terça-feira, 21 de janeiro de 2025

350 ANOS: SANTO ANTÔNIO, O PEREGRINO.

 

Santo Antônio em peregrinação à matriz de Nossa Senhora do Bom Parto.

E, dando sequência às comemorações do Sétimo Jubileu de 350 anos de criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas, Santo Antônio, nem fugiu, nem escolheu outra quixabeira para pousar.(*) 

Hoje à noite, em procissão, devidamente acompanhada pela banda da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, a imagem do Santo deixou a centenária primeira matriz do interior de Sergipe, e, sob cortejo de fiéis, iniciou uma visita à paróquia-filha de Nossa Senhora do Bom Parto, a segunda mais antiga do sítio urbano, que estará em festa da sua padroeira até o próximo dia 30, última quinta-feira, deste janeiro de 2025.

Além das seis paróquias urbanas, de Itabaiana, filhas de Santo Antônio e Almas, são também filhas diretas as paróquias: do Sagrado Coração de Jesus, de Ribeirópolis; Nossa Senhora da Boa Hora do Campo do Brito; São Paulo, de Frei Paulo; e Santa Terezinha, de Moita Bonita. 

São “netas”, todas as demais, dessas, derivadas: São Domingos de Gusmão, de São Domingos; Sagrado Coração de Jesus, de Carira; São José, do Pinhão; São Francisco de Assis, de Macambira; Nossa Senhora do Patrocínio, da Pedra Mole e Nossa Senhora Aparecida, da cidade de mesmo nome. 

São também “netas”, as de Nossa Senhora da Conceição, do povoado Alagadiço e Menino Jesus, do povoado Mocambo, oriundas da Paróquia de São Paulo, de Frei Paulo; e São Sebastião, do povoado Serra do Machado, oriunda da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Ribeirópolis.

Não definível os respectivos status, mas ainda caberiam na família Santo Antônio e Almas, as paróquias: de São João Batista, de Areia Branca; Nossa Senhora da  Conceição, de Riachuelo; Santa Rosa de Lima, da cidade de mesmo nome; São José e Santa Dulce de Malhador, e de São Miguel, do Aleixo.

É que, antes de ser de Nossa Senhora da Dores, a partir de 1859, São Miguel do Aleixo e toda a margem direita do rio Sergipe era de Itabaiana e sua paróquia. Do mesmo modo, antes de ser de Laranjeiras e Riachuelo, Areia Branca foi Itabaiana, até 1874. Assim também Malhador. A própria Riachuelo, como povoado Rio de Sergipe, na passagem de São Gonçalo, foi disputado por Santo Antônio e Almas e Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba até ser completamente integrado à Paróquia Nossa Senhora do Socorro, em fins do século XVIII (**). Santa Rosa de Lima foi tirada da Itabaiana e anexada à Divina Pastora, só em 1896.

Santo Antônio não teria tempo, até 30 de outubro de visitar todas elas.

Em tempo: por ironia, São Miguel, a quem o Padre Sebastião Pedroso de Góis intentou incutir como devoção principal do itabaianense, não pegou. E foi ressurgir como padroeiro em São Miguel do Aleixo, depois da área desmembrada de Itabaiana, e adicionada a Nossa Senhora das Dores.

Ao dirigir as comemorações do 7º jubileu de Ouro - 350 anos - da criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas, e naturalmente de fundação da cidade, o Padre Marcos Rogério traz-nos à reflexão do porque realmente Itabaiana é grande
Em 1975, nos 300 anos, falou-se no Congresso Eucarístico, e nada sobre a data, Houve um cochilo; dessa vez, não.



(**) Conforme cartas paroquiais de 1757, ao Conselho Ultramarino; e mapa de 1825.

domingo, 19 de janeiro de 2025

QUANDO “AS JUSTIÇAS SE NÃO FAZEM”(*).

Montagem, com o velho Chico Breu e a Rua das Flores, (hoje Barão do Rio Branco).
Do lado esquerdo, a casa de D. Izidia Pinto Monteiro, base de meu avô e família, quando vinha à cidade, e minha mais tenra lembrança da infancia, em 1962; do outro lado, atrás do senhor de pé, o antigo quartel da Rua do Cotovelo, da era imperial, aí já loja, e hoje a Sorveteria Kiola, início da Rua 13 de Maio.

Tudo começou com um dissenso por causa de um valado. Evoluiu para a total falta de respeito, e quem assim praticou, pagou salgado preço.

Desde que me entendi por gente, um modo de dizer, consciente de mim mesmo, que ouvi, repetidas vezes, com a mesma curiosidade da primeira vez, o meu pai, que na época do fato, estava com dez, quase onze anos de idade, sobre o acesso de cólera do seu padrinho, Francisco Antônio de Lima, o Chico Breu, que resolveu de uma vez por todas se livrar do opróbrio com tanto desaforo e nenhum cobro por parte das autoridades.

Foi no dia 15 de janeiro de 1925, assim, com propriedade, nos contará seu neto, o advogado, historiador, professor José Rivadálvio Lima, o Rivas, antológico vice-diretor, da não menos antológica Maria Pereira, da década de ouro do Colégio Estadual Murilo Braga, em preparo de livro sobre o assunto. Para breve.

Pacatíssimo, caboclo respeitador, amigueiro, padrinho de uma reca de afilhados que, só do meu avô eram dois filhos: meu pai, de batismo; e outro – não lembro o qual tio – de crisma. Vivia da labuta de qualquer sujeito endurecido pela vida, desde as experiências como “soldado” da borracha, a plantador de algodão e o que mais desse. 

Porém, depois de constantes xingamentos, do mais baixo calão, possível; inúmeras ameaças físicas, a si, e especialmente, a seus dependentes; desmoralizações, como receber escarrada e cusparada no momento de se dirigir a uma pia batismal para ajudar a fazer mais um futuro cidadão, na fé e ensinamentos de Cristo... no 15 de janeiro de 1925, Chico Breu, deixou a passividade de lado e resolveu resolver. Foram quatro, na ruma.

Fez 100 anos, um século fechadinho, na última quarta-feira, 15. 

Mais? Não conto. Deixarei para quem de direito; porém, desde criança que o herói de meu saudoso pai é também meu herói.


(*) Frase do ouvidor-mor, da capitania de Sergipe d’El-rei, Antônio de Magalhães Passos, em carta à D. Maria I, rainha de Portugal, dando conta da situação precária da justiça em Sergipe, em 1799.