sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mas... E é só isso?

Em 1976, aos 16 anos, eu trepava num caminhão pela primeira vez em direção a um comício. Repeti isso várias vezes, acompanhando a campanha para prefeito de Fernando Mendonça - que perdeu - “contra Chico”. Ainda não votava, já que o voto de 16 é coisa de dez anos depois. Ah, também contra meu pai, então eleitor a até ainda exercitando de leve sua atividade de cabo eleitoral que o foi desde 1946 até 1988, e perfilado... com Chico. Em 1982 participei, modéstia à parte, mesmo que de forma descoordenada, da geração da frente que deu a vitória a Djalma Teixeira Lobo e preparou a virada municipal de 1988 com Luciano. A crítica maior entre a minha galera era: por que não se discute a cidade; tudo se resumindo num Fla-Flu eleitoral?
Século XXI, década II (começou há poucas horas), cem anos depois do fim da hegemonia do partido dos Cabaús e eis uma nota digna daquelas fofocas plantadas nos jornais de Aracaju entre 1896(chegada do telégrafo) e 1926 (queda do Peba, Coronel Sebrão): Arnaldo ganha pra Maria em 14, das 16 localidades pesquisadas. E daí? E é só isso?
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Em tempo: A manchete é do blog do secretário de Comunicação Marcos Aurélio e por si só, é apenas a opinião de um assessor do grupo do prefeito Luciano Bispo, irmão de Arnaldo. O que pega é que isso acaba sendo “a notícia” difundida aos quatro cantos, inclusive por rádios de concessão pública, como notícia, em prol do anacrônico sistema da política pela política. A política como um negócio de cargos e vantagens pessoais. Apenas. Coisa medieval. Ou anterior.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Os números.

Meu Deus!
Não pelo que é, mas pelo que representa o candidato, a eleição de João Alves Filho será a pá de cal em Sergipe. E, perdoem-me os que acreditam em milagres: eu acredito nos números que vi(aqui). E aí eu me pergunto: o que foi que eu fiz de errado pra merecer tal castigo? Ver meu Estado eternamente estagnado, volvendo-se cada vez mais para ser de novo um pedaço da Bahia?
Por quê? Se a terceira administração de João Alves já foi um desastre, imagina o que ocorrerá na quarta. E ela virá. Assim o PT sergipano o quis. Deda o quis. Voltarão todos os CCs que atrofiaram a máquina (e serão incrementados os inúmeros que se mantiveram) na gestão João Alves; todos os vícios e todos os privilégios de uma elite que não suporta o “Negão”, mas adora a certeza da vitória – e manutenção de privilégios absurdos - que ele transpira. Albano não sairá do bloco; e os aliados atuais do governo Deda se perfilarão dentre: os que extrairão até a última gota das benesses do poder, porém já em negociações com o outro lado; os que se sentirão “traídos” já a partir de março e pularão ou reassumirão; os sonhadores porras-loucas que acham que o estado deve ser stalinista, e deve ser implantado na marra; e os malandros esquerdóides - os quiabos - que buscarão se manter por cima da carne seca de algum modo. E eis o fim de uma tentativa de fazer algo de novo nesse Estado que luta desde 1641 pra existir:

“Porque damos Sergipe, tão célebre tratado, hoje é nada, e nunca foi tão grande cousa como se imagina.” (*)

Ou, “Ninguém quer a Independência; senão os que estão no governo ou nele queiram entrar, taverneiros e donos das casas da Cidade, pois que sejam quais forem as vantagens que se digam da independência, elas não pagam nem a metade das liberdades que se perdem.” (**)

Os números estão dentro da realidade, e mais: não há nada que os revertam com limites de segurança doravante. O máximo que o Governador poderá conseguir é reduzir a vantagem de João e chegar às eleições em situação de empate técnico. O que em Sergipe tem significado de derrota para quem está com o governo nas mãos. Uma vitória medíocre para um governo medíocre, em que pese aparentar ter melhorado a segurança nos últimos meses. No mínimo, caso ganhe, terá sérios problemas já ao início da administração, já que se trata de um grupo político sem lastro na velha escravocracia burocrático-canavieira sergipana disseminada pelos vários setores da vida pública e social da velha Província, especialmente na Justiça.
Por outro lado, em ganhando João, não será mais o ex-prefeito de Aracaju – ou o João da água - quem irá assumir; e sim o porta-voz de um sistema que tem em Zuleido Veras e Daniel Dantas seus expoentes.
E Serra, ou qualquer candidato da neo-UDN (o PSDB), ganhará para presidente em Sergipe e em Itabaiana, em que pese perder no país como um todo. Aqui a esperteza é tanta, que até tendências consolidadas demoram uma eternidade para acontecer, haja vista os atores da política sergipana e itabaianense esperarem até a últimíssima gota. Tipo Albano Franco. Em 1930, era o mundo lá fora se despedaçando em relação ao velho e corrupto conluio da República Velha e aqui em Sergipe todo mundo quieto. Em Itabaiana, apenas Silvio Teixeira, conhecedor da realidade na Capital federal, foi desde o princípio o fervoroso partidário de Vargas.
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(*) Padre Antonio Vieira justificando a cessão de direitos aos holandeses sobre Sergipe nas negociações de armistício entre Portugal e Holanda, e pela neutralidade desta à restauração de sua Independência do domínio espanhol.
(**) Coronel José Nabuco de Araújo da Santa Luzia do Itanhy em carta a Carlos Burlamaqui, primeiro governante depois da restauração da Independência de Sergipe, em 1821, obra dos vaqueiros itabaianenses com ajuda dos lagartenses. O mesmo era porta-voz de seu grupo que dentre eles havia Jose de Barros Pimentel, ascendente de Albano Franco, os Rabelo Leite, os Coelho e Mello e uma série de nobres que ainda hoje se encastelam na máquina pública sergipana.
A alegada independência perdida era a facilidade, nem sempre concreta, de sonegar impostos ao fisco colonial referente a arrobas e mais arrobas de açúcar ou de farinha de mandioca.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O ineditismo de 1958

Lendo Edivanildo Santana (aqui) no post "Arnaldo Bispo está entre os piores", lembrei-me de um ano em especial, registrado na História recente de Itabaiana: 1958. Inédito, na História de Itabaiana.

Uauasa

Já que os donos da outrora Energipe resolveram trocar o nome da empresa, eu sugeriria aqui um termo novo; muito mais charmoso do que esse de Energisa, cujo nome tem aplicabilidade duvidosa; vive de contradizer o que quer dizer. E aproveitaria pra fazer uma homenagem a um exemplo acabado de perfeição tecnológica: o uauá. Além de ecologicamente correto, pelo lado poético que o bichinho encerra, acho que seria uma questão também de justiça. Ele também ilumina, porém seu consumo de energia é impressionante menor do que as lâmpadas padronizadas pela “energisa”. E principalmente: ele cumpre contratos. Em determinada época do ano ele deve aparecer, e aparece. Não deixa ninguém na mão. Seu único inconveniente é que vive piscando, mas isso a “energisa” também vive, e com um agravante: o contrato é pra não piscar. Já o poético, romântico uauá, pisca porque deve piscar. Aliás, segundo os biólogos, só o macho pisca; e o faz justamente para atrair a fêmea.
Resumindo: como a energisa - entregue a alguns piratas modernos em troca de uma reeleição - tem contrato pra não piscar e vive piscando, nada mais justo do que se homenagear o uauá, pondo nela o nome do bichinho.
Uauá é o nome no dialeto cariri para pirilampo ou vaga-lume.
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Em tempo I: de sábado, 26, pra cá, a Uauasa já piscou quatro vezes (duas, só agora pela tarde). Numa das piscadelas, quase se foi meu computador.
Miserere nobis (Tende piedade de nós, em latim).
Em tempo II: ganharam a empresa de nós sergipanos de graça; ganharam meu dinheiro de lá pra cá quase de graça; ganharam com impostos extra que FHC inventou, o tal seguro apagão. Aí, acharam "mais mió bom", e agora querem me empurrar um seguro. Pra levar mais dinheiro ainda. De graça.
Eta herançazinha desgraçada!