sábado, 8 de julho de 2023

SOCIEDADE ANÔNIMA E A INDEPENDÊNCIA QUE CAIU DO CÉU.

 

Motor básico do capitalismo, na sua vertente produtiva e esplendidamente bem sucedida no processo civilizatório, e criada pelos holandeses ao fim do século XVII, a empresa de sócios anônimos possibilitou o enriquecimento de um volume muito maior de indivíduos. Trazendo muito mais gente para a roda da fortuna. É imbativelmente o melhor a que se poderia chegar no quesito distribuição de lucros.
Mas o anonimato com que me bato aqui tem outro sentido; muito mais inglório que uma especulativa empresa, que, apesar da natureza mais socializada, ainda é para poucos. É o anonimato que ceifa nomes, realizações, sacrifícios pessoais, ideais, enfim. O anonimato que faz desanimado o lutador, o idealista, aquele que sempre enxerga além do próprio umbigo. Coisa comum nestes nossos tempos de heróis de fumaça, construídos pelo que seu dinheiro pode pagar; e apagados, às vezes em velocidade maior; desde que o dinheiro pare de jorrar para puxa sacos de luxo na imprensa. Ou mesmo quando se torna enjoado, cansado, envelhecido por absoluta falta de substância e excesso de exposição.
Em geral, há um peso descomunal em reconhecer o trabalho alheio. E, como ninguém reconhece o trabalho do outro, todos se transformam numa espécie de zumbis; de olho apenas no próprio umbigo.
A História de Sergipe é repleta desses espertos que, ao desmereceram o próximo, sepultam-se a si mesmo; no máximo obtendo a glória efêmera dos otários.
Recebi hoje um vídeo interessante, patrocinado pelo governo de Sergipe, sobre a respectiva data, 8 de julho, a Emancipação de Sergipe em relação à capitania da Bahia. Muito bem produzido; fiel à História, no conteúdo abordado, mas... carente de informações preciosas.
Fala no vídeo que houve muita carta, muita negociação com D. João VI, mas... quem fez? Quem se expôs, numa sociedade que ainda hoje, parte dela não se acha sergipana; preferindo ser de algo “maior”, ao invés de construir a própria maioridade?
Caiu do céu, essa independência? Quem ao menos mandou as cartas, pediu as audiências com o rei, enfim, quem liderou o processo?
Ou o rei, num porre, e talvez recebendo informações erradas de que uma mera Comarca de Sergipe, tinha se levantado em benefício dele e declarado guerra à rebelada capitania de Pernambuco, resolveu passar o trator por cima do fortíssimo governo baiano, e declarando Sergipe separado da então mais rica e poderosa capitania brasileira.
Sem heróis não há história crível. A história humana é feita por humanos, coordenados por alguém, em qualquer sentido.
Assim, sem personagens sólidos, definidos, fica difícil de se acreditar que realmente a independência se efetivou.

A nenhuma vontade de reconhecimento do trabalho alheio leva a sociedade sergipana a não ter raízes de vera; sem heróis; sem exemplo. Um monte de zumbi, de olho apenas no próprio umbigo (hoje na tela do celular, em 'autoglorificações')



terça-feira, 4 de julho de 2023

RUAS DE MÃO ÚNICA: PROCESSO NATURAL E IRREVERSÍVEL.

 

Estudo de alternativas viárias que, modéstia à parte, fizemos quando em 2002, quando a cidade era a metade do que é agora; e tinha menos dez por cento (1.631) dos atuais 16.828 automóveis, e pouco mais de 16,5% vezes do total da atual frota de veículos.

A Prefeitura Municipal de Itabaiana, através de sua Superintendência Municipal de Trânsito – SMTT, mais uma vez atrás de deixar a cidade, digamos, mais transitável.
Dessa vez fará a inevitável reorientação em duas ruas vitais para o trânsito urbano itabaianense, no sentido leste-oeste: as ruas Boanerges Pinheiro e Percílio Andrade.
No momento, a pista de “ida”, sentido oeste-leste, pela Boanerges Pinheiro e somente nesta; porém, futuramente vai ser obrigatório a mesma medida desde a BR-235, pela Florival Oliveira, obviamente, que muda de nome para Boanerges Pinheiro quando cruza com Carlos Reis.
A Rua Percílio Andrade, desde seu início na Rua Francisco Bragança, até o semáforo próximo ao Campus de Universidade Federal de Sergipe terá somente o sentido de “volta”, ou seja, de leste a oeste. E aqui, como é hoje, a sequência pela Olímpio Grande já cai diretamente dentro da BR-235.

Rua Barão do Rio Branco, setembro do ano passado, um dos quase dez estacionamentos exclusivos para motos: uma alternativa à falta de espaço no centro, e problema já presente, mais afastado dele.

A carência de espaço para estacionamento, é outro complicador. Centro regional, Itabaiana tem uma frota flutuante na cidade, entre a segunda e a sexta-feira que em muito eleva o número de veículos da frota doméstica, a segunda municipal no estado, com 70.270 veículos em abril próximo passado, com 16.828 automóveis; 3.738 caminhonetes, 3.595 caminhões, 440 carretas, 713 camionetas. 8.399 ciclomotores (Shinerais), 24.565 motos; 8.802 50cc (Bizz); 145 micro-ônibus, 236 ônibus e outros. Uma proporção maior que da capital, com seus 337 mil, porém com seis vezes e meia a população de Itabaiana.
Ainda por cima outro aspecto: exceto na nova Zona de Expansão, praticamente toda a cidade é também área comercial. Demandando espaço para carga e descarga, além de estacionamento rotativo para a clientela.
Outro agravante na cidade é que, como não o transporte coletivo tradicional, por bonde ou ônibus, a cidade acaba atulhada de veículos particulares, seja de consumidores, de empresários ou funcionários. Domesticamente se ajeita os problemas de espaço com o uso dos biciclos, especialmente motos; porém, mesmo assim o espaço é pouco.
Enfim, com a um traçado urbano feito para meados do século passado, de ruas estreitas e com a explosão no número de veículos das últimas duas décadas, resta ir adaptando até quando possível.

Em vinte anos a frota de automóveis decuplicou na cidade; a de caminhonetes explodiu, assim como a de caminhões, motos, 50 cc... quase 16,5 vezes o total. E as ruas continuaram estreitas como há 50 anos atrás.