sábado, 31 de dezembro de 2022

FELIZ ANIVERSÁRIO, MEU SERGIPE!

 Sempre que espocam os fogos saudando o Ano Novo, eu ouço o eco dos tiros de mosquetões e troar dos canhões, na última carnificina pela Conquista de Sergipe.


 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O ADEUS A UM ÍDOLO; SEMIDEUS DA BOLA.

 

Em 1963, eu tinha três anos, quase quatro de idade, quando lembro – devo tê-lo feito anteriormente – posicionei uma velha bola, e a chutei.
Repeti o ritual dos demais pirralhos à minha volta naquele momento.
Depois de posicionada, chutei-a com toda força disponível, em sei lá que direção e emendei de imediato o mantra: GOOOOOL DE PELÉ. Essa parte era obrigatória. Todos os anteriores já tinham feito; todos os posteriores o fariam, inclusive se houvesse segunda e terceira rodadas de chute, cada um mais mal-ajambrado que outro.
De fato, esse costume eu levaria comigo até quando nos tempos do Primário, no time da escola comecei a fazer parte da festança, para terror da minha mãe, especialmente no inverno tendo que aturar os choros das contusões e roupas sujas de lama.
Em todos os momentos Pelé esteve presente como inspiração, modelo a ser seguido; e, para os mais hábeis – nunca foi meu forte – até sonhos de evolução até o profissionalismo.
Mesmo que o orgulho mais tenha crescido, ao me saber tão perto de um dos heróis do Tricampeonato em 1970, um “de casa”, Pelé continuou sendo a referência máxima.
O “de casa” é o itabaianense, tricampeão de 1970, Clodoaldo Tavares de Santana. Primo carnal de meus amigos de infância, os irmãos José Augusto Tavares, Agnaldo, Jenivaldo (Jeni), e Maria Augusta, e com uma extensa parentalha, centrada no povoado Gandu, é também primo do craque Gilmar, da Olímpica de Itabaiana dos anos 80 e 90 (Pentacampeão em 1982). Clodoaldo foi companheiro de Pelé no Santos, e na Seleção, obviamente.
Em resumo, de uma forma ou de outra, Edson Arantes do Nascimento está impregnado em nosso imaginário e faz parte de momentos lúdicos nacionais, quando começamos a nos rebelar contra o complexo de vira-latas mediante os gritos de gol. Entre outros meios, através dos dribles infernais e gols do Rei Pelé.
Que o Altíssimo o receba em Sua glória!

EVOLUÇÃO POPULACIONAL MUNICIPAL DE SERGIPE 2010-2022 E PRÉVIA DO IBGE

 

 

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

DE RACIONALIDADES DO CENSO.

 

Era início de inverno e fazia enorme frio quando naquela tardinha o carpinteiro chegou a Belém, sua cidade natal, a qual há muitos anos não ia, com a jovem esposa grávida, e já sentindo os primeiros sinais daquele que viria a ser o parto que mudaria o mundo humano pelos próximos dois milênios.
E, qual o objetivo de José, em submeter-se à extenuante viagem, em momento tão impróprio quanto na véspera de nascimento de um filho? Fazer o recenseamento; ser recenseado.
O Império Romano, sob cujo governo se encontrava foi uma revolução no mundo antigo. A racionalidade administrativa estava por todo, tal qual as temíveis legiões, quando havia alguma perturbação da ordem ou mais um reino insubmisso, prestes a cair sob a águia imperial, suas matanças, servidões, mas também, para os que sobrassem e viessem a ser bem comportados, um mercado que chegou a cinco milhões de quilômetros quadros e onde viviam sessenta milhões de pessoas,
Para administrar isso, por mil anos foi usada a força, obviamente; mas essa só depois que a fina letra da Lei e da política não desse conta. E a civilização se cobriu de leis e seus executores. E mecanismos de controle, de racionalidade como a estatística, e seu lado mais direto: os recenseamentos.
No “RELATÓRIO com que o Sr. Tenente-Coronel Francisco José Cardoso Junior abriu a 2ª Sessão da 20ª Legislatura da Assembleia Provincial de Sergipe, no dia 3 de março de 1871 (Tip. do Jornal do Aracaju, fundo, Hemeroteca da BN-Rio), à página 209, o mesmo expressa sua completa desconfiança e também desapontamento com várias paróquias de Sergipe devido ao recenseamento do ano anterior, com números, segundo sugere o texto, completamente fora da lógica; portanto, desconsiderando-os e melindrando seus executores.
Há aqui certos sintomas de desorganização geral do sistema de governo, que desde a terrível epidemia de cólera de 1855 se não recuperou, nem voltou aos níveis de organização de da década de 1840, no estado de Sergipe. Perceptíveis no aparelho de Estado, propriamente dito; mas até mesmo no poder-satélite, no que se constituía a Igreja.
Durante toda a história sergipana, até a proclamação da República, a vida real era ditada pela Igreja. Nela se batizava, só nela se reunia socialmente todas as semanas, só nela se casava e recebia os últimos sacramentos da vida e despedida dessa.
O controle social era exercido pelo pároco.
Quando o Presidente da Província quis criar a feira livre de São Cristóvão, em julho de 1835, dirigiu-se especialmente ao pároco de Santo Antônio e Almas, Alexandre Pinto Lobão, para que esse fosse a voz política a encorajar os feirantes itabaianenses, já responsáveis pelo vigor das feiras de Laranjeiras e Maruim para que lá se fizessem presentes.
E todos os anos, em geral, era o pároco que anotava quantos e quem nasceram, se casaram, morreram ou estavam aptos para votar a cada dois ou quatro anos.
Logo, era o pároco quem deveria informar ao governo provincial (hoje estadual) tudo sobre a população livre e escrava, sendo que nesse caso, por também serem os escravos propriedade de seus donos, havia a conferência no Cartório de 1º Oficio ou dos Órfãos e Defuntos, como também era denominado.
Com a República – e, sejamos honestos, com a queda de qualidade verificada nas paróquias, a partir de 1860 – alguns recenseamentos começaram a timidamente serem feitos; porém é com o Estado-Novo que sua administração centralizada traz em 1940 a primeira versão organizada e sujeita a imprecisões desprezíveis sobre a população brasileira em geral; a sergipana em particular, e também se estabelecendo ali o padrão decenal, ao invés do anual dos censos paroquiais de até a monarquia, efetivamente, em Sergipe, somente até 1860.
Porém, nem mesmo o padrão decenal tem sido observado nas últimas três décadas.
Coincidentemente, nos dois governos de arroubos revolucionários direitóides – Fernando Collor, 1990-1992; e o atual, de Jair Bolsonaro – o Estado fica sem sua sequência lógica de recenseamento, atrasando um ano – de 1990 para 1991 – e respectivamente em dois – de 2020 para 2023 – no segundo.
Aqui, alegou-se, com razão a questão da pandemia da covid; todavia não me consta nenhum planejamento anterior para 2020. E o recenseamento é coisa muito importante para ser feita à base de improviso.
Como resultado, dados de planejamento de Estado que deveriam estar à mão há dois anos terão que esperar ajeitamentos de última hora para ser concluídos.

Reforço qualificado.

Até 1980 eu tive colegas sespianos (da Fundação SESP/MS), mormente da área de saneamento trabalhando no recenseamento.
Lógico: o agente de saneamento era um profundo conhecedor das comunidades onde atuava; quase tanto quanto foram os padres em priscas eras. Seu correspondente hoje, o Agente de Saúde é, portanto, a pessoa mais capacitada a colher dados gerais sobre a sua área porque já parte do seu mister.
Ontem, à tarde, no noticiário da TV (Rede Globo), assisti que o IBGE vai finalmente usar quem entende de campo para o analisar, e assim completar esse tão complicado Censo 2022, apesar da altíssimo tecnologia hoje empregada.
Oxalá que sejam usados seus conhecimentos e se deem por concluídos os dados, fundamentais para se ter noção do que se deve ou não fazer pelos próximos 8 anos.