quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Comunicação em alta

É! Ao menos, num aspecto a nomeação de Francisco Ferreira Pereira o Chiquinho para a Secretaria de Assuntos Parlamentares e Comunicação Social – SEAPCS, já denota uma melhora considerável na comunicação social da Prefeitura Municipal de Itabaiana, antes, sofrível até mesmo na emissora pertencente ao grupo que ora governa o Município, qual seja a Radio Capital do Agreste. Possivelmente Chiquinho teve melhor sorte em montar uma equipe qual não teve o mesmo seu antecessor, Marco Aurélio.
Temos observado que insistentemente têm aparecido boletins informativos propagandísticos ou, americanizando o termo: “newsletters”, por sinal, bem escritos, com concisão e naturalmente, objetividade.
Num outro flanco, finalmente apareceu o portal da Prefeitura Municipal, sonho que acalentei juntamente com um provedor local a mais ou menos dez anos quando tomei conhecimento sobre a chegada da revolução da informação com primeiro provedor de internet em Aracaju e que, sem falsa modéstia, quatro anos depois necessitei “forçar a barra” em 2001 com o lançamento do itabaiana.inf.br.
Cansei de alertar as autoridades municipais pertinentes à comunicação acerca da importância de se instalar um provedor de internet que nos conectasse ao mundo. Por dois anos paguei DDD para me conectar a capital enquanto que outras cidades menores como Estância e Propriá, juntas com menos terminais telefônicos que Itabaiana já navegavam na rede. Isso, por aqui e naqueles tempos só poderia ser bancado pelo Poder Público municipal, único com capacidade de absorver o baixo retorno comercial de tal empreendimento. Até que em 20 de março de 2001 pus o itabaiana.inf.br no ar e, finalmente, através da CDL começamos o projeto de implantar o provedor. Um empresa privada correu por fora e se adiantou nos livrando dessa responsabilidade e, ainda por cima, destravando um estranho comportamento do então maior provedor de internet de Sergipe que teimava em não estender seu link para Itabaiana (já estava na Estância e Propriá), prejudicando assim dezenas de profissionais como contadores e advogados, e que, diante da ameaça do referido provedor privado de Itabaiana, em menos de cinco dias pôs o seu link no ar. Desde então temos dois provedores locais, hoje estendidos para mais outros quando se trata de Banda Larga.
Voltando ao Portal, está faltando ali informações imprescindíveis ao bom e desejado Estado democrático e de direito qual sejam as referentes às contas públicas. Neste item, contudo, é compreensível já que, além do portal ser novo, o do próprio Tribunal de Contas (alguns preferem faz de contas) do Estado de Sergipe tem o hábito de sonegar ou no mínimo postergar a perder de vista o resultado de suas contas. Estamos em fins de 2007 e no site do referido Tribunal, cujos conselheiros ganham nosso dinheiro para zelar pela lisura dos dinheiros, inclusive cumprindo o artigo 37 da Constituição Federal no seu caput, e apresentam apenas e de forma extremamente às escondidas suas contas relativas a 2003, conjuntamente com outros dados bem mais volumosos e que geralmente aumenta a dificuldade de achá-las (clique aqui e baixe o arquivo para seu computador, depois o abra pelo Word).
Com relação ao atual estágio de comunicação da Prefeitura Municipal, palavra de amador: todavia, apesar de toda a boa comunicação, não basta a propaganda. É preciso marketing, algo bem mais complexo.

domingo, 25 de novembro de 2007

Xenofilia

Não precisa ser mago ou pitonisa para descobrir que pegou mal mais essa escolha da prefeita Maria Mendonça de preencher um cargo de alto vulto, no caso o de Secretário Municipal de Saúde de Itabaiana por um profissional sem vínculo absolutamente algum até a presente data com a sociedade itabaianense.
Não quero entrar no mérito da capacidade pessoal do Secretário nomeado, o geriatra Antônio Cláudio Santos das Neves, haja vista não o conhecer, sequer por ouvir dizer, todavia, a inquietação geral é por que tem gente de mais de fora do município em cargos de grande importância e visibilidade.
A escolha da prefeita ainda coincide com uma onda que vem se espalhando perigosamente contra a sua administração qual seja a de que em seu governo “não corre dinheiro”. E esse item – o dinheiro - tem sido ao longo da história humana o fator essencial de todas as discórdias. Ou acertos sociais.
Itabaiana tem uma característica: ninguém “de fora” “arma” aqui. O maior político de fora do município que tivemos foi Batista Itajay, um lagartense, que espertamente casou-se com uma senhorita da mais fina cepa itabaianense antes de entrar na política. Mesmo assim, parafraseando Luiz Gonzaga (Lampião falou), não foi "bom nem foi feliz".
É compreensível a dificuldade de encontrar a pessoa certa para tão relevante cargo haja vista o empossado ter pela frente a administração de mais de um quarto de todo o dinheiro do Município o que equivale a todo o orçamento municipal de cada um, de mais de cinqüenta por cento dos municípios sergipanos. Para comparação, se iguala aos orçamentos de Campo do Brito, de Ribeirópolis, Areia Branca, entre outros. É muito dinheiro. E muita responsabilidade.
Percebe-se desde a municipalização iniciada timidamente no governo municipal de João Alves dos Santos – o João de Zé de Dona – a dificuldade de encontrar o perfil ideal para tal cargo. O principal problema é a remuneração, baixa demais para tanta responsabilidade e a necessidade de compensação. Neste último caso, um médico ao abraçar a administração da Secretaria Municipal de Saúde, imperiosamente terá que a ela se dedicar o que o afastará automaticamente de sua clientela. Quando a esta quiser retornar vai ser difícil de encontrá-la. Isso tem que ser pesado pelo administrador-mor ao fazer um convite a um profissional de saúde para tal cargo. Daí porque o perfil técnico do profissional de saúde para esse cargo, salvo raras exceções nunca deverá recair em um médico. A menos que o Município venha criar mecanismos de compensação, inclusive quarentena para os nomeados no futuro. Caso contrário é prejuízo na certa. E pior: quase sempre será para ambos, o profissional e o povo do município. Paradoxalmente isso não é necessariamente aplicável a municípios menores, não centralizadores do sistema, e onde o profissional pode muito bem fazer a "meia-sola". Ou à capital, com renda superior em muito a Itabaiana.
Talvez a justificativa da prefeita seja exatamente essa: a falta de sintonia entre a condição do profissional ideal local e a disponibilidade deste em assumir tal tarefa, porém, com já fiz aqui neste espaço, pergunto: e por que tem que ser um médico, o administrador da Saúde? Por acaso alguém duvida que - descontando o descalabro da dengue - o economista Zé Serra se deu bem melhor no Ministério da Saúde que o indiscutível técnico Dr. Adib Jatene? O que não pode ocorrer é que os cargos eminentemente técnicos dos quadros da Secretaria fiquem em mãos de pessoas sem a qualificação acadêmica necessária, e, preferentemente com experiência no quesito Saúde Pública.
Da nossa parte ficamos aqui a torcer que o Dr Cláudio das Neves venha realizar um bom trabalho.

Exportando capital realizado.

Junto com a inquietação provocada por mais uma nomeação extra-territorial feita pela prefeita Maria Mendonça está uma constatação - por percepção - da sociedade, confirmada por números alarmantes, mesmo que inconclusivos, da fuga de capital de Itabaiana em direção, principalmente à capital sergipana.
O fenômeno é comum em todo o Estado de Sergipe, porém no caso de Itabaiana, dado à quantidade de dinheiro e à proximidade física entre as cidades, esse fluxo é inumeramente maior que nos demais municípios de porte similar ao nosso.
No próximo dia 18 de dezembro será feriado municipal e, desta vez, certamente a polêmica não reaparecerá, ou, se vier, virá suavizada, já que o dito dia cairá numa terça-feira e não numa quarta-feira ou sábado. Todavia, todas as vezes que ocorre cair num desses dias enumerados o comércio todo entra em pé de guerra contra o feriado. O motivo é simples: o consumidor itabaianense aproveita esse feriado para fazer compras, especialmente em Aracaju e, quando ocorre a coincidência com um feriado do dia de feira-livre, ou o comerciante se expõe à Justiça do Trabalho abrindo ilegalmente seu estabelecimento comercial num dos melhores dias de venda, ou tranca tudo e perde o filão.
O equilíbrio econômico é de uma fragilidade impressionante. Um boato e trabalho de anos vai pelo ralo.
É perceptível que a classe média itabaianense tradicional - constituída de profissionais liberais e fun cionalismo graduado - vem definhando ano após ano. A classe média itabaianense atualmente é quase toda constituída por pequenos comerciantes e não por aqueles segmentos tradicionais acima expostos. Isso é prejuízo para o comércio local.
Uma olhadela no Orçamento da União mostra claramente a desvantagem dos municípios do interior em relação à Capital, e não somente em termos de convênios para repasses de verbas, mas também nas verbas de custeio de pessoal – aposentados inclusive – quase todos residente na capital.
A chegada de instituições de reconhecida remuneração melhorada aos seus profissionais em Itabaiana não tem sido acompanhada de uma política de desenvolvimento urbano satisfatória para segurar esse consumidor de alto poder aquisitivo, e, para resumir, as atividades culturais mais interessantes no município continuam sendo os bares tipo inferninho e suas serestas pontas-de-faca. Um péssimo exemplo de quem precisa competir com uma Capital que além de ser capital tem estrutura muito melhor.
Ser velho em Itabaiana é a cara de ser velho no Brasil. O município não tem absolutamente nenhuma política de desenvolvimento urbano – que aqui é confundido com o mero calçamento de ruas (das praças nem se fala pela despesa durante e depois) – e isso se reflete em quem quer morar bem. O problema – financeiramente falando – é que por ocasião de debates na Câmara Municipal em 2001 sobre o recolhimento sobre os salários dos vereadores para a Previdência já era informado ali que o aposentado contribuía com um aporte de cerca de cinco milhões de Reais na economia itabaianense. Detalhe: toda a arrecadação de Impostos – Município, Estado e União - do ano foi de 7.626.000 (Atlas de Desenvolvimento Humano – PNUD/IPEA - 2001). Todo o Orçamento Municipal daquele ano foi de R$ 17.863.346,00. O PIB municipal foi de 153 milhões, o que deixou somente as aposentadorias responsáveis diretas por 3,2 por cento do ingresso direto de capital. É muito dinheiro.
Do ponto de visto do consumidor de alto poder aquisitivo, como exemplo, o último Delegado de Polícia que efetivamente aqui residiu – com família, obviamente – foi o Bacharel Nivaldo Elias Barbosa que daqui mudou-se em 1981. O último Juiz de Direito daqui havia se mudado em 1977 e o último Promotor pelo mesmo período. O bancário (ainda bem remunerado), o médico, a enfermeira, o dentista, o petroleiro, o técnico da Justiça, da Saúde... cada dia a mais prefere a Capital deixando Itabaiana. Enfim, vamos nos tornando cada vez mais um mercadão onde as pessoas ganham dinheiro de dia e à noite vão para seus palacetes. Isso é sentido pelo comércio e, mesmo que não haja debates profundos e científicos sobre o drama, ele é percebido e causa apreensão.
Qualquer fagulha causa incêndio de enorme proporções neste palheiro.