sábado, 18 de outubro de 2025

350 anos: Igreja encerrará comemorações em grande estilo.

 

"Card" da Pascom da Paróquia de Santo Antônio e Almas, sobre excerto de mapa holandês de 1646, com localização da Igreja Velha e da fazenda de Simão Dias Francês. E outros.

Com uma carreata emblemática, a partir das ruínas da Igreja Velha, ao anoitecer do dia 27 deste outubro, às 18 horas, em procissão em direção à matriz de Santo Antônio e Almas, a paróquia dará início ao término do Ano Jubilar da mesma, que é também da fundação da cidade de Itabaiana, há 350 anos.

As ruínas da Igreja Velha é o mais antigo monumento do Ciclo do Gado no Brasil, com alguma coisa ainda de pé. Mais velha até que a Torre, ou Castelo de Tatuapara, só reconstruído em pedra e cal, no início do século XVIII.

Foi construída pela vaqueirama – os curraleiros – dos primórdios da pecuária em larga escala no Brasil, para ser o início da cidade. O não reconhecimento oficial retardou a chegada da Igreja Católica, e, em 1675, seguindo as expectativas geradas, com a chegada de D. Rodrigo de Castelo Branco e sua infausta busca por prata, foi criada a Paróquia de Santo Antônio e Almas, na Caatinga de Ayres da Rocha Peixoto, em 30 de outubro de 1675, depois do sítio passar pelas mãos do pároco de Sergipe – o de São Cristóvão, Sebastião Pedroso de Góis – e acabar como propriedade da Irmandade da Almas.

400 anos...
só olhando pela janela do tempo.

Esse costume, o de prover uma paróquia nova, com suporte financeiro e administrativo de uma irmandade, era típico nas comunidades, desde priscas eras na Europa, e foi transplantado para o continente americano.

A matriz de Santo Antônio, até o nascimento da feira livre, no início da década de 1860, foi o único motivo de associação da imensa população rural de Itabaiana à sua sede municipal, até 1888 chamada de vila. 185 anos sendo a única chama de civilização.

Na programação religiosa da última semana de outubro, tem o Tríduo e Festa de Comemoração – três noites de reza - aos 350 anos, encerrando no dia 30 com um show do Padre Antônio Maria.

A Paróquia de Santo Antônio e Almas, está entre as 100 mais antigas do Brasil; e é a segunda criada em Sergipe.

E os 350 anos da cidade de (Santo Antônio de) Itabaiana e sua majestosa matriz, sua praça e sua frondosa e aconchegante arborização. Protegida por seu muro de serras, a toda rodeá-la.



quinta-feira, 16 de outubro de 2025

TRAUMA DE QUATRO DÉCADAS SANADO

O "Beco Novo" (Rua Coronel Sebrão) há 120 anos.
Era chamada do Beco Novo ou Rua de Riachuelo, pois era por onde os tropeiros pegavam a estrada para a então rica cidade da Cotinguiba.

No início de 1980, já há dois anos como auxiliar de serviços gerais e depois balconista nos Correios, fui surpreendido com uma promoção: fui promovido a carteiro. 
Nos meus primeiros meses uma decepção.

Os Correios tinham atingido um nível de excelência tal, que sua popularidade, como empresa, era a maior do país. Rapidez, cuidado, coisa de primeiro mundo, como diz o tabaréu americanizado.

E foi aí que tomei uma rasteira. 

Pego a carta, endereçada à Rua das Flores. Estranhei. Não conhecia nenhuma Rua das Flores, mas, dois meses percorrendo as ruas da minha cidade, naturalmente não as conhecia de có e salteado. E naquela semana, sequer estava no meu trecho habitual, já que substituindo o titular do outro roteiro. Devia ser uma daquelas que não conhecia, pensei.

Peguei a coleção de cartas e impressos em geral e saí para a entrega.

Entrei rua, saí de rua, e nada da estranha e poética Rua das Flores.

Com praticamente cem por cento da tarefa realizada, de certo modo extenuado, retornei à agência para finalizar o turno.

Perguntei a um e outro colega, ninguém soube me dizer se em Itabaiana a tal Rua das Flores existia.

Procedimento padrão, carimbei como "endereço desconhecido", e encaminhei a escrivaninha do chefe da agência postal, o amigo Juarez Ferreira de Góis, que já quase meio-dia, não mais se encontrava ali.

À tarde, quando ponho e pé dentro da agência para o turno vespertino, recebo logo a bronca do chefe: “Oh rapaz, está devolvendo a carta de fulano da Rua das Flores, porque?”

Bem, eu não conhecia o fulano; muito menos a Rua. Então enrubesci e fui meio malcriado, respondendo-lhe que nem conhecia o tal fulano, nem onde ficava essa rua.

Acho que caiu a ficha pra ele, pois baixou a voz e passou a tratar do assunto com ar de gozação. Em seguida me disse que a Rua das Flores era a Barão do Rio Branco e me mandou ir lá entregar.

Nunca mais tentei devolver cartas da Rua das Flores.


Resgate

Não lembro quem foi o vereador proponente; sei que foi aprovada a Lei Municipal 1.850, em 2013, que prevê o resgate histórico de algumas vias centrais, especialmente no Centro Histórico da cidade. Agora a administração da Cultura sob o cetro do médico e professor, Antônio Samarone, com o óbvio aval do prefeito Valmir Costa pretende implementar pra valer a Lei; e brevemente teremos mudanças em algumas placas identificativas, com uma história rica, até agora desconhecida, no mínimo esquecida.

E nomes como Rua Nova, Beco Novo, Rua do Fato, terão mais sentido a partir do conhecimento de suas histórias.

E ninguém mais vai devolver carta por desconhecer o nome tradicional e popular da rua.


sábado, 11 de outubro de 2025

NA CRISTA DA ONDA

 

Recebo hoje, pela décima ou vigésima vez, sei lá, um videozinho enaltecendo a figura histórica do nosso negro mais importante, Quintino de Lacerda, que vem se tornando figura popular na cidade, nos últimos tempos.

Não vou me alongar sobre o personagem; já o tenho feito por várias vezes.

Porém externar uma constatação: "quando a velha não quer dar, a faca não quer cortar". Dizer antigo, a mim passado pela sabedoria dos mais velhos. Ou seja, enquanto a consciência de massa não estiver suscetível à uma ideia, por mais racional que ela não seja será tratada como esquisitice. Não ocorrerá nada. Nem sempre vale a máximo do poeta, "Quem sabe, faz a hora; não espera acontecer" É o caso do reconhecimento público de Quintino.

Denominando uma importante artéria no Centro da cidade, desde por volta dos 70, sua figura tem permanecido irrelevada, durante todos estes anos que nos separam, entre a sobredita homenagem, e a atualidade. Itabaiana tem dificuldade em reconhecer seus verdadeiros heróis (falsos, que é a maioria, também). 

E um povo sem heróis - consistentes, claro; de verdade - é apenas um molho de gente. Ainda bem que temos a Serra, Santo Antônio, e o Tricolor para nos dar identidade.

Nossos logradouros do Centro homenageiam personagens que nunca ouviram falar sobre Itabaiana, ou tinham raiva de quem falava. São marechais, Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca; generais, Maynard Gomes, Valadão e Siqueira de Menezes; praças João Pessoa e Fausto Cardoso.

Para não dizer que nenhum filho da cidade foi lembrado, até os anos 50 (1950), só as travessas de ligação, especialmente à Praça central. As ruas, à época de suas denominações, na periferia, General José Calasans, Manoel Garangau, só em 1962. E a sua sequência, após a Avenida Ivo Carvalho, a já citada, Quintino de Lacerda, em algum momento entre 1968 e 1972.

Nome do funcionário e prefeito interino, até Ivo Carvalho, que denomina o antigo Beco da Câmara ou Cemitério, depois de alargado, somente se consolidou diante das normas da atual Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que diz que uma avenida não pode atravessar uma praça, preservando o mesmo nome. Nesse caso, a Ivo Carvalho terminaria no hoje INSS. Mas a Praça Honório Mendonça, quadra dos Correios e Associação Atlética de Itabaiana, não se confirmou; e hoje ela chega até a Avenida Airton Teles.

João Alves Filho (foto abaixo), o segundo a mais realizar em Itabaiana foi produto do primeiro realizador, José Rollemberg Leite (foto acima) que mudou o destino de Itabaiana com uma estrada que levou nossos feirantes até São Paulo, em cima de um caminhão; e um colégio - o Murilo Braga - para pobre virar doutor. Nenhuma homenagem. Pros dois.


Seriamente me sinto incomodado que se não homenageie homens que foram determinantes para a grandeza do município, como José Matheus da Graça Leite Sampaio, seu tetraneto, José Rollemberg Leite, e João Alves Filho, produto direto de Zé Leite, ou mesmo um Graccho Cardoso, com a primeira rodovia de Itabaiana, e, suspeito, só não o primeiro prédio escolar por mesquinharia dos líderes locais. 
Enquanto lagartenses, simondienses, santamarenses, etc., pediram grupos escolares ao seu governo, os líderes de Itabaiana pediram reforma do prédio da prefeitura para anular a lembrança dos adversários, 10 anos depois de construído. E o grupo escolar teve de esperar mais doze anos e uma ditadura - Estado Novo - para o Guilhermino Bezerra, atual DR-3.
O primeiro grupo escolar só veio para Itabaiana, sob Silvio Teixeira, doze anos depois que a mesquinharia política tinha preferido mudar a cara “cabaú” da prefeitura, construída apenas dez anos antes, ao invés de uma escola. A águia, da Prefeitura reformada era um símbolo do governo Graccho Cardoso.

Enfim... 
Quintino está em alta.
Vida que segue.


quarta-feira, 8 de outubro de 2025

GRANDEZA INAPROVEITADA.

 

Não lhe conheço o significado implícito, se de palma ou folha, a receber parte do decreto que criou a Câmara Municipal e Município (logo, emancipou Itabaiana). Mas que ela representa a emancipação, não há menor dúvida. A segunda maior data da cidade. A primeira é 30 de outubro.

“Mate o homem; MAS NÃO LHE MUDE O NOME.”

O ditado popular, bem ilustra a importância da identidade básica: o próprio nome. Identidade essa que vai se ampliando, e cada vez mais se relativizando, até desaparecer completamente numa massa considerável, onde o ser é apenas um grãozinho em meio aos milhões de indivíduos.

Em tempo: Por ser um lugar dos mais antigos, do Brasil colonial, Itabaiana tem três datas simbólicas no seu calendário cívico. São 350 anos de fundada, quando a cidade nasceu; 328 de emancipada (quando virou município); e 138 que ganhou, finalmente, o título de cidade.

Para nós itabaianenses, o símbolo máximo da itabaianidade é a serra mais alta a nos rodear. Mesmo que Itabaiana, originalmente tenha sido todas as serras a nos circular, e servir de barreira natural; de muralha; segurança. Em seguida, Santo Antônio e sua matriz, que foi pelos primeiros duzentos anos, único fator de congregação da vasta e dispersa população. Em terceiro, mesmo sofrendo a desconfiança e até ojeriza da população, seu aparato mínimo de Estado, qual seja, o Município, e seus símbolos: cartórios e poderes, o Executivo, atualmente exercido pelo prefeito; e Legislativo, desde 1697, exercido pela Câmara de Vereadores, quadragésimo sétimo mais antigo legislativo brasileiro.


O Símbolo Ignorado.

João Alves dos Santos (João Patola) presidente da Câmara Municipal de Itabaiana em 1997; professor José Taurino Duarte, então licenciando em História pela UFS; a saudosa professora Maria Thetis Nunes, inspiradora maior, da grande que acabou mínima celebração.

Em 1997, Itabaiana fez 300 anos de emancipada; e, estudante, fazendo graduação em História, na Universidade Federal de Sergipe, o ora aposentado professor José Taurino Duarte foi alertado por sua mestra, a itabaianense Maria Thetis Nunes, acerca importância da data para Itabaiana, assunto que por ele rapidamente foi trazido até o presidente da Câmara Municipal.

Por sorte, o presidente era o professor João Alves dos Santos, o popular João Patola, da tradicional família dos capitulinos. E foi aí que essa feliz coincidência não deixou os 300 anos de emancipação de Itabaiana passar completamente em branco. Mesmo com parcos recursos, menos ainda boa vontade de outras autoridades com poder de mobilização, mesmo assim, foi encomendado um projeto ao saudoso arquiteto Melcíades Souza, que, a despeito de não ter sido um monumento à altura do que Itabaiana merece, nem do que merece um projeto do saudoso itabaianense, foi modestamente inaugurado pelo Presidente da Câmara, no canto sudoeste da Praça Fausto Cardoso, em fins de outubro de 1997.

Anda necessitando de melhorias; mas é figurativamente, depois da serra e da matriz de Santo Antônio e Almas, aquilo que mais simboliza Itabaiana. Merece, pois, uma melhorada no visual; um projeto complementar ao de Melcíades , de 28 anos atrás. Algo dignificante da cidade.

Porém, não somente uma melhorada física merece o simbólico monumento; mas também, e principalmente um trabalho de conscientização, mormente nas escolas (papagaio ‘véio’ nunca aprende a falar direito; só novo). 

Estamos vivendo um momento especial, o do aniversário de nascimento da cidade de (Santo Antônio de) Itabaiana, agora em 30 de deste outubro. 

Uma união de esforços, de Executivo e Legislativo, e ainda dá tempo fazer alguma coisa.


Melcíades (montagem fotográfica) e sua obra, que está a merecer maior destaque. Especialmente neste que é um ano especial, quando a cidade de Itabaiana completa 350 anos de fundada. Com sua primeira paróquia

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

POLITICAGENS

 

A política é a arte de viver em comunhão; resolvendo as disputas de modo civilizado; onde não haja perdedores ou vencedores totais. Contudo, por isso mesmo é a atividade humana mais susceptível aos vícios decorrente da eterna concorrência universal entre seres, animados e inanimados.

1949, avizinhando-se as primeiras eleições gerais, no município, que ocorreria no ano de 1950, e com os novos ventos do Nacional-Desenvolvimentismo soprando a todo o vapor, finalmente a minha região, na área rural do município de Itabaiana, antes apenas mera passagem da velhíssima estrada real para a antiga capital, São Cristóvão, começa a timidamente receber mimos do governo federal, através do estadual em comunhão com o municipal.

Para o povoado em que nasci, a Mangabeira, sul do município, veio a estrada de rodagem, meia-boca, diga-se; e, nem bem essa terminou de ser feita, a alvissara; novidade: um grupo escolar.

Naquele ano, em 30 de novembro de 1949, foi inaugurada a Escola Normal Rural Murilo Braga, marco na vida socioeconômica da Grande Itabaiana, ou seja, seu município original. E a função primordial do depois Colégio Estadual Murilo Braga era a de formação de alfabetizadores – os normalistas – objetivando a redução ou extinção do analfabetismo de 83 por cento da população(*).

Meu saudoso pai, Alexandre Frutuoso Bispo, pôs o pé na estrada e foi ao chefe político, Manoel Francisco Teles, requerer que um grupo escolar fosse construído lá. Há época, dono do sítio vizinho, doou o terreno de pouco mais de meia tarefa ou 0,26 hectares para que o templo do saber pudesse ser construído.

Manoel Teles, prometeu, mas... demorou.

Seu Alexandre era cordato. Detestava brigas, teimosias, desarmonias, em geral. Mas também não era de fugir facilmente. Iniciados os grupos escolares do Capunga, hoje em Moita Bonita; povoados Serra, Matapoan... resolveu tirar a limpo. Pegou Manoel Teles atrás de sua escrivaninha e partiu para a seriedade: “Seu Manoel, o grupo do Mangabeira, sai, ou não sai? É verdade que Jason (Correia, então prefeito) está levando-o para o sítio do cunhado na Serra Comprida?”

Na Serra Comprida, vizinho à Mangabeira; e hoje um povoado tão habitado quanto, na época só moravam quatro famílias, e tinha como vizinho do outro lado, o hoje enorme Junco, com apenas uma residência. A Mangabeira, já possuía mais de vinte famílias.

Manoel Teles pigarreou, enfim, diante de um assertivo e desesperado líder de interior, deixou a habitual pusilanimidade de lado a assentiu: Jason Correia o tinha convencido a construir o grupo na Serra Comprida; e não na Mangabeira.

Meu pai deu meia volta, arrasado, e, acabou cruzando na porta do velho armazém, hoje vizinho à Galeria Jandrade, pelo Largo Santo Antônio, com o jovem, educado, mas enérgico Dr. Airton Teles, que, ao lhe ver o desânimo quis logo saber o que estava acontecendo.

Isso ocorreu num sábado. Ainda não havia feira das quartas-feiras. Bem o restante da história é que Dr. Airton foi pra cima do pai, que, na prensa dada pelo filho deu o comando para Seu Alexandre: “Bem, marque lá o terreno que segunda-feira, homens e máquinas chegam para começar a construção”.

Há 75 anos.

E política continua do mesmo jeito: é o cara votando na minha ideia e liberando seu imenso canil para detoná-la.

Manoel Francisco Teles; Dr, Airton Mendonça Teles; Alexandre Frutuoso Bispo



(*) Em 1950 a região possuía 91.362 habitantes- 35.802 em Itabaiana, com apenas 14.734 que sabiam ler e escrever – 7.083 em Itabaiana, ou 19,78%.


quinta-feira, 25 de setembro de 2025

SEXTA PROMISSORA

 

Outubro, mês de aniversário da velha – e tão renovada - cidade de Itabaiana (350 primaverinhas, dia 30), promete agitação. No bom sentido, claro.

E começa já no dia 3, quando a Academia Itabaianense de Letras faz uma homenagem à história serrana recente, na figura do craque de futebol Horácio, para o acadêmico Aelson Góis (e concordo integralmente com ele), o ponto de viragem na história tricolor, que, claro, tem um monte de gente por trás, a começar do inegavelmente "Pequeno Gigante" (créditos pelo título a Gilson Messias Torres, Portela), José Queiroz da Costa. Que de certo modo, foi a retomada do espírito lutador itabaianense.

Eu, com Honorino Jr (Revista Perfil e Editora Infographics) no Café de Negócios, setembro de 2018, em franca preparação da 1ª Expo-Indústria

A seguir, nos dias 9, 10 e 11, teremos a Expo-Indústria, com promessas de ser melhor que as edições anteriores, e do dia 23 ao 26, a sétima edição da Bienal do Livro, em frenética preparação, e prometendo ser a maior de todos os tempos, trazendo a experiência fantástica das precedentes.

Padre Marcos Rogério Vieira, ex-pároco de Santo Antônio e Almas, ao final da Missa comemorativa aos 349 anos, em 30 de outubro de 2024, oficializa o Ano Jubilar com o selo da Irmandade de Santo Antônio e Almas, desenvolvido para o 7º Jubileu, a encerrar-se no próximo 30 de outubro, quando paróquia e cidade fazem 350 anos de fundadas.

E, dia 30, assegurou hoje o novo pároco de Santo Antônio e Almas, Padre Paulo Lima, em rápido pronunciamento na Câmara Municipal de Itabaiana, haverá a finalização do Ano Jubilar, que o é da referida paróquia, e da cidade. Fundada com sua paróquia original, em 30 de outubro de 1675, a segunda mais antiga em terras sergipanas.

O Livro

No dia 3, além das homenagens a Horácio José de Oliveira, pela Academia Itabaianense de Letras, antes, as cinco da tarde, no Museu da Música, sede da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, haverá o lançamento itabaianense do livro Os Breus, Relato da família no contexto da história itabaianense. 

O livro, é da lavra do professor, historiador, advogado e escritor, também acadêmico da supracitada academia; e membro do Conselho Estadual de Cultura, e do vetusto IHGS-Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, José Rivaldávio Lima. Ou, simplesmente, professor Rivas de Olívio de Breu, dos anos de apogeu do Colégio Estadual Murilo Braga, quando foi vice-diretor do respeitabilíssimo estabelecimento. E tem subtítulo autoexplicativo, por se tratar de história viva, de uma família que marcou, especialmente os segundo e terceiros quartéis do século XX na urbe serrana. Certamente, vem ele, nas entrelinhas, e nas contações dos dramas vividos pela família, recheado de assuntos até então pouco dissecados ou mesmo ignorados da vida da pequenina urbe dos anos 1920, à fase de crescimento acelerado, vivida desde um período, tão breve quanto marcante, o euclidiano.

Vai valer a pena uma criteriosa leitura, muito além de aspectos familiares.

Estarei na fila de autógrafos, de amanhã a oito.

O mimoso prédio da Filarmônica, sob o olhar atento de Tobias Barreto, onde haverá o lançamento.



terça-feira, 23 de setembro de 2025

2ª MAIS ANTIGA PARÓQUIA DE SERGIPE TROCA DE COMANDO.

 

Sai o Padre Marcos Rogerio Vieira; entra o Padre Paulo Tadeu Lima. Comando mudado na segunda mais antiga paróquia de Sergipe, a operar desda a pombalina matriz de Santo Antònio e Almas, em prédio iniciado em 1761 e inaugurado em setembro de 1764. Sob a batuta do Padre Francisco da Silva Lobo.

Hoje, 23 de setembro, início da primavera no hemisfério sul terrestre, assume, em solenidade logo mais à noite, com missa e presença do bispo arquidiocesano, D. Josafá Menezes da Silva, o novo pároco de Santo Antônio e Almas de Itabaiana, Paulo Tadeu Lima.

A Paróquia


Santo Antônio e Almas de Itabaiana foi criada em 30 de outubro de 1675, sob indícios de ser uma ponte para a instalação de uma cidade típica de até então, com muros, torres, etc., visando proteger uma possível mina de prata, que não se confirmou. 

A prata não houve; mas a paróquia, inicialmente em sua igreja de taipa, por noventa anos, aguentou.

Uma igreja de pedra e cal.

Em 1745, com já setenta anos de fundada, e funcionando na velha igrejinha de taipa, foi nomeado seu quarto pároco, o Padre Francisco da Silva Lobo, ancestral indireto de imensa família espalhada por Itabaiana, por Sergipe e até pelo Brasil. Segundo a tradição coligida pro Sebrão Sobrinho, é o Padre Lobo que, no mesmo 1745, vai fincar, de vez, e de fato, as bases da civilidade nesta terra, ao criar o coro sacro, que evoluiria para a magnífica Orquestra Sinfônica de Itabaiana, da Sociedade Filarmônica Nossa Senhora da Conceição.

Mas o Padre chegou num momento auspicioso para o Império Português, qual seja o das mudanças marcantes, que culminaria com o profícuo reinado de D. José e seu braço direito, o Marquês de Pombal. Iluminista, Pombal cuidou de podar vícios, nem que para isso tivesse que praticamente eliminar até ordens religiosas, como a poderosíssima dos jesuítas. Por outro lado, cuidou do clero secular, com moderníssimas igrejas, tudo construindo seguindo o racionalismo iluminista. 

Padre Lobo pediu, e ganhou. Uma igreja matriz belíssima; que ainda hoje é referência geográfica no altiplano do Domo de Itabaiana, onde está assentada, quase ao meio do círculo de serras, outrora conhecido como a Itabaiana: “serras moradas dos homens de onde os rios vêm”.

A paróquia de Santo Antônio e Almas atual, com seu 1,82 km² está muito longe dos 3.500 km² de até 1718, quando a paróquia de Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba foi criada, e começou sua ultrapassagem além do Caminho do Mar, no rumo das serras; mas sempre será segunda mais antiga de Sergipe, e uma das mais consolidadas, já que inicialmente era para ser consagrada a São Miguel; mas a vaqueirama da época bateu o pé: tinha que ser Santo Antônio. Mesmo que a igreja velha continuasse desprezada.

A missão do Padre Paulo Lima.


A velha "Rua da Vitória" (General Siqueira) parcamente preparada com tapete para a passagem, logo mais à tarde do dia 14 de dezembro de 1975, da procissão comemeorativo, criada pela Mons. Soares e executada pelo sucessor, Mons. Mário Reis.

O novo pároco assume num momento especial. Não somente pela redução de paroquianos, há três décadas, em debandada do Centro, especialmente nas duas últimas, como a crítica redução territorial, que restringe a paróquia a apenas o Centro da cidade. Também recai às mãos do Padre Lima, o fecho das celebrações do Sétimo Jubileu de Ouro da paróquia, a ser celebrado no próximo dia 30 de outubro, quando completará 350 anos de fundada.

Ao completar 300 anos, coincidentemente, o ano de nascimento do Padre Marcos Rogério, antecessor, e promotor deste ano jubilar, a paróquia também passou por uma sucessão: estava de saída o Monsenhor José Curvelo Sores, e assumindo o também Monsenhor Mário de Oliveira Reis, que realizou belíssimo Congresso Eucarístico, em dezembro de 1975, sem contudo, nenhuma menção à data magna, da paróquia, e da cidade, nascida com ela. 

Nesse 2025, não passou em branco. Em que pese a pouca efusividade do Município e quase nenhum engajamento de sua intelectualidade, especialmente a indispensável da escola, os 350 anos, agora nas mãos do novo pároco promete uma contida, mas marcante festa, que só teremos nova chance de uma data cheia nos 400 anos, em 2075. Certamente eu não mais estarei por aqui; bem como 8 em cada 10 itabaianenses atuais.

Que venha o 30 de outubro.