terça-feira, 8 de outubro de 2019

Escolas militarizadas: E tome-lhe confusão.

Ge. João Pereira de Oliveira
Não é de hoje que no extrato médio e inferior do meio militar das Forças Armadas, especialmente do Exército, máxime constituídos de servidores dedicados, patriotas, muitos deles intelectualizados paira um misto de ressentimento, falemos claramente, até vergonha pela inutilidade que se vê praticante, num país onde, em um século e meio tivemos duas participações em conflitos com o estrangeiro, numa delas, quase que simbólica, e as conflagrações pra valer têm sido artificialmente criadas com golpes “salvadores”, e investidas num campo extremamente minado, qual seja o da criminalidade, onde os espertalhões da mídia, da justiça e da política ficam com o pouco de bônus que venha a existir, e a turma do coturno com o ônus de “garoto malvado”, matador de criancinhas e pessoas simples. Foi assim com o golpe que proclamou a República, e a seguir Canudos e Contestado, no golpe contra Getúlio, na tentativa contra Juscelino, e finalmente de 1964. Ainda imprevisível na atualidade.Há o sentimento de ociosidade de mentes treinadas, conscientes de seu serviço à Pátria, e os naturais ou artificiais impedimentos que as cerceiam de participar mais ativamente da vida sócio-produtiva do país. Na prática vivem para si; para a ascensão na carreira; que já é muita coisa para os que lá estão só pelo soldo seguro no fim de cada mês, estabilidade; porém muito pouco para quem mais aspira. Nosso general João Pereira de Oliveira, patrono da Cadeira 14 da Academia Itabaianense de Letras poderia muito bem ter chegado à patente general e nada mais; do contrário, fez desta trampolim para o envolvimento ações políticas, tanto dos “contrapesos” ao coronelismo vigente à época, como de produção intelectual do melhor nível dentro da sua área. Nem todos, porém aspiram a tanto e podem; mas ressente-se da necessidade de algo mais que a caserna. Algo de produtivo; da rotina civilizadora.
Por outro lado, são na esmagadora em maioria proveniente das classes C, D e até E, e veem no Serviço Público Militar a garantia de ascensão social. Um dos segredos da sobrevivência  e longevidade da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição foi a sua função de escola preparatória aos concursos de ingresso na carreira militar: o candidato já se apresentava com a vantagem da formação musical.


As escolas “militares”

Vejo com atenção as medidas novidadeiras do atual Governo Federal, ao prometer “endurecer” contra “os comunistas” com a criação de instituições militares de ensino supostamente de caráter comum, mas submetido à disciplina militar. Retórica é natural de qualquer político, inclusive a inteiramente demagógica. O que causa apreensão é que, para resolver uma insatisfação natural de uma classe, de forma proveitosa, o péssimo militar, ora no comando da nação lance mão de mais divisão na sociedade, demonizando os extremos – centro-esquerda contra as Forças Armadas, e estas contra aquela – de onde já sabemos só sairão desastres, uma vez que a sociedade é um corpo; cada órgão com sua função, mas, individualmente imprescindíveis ao funcionamento do todo.
Uma pena querer tornar um segmento crucial da pátria nascido na “Estância do Rio Real” pelas mãos do preto Henrique Dias, ajudado pelo índio Felipe Poty numa força a serviço de uns meros interesseiros em detrimento da maioria.

Orquestra Sinfônica da Filarmônico Nossa Senhora da Conceição