terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

OPORTUNIDADE DE OURO

 

Dia 15, na quarta-feira da outra semana, o Presidente Lula deve estar em Sergipe. É uma oportunidade de ouro para se sensibilizar o Governo Federal a apressar a resolução de dois gargalos ao desenvolvimento de dois problemas de infraestrutura do Agreste, e de Itabaiana em particular.
O urgentíssimo, obviamente é a duplicação e adaptação às suas passagens urbanas e suburbanas da BR-235; voltar a ser uma autoestrada de fato, sem reduções obrigatórias como hoje está, além de suas filas intermináveis de lentidão.
Ao trecho entre o quilômetro 9 e 65 da BR-235 é urgentíssimo a sua duplicação. E, nesse intervalo, entre os quilômetros 32 e 54 – o que inclui o Parque Nacional da Serra de Itabaiana (Casa do Doce – Portão Entrada) – é necessário readequação à urbanização, já posta, e em vias de se consolidar.
O segundo gargalo urgente é a questão do abastecimento de água.
Itabaiana, especialmente a cidade, atrofiou-se durante dois séculos e meio devido exatamente aos dois problemas aqui mencionados: a imobilidade, com a falta de transportes terrestres e ausência de navegabilidade; e insegurança hídrica.
Quanto à imobilidade, o irônico é que a cidade nasceu num entroncamento de duas “BRs” da época; em fins do século XVI: o Caminho dos Sertões do Jeremoabo e o Caminho do Sertão do Meio de Salvador a Olinda ou estrada das boiadas, ou ainda Caminho dos Jesuítas.
Já a falta de água foi uma ameaça, sempre concretizada a cada seca periódica, somente sendo dirimida há 30 anos com a tecnologia moderna e sua aplicação.
Contudo, apesar dos investimentos das décadas de 1980-90, a sombra do desabastecimento voltou a rondar de uma década para cá, e a única saída viável é o Velho Chico; o Canal de Xingó, que há mais de 25 anos não sai do papel.
O Canal do Xingó, no mínimo e num primeiro momento reduzirá a demanda das cidades sertanejas por água das barragens do Agreste, o que as farão mais disponíveis unicamente para o universo interserrano.

Reavendo o protagonismo.

Outro gargalo, sempre imperceptível às autoridades sergipanas, eternamente agarradas às praias como caranguejos, como criticava o Frei Vicente do Salvador, em 1627, é a falta de uma grande estrada norte-sul, pelo centro do Estado, notadamente ligando Porto da Folha, Itabaiana, Lagarto e Tobias Barreto em Sergipe, a Batalha e Belmonte em Alagoas e a Itapicuru e Olindina na Bahia. Hoje, o que temos são rodovias rurais adaptadas às autoestradas, mas sem a estrutura necessária para escoar, e muito menos induzir produção.
E a riqueza sempre aparece nas capitais; mas é nos recônditos interiores, nos sertões que ela é produzida. E, se ninguém produzir... sem riquezas.
Não custa nada pedir ao Presidente ajuda para isso, mesmo que não federalize a mesma, como de fato já o é entre Olindina e a fronteira sergipana, com a BR-349. Estaria assim restabelecida parte considerável do velho Caminho do Sertão do Meio do fim do século XVI. Em versão moderna, obviamente.



domingo, 5 de fevereiro de 2023

ITABAIANA DOBRA EM 14 ANOS.

 

Em 2008, em foto de satélite providenciada pela Ethos incorporadora, depois agregada ao banco de dados do GoogleEarth (Ver Batalha Bilionária, Netflix), a zona urbana de Itabaiana era de 6,58 Km².
Em 2021, em nova foto, o GoogleEarth traz praticamente o dobro de área urbana de 2008, 14 anos antes.
Já a Contagem da População de 2006 deu 83.161 habitantes e o Recenseamento de 2010, de 86.967 habitantes foi pouco animador no sentido de crescimento acima da rotina verificada dos últimos 50 anos.
Porém, nos resultados preliminares de 103.620, obtidos pelo IBGE e publicados no finalzinho do ano próximo passado há um incremento de quase 17 mil pessoas (19,1%) nos 12 anos que nos separa de 2010. Porém, o mais animador na numeralha é que o número previsto pelos nascimentos versos óbitos é superado em mais de seis mil habitantes; o que significa que Itabaiana inverteu a maré de desde a década de 60, de perder habitantes; e agora incorporou seis mil imigrantes nos últimos 12 anos; quase a mesma quantidade de crescimento vegetativo do mesmo período.

A cidadezinha em explosivo crescimento eclipsa seu passado.

Sábado, pela tarde acompanhei duas amigas professoras em busca de informações sobre antepassados. E o lugar mais indicado para isso não poderia ser outro: o cemitério, onde todos acabarão um dia.

Cemitério das Flechas, à margem da Estrada dos Sertões de Jeremoabo: testemunhas da história desde o século XVII.

E lá fomos ao cemitério do povoado Flechas.
O cemitério das Flechas, como quase a totalidade dos demais do município ninguém sabe quando nem quem começou.
Certamente foi motivos de cuidados de Antônio Vicente Mendes Maciel – o Conselheiro – quando em 1878 por aqui passou, tomando a velha trilha do gado desde o velho Pambu e Santo Antônio da Glória, dela saída em Jeremoabo para chegar a Itabaiana; mas, provavelmente deve ter sido inaugurado por algum índio infeliz, depois de estropiado da longa viagem na canga, desde a serra Negra ou o Raso da Catarina. Talvez tenha ganho do capitão Fernão Carrilho, seu algoz, ao menos um enterro cristão. Disso, não há registro.
As inscrições, todas são recentes. No máximo 80 anos.
Fica ele à beira da estrada real de desde o nascimento de Sergipe; e certamente foi a via preferencial tomada por Fernão Carrilho, entradista, capitão-do-mato nomeado em 21 de maio de 1668 para invadir as aldeias indígenas dentro da área dos sertões de Jeremoabo.
Como estrada principal funcionou até a abertura das rodagens modernas, para Frei Paulo; e em seguida para Carira. A abertura da BR-235, na década de 1950, e o advento do caminhão aposentaram de uma só vez o carro de bois, a tropa de burros e a estrada que passou a ser de uso apenas local, e como tal conhecida como Estrada das Flechas, das Caraíbas, da Coité dos Borges, do Alagadiço e por aí vai.
Deu trabalho achá-la, em meio ao labirinto de ruas dos loteamentos, às margens do riacho do Fuzil. O seu curso, retificado por Euclides Paes Mendonça com a Rua Capitão José Ferreira foi seguido até a pracinha em forma de rótula; dá em diante, o trajeto para aquela que já foi a segunda mais importante “BR” a passar por Itabaiana, tem que ser feito atentamente de olho nas placas e muito rodeio até retomar o leito tradicional.
O tempo não para; muito menos o progresso humano.