sábado, 5 de agosto de 2023

E FINALMENTE COMEÇA O DESMONTE FINAL DA ALFABETIZAÇÃO.

 

Tudo o que quis se fez; e o que se não fez, foi porque se nunca quis. Na saga humana essa tem sido uma realidade insofismável.
O primeiro motor a vapor que se tem notícia foi criação de Hero de Alexandria, que o inventou nessa cidade grega do Egito, provavelmente quando Cristo estava de colina em colina ditando o Evangelho. Mas o Império Romano, que a tudo dominava não achou uso para ele; que só precariamente veio ter utilidade por Thomas Newcomen, na Inglaterra de 1712.
Duzentos e cinquenta anos antes de Hero, na mesma Alexandria, Arquimedes inventou o parafuso, princípio por trás de toda hélice – do ventilador, ao navio, ao avião a jato – além, é claro da enormidade de utilidades como a bomba de água, então por ele demonstrada. Mas só de três séculos para cá é que realmente efetivamos e disseminamos o seu uso.
Assim ocorre com tudo que façamos: só a necessidade nos força a usar.
A escrita surgiu quando na primeira negociação, alguém buscou uma forma de grafar o acertado para que não houvesse dúvida na hora do pagamento. Assim, egípcios, na sua exuberância abençoada pelas enchentes e vazantes do rio Nilo grafaram a primeira cabeça de boi, pra significar um aluphs, ou boi, a receber ou pagar; e da mesma forma um sumério, no que é hoje o Iraque, grafou uma espiga de she, ou cevada. Já um chinês grafaria um peixe na água, para lembrar que o grande rio Yangtzé inundou.
Toda a escrita, portanto, nasceu por pura necessidade do dia a dia. E assim continuou: sempre a serviço do dia a dia, ficando complexa à medida que também complexa ia ficando a vida, com sua montanha de interações humanas; seu monte de deuses e sacerdotes intermediários.
E a humanidade descobriu que a escrita era boa. Não somente para os negócios; mas especialmente para exercitar o poder. E os deuses, criaturas mágicas, senhores dos subconscientes humanos, seus medos, esperanças e demais sentimentos passaram a reger a humanidade. Usando a escrita, devidamente apropriada por espertalhões que, feitos sacerdotes se constituíram, desde cedo, numa classe privilegiada. Às vezes, também justos e indispensáveis.
Templos egípcios
Os templos no Egito eram levados muito a sério. Era de fato o local do divino. Desde o oráculo, para respostas espirituais, aos assuntos em situação intermediária, com a Sala do Saber, a biblioteca; onde milhares de papiros, lidos pelos sacerdotes diriam aos escolhidos sobre matérias do conhecimento acumulado.
A exuberância romana do início da Era Cristã, contudo, levou a sociedade europeia, dentro do Império, a desleixar-se e até cansar daquele que, mesmo estando longe dos padrões atuais, mais ainda estava dos anteriores. E o correio desapareceu; desapareceram também a escrita, que retornou à castas mais endinheirada, nem sempre douta; e minúscula... e o Ocidente mergulhou na Era Medieval.
A história repetida.
Com a conquista da tecnologia da informática, era questão de tempo para se produzir uma exuberância que deixaria qualquer intelectual grego do Império Romano, contemporâneo de Cristo se sentindo um primitivo.
Há mais de século e meio que aprendemos a telecomunicarmos pelo telégrafo; usando a escrita impressa, nas duas pontas do processo. Mas a seguir veio o telefone fixo; o cinema; o rádio; a televisão; e, a Segunda Grande Mundial nos deixou a novidade que, afinal, juntou tudo num pacote só, inicialmente fixo – o computador pessoal - e finalmente o celular. Toda a comunicação humana; tudo que se desenvolveu até hoje, dentro de um aparelho que é parte de um corpo planetário, que não conhece fronteiras, sejam geográficas ou políticas.
O celular é tudo. Existem mais celulares no mundo que gente. E por isso corremos o risco de reduzir a inteligência por simples falta de uso. E todos os mecanismos ao longo de centenas de milhares de anos que nos trouxe... à sua conquista. Especialmente, a escrita.
Não mais é necessário escrever, cursivamente, de próprio punho. E agora, nem mais digitar.
A Finlândia deu o pontapé inicial no sepultamento da escrita, ao abolir, em 2014, nas escolas do país, a verdadeira escrita – a cursiva – e adotar unicamente a digitação.
O Governo do Estado de São Paulo - não vamos discutir aqui os motivos políticos - mas na semana passada já afirmou que não mais usará o livro impresso em suas unidades de ensino.
E esse é um caminho sem volta. Ao menos pelos próximos 50 anos.
Em duas décadas a sociedade humana estará irreconhecível.
A matéria-tópico presente (o padrão doravante, nestes tempos de pressa, e superfluidade cada vez maior), no linque anexo, soa como um canto fúnebre a beleza e magia de grafar, eternizar o nosso pensamento, numa tecnologia que, se não tem papel, vai na pedra; ou até mesmo na areia da praia de Iperoig, como fez Anchieta, quando preso pelos tamoios, na segunda metade do século XVI, no litoral paulista, hoje Ubatuba.

Linque aqui.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

GRATIDÃO SERRANA.

 

Domingo, 6 deste agosto, Itabaiana se mobilizará para agradecer a Santa Dulce.
A escolha dela por nossas serras, onde intercedeu pela graça do Altíssimo, aqui realizando o primeiro milagre não há nada que se compare. Milagre aquele, que levou a Santa Sé a iniciar seu reconhecimento, muito além do grande milagre que foi sua vida profícua entre nós, em geral, no socorro aos mais necessitados.
Temos mais é que agradecer; e a caminhada até a sua Ermida nos contrafortes da serra de Itabaiana, povoado Gandu II, vizinho ao Parque dos Falcões será mais um gesto singelo em prol desse sentimento de gratidão, o mais alto sentimento de um ser humano; porque expressão completa de completo amor.
A princípio pareceu que a cidade não iria reagir. Talvez ainda estupefata pelo ocorrido numa tensa e angustiante madrugada, pode-se afirmar, desesperada; ao menos em relação à vida então em jogo, depois de baldados todos os recursos médicos e volumosa habilidade e experiência do zeloso técnico, e de repente... orações foram ouvidas.
Ainda soa estranho; fantástico. Um sonho.
Mas em 2019, tão logo confirmou-se a canonização, propiciada pela confirmação, e desta feita por um segundo milagre ocorrido na Bahia, a Associação de Peregrinos de Sergipe planejou mais um caminho de peregrinação no Brasil: o Caminho de Santa Dulce. De Itabaiana, terra do primeiro milagre até o Santuário soteropolitano de Santa Dulce.
Infelizmente, em março de 2020, veio a pandemia, travando tudo. Porém, enquanto isso, agentes locais maturavam a ideia e arregaçavam as mangas, construindo estátuas, como a monumental na Casa Santa Dulce, no Bairro São Cristóvão, instalada ali no dia 7 de outubro do mesmo 2020, em plena pandemia.
Do lado da Associação Sergipana de Peregrinos, seu presidente, Anselmo Rocha, não descansou na pandemia; estruturando o Caminho idealizado, que trouxe, no último mês de junho, a primeira turma de peregrinos, numa viagem maravilhosa, à beira-mar, e visitando todos os pontos referenciais da Santa, em Sergipe e na Bahia.
Essa caminhada de domingo, pois, coroa de sucesso todo um trabalho conjunto, que vem sendo realizado desde fins 13 de outubro de 2019, quando a Santa Sé reconheceu oficialmente Santa Dulce dos Pobres. E, como dito, é um singelo agradecimento pela graça alcançada pela miraculada Cláudia; na Maternidade São José; aquela que também foi um ponto de viragem desde 1960, de uma cidade em que, até então o que não faltava era filho órfão de mãe; morta em algum parto complicado - coisa quase impossível de ocorrer em nossos dias.
O cortejo sairá da Maternidade São José, às cinco da manhã, devendo chegar à singela capela de Santa Terezinha, no povoado Serra, por volta das seis e mais; e daí tirar os restantes cinco quilômetros até as sete a sete e trinta, então chegando à Ermida, que fica próxima ao portão do Parque dos Falcões.
O retorno, para a maioria, deve ser pelos 2,5 quilômetros da estrada de acesso ao Parque, a partir da BR-235, no início do povoado Gandu II, junto à capela de São Francisco, com vista para o Rio das Pedras II (o dos quebra molas e pardal).

Uma boa peregrinação a todos.