segunda-feira, 22 de março de 2010

Os garotos do skate.

Tabareuzão que ainda sou, mas o era ainda mais em março de 1975 quando me alojei na Casa dos Estudantes para recomeçar minha vida de estudos e me integrar em definitivo à cidade. Logo em seguida estava em contato com a cultura universalizada através de revistas jovens como Pop, extinta, programas de rádio com música incrementada como a “Paradinha do Chicão”, na rádio Atalaia AM (ainda não existiam as FMs), e etc. Dois esportes radicais da garotada dos grandes centros na época me chamava a atenção: o vôo livre e o skate. Nunca me encantei com o surfe.
2002, dezembro, Praça de Eventos, por volta das 19 horas, dois garotos me chama a atenção justamente pela prática daquele esporte que me encantou 27 anos atrás. E aí mergulho na realidade: minha cidade ainda falta muito para aquilo que se conhece como cidade. Falta ci-vi-li-da-de. Que é também sentar-se à mesa num barzinho num fim de tarde ou numa manhã de domingo; mas, com certeza, não é essa cultura maluca de “beber, cair e levantar”(e ficando surdo), único esporte difundido por aqui com graves conseqüências, inclusive para a saúde. Falta entretenimento sadio. Falta a prática da cultura com alguma organização. Falta esporte. A reclamação dos garotos, salvo engano de nomes João Batista e Paulo Leonardo era que a Prefeitura prometera, mas não construíra uma rampa de skate; coisa básica. Até hoje não foi construído. E se o for, será numa condição que sirva pra tudo, menos para os desportistas praticarem o esporte.
A idéia da área de lazer era de uma praça de lazer! Com concha acústica para shows, pista para platéias grandes e até para dança, quadras de esportes, tobogãs, rampa de skate e uma série de brinquedos para a criançada. A concha acústica e o espaço de platéia se tornaram meio de vida pros amigos do rei (de todos os reinados); as quadras foram adaptadas para “outros carnavais”, e o local onde ficaria o restante da infra estrutura de esportes... foi doado DE BOCA a uma cooperativa de transporte... que não recolhe um centavo de imposto para ser aplicado, sequer na melhoria do próprio sistema. Nem um banheiro para seus passageiros constrói; fazendo com que os passageiros mijem nas calças ou aborreça a vizinhança atrás de um banheiro. Agora se acena com uma Praça de Esportes. Extremo leste da cidade, de indiscutível utilidade para a população ao seu entorno. Mas não é uma obra para Itabaiana; e sim para parte dela.
E continuamos sem uma política de esporte como bem alega o professor José Costa:

O ESPORTE EM ITABAIANA
O maior orgulho dos itabaianenses no esporte é com certeza o time de futebol profissional, a Associação Olímpica de Itabaiana, que foi fundada em 1938 como Botafogo Futebol Clube e depois passou a se chamar Itabaiana Esporte Clube. O Itabaiana sagrou-se campeão do Nordeste e vice-campeão Norte-Nordeste em 1971 e por 9 vezes campeão sergipano, nos anos de 1969, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1997 e 2005. As maiores conquistas da AOI tiveram a frente o desportista José Queiroz da Costa como presidente. O tremendão da serra participou da Taça Brasil, Taça de Prata, Taça de Ouro, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.
O campeonato amador de futebol é uma sensação em nosso município. É realizado a mais de 40 anos com dezenas de equipes, disputado nos finais de semana nos campos de pelada da cidade e dos povoados, dando aos atletas não profissionais a oportunidade de disputarem um torneio bem organizado, que incentiva a prática esportiva aquelas pessoas que trabalham durante a semana e só tem os finais de semana para praticar esporte e que vem revelando vários atletas ao longo dos anos para o futebol profissional.
O futsal itabaianense também teve um destaque especial em nossa cidade nas décadas de 60 e 70, na quadra do G.L.E.I, onde hoje é a loja M.Sobral, através do desportista “Chico Cantagalo” que realizou diversos campeonatos adultos, os quais revelaram vários jogadores para o Itabaiana e os times de Aracaju.
Em 1972, o desportista Wilson Cunha, o “Gia”, fundou o Itabaiana Coritiba Esporte Clube que se sagrou Eneacampeão sergipano de futsal adulto, campeão do Nordeste em 1992 e participou de três campeonatos brasileiros. O Coritiba também disputou o campeonato sergipano de futebol profissional sagrando-se campeão da 2ª Divisão em 1996 e vice-campeão da 1ª Divisão em 1997.
No esporte escolar, o Colégio Estadual “Murilo Braga” foi o maior celeiro de atletas do interior e um dos dez melhores de Sergipe em todos os tempos, obtendo excelentes resultados nos Jogos da Primavera, Jogos Infantis, Jogos das Escolas Públicas e Jogos Estudantis. O CEMB destacou-se no basquete, futsal, futebol de campo, handebol, voleibol, ciclismo, atletismo, tênis de campo e outros esportes individuais, com um trabalho de dedicação, abnegação e competência dos professores Gersonito, José Antonio, Manoel da costa Lima, Ronaldo Lima, Wilson Reis, Alberto Fontes, Benjamim, Valtênio Alves, Marcos Lima, Nivaldo, Jair Marinheiro, Henrique, José Costa e outros mais, que ensinavam à iniciação dos esportes.
A Rua de Lazer foi outra atividade que teve uma importância fundamental para a massificação do esporte amador em Itabaiana, com milhares de crianças e jovens participando nas ruas da cidade e nos povoados de atividades recreativas e esportivas, aos domingos e feriados. O projeto foi iniciado em 1985 pela Prefeitura Municipal de Itabaiana que infelizmente acabou em 1989 com a mudança do comando político municipal na época. Os professores de educação física José Costa, Valtênio, Wilson Reis, Benjamim, Jair Marinheiro e Josiel foram os responsáveis pelo projeto. Anos mais tarde, o Vereador Wilson Reis retornou a Rua de Lazer com sua equipe.
Ao longo dos anos, vários espaços esportivos foram importantes para o desenvolvimento do esporte em Itabaiana, destacando-se o Módulo Esportivo, antigo campo Etelvino Mendonça, onde a AOI ganhou o primeiro título estadual em 1969; o Estádio Presidente Médici; as quadras de cimento do CEMB hoje situado o Ginásio de Esportes Miltão; a Quadra do G.L.E.I e os campos de pelada do município. É lamentável que o município de Itabaiana com a história que tem no esporte, não tenha um ginásio esportivo municipal ou estadual para realizar competições em âmbito estadual ou nacional e também para servir a população em geral.
Itabaiana sempre foi respeitada por todos sergipanos quando o assunto é esporte, seja ele profissional ou amador, porque aos longos de décadas os itabaianenses sempre tiveram a honra de representar nosso município em competições estaduais e nacionais com competência e acima de tudo por ter orgulho de ser “ceboleiro”, como nós somos chamados pelos nossos adversários, apelido dado a nossa gente, pelo fato de que anos atrás o nosso município era o maior produtor de cebola de Sergipe e um dos maiores do Nordeste.
Esperamos que o esporte em Itabaiana volte a ser incentivado e valorizado pelas autoridades municipais e estaduais como algum tempo atrás, para que ele possa contribuir na formação integral de milhares de crianças e jovens itabaianenses, afastando-os das drogas, bebidas e das más companhias.
José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE