sábado, 16 de julho de 2022

17 DE JULHO-HORA DAS BOAS-VINDAS AOS HOLANDESES.

 

Maurício de Nassau (jovem); card comemorativo da Academia Itabaianense de Letras; excerto de mapa seiscentista holandês da Paraíba; fuga de Bagnuolo de Penedo.

Se ontem, 16, fez 403 anos que a mais alta autoridade do Brasil esteve em Itabaiana – o Governador-Geral D. Luís de Souza, hoje, 17, faz 385 que aqui chegou o General Sigismund van Schkoppe a mando de Maurício de Nassau para refazer o abastecimento dos engenhos de Pernambuco com o gado de Itabaiana, há 7 anos sem ir nenhuma boiada para lá. E conferir essa história da prata; mas isso tinha tempo.
Atravessaram o rio São Francisco, de Penedo para onde veio a ser Neópolis, no encalço do exército de Bagnoulo, que passando por São Cristóvão incendiou tudo para não deixar nada aos holandeses. Estes, sob o comando de Schkoppe, só fizeram constatar que São Cristóvão tinha sido queimada e Bagnoulo mais uma vez tinha fugido para a Bahia. Logo tomaram a estrada de Taperaguá, que ainda conhecemos como de São Cristóvão ou de Itaporanga e vieram direto para Itabaiana.
Nassau em pessoa comandaria a invasão; não fosse a tremenda dor de barriga em Porto Calvo, o que o fez ordenar Schkoppe a prosseguir, e retornar para a Cidade Maurícia, hoje Recife.
Curioso é que uma das fazendas de gado, hoje no subúrbio da cidade, ainda continua a ser o mesmo que era quando os holandeses a visitaram para constituir sua boiada
Portanto, a bandeira tricolor, vermelho, azul e branco tremulou por aqui bem antes do Tricolor da Serra. Há 385 anos.


sexta-feira, 15 de julho de 2022

16 DE JULHO E A PRATA DE ITABAIANA

 

16 de julho, quando Itabaiana caiu literalmente na boca do mundo,
Se houvesse um túnel do tempo, e nele mergulhassem os habitantes do Rio das Pedras e visitantes do dia do Parque dos Falcões, bem como Percílio e sua equipe, eles poderiam ser espectadores de um dos acontecimentos mais importantes da História do Brasil, à época, ou seja em 16 de julho de 1619, quando Melchior Dias Moreia, neto de Caramuru, portanto de linhagem nobre recém formada no Brasil chegou à colina em frente ao Parque dos Falcões trazendo nada menos que o governador-geral do Brasil, D. Luís de Souza, para supostamente entregar ao governo espanhol a mina de prata São Pedro que estaria no Gandu, que em tupi quer dizer mata rala, ao pé da Itabaiana açu, a serra grande.
Mas não era aqui.
A apropriação da mina de prata Potosí, hoje Bolívia, em 1545, pelo conquistador espanhol deixou os portugueses com certa dor de cotovelo e apreensão.
Historicamente foi a prata, muito mais abundante que o raríssimo ouro que sustentou grandes impérios, sendo por eles usados para qualquer fim: desde financiar seus exércitos, como também corromper os exércitos alheios, como os persas corrompendo Esparta contra Atenas na Guerra do Peloponeso, desde a Sicília ao próprio território grego, até Dardanelos.
Como os demais reinos europeus, Portugal sabia que seu suado lucro das caravanas comerciais da Índia não era páreo para uma Espanha belicosa, de população muito maior, e agora entulhada de prata assaltada dos Andes. E foi tanta prata que em meados do século XVII, cem anos depois de descoberto, a prata estava baratinha no mercado europeu. A gula espanhola fazendo efeito contrário. Mas, em 1575 começam as lendas sobre prata na região de Bahia e Sergipe, e em 1598, Melchior Moreia tornou público que tinha encontrada a mina de prata.
Só que entre 1575 e 1598 a Espanha finalmente conseguiu seu intento de unificar toda a península sob a coroa de Castela, submetendo Portugal e suas colônias. Melchior, então, muito mais cuidadoso redobrou as exigências para entregar o seu achado, que agora seria da Espanha.
Em 1619, o acerto seria com o governador-geral, D. Luís de Souza, Conde do Prado; e não o rei em pessoa. O certo é que Melchior decidiu testar a paciência e as intenções do governador, trazendo até a colina, hoje em frente ao Parque dos Falcões, e aqui a paciência do governador esgotou, levando a prender e torturar Melchior que ainda apontou para outro lugar – o povoado Serra das Minas, em Campo do Brito – e daí em diante foi levado a ferros para Salvador onde ficou na masmorra pelos três anos de mandato do governador.
D. Luís de Souza era sobrinho de outro governador-geral anterior, D. Francisco de Souza, que, entre outras coisas recebeu o título requerido por Melchior para entrega da mina, ou seja, Marquês das Minas. Os cariocas aproveitaram e lhe deram o título de Marquês das Manhas.
Melchior Dias Moreia faleceu em 1622, tão logo foi solto, sob pesada indenização.
E Itabaiana virou a terra da lenda da prata.
Em 1693 foi achado ouro. O rei proibiu explorar, e para mais garantia mandou que criasse municípios em Itabaiana e Lagarto para reforçar a vigilância, então somente em São Cristóvão. O ouvidor criou mais dois: Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia do Itanhy.


quinta-feira, 14 de julho de 2022

CRISTIANIZAÇÃO

Não sei por que, porém agorinha lembrei de uma frase, não me recordo de quem; sei que de alguém da Folha de São Paulo em 2006: “Aécio pede votos para Alckmin em São Paulo; e em Minas inaugura obras todo contente com Lula”.
Isso também me lembrou a armação de 1950 com o pobre do Cristiano Machado: a direita brasileira americanizada (colonial?) toda perfilada para derrotar Getúlio Vargas, franco favorito, mas envergonhada de hipotecar sua preferência direta por “milico”, lançou Cristiano pelo PSD, enquanto a UDN, colonial às claras foi do Brigadeiro Eduardo Gomes, “político até a medula”(*).
Getúlio cravou 48,73% dos votos, quase metade de todos os votos; o candidato udenista, Brigadeiro Eduardo Gomes obteve 29,66%; e o polido Cristiano Machado do PDD ficou com 21,49%. Não foi bem uma miséria de votos; mas num país dominado por coronéis da política, de ponta a ponta e com o PSD o mais forte em todos os estados da federação já foi vexatório ficar em terceiro. E, em se tratando de ver a própria UDN lhe vencer e ao Getúlio em Minas Gerais, sob o sono dos caciques do PSD, se fazendo de mortos, aí foi demais.
O atual clima político sergipano e suas “fakeadas” - e até facadas legalistas – onde se fazem presentes os versos da canção popular “Quem eu quero não me quer; quem me quer mandei embora” já apresenta seu Cristiano, mas, suspeito que o foco seja apenas derrotar Getúlio que também já tem seu Eduardo Gomes. Proporcionalmente, é claro; e de resultados que podem inverterem. Não com a minha contribuição.


(*)Tempos depois, o Brigadeiro demonstraria que de política nunca nada entendeu, segundo o jornalista Sebastião Nery, ao desfazer rudemente as esperanças do inflamado udenista Euclides Paes Mendonça, com a história do Aeroporto, hoje Shopping Peixoto e Bairro Miguel Teles.
Talvez, ressalte-se, porque Euclides era udenista fora de padrão: não era doutor, e sim um pequeno novo rico; e o único “país” que idolatrava era Itabaiana, depois Sergipe, depois Brasil. Só.
(Lei Municipal 138, 06 de setembro de 1955. Doa terreno à Aeronáutica. (Câmara Municipal), et
NERY, Sebastião. 350 Histórias do Folclore Político. Politika. Rio de Janeiro, GB, 1973. Página 73.)

terça-feira, 12 de julho de 2022

COLÍRIO PARA OS OLHOS, LINIMENTO PARA A ALMA.

 

 Colírio para os olhos e linimento para a alma, é assim que a vejo e não me canso de admirar esse belo amanhecer serrano, captado há mais de ano por alguém não conhecido até o momento, desde a serra de São José, antiga serra do Botafogo dos tempos do Padre Francisco da Silva Lobo, hoje parte do município de Campo do Brito.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

PREOCUPANTE

 

Voltamos aos dois dígitos em número de mortos por convid em Sergipe.
É óbvio que sem vacinação estaríamos nos três, e não dois dígitos semanais, ou seja, estaríamos com mais de cem mortos por semana em Sergipe; mas convém sermos cautelosos, mesmo para aqueles que já tomaram a quarta dose.
A besta fera da estupidez continua solta e sem controle. E fazendo vítimas. Convém, pois, dobrar os cuidados. Evitar concentrações desnecessárias; se necessário, usar máscaras... mantenha a distância. É parte dos novos tempos: veio pra ficar.
Depois de três meses com número de vítimas fatais em zero semanal ou próximo disso, certamente o relaxamento e especialmente a exposição às multidões das festas juninas em muito tem contribuído para essa repescagem de jereré cheio por parte vírus. Pegou alguém de corpo aberto, põe para detonar.
“Cuide-se bem! Eu quero te ver com saúde”. Como diz o verso do Guilherme Arantes.

O CORETO

 

 

“Aí, quando eu vi o burburinho e vi aquele monte de menino saindo do grupo (Guilhermino Bezerra), eu mudei de ideia e pensei comigo: é aqui que vou ficar. Esse lugar vai crescer”
João Batista da Costa (ex-vereador, 1951-54 e 1955-58, Joãozinho Veneno ou da Padaria) sobre decisão de mudar pra Itabaiana.


Sinais de progresso, de bem estar, de refinamento são determinantes para um lugar. Na mina de ouro só se busca o ouro; mas o vai gastar, usufruir de seu valor em outro lugar que seja confortável, alegre, civilizado.
Uma troca de mensagens por rede social com o confrade Antônio Samarone, ele da cadeira número 1 da Academia Itabaianense de Letras, cujo patrono é o saudoso professor Alberto Carvalho; eu da número 27, por Maria Thetis Nunes provocou em mim esse externar do que acho, sinto, por escondidos ou pouco visíveis sinais de civilidade de Itabaiana.
De muito conclui que a hoje cidade de Itabaiana só existe por causa da Irmandade de Santo Antônio e Almas e sua igreja matriz. Sem isso, jamais teria a cidade aqui.
Só no recém passado século XX, especialmente na sua segunda metade é que realmente a cidade... virou cidade, em que pese assim pensada em 1675. Se aqui houvesse prata.
Porém outros símbolos, denotando o nível de civilidade por aqui existem, a exemplo do coreto.
O coreto da Praça Fausto Cardoso, em Itabaiana, não se sabe o porquê, porém foi decisão monocrática de Otoniel Dórea, no curto espaço de menos de sete meses que esteve nomeado intendente (prefeito) interventor na Prefeitura de Itabaiana, em 1933(*).
Talvez tentando se redimir pelos prejuízos causados quando no exercício de delegado de polícia, durante o governo Manoel Dantas perseguiu nada menos que o então intendente Antônio Dultra de Almeida, proibindo-o de cobrar tributos, fazendo assim que até o mínimo quadro de funcionários públicos ficasse meses sem receber os salários. E perseguiu também, óbvio o jornalista Silvio Teixeira que tudo isso notificou no nada menos que o jornal A Noite, do Rio de Janeiro, chegando a pô-lo para correr, fato noticiado pelo mesmo jornal, na página 7, da edição de 12 de abril de 1930. Silvio Teixeira era sobrinho de Antônio Dultra, correspondente do grande diária carioca e então estava secretário do Intendência (Prefeitura). Viria a ser eleito em 1935, o primeiro executivo municipal com o nome de prefeito. O título de prefeito fez parte de um programa de simplificação administrativa nacional, que também acabou com a denominação de vila no país, doravante todas as sedes municipais obrigatoriamente sendo cidades.
Ao construir o coreto, Dórea aproveitou de fatores como o fim grande seca de 1932, da péssima qualidade da água, que salobra em pouco ajudou no abastecimento da esturricada cidade, e desmontou a torre e cata-vento, cobrindo o poço sem o inutilizar, até hoje em uso com a bela construção.
Coretos são traços de civilidade dos núcleos urbanos nacionais, a partir de fins do Segundo Reinado, especialmente. A ágora, o palanque, onde discursou lideranças políticas, mas onde também se proferiu recitais de poesia e outras manifestações culturais, especialmente as retretas musicais, sejam com bandas, quartetos ou até exibições solo.

Sonhos de revitalização cultural

Década atrás sonhei - e sugeri aos então novos políticos – a revitalização do espaço. Um programa cultural que começaria semanalmente no teatro das feiras de sábado, com cantadores, emboladores, repentistas, refazendo de forma organizado o que foi comum até por volta de 1970, e clímax aos domingos, no coreto, com retreta matutina e vespertina antecedendo a tradicional Missa noturna, na matriz, em frente. Objetiva, obviamente também o turismo. E ninguém vem pra Itabaiana ou outra cidade para ver o que já vê em qualquer lugar; sejam cidades, estados e países. Mas... morreu. Até as minhas lembranças desses sonhos.
Mas o coreto permanece de pé. Quem sabe, né?

 
 (*) Já como deputado, Otoniel Dórea antes de ser cassado em 1937 pela ditadura do Estado Novo deixaria a sua maior contribuição física que no entanto nunca foi aproveitada para sua finalidade: o vistoso Abrigo de Menores, convertido na década de 1990 no Grupo Escolar Djalma, hoje Padre Mendonça, na Rua Quintino Bocaiuva.