quarta-feira, 27 de setembro de 2023

ENGARRAFAMENTOS

 

O Decreto-Lei 311, de 2 de novembro de 1938 acabou com uma situação esdrúxula: a de sedes municipais poderem ser vilas ou cidades. A partir dali as mal vistas, “atrasadas”, de segunda, vilas deixaram de existir e tudo passou a ser cidade. Hoje, como há muito tempo, vila passou a ser sinônimo de viela, paupérrima, desorganizada, enfim. Já cidade é outra coisa.
Mas certos costumes ou vícios de vila ainda hoje predominam em Itabaiana.
Exemplo, a de a gente passar o vexame de ter de explicar a um visitante de fora – mas jamais convencer – que um cara com uma mão cheia de bilhetes de lotaria para vender, e na outra uma frágil corda a conduzir um touro de trinta arrobas, em plena feira pela meio do povo... é cultura. Quando sucessivas leis municipais desde 1916 já proíbe até cavalgar no Centro da cidade.
Uns dias atrás a SMTT tomou uma medida que, inexoravelmente vai ser rotina daqui pra frente: reduzir o trânsito em duas importantíssimas ruas a sentido único. Teve que deixar uma delas em stand by, pela agitação causada em alguns apressados em só ver dificuldades. Perdas de hábito.
Itabaiana tinha 3.549 veículos motorizados (destes, 1.262 automóveis e 774 caminhões e carretas) em 2001. Mas em 2022 esses números fecharam em 65.160 unidades, sendo 16.713 automóveis; 3.680 caminhonetes, 3.566 caminhões e mais de quarenta mil motos, motonetas e ciclomotores.
E ainda tem mais: a rede de serviços que trazem milhares de pessoas para o comércio de Itabaiana, de segunda à sexta, praticamente dobra o número de veículos de dois ou mais eixos no Centro, e até em algumas vias de alguns bairros.


Tem que racionalizar. Limitar onde for possível; fazer fluir, sempre necessário. Desobstruir.
Hoje, em torno do meio dia, uma situação recorrente: um caminhão-baú entravado na esquina da estreita Rua Sete de Setembro, ao fazer conversão para estreitíssima Rua São Paulo. Mas isso também já presenciei em várias outras esquinas, até mesmo na larga Rua Campo do Brito, em variados momentos e anos.
Essas ruas foram projetadas numa época em que os caminhões eram do tamanho das atuais caminhonetes, e toda engenharia possível é necessária para destravar; fazer fluir.
Poder continuar passando na rua São Paulo? Pode. Já que não há alternativa; mas sempre em linha reta, especialmente veículos maiores. Na Rua Sete de Setembro? Pode. Até mesmo porque é necessário abastecer as lojas; porém, quartas e sábados, quando a Feira tranca desde a esquina da Rua São Paulo até praticamente a Antônio Dultra, há que se usar o bom senso e proibir o trânsito de veículos acima de cinco metros de comprimento. Senão entala.
E aí saem todos perdendo: comércio, transeuntes... a cidade inteira.



segunda-feira, 25 de setembro de 2023

ENCONTRO COM LENDAS: UM BOM, OUTRO MAU.

 

 

Sábado, à noite, fui obrigado a dormir um pouco mais tarde que habitualmente. É que ao ligar a TV, dei com Serginho Groisman fazendo um especial em seu programa, com ninguém menos que a turma dos Titãs, uma das melhores bandas de rock nacional de todos os tempos "de todas as semanas" dos últimos 40 anos(*).
Mas... além dos eternos adolescentes rebeldes hiperqualificados, com eles, outra lenda. A lenda Liminha. Por trás de ao menos cinco entre dez bandas e cantores solos da explosão do rock nacional, da década de 1980; porém não somente de rock; mas de um monte de outros artistas, de ritmos variados, da MPB. Nada escapou ao seu cuidado de produtor, nos legando um plantel de canções que ainda hoje maravilha a quem não apenas entope ouvido com qualquer baboseira autointitulada música.
A coisa de qualidade é assim: dá trabalho fazer; porém, depois de feita vira obra de arte.
Mas à música popular não basta bem produzir; é preciso divulgar. E comercializar com justiça, trazendo lucro ao artista cabeça, e depois dele a todos os envolvidos. Nessa cadeia de produção é imprescindível o empresário. Tanto o particular, que trabalha pra um artista ou grupo, e até vários; aos "show business man", aquele que leva o produto final ao grande público.
Hoje uma notícia triste: morreu uma lenda da MPB. Não era compositor, nem cantor; contudo teve um portfólio de fazer inveja a muitas empresas americanas do setor. Foi um dos maiores - senão o maior - empresário de shows do Brasil, especialmente das efervescentes décadas de 70 e 80.
Depois de décadas como elo vital na ligação direta, no palco, do cantor com seu público, faleceu hoje no Recife, o propriaense, obviamente sergipano, José Carlos Mendonça, o lendário PINGA.
De Waldik Soriano ao rei Roberto Carlos, passando pela deusa do Santo Amaro, Maria Bethânia... Pinga construiu para si uma carreira de sucesso empresarial, e de divulgação e promoção de uma legião de artistas, que, com certeza não teriam nos premiados com suas canções, não fosse ele.
Que São Pedro agora aproveite bem; já que nós aproveitamos muito bem até pelo menos a década de 1990.
Palmas!


(*) Inspirado numa música da banda, chamada “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”.