conhecido como Bairro da Torre.


Estrada de entradistas.


A estrada teve lugar assim que por volta de 1612, São Cristóvão se estabeleceu definitivamente onde é hoje, e apareceram os “capitães-do-mato”, oficialmente capitão de campo, a exterminarem os Kiriris da região de Jeremoabo – a freguesia, depois município original – escravizados aos borbotões, máxime para abastecer o moinho de carne humana que era o pesadíssimo trabalho na imensa frota de caravelas comerciais portuguesas, é até na Real Marinha.
Houve vários entradistas, mormente no século XVII; contudo foi Fernão Carrilho, de quem talvez venha o nome do povoado - notório exportador de castanhas de caju - e com esse nome, também responsável pelo fim do Quilombo dos Palmares, o maior deles. A quem inclusive D. Rodrigo de Castelo Branco recorreu quando veio procurar prata em Itabaiana. Como informação adicional, o paulista Domingos Jorge Velho apenas ficou com a glória, dada pelo governador de Pernambuco; mas quando chegou o Quilombo já havia sido exterminado.


Fim de um ciclo


Em 1855 a capital de Sergipe foi mudada para Aracaju. A estrada passou a somente ser utilizada pelos tropeiros, que descobriram na nascente feira de Itaporanga d’Ajuda, uma compensação pela que eles haviam fundado, a pedido do presidente da Província, Manoel Ribeiro Lisboa, em 5 de julho de 1835, na antiga capital. Nem mais os aldeões do município, a não ser nos raros casos de justiça ou impostos, já que em 1845 passaram para dependência da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Hora, em Campo do Brito, vinham. Até para votar era na nova sede paroquial. Aí, virou Estrada de Itaporanga.
No início da década de 1860 nasceu a feira livre de uma feira de algodão, e os munícipes do sul do município voltaram a frequentá-la. E assim se mantiveram até praticamente o advento da BR-235, desde então, quase que desapareceu, só restando pedaços conhecidos como esse “O DESVIO DO BAIRRO DA TORRE”. Que agora voltou a reviver como importante via.
O nome de rua atualmente é uma homenagem à minha amiga que tão cedo partiu, filha do também grande amigo, o risonho e diplomático, gente fina, cabeleireiro Dernival Andrade.