quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Republicanos

A turma da Direita nacional se péla de medo do Zé. Dizem eles: “o Zé é guerrilheiro”. Não com respeito, obviamente, já que este pessoal só conhece o temor; fruto do medo. E não o respeito, fruto da admiração das qualidades alheias. E, claro, existem muitas mentes avançadas no mundo político, inclusive na Direita; porém, infelizmente a maior parte é de saqueadores.
Pois bem, “o Zé é guerrilheiro”!
A que diabos de guerrilha se refere a turma do egoísmo exacerbado?
O Zé é guerrilheiro porque antes de ser um político é um republicano. Aquilo a que tanto se referem vários personagens do umbral como “homem público”, mas que de fato nada entendem ou querem entender do que seja um homem público, já que são pessoas que têm o olho maior que o planeta, porém, só enxerga o próprio umbigo. E, portanto, são pessoas incapazes de entender a grandeza de um projeto que atinja o máximo de pessoas em detrimento de um projeto egoísta, extremamente pessoal, e que quando bem sucedido o será em termos e breve; e logo em seguida, dadas as circunstancias que normalmente cercam esses projetos, os poucos que dele se beneficiaram buscam dele se desvencilhar; pular do barco antes que ele afunde. Até os descendentes de seu maior beneficiário tudo fará futuramente para negar-lhe o parentesco familiar. É nisso que dão os projetos pessoais; extremamente pessoais. Um mar de choro e ranger de dentes.
“O Zé é guerrilheiro” porque em nome de um projeto imensamente maior é capaz de dar-se ao sacrifício como todos os apóstolos de qualquer credo. Coisa que a imensa maioria, ou tem medo; ou quer dar uma de gato e viver limpo sem tomar banho.
Uma ideologia não pode sobreviver comandada por “especiais” preconceituosos, burocráticos, patrimonialistas – mesmo que no sentido de titulações acadêmicas; e muito menos por quem só enxerga vantagismo em tudo o que, obviamente, acaba por levar-lhe à torpe idéia da “farinha pouca; meu pirão primeiro”. Ideologia é coisa de homem – ou mulher – de espírito público, mesmo quem seja alguém invisível social ou politicamente. Gente que trabalha pela maioria; e não para bandos e muito menos e pior, apenas para si.
Nem todos têm a coragem de ser “o guerrilheiro”. É compreensível. Todavia, é necessário que quem assim não tiver condições de seguir; quem não estiver preparado para a guerra, que peça substituição. Ou pelo menos não plante bravatas. Não destrua os sonhos de quem ainda sonha sonhar.
O PT de Itabaiana têm tudo a ver com o Partidão, o Partido Comunista Brasileiro, a maior agremiação de socialistas de vitrine que o Ocidente conheceu. Basta lembrar o que é o PPS atual, herdeiro direto do velho Partidão.
O PT de Itabaiana começou como todo o PT do Brasil, sem uma definição de caminhos, porém com objetivo certo: tomar o poder pela via democrática e implantar um regime republicano onde o povo, do qual o próprio partido veio, tivesse vez e não apenas como sempre aconteceu onde as pessoas do povo, quando muito, eram promovidas a capitão-do-mato. Aqui, entretanto, o partido tem um grande vício de origem. Enquanto em quase todo o Brasil e especialmente em São Paulo - o núcleo – o partido foi uma feliz combinação de intelectuais e técnicos de alto nível (sem frescuras) com estudantes secundaristas e universitários, cimentados pela massa da turma do “Macacão azul”, o operariado, em Itabaiana, apenas uns poucos gatos pingados com parte intelectual e técnica (com muita frescura, inclusive) e estudantes. Faltou o povo. Caiu naquilo a que mais o grande Raymundo Faoro sempre advertiu contra: na democracia sem povo.
O resultado é que tem sido um constante exercício de vaidades em cima de tão pouco que, se a natureza do eleitorado itabaianense já é refratária a idéias realmente novas, aqui se torna pior ainda. Acreditar em quem?
E não me venha com cantilenas de que isso é discussão democrática. Discussão democrática intra-partidária se faz dentro do diretório, esteja ele reunido onde estiver. Não no meio da rua.
A quem interessar possa, o signatário aqui foi o primeiro presidente (pós
período provisório) do Diretório do Partido dos Trabalhadores em Itabaiana no
biênio 1982/1983.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Versos instigantes para acres dias

Quem perdeu
O trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo

Quem souber
Dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo

GUEDES, Beto. Canção do novo mundo

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Um típico caso de falta de importância.

Hoje pela manhã ouvi pela enésima vez no ano – de vários outros que o antecedeu – o carro de som passar anunciando mais um obituário.
É coisa de lugar de terceiro mundo e bota terceiro nisso, contudo, ao lado dos mausoléus suntuosos que se faz no mundo ibero-americano, e, sejamos justos em mais alguns do mundo mediterrâneo de onde herdamos quase todas as nossas tradições ditas civilizadas, é mais uma forma de demonstrar quem é o bom do pedaço; quem pode mais. Mesmo depois de morto.
É algo meio grotesco, às seis e às vezes até às cinco da manhã acordar um montão de gente que nada tem a ver com a “fama” do ilustre defunto. Todavia, é cultura; mesmo que não erudita ou das mais louváveis. Não adianta espernear.
O fato em si, entretanto, traz uma inquietante constatação para mim que de vez em quando ameaço entrar na área de publicidade: a de que as quatro emissoras de rádio da cidade de nada valem quando se quer anunciar pra valer qualquer coisa.
O obituário publicado surgiu nos jornais, naturalmente e, em Sergipe, ele foi passado para o rádio pela Rádio Cultura nos seus primeiros tempos, início da década de sessenta deste século próximo passado. Como a Rádio Princesa da Serra – a primeira inaugurada em Itabaiana – copiou em boa parte o estilo da Cultura ocorreu que já nos seus primeiros dias o obituário estava incorporado à sua programação extraordinária. Daí para o carro de som foi um pulo. O problema – das emissoras – é que, como apenas o carro de som se consolidou como veiculo exclusivo para esse tipo de evento, isso demonstra claramente que as pessoas não confiam no rádio como forma de fazer chegar mais longe e com eficiência o seu recado. E como fica a publicidade?
Alertai-vos, companheiros radialistas! A responsabilidade pelo sucesso ou insucesso é vossa.