sábado, 13 de agosto de 2022

E HOJE É DIA DE SANTA DULCE

 

Que ela intercede pela cidade que escolheu para começar seus milagres.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

TRAÇOS DA HISTÓRIA

 

Avenida e pórtico em destaque

Desde priscas eras o itabaianense é um andarilho de feira em feira, em busca do sustento mediante o serviço comercial, tal qual aqueles primeiros assírios, suas mulas e seus tecidos da Idade do Bronze (3.200-6.000 anos atrás), cananeus (e seu príncipe Khebded, inventores do alfabeto com que escrevo aqui) e especialmente os hebreus, donde vem parte da nossa herança, muito além da religiosa; e os mais celebrados palmiranos e suas cáfilas de camelos a se enriquecerem com o abastecimento ao Império Romano de especiarias da índia China e Ásia Central.
E, para um andarilho estradas são imprescindíveis.
Desde a construção da igreja de Santo Antônio e Almas, em 1675, que a rua principal da cidade de Itabaiana tem sido a que leva ao melhor mercado aos seus mercadores ou feirantes.
Assim foi com a estrada colonial Salvador-Olinda – o Caminho do Sertão do Meio – cujos resquícios são, na direção de Salvador, a Rua Campo do Brito e Rua São Luiz; e na direção de Olinda, o primeiro trecho da Rua Marechal Deodoro (antiga Rua da Pedreira) e Rua Gumersindo Oliveira ou Rua de Maraba.
Assim foi com o Beco, hoje Rua Capitão José Ferreira ou Beco dos Alfaiates, rumo norte, pros sertões do Jeremoabo; mas especialmente para o sul; para a antiga capital, São Cristóvão de Sergipe d’El-rei, depois para a cidade de Itaporanga d’Ajuda, a Rua, de fato Avenida Itaporanga ou a infelizmente jocosa Rua do Fato.
A mudança da capital quebrou a força política da elite do centro-sul do estado; mas principalmente trouxe sérias desvantagens aos feirantes de Itabaiana, com o rápido empobrecimento da ex-capital e a falta de uma ligação à, em princípio hostil Aracaju. Restou ao feirante de Itabaiana um mercado bem menor, surgido pouco antes da mudança da capital: Itaporanga d’Ajuda. Daí porque, apesar da estrada ter sido aberta na fundação de São Cristóvão, porém ficou para as gerações mais recente a ideia de que a estrada é para Itaporanga. Traços dela também são a Rua Alemar Batista (acesso ao Shopping Peixoto) e a entrada para o Le Corbusier, do outro lado da BR-235, em frente ao mesmo Shopping, estrada que leva ao Carrilho.
Pela Avenida Itaporanga passou toda a nossa relação com a ex-capital por mais de 250 anos. Passaram as levas de infelizes índios cariris escravizados dos sertões de Jeremoabo e entorno da Serra Negra, resultantes das entradas de Fernão Carrilho, de logo depois da invasão holandesa. Passaram autoridades ao longo dos séculos; passaram os dois únicos condenados à forca com registro na História: o bandido Mata Escura e o mascate João Gomes, executados na Praça Fausto Cardoso, em 1848 e 1849, respectivamente. Passaram centenas de carros de bois transportando algodão; o algodão que transformou a cidade de Itabaiana.
Ironicamente, em recente foto colhida pelo amigo Luciano Melo da velha via, o destino da mesma que, se mantida a atual trajetória, em linha reta daria em confluência com a Avenida Luiz Magalhães, justo no pórtico da entrada para o Centro da cidade.
Traços de grandeza histórica.


quinta-feira, 11 de agosto de 2022

VOZES ETERNAS

 

 Na passagem da década de 70 para 80, mais precisamente em 1980 eu me vi responsável por uma discoteca, a da ainda jovem Princesa da Serra AM, sonho de todo adolescente e jovem, amante da música, como eu, que estou aos raspando 63, e ali encontrei uma serie de discos “B”; aqueles que pouco ou nunca tocaram.
Como vínhamos da efervescência da Discotheque, ritmo dançante, popularizado pelos filmes Embalos de Sábado à Noite e Grease – Nos Tempos da Brilhantina (este último também com John Travolta e a agora saudosa Olivia Newton-John, que nos deixou no último dia 8), e pela novela da Rede Globo, Dancing Days, muitos compactos, simples e duplos, e LPs na prateleira que nunca de lá tinham saído, mas que mereceram a minha curiosidade. Um deles, o compacto simples (uma música de cada lado do disco) de um grupo inglês, o The Buggles, Video Killed the Radio Stars (O vídeo matou as estrelas do rádio) me chamou a atenção não somente pela bonita e contagiante batida forte, tipo do ritmo disco; mas da letra bastante provocadora, profética. Confesso que senti certa pancada premonitória. E olha que vídeo cassete era uma miragem; e o computador, muito menos celular, nem em ficção. Como se previsse o fim de uma era de certeza e simplicidade para mergulhar nessa atual sopa extremamente rica, mas volúvel que ora vivemos.
Corte rápido, recebi com alegria a iniciativa da editoria do site 93 Notícias, mais precisamente sob a batuta do amigo e colega, pela ordem, de Colégio Estadual Murilo Braga, Correios e de rádio, Genário Santos em compor um pequeno histórico, estilo vinheta, com a lembrança dos companheiros, contemporâneos e predecessores, mestres da nossa geração de radialistas.
O rádio foi – e é – o companheiro de jornadas, de solidões sentidas ou não. Por ele ingressamos no fantástico mundo da música pop mundial; por ele fomos informados primariamente, preenchemos o tempo com brincadeiras, divertimos. Sua portabilidade só veio a ser seriamente ameaçada pelo “telefone inteligente” ou smartphone; porém, seu princípio de sucesso que reside na figura do bom comunicador, permanece.
Tenho 60 dos 63 de anos de vida marcantes; plenamente vividos. Contudo, foi-me especialmente a segunda década de existência que mais me marcou pelos momentos de descobertas. E na memória dessa não poderiam faltar Silva Lima e seu Informativo Cinzano com a Cavalaria Ligeira de Franz von Suppé; Manoel Silva acordando-me todas as manhãs, de segunda à sexta sob sublime trilha; meu particular amigo e guru, saudoso Irandi Santos e seu ao Cair da Tarde; para encurtar o mestre de tantos, também na eternidade João Batista Santana. A lista de saudades, contudo não para. Desde a saudoso Clemilda e seu forró no asfalto aos mais próximos, Fernando Pinto, Francis de Andrade, Aloísio Santos, Pereira da Silva, Alvanilson Santana, Adelardo Junior... muita gente boa para ser lembrada pelo que marcou, trazendo informação e alegria.
Parabéns ao Genário Santos e ao 97 Notícias pela iniciativa.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

SADISMO SALARIAL

 

Do meu ponto de vista só pode ser um doentio sadismo essa mania que tem a maior parte dos poderosos em reduzir salários de pobres.
Quando se trata de algo pontual, de uma empresa ou empregador, sabe-se que o que traz vantagem individual é o desnível. O ganhar mais e pagar menos. E neste caso é imoralmente justificável. O Salário Mínimo já é o MÍNIMO permitido, justo para evitar que o exercício tresloucado da ganância mate a todos: empregados e depois a patronagem.
Não esqueço a frase de Mamede Paes Mendonça à revista Veja, ao final da década de 70 sobre o segredo do seu sucesso: “Eu óio e compro”. Referia-se o grande empreendedor serrano a boa prática de comprar bem comprado para ter o melhor em margem de negociação: quanto mais barato o fornecimento, maior a margem de negociação no repasse.
Porém num ambiente coletivo como é em relação ao Salário Mínimo, por desacreditar em burrice pura e simples eu só posso creditar à política de sua redução ao nefando instinto de sadismo. Prazer em ver sofrimento; miséria, fome.
Desde 2019 que o plano de recomposição do poder de compra do Salário Mínimo vem despencando. Além da inflação absurda dos governos militares, herdada por Sarney e Collor, e só debelada por Itamar Franco com o Plano Real, em 1994, a reposição da inflação sobre o Salário Mínimo vem no governo Bolsonaro sendo corroída, a princípio lentamente, mas que nesse ano já é suficiente para trazer sérios prejuízos. E nada de deslanchar e falácia da empregabilidade geral, graças a essa redução. Sem ganho real para ninguém pois o dinheiro pode andar no bolso do pobre; mas sempre retorna ao bolso do rico. Mais valorizado. Empobrecer, portanto, só tem real interesse aos sádicos que se comprazem com fome, miséria e sofrimento. E empobrece a todos.
Mar egoísta, sem evaporação é mar morto; sem vida; mas evaporando significa nuvens, chuva na terra, vegetação, mangues, animais. Princípio da cadeia alimentar.
Vida.
O Salário Mínimo que deveria ir para R$ 1.341.68 no próximo ano, só levando em conta os quase 11% de inflação até agora está batido o martelo para R$ 1.294,00, aumento de apenas 6,8%. E essa defasagem ocorre desde 2019.  Com a inflação galopante de Bolsonaro, em breve vai estar valendo metade do que valia há seis anos. E tome recessão, desemprego, quebra do empresariado pequeno e médio e por aí vai.

DE VOLTA AO BATENTE. COM MODERAÇÃO.

 

Depois de 15 dias, desmaios por anemia profunda (causada por hemorragia de úlcera gástrica), atendimento de urgência no Hospital Regional Dr, Pedro Garcia Moreno Filho – cuja equipe quero parabenizar pelo excelente atendimento - e a seguir internação por 11 dias em hospital particular da capital estou de volta.
De alta desde a tarde desta segunda-feira, preciso manter o pé no freio e nada de acelerador. Mas devagarinho a gente retoma a rotina.