sábado, 22 de dezembro de 2007

Tá brabo!

A prefeita Maria Mendonça, seguramente não passa por um bom momento no seu biorritmo. Com o pai internado alternando entre o estado grave e o gravíssimo, além das péssimas notícias e indícios de que sua reeleição não será nada fácil, eis que o amigo Albano Franco a visitou neste último dia 21 e, segundo o articulista Cláudio Nunes, ao mesmo momento da visita, numa de suas emissoras, havia frenético corre-corre pela apuração de suposta ordem de prisão à Prefeita pelo não cumprimento de ordens judiciais relativo a um aterro sanitário, oriunda de MP que cada vez mais se converte em palanque de partido único - o dos "doutores da Lei", acima de Deus e do diabo - geratrizes dos melhores escândalos de espetáculos possíveis. Quanto a Albano, fica a suspeita de prática da política do morde-e-assopra. Recentemente Albano participou de um convescote na residência do ex-vice-prefeito Jose Américo Bispo onde rolou de tudo, inclusive juras de eterna lealdade entre o próprio, João Alves Filho e Luciano Bispo. Pouca diferença dos idos de 1982. E de 1998 quando Luciano constrangeu Albano a declarar-se rompido com Chico de Miguel em pleno palanque eleitoral.
De burro Albano não tem absolutamente nada. A seu modo é o homem disparadamente mais rico de Sergipe; e foi tudo o que imaginou ser – de deputado estadual em 1966 até governador, reeleito por sinal. Se não chegou à Presidência da República é porque sabe da estreiteza da boca do funil e corre de problemas como satanás corre da cruz.
Quanto à Prefeita, além dos problemas enfrentados na montagem para uma equipe eficiente, desde o início de seu governo, tem ela e seus comandados concorrido fartamente para um erro crasso na vida pública que é o de esquecer que uma campanha política somente termina quando se entrega o mandato. Ao se tomar posse, apenas muda a natureza dela. Para muito mais séria. Por exemplo, são procedentes as críticas que lhe foram movidas, ontem, sexta-feira 21, no programa de Eduardo Abril da rádio Itabaiana FM, pelo ex-prefeito Luciano Bispo de que nem seus próprios secretários se conhecem entre si. “Todo artista tem de ir a onde o povo está”, já diz a bela poesia cantada por Milton Nascimento.
Se fosse esperar a boa vontade de quase cem por cento da mídia nacional, visceralmente contrária, o presidente Lula já teria desaparecido do cenário político a pelo menos um ano.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sem brincar em serviço

Que a política é como uma nuvem, isso todo mundo de algum juízo sabe. Algumas nuvens, todavia, de tão pesadas parecem que nunca se irão dissipar. Como a briga existente desde os (des)acertos financeiros na campanha de reeleição de Albano Franco ao governo do Estado em 1998, entre os compadres, o ex-Prefeito Luciano Bispo de Lima e o radialista Edivanildo Santana. Ao que a parece a formação cúmulo-nimbus, digna de tempestade das brabas já se converteu em meras penugens de céu de brigadeiro. Como costuma dizer o mesmo compadre: Luciano não é de brincadeira. Existe uma rádio na velha estrada do algodão dos campos de Frei Paulo aguardando por novidades talvez repetindo os versos de Márcio Greyck (gravação de Roberto Carlos, Vivendo por viver): "E ainda espero a cada dia a sua volta, é só você querer".
Eu, nas palavras de um amigo meu: “sou contra os partidos, pois sou pela união de todos”.

Onde é mesmo esse Bairro Santo Antonio?

Recebemos e-mail da CGU com algumas informações, dentre elas a seguinte:

Número Convênio: 593913
Objeto: Construcao de uma praca no Bairro de Santo Antonio
Órgão Superior: MINISTERIO DO TURISMO
Convenente: ITABAIANA PREFEITURA
Valor Total: R$219.375,00
Data da Última Liberação: 13/12/2007
Valor da Última Liberação: R$219.375,00

O que chama a atenção é o detalhe da localidade.
Por tradição conhecemos no sítio urbano as seguintes localidades: os Eucaliptos, também chamado de Bairro São José; a Moita Formosa, o Açude Velho, O Matadouro Velho, hoje oficialmente incluído no Bairro Sítio Porto; o Batula, já dentro da Marianga, o Tijolo e Tijolão, parte na Bananeira e parte na Moita Formosa, A Fazenda Grande, a Coruja, dentro do oficial Bairro José Milton Machado, Açude da Marcela, parte na Bananeira e parte no oficial Mamede Paes Mendonça e a própria Bananeira ainda não oficializada; e mais os oficias bairros São Cristóvão, Marianga, Miguel Teles, Oviedo Teixeira, Sitio Porto, José Milton Machado, Rotary Club, Riacho Doce e Anízio Amâncio de Oliveira. Oficialmente ou mesmo tradicionalmente não existe o Bairro Santo Antonio. Não está em Lei Municipal aprovada pela Câmara nem pode ser decretada pelo Executivo Municipal.
O único local de que nos lembramos existir tal menção em início da década de 80 era a Rua Antonio Cornélio da Fonseca, próximo ao “Posto de Zé de Dona”. Naquele tempo eu era carteiro dos Correios e Telégrafos e trabalhava a cidade inteira; e a área em particular. Lembro que houve algumas menções a esse nome, todavia, nunca pegou e principalmente, nunca foi aprovado em Lei, a parte mais importante do ponto de vista legal e administrativo.
A que bairro então se refere a dita praça?
Acreditamos que tenha havido algum lapso na tramitação de tal convênio que pode ser, desde uma informação errada partida da própria Prefeitura Municipal a até um erro de digitação ou algo parecido no Ministério do Turismo ou nos demais ministérios envolvidos – até mesmo na CGU.
De qualquer forma isso nos reporta ao trabalho que executamos dentro da Câmara Municipal entre janeiro de 2001 e abril de 2003. Descobrimos coisas do arco da velha em termos de desorganização no município. Referente às denominações de logradouros, descobrimos coisas que vão desde a dubiedade de nomes para uma mesma rua a uma enormidade de ruas denominada ao léu. Há até um caso curioso de uma delas, a Luiz Duarte Pereira (primeiro Juiz Direito de Itabaiana em 1859) que é conhecida como Antonio Santana. A denominação foi colocada ali por um funcionário do antigo SESP – já falecido – para homenagear um seu primo, o ex-vereador Toínho do Bar (Antonio Diniz Santana), cujo já tem uma outra rua, saindo da Praça João Pereira com seu nome. Botou e pegou e nunca ninguém contestou. Há casos como da Avenida Luiz Magalhães, a mais importante da cidade cuja denominação não é oficial. A denominação pegou porque à época de sua abertura, em fins da década de 60 alguém lembrou do Juiz de Direito de Itabaiana que também foi prefeito indicado por quarenta e cinco dias e depois de sair de Itabaiana foi desembargador e, o mais importante para tal denominação: foi o braço direito de Euclides Paes Mendonça na “Justiça da época” itabaianense.
O pior é convencer ao povo que essa desorganização não é proposital. Para, por exemplo, receber verbas duas vezes para um mesmo logradouro.
Cabe, pois, à administração municipal tirar isso logo a limpo para que depois não venha sofrer insinuações nada lisonjeiras. E de preferência aproveitar as facilidades da tecnologia e de uma vez por todas fazer o que já era recomendado na “Carta pª o D.or Joam de Sá Sotto mayor com a qual se lhe envia hua Portaria sobre as Plantas q’ hade mandar fazer das Villas da Capitania de Seregipe del Rey. Bahia, 13 de agosto de 1704”(*), e nunca foi feito.
E resolver sérios problemas administrativos cujos necessitam de planejamento. E isso só se faz direito, entre outras coisas, com mapas precisos.


(*)Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Volume 10, p. 22. Rio de Janeiro, 1882/1883.
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domingo, 16 de dezembro de 2007

Ganhou o PT de Luciano.

Nas eleições de segundo turno para o Diretório Municipal de Itabaiana deu Olivier Chagas com 57 votos contra 48 de Gilmar Passos.
E daí?
Se tivesse sido confirmada a vitória de Gilmar Passos seria a vitória do PT de Maria. Ou melhor, dos contra Luciano. Uma vez tendo acontecido a virada para Olivier Chagas a vitória passa a ser de Luciano, por mais que esperneiem os componentes da chapa.
O PT de Itabaiana nunca esteve tão fora de rumo como anda desde a briga de Olivier e João Cândido. No momento atual desenha-se uma situação interessante. O PT de Maria apóia Maria Mendonça, naturalmente; que tem não no PT, mas nos irmãos Amorim seus aliados que conta. aliás, periculosamente tem sido plantado pelos partidários desta a idéia que "SÓ O DINHEIRO" ganha eleições. Um dos irmãos Amorim, o que manda porque é quem tem o dinheiro é Edvan cujo casamento com a filha de João Alves Filho, arqui-adversário do PT trouxe gente do porte do ex-Presidente José Sarney (IstoÉ, 1.123, Guerra das Festas, 03/04/1991). O PT de Luciano, por outro lado, é mais independente. É contra Maria o que fortalece Luciano, aliado de Zé Carlos Machado que é afiliado desde 1975 a João Alves Filho (Prefeitura biônica de Aracaju no Governo de José Leite Rollemberg), cujos não dormem um dia sem bater duro no fígado de Marcelo Deda e Lula e até na sigla pt usada pelos Correios ao fim da redação de cada telegrama. Tudo bem que dos três o mais possível de largar João Alves e correr pra Deda é Luciano através de Jackson Barreto e do eterno mimetista Benedito Figueiredo, o problema é que o eleitorado mais influente de Luciano em Itabaiana é radicalmente anti-petista e nem que Jesus desça dos céus abrirão mão disso.
Resumo da ópera: o PT de Itabaiana deve escolher por qual caminho cai nos braços de João. Se por Maria ou se por Luciano. Em ambos os casos lhe restará apenas raspas.
O PT de Itabaiana não aprendeu absolutamente nada com o PT nacional.
É uma pena.

Parindo velhos vícios

Termina neste domingo, 16 de dezembro, a temporada de festas alusivas à santa católica Nossa Senhora do Bom Parto na Matriz de mesmo nome, aqui na Itabaiana.
Como sempre, uma festa bonita - mesmo para incrédulos como eu – com muita gente exercendo seus êxtases espirituais baseados na fé, enfim, a extensão da alma levada ao mais alto nível.
Por trás do êxtase da esmagadora maioria, todavia, ergue-se, projeta-se, e por isso acabam sobressaindo as velhas manias patrimonialistas de apropriar-se, em nome próprio, de alguém ou de um grupo, de determinada situação. E por mais que alguém tente aplainar os picos de insensatez, como se diz no ditado popular, “não se esconde o diabo deixando de fora o rabo”.
Chamou a atenção um detalhezinho, pequenino, quase nada. O cartaz da festa, peça publicitária obrigatoriamente bem elaborada, portanto bem pensada, não traz em sua frente nenhuma alusão à Prefeitura Municipal de Itabaiana, parte integrante, também quase que obrigatória em todas as festividades desse tipo e em todas as administrações desde 1698. Ali estão, contudo, e com justiça, uma quantidade quase visualmente poluente de marcas empresariais que patrocinam o evento. Em compensação, foi feita uma grosseira promoção pessoal de três políticos e, até a compensação tentada no verso do cartaz – onde aparecem as informações adicionais – usou o nome da Prefeita e não o da Prefeitura como seria o correto. Óbvio, neste caso pode ter se tratado realmente de uma doação pessoal da cidadã, já que ali aparecem os nomes de outras pessoas do povo. Rumores dentro da comunidade católica afim, contudo, demonstra claramente que houve proposital esquecimento da marca da Prefeitura Municipal como co-patrocinador da festa. Isso é ruim. Demonstra que costumes que se tenta banir, neste caso o da apropriação de um bem público, a religião, continua em alta por aqui.

A religião e o voto.

Política e religião têm muito mais a ver do que se imagina em nosso município. Por origem, a própria região eleitoral foi estabelecida pelos portugueses ainda nos tempos coloniais partindo da área da Freguesia católica. Em geral essa área se confundia com o próprio município. O município de Itabaiana, por exemplo, foi dividido por muito tempo apenas com outra freguesia que não a de Santo Antonio que foi a de Nossa Senhora da Vitória de São Cristóvão, cuja área passou depois para a Freguesia de Nossa Senhora do Socorro, ou seja, toda a área compreendendo o Vale do Cotinguiba desde o povoado Jurema, vizinho à Usina Pinheiro até as serras, incluindo aí as atuais Areia Branca e Malhador. A maior parte dos senhores de engenho da Itabaiana, portanto, votavam no município de São Cristóvão. A família Franco, inclusive.
A carnificina de outubro de 1848 ocorreu em frente à Matriz de Santo Antonio, pois era ali que se realizavam as eleições. Aliás, era o único prédio digno de respeito na atrasadíssima vila. Foi também na Matriz de Santo Antonio a confusão com o Padre Vicente de Jesus que resultou na morte do avô do radialista Francis de Andrade, já em fuga, na esquina da Rua General Siqueira, em frente à casa da prefeita.
A religião, até o advento do rádio – a primeira grande forma universalizada de comunicação - foi o único sustentáculo de controle social - exceto à força - leia-se dominação. Isso leva muita gente ainda a usá-la como meio de campanha política, mesmo que subliminar, ou no mínimo por mera birra.
Na primeira metade da década de setenta do século que passou o padre Monsenhor José Curvelo Soares, quase ao apagar das luzes de seu mandato na Paróquia de Santo Antonio conseguiu romper um círculo vicioso que se arrastava desde os tempos coloniais, qual seja o de ter como patrocinadores da Festa de Santo Antonio, famílias ou pessoas poderosas da sociedade local, tornando-a assim, motivo de fortes disputas entre famílias de mesmo grupo político; e extremamente acirradas entre famílias de grupo rivais. Desde então, os ditos patrocínios recaem em entidades que, mesmo ainda contaminadas com o interesse político partidário reduziu bastante estas nefastas interferências na festa do dono da cidade de Santo Antonio e Almas da Itabaiana.

Obs. Antes que alguém estranhe o fato de sempre falar Itabaiana como “a” Itabaiana, venho esclarecer o seguinte: antes de Itabaiana, originalmente Vila de Santo Antonio, vilarejo sem importância alguma por séculos, vem a Itabaiana, a região importante, rica e cobiçada, onde se assentam vários municípios. Logo, ao me referir à atual cidade o artigo desaparece. Quando o assunto transcende ao sítio urbano, obrigatoriamente há a necessidade da aplicação do artigo, já que se trata de uma região geo-política que ultrapassa em muito, até mesmo os limites do atual município.