sexta-feira, 16 de setembro de 2022

A PROVÍNCIA DE SERGIPE.

 

Sergipe perdeu o timing de uma economia forte há séculos. Boa parte por exointervenções políticas, a primeira delas bastante violenta, e que, se por um lado destruiu o progresso imediato da então capitania no seu nascimento, com a prisão e confisco dos bens de metade do empresariado da época – os curraleiros, criadores de gado em terras arrendadas, incluindo o governador, capitão-mor Manuel Pestana de Brito – por outro, fez nascer um sentimento de pertencimento, de resistência em boa parte dos restantes, que daria no Decreto Régio de 08 de julho de 1820.
Todavia. aquela pancada ainda hoje dói. A altivez, típica de sociedades de origem pastora como a piauiense – única além da Bahia a pegar em armas pela Independência do Brasil; e sobremaneira a gaúcha, de São Pedro do Rio Grande do Sul, nunca por aqui voltou a ser como seria antes daquele 5 de novembro de 1656. Sempre paramos no dilema: os querem ir contra esmagadora corrente, e os que querem ficar; os acomodados. E Sergipe não deslancha nem com uma Petrobrás investindo por quase seis décadas no estado.
Não me conformo de não ser Sergipe o Massachussets do Brasil!
Quem quiser saber por que, pesquise sobre o micro, mas ao mesmo tempo superestado americano, sua área, localização, história. Que poderia muito bem ser Sergipe algo parecido; ao menos para a realidade brasileira.
Na encruzilhada que estamos, com praticamente paralisação da prospecção dos recursos como o petróleo; sem pendores para a ultrapassada economia industrial e sem outra base econômica principal que gere os excedentes para manter o resto da economia em ação só nos resta o turismo.
Praias? Acidente geográficos outros? Temos ótimas praias; mas não excelentes, como do litoral sul da Bahia ou dos vizinhos Alagoas e Pernambuco. Logo sempre serão secundárias. E acidentes geográficos outros... de envergadura plausível, somente o rio São Francisco, carente de infraestrutura em Sergipe, e para concorrer com uma que vem sendo montada com relativa seriedade há 40 anos, desde o Governo Divaldo Suruagy no vizinho Alagoas, na outra margem do rio.
Turismo de negócios? Cadê os negócios, em volume suficiente para agitar o resto da economia?
Turismo de eventos? Convenhamos, as manifestações culturais e do show business anda muito fracas por aqui. Recentemente, dado a infraestrutura desportiva e os preços convidativos, a capital tem sediado alguma coisa. Modicamente.
Logo, não há, a priori “o negócio” turismo com retorno certo em que apostar; e sim uma cesta, preferentemente no mais barato como os eventos, porém seguido de perto pela estrutura e aí outro calcanhar de Aquiles: a História sergipana ainda não é popular. A falta de monumentos – ou o abandono deles – e seu desleixo sofrido onde, por explícito provincianismo (Itabaiana não fala sobre Maruim, que não fala de Estância, que nem tá aí pra Laranjeiras, que torce o bico pra Lagarto... e Aracaju, meio contrariada pega São Cristóvão jogando dentro da sua vitrine)... tudo se concentra num quintalzinho restrito. E tome-lhe pobreza!
Sergipe tem também manifestações religiosas que poderiam muito bem vencerem o muro da ignorância, descaso, preguiça e falta de visão; e começar a ser projetado para além do São Francisco e do Real. E, recentemente, Deus presenteou o estado com a história covivida nele pela genuína primeira santa brasileira, SANTA DULCE DOS POBRES, sua vida em São Cristóvão e sua manifestação em milagre em Itabaiana. E enfim, à simpatia que em primeiro momento isso tudo causou à massa. Mas a burocracia exibicionista – como sempre – no estado (Estado e Municípios de Aracaju, São Cristóvão e Itabaiana) não consegue se entender – ou nem falar no assunto – do que isso pode ser efetivado em termos de fé e até de economia pra valer. Comissões e comissões, egos inflados, etc.. e não sai nada.
E se alguém da iniciativa privada, por natureza mais ágil, pragmática aparece, primeiro vem a indiferença e esquecimento intencional naquilo que é próprio do Poder Público e só dele, travando tudo por um mísero detalhe; depois todos se unem para tirar o intruso do caminho. Unidos, só para isso, ressalte-se
Em breve se desconhecerá até que o milagre que levou a santa em vida ao caminho da canonização ocorreu em Itabaiana.
Esse parece ser um estado que, infelizmente nasceu para eternamente “ser jipe”; jamais um tri-trem.


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

DAS TERRAS DA PRINCESA IZABEL.

 

E nasce uma historiadora!
Será nas Matas da Itabaiana, parte do dote da infanta Princesa Izabel(1). Na noite desta sexta-feira, dia 16 de setembro de 2022.
De fato, um meticuloso trabalho de pesquisa historiográfico-genealógica da esplendorosa reocupação humana do hoje município e cidade fundada por Frei Paulo de Casanovas e auxiliado pelo Frei David de Perugia, e seus inicialmente pujantes algodoais(2). Que eu alcancei, simplesmente como “as Matas”, por parte da minha mãe, nascida – e vivida até os dois anos de idade - na localidade de Serras Pretas, no distante 1937
A advogada, ex-funcionária e vereadora da Câmara Municipal do município nascido em 1890, Ana Maria Dantas e Santana, iniciou-se pela História em modo similar à minha pessoa: eu por necessidade de abastecimento de conteúdo histórico do primeiro site de Itabaiana; ela, pela busca da origem de sua própria família, há cerca de sete anos. O fato é que resultou um musculoso trabalho de levantamento histórico da reocupação humana - os primeiros foram os índios cariris - das antigas Matas da Itabaiana, nome que compõe o título de tão significante obra. Ao se deparar com ricas fontes de informação, Ana foi muito além da história particular de seus ramos familiares. Constitui-se, pois, no último exemplo de um trabalho inaugurado por Vladimir Souza Carvalho e seu Santas Almas de Itabaiana Grande, de 1973, obra também consultada pela historiadora, que se constitui num marco sergipano da historiografia municipal nestas terras de Sergipe d’El-rei.
A mim, uma grande e até desproporcional honra em ser convidado pela autora a prefaciar a obra, DAS MATAS DE ITABAIANA A FREI PAULO. E, amanhã, às 17h00 estarei na fila dos autógrafos, que ocorrerá no Memorial Gilza Maria de Matos Dantas, na Fazenda Onça, no quilômetro 2 da rodovia Manoel Soares de Souza (acesso BR-235-Alagadiço).
Mais, não conto. Mas te convido a adquirir o livro amanhã no lançamento.

(1)Em 1874, com os campos das Matas de Itabaiana, hoje Frei Paulo, alvos de capuchos de algodão, o Conde d’Eu, casado em 1864, dez anos antes, com a Princesa Izabel, e portanto herdeiro da coroa enviou engenheiro à elas um engenheiro para apurar o que tinha lhe restado do dote de casamento.
RELATÓRIO com que o Exm. Snr. 1° Vice- Presidente, Dr. Cypião d'Almeida Sebrão passou no dia 15 de janeiro de 1874 a administração da Província de Sergipe ao Exm. Snr Presidente Dr. Antônio dos Passos Miranda. Typographia do Nornal do Aracaju. Rua de Japaratuba, n° 44, p. 15


(2)Os italianos, Frei Paulo e Frei David, fundadores de São Paulo, depois Frei Paulo tinham ingressado em Sergipe em 1860, para numa Santa Missão na recém-nascida Aracaju confortar a assustada e desesperada população arrancada de São Cristóvão, cinco anos antes, justo quando sobre o estado se abateu a peste da cólera que ceifou duas em cada cinco vidas, incluindo as famílias de senhores de engenho que, falidas viriam tentaram uma vida tão suave quanto os capuchos de algodão nas Matas de Itabaiana.
RELATÓRIO com que o Exmo. Snr. Dr Antônio d'Araújo d'Aragão Bulcão passou a administração desta Província no dia 11 de agosto de 1868 ao Exm. Sr. Barão de Propriá, 1º vice-presidente da mesma. Aracaju, Tipographia do Jornal de Sergipe. Rua d'Aurora. Página 10.


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

AÍ VEM CHEGANDO O EXPRESSO 222222


Que primavera que nada! Nós outros ao redor do Equador terrestre temos verão e inverno. Logo, especialmente aqui no litoral e agreste nordestino, terminadas as chuvas e temperatura amenas de agosto, o mais tardar até dez ou 15 de setembro já é verão. Mede-se inverno e verão pelo tipo de chuva e de temperatura geral. Nada de outono ou primavera.
A começar, temos floração e frutificação, praticamente o ano inteiro, com pequena queda nos meses mais frios, que correspondem ao inverno onde as quatro estações são realmente marcantes, ou seja, de junho a exatamente início de setembro.
Enquanto nas zonas temperadas – no nosso caso brasileiro, de Guarulhos, São Paulo, onde passa a linha do Trópico de Capricórnio para o sul – há a definição das quatro estações, e definidamente a primavera é de flores, seguida do verão e outono de frutificação, no Nordeste e na Amazônia essa regra não se aplica. E, especificamente no caso nordestino, inverno é de chuva, plantação e um pouco de frio; verão, de estio, sujeito a trovoadas ocasionais e calor.
Às dez horas e quatro minutos no Japão do próximo dia 23 – ou dez e quatro da noite do dia 22 para a gente – o sol cruzará a linha do Equador, rumo ao sul, onde estará a pino na dita Guarulhos exatamente no dia 21 de dezembro. E é justo no próximo dia 22, ou melhor, às dez e quatro de noite que o verão começará por aqui; dispensando a intermediária primavera; que, em nosso caso, de fato floresce o ano inteiro.
Lá vem chegando o verão! Às 22 horas, do dia 22, do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2022.


terça-feira, 13 de setembro de 2022

COMO NÃO CALAR ANTE A SANHA DE PRIVATIZAÇÃO?

 O extrato de imagem acima é de um boleto recebido há pouco. Vê-se claramente o dia e hora da postagem no Rio de Janeiro; o aviso, em baixo, à esquerda que se trata de um documento a vencer dia doze, ontem, portanto mas eu acabo de recebê-lo.
O conteúdo está disponível na internet, só que sob ameaças de ladrões hackers, e, diante disso tudo, hoje, 13, pela manhã, hoje, tive que tirá-lo tomando alguns cuidados e o paguei com MULTA DE 54 reais, porque o único banco em que faço pagamentos fecha os caixas eletrônicos às 21 horas; mas às 20 de ontem, quando lá cheguei os caixas eletrônicos já estavam desabilitados para recebimentos... sem a mínima explicação.
Nos últimos 15 meses paguei multa à financeira (já foi plano saúde; hoje isso é secundário) por conta de deixar para pagar no limite do vencimento, devido a atrasos do Correio, e, de última hora ter de recorrer ao inseguro meio eletrônico e passar do horário.
Interessante: ninguém tem notícia de nenhum banco no Brasil ter sido lesado por ladrões digitais; já quando à clientela, o sistema bancário brasileiro não dá nenhuma garantia. Quem quiser que se lasque.
E, o que ainda resta de serviço público, como o outrora respeitado Correios e Telégrafos, se em 1982 eu cheguei a entregar uma carta na Rua Antônio José da Costa, hoje Bairro Rotary Club, oriunda de São Paulo, capital, 36 horas depois, hoje, com motos, caminhões, caminhonetes e outros utilitários um boleto, expressamente identificado, inclusive o vencimento é entregue um, dois e até dez dias depois do vencimento. Parece até intencional para fazer o usuário começar a pedir a entrega da mais capilarizada e importante empresa do Brasil para os fazedores de fortuna à custa dos impostos, que é no que se converte essa coisa de privatização nos serviços.
Os saudosistas atuais, a maioria de saudosos “dos tempos da ordem da Ditadura” exageraram e já retrocedem à República Velha e sua política judicializada, desindustrialização total e outros vícios.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

O ALMOÇO

 

Ao fim da década de 1980, de um lado havia um cansaço político geral em Itabaiana; de outro, azeitado pela máquina brilhantemente conduzida por José Carlos Machado, via Governo do Estado; estridentemente por Djalma Teixeira Lobo, dinamicamente pelo jovem Luciano Bispo de Lima e amalgadamente a tudo isso pelas realizações de cunho pessoal, por José Queiroz da Costa seguia de vento em popa rumo a 1988.
Certamente quer deve ter passado pela cabeça de muitos chiquistas a intenção de puxar a toalha; mas ninguém é líder 40 anos à toa, e muitas vezes o velho Chico deve ter imprensado alguém contra a parede com a pergunta usada em certa ocasião, em 1988, após a derrota municipal: “E como é que vou continuar nos olhos dos amigos?” Foi uma resposta a uma sugestão movida pela decepção de que a família deveria sair da política.
E é nesse clima pós-derrota eleitoral que chega à Câmara Municipal uma proposta de Lei melindrosa para votação. A bancada derrotada em 15 de novembro, mas com mandato até 31 de dezembro quase toda permaneceu fiel ao chiquismo; um vereador reeleito, cuja distensão com Chico havia começado em 1986, nas eleições estaduais, não. Isso já deixava a bancada governista desfalcada de um, empatando em votos com a opositora e vitoriosa(*).
Com discussão em plenário e votação marcada, no dia o vereador que saíra da velha situação em busca da nova, reeleito, convidou alguns colegas para um almoço em seu sítio antes da sessão. Dois compareceram, um deles, magoado que se sentira preterido no sistema de Chico e que não fora reeleito. Histórias de política e amenidades regadas a excelente uísque, acompanhando saborosíssima galinha de capoeira, e aí... aquele sono.
Por boa educação o anfitrião não convidou o colega que dormiu profundamente a retornar no horário hábil para a sessão. Justificou que logo acordaria por si e, como de carro, seguiria sozinho depois.
Iniciada a sessão às duas da tarde, no primeiro andar do velho Serra do Machado(**), lá se fizeram presente todos os edis, Antônio Alves de Andrade, o Tonho de Pixitita, entre eles. Menos o comensal que havia ficado dormindo placidamente em confortável rede no seu sítio.
Aberta a sessão, leitura de ata, pequeno expediente, grande expediente, leitura do projeto, discussão limitadíssima, votação, encerramento, segunda sessão, segunda votação, derrota de novo por um voto, fim.
E eis que entra pela porta o vereador faltoso.
Já era tarde. Todos pegaram suas pastas e outros pertences e se dirigiram à escada para irem embora.
Estratégias da política. A política é a arte de conviver em sociedades amplas e contempla, naturalmente esse jogo de estratégia.
Exemplo disso, essas lembranças me vieram ao ver alguma coisa sobre o mundo atual, o neoliberalismo e a engenharia dos espertos em impô-lo às massas. Ayn Rand, a mentora; Pinochet, Reagan, e especialmente Margareth Thatcher, que para se manter no cargo inventou uma guerra previamente ganha: a das Malvinas. Desviou todo a atenção dos ingleses com a guerra é aí deu no mundo que temos hoje. Para o bem e para o mal.

(*)Saudades daqueles bons amigos Antônio Andrade da Costa (Tonho de Pombinho), Antônio Alves dos Santos(Tonho de Pixitita), José Evangelista dos Santos (Zequinha de Mídia), José Lourenço dos Reis (Zé de Miguel), José Xavier Correia (Xavier da funerária); Olímpio Arcanjo dos Santos (Olímpio Grande), e mais os suplentes, Rivaldo Gois dos Santos (Riva de João do Volta) e José Severiano de Jesus (Zé de Bila), que já se foram, também o amigo Pedro de Gois, cassado numa manobra política, tentativa da situação em segurar o dique eleitoral em franco rompimento. Todos estes já na eternidade.
Daquela bancada ainda participaram os amigos José Wilson Cunha (Gia): Maria José de Oliveira (Professora Maria José de Anízio) e o também meu colega radialista Gilson Messias Torres (Gilson Portela), também cassado junto com o saudoso Pedro de Gois.


(**)O Edifício Serra do Machado, hoje o espaço entre a Praça de Alimentação (Feira dos Fritos) e o Mercadão de Hortifrutigranjeiros foi construído por Euclides para não ficar para trás em relação ao Padre Artur e sua ampliação  com a construção do primeiro andar do Edifício Pio XII, antigo cinema Santo Antônio e Rádio Princesa da Serra (hoje parte do Supermercado Nunes Peixoto).
Segundo prédio na cidade de dois pavimentos em laje; concreto. Todos os demais sobrados anteriores foram de taipa e segundo piso em tábuas.