sábado, 18 de maio de 2024

HISTÓRIAS DE ANTIGAMENTE.

 


Por volta do ano 600, antes de Cristo, a Grécia continuava um lugar cheio de pedras, com relativamente poucos campos aráveis – obviamente, até hoje - e, para piorar as coisas, de uma divisão exacerbada entre cada cidade ou povoado, sem jamais conseguir um governo central que lhe trouxesse uma unidade nacional e políticas públicas de desenvolvimento comum. Uma colcha de retalhos, com cada retalho guerreando contra os outros. Isso vinha desde a Era do Bronze, com os micênicos; e não parou de se acentuar com os helenos.

Nas cidades, quando não se estava em guerra contra os vizinhos, sempre se achava um modo de guerrearem entre si.

As principais cidades-estados foram Atenas e Esparta, que acabavam exercendo influência sobre um grupo maior, de cidades menores, obviamente. E é em Atenas que nos fixamos a partir de agora.

A cidade da deusa Palas Atena foi, culturalmente mais importante que Esparta, e, no mínimo com esta empatando econômica e militarmente.

Como os atenienses tivessem se livrado de seu rei, foi governada durante aproximadamente três séculos por uma oligarquia: “os poucos”. Mas a roda da História não para; e, por volta de 600 anos antes de Cristo, a oligarquia ficou cada vez mais pressionada pelo “deimos”, o povo, a fazer concessões. E é nesse clima de insatisfação e instabilidade política. que em 546 antes de Cristo surge a figura de Peisistratus.

Com o poder ferreamente concentrado nas mãos da elite, a oligarquia, como bom agitador, Peisistratus conseguiu apoio no povão e, por volta de 555, aproveitando a janela que a elite deixou para controlar as massas, achou-se empoderado junto ao Conselho da cidade. 

Fingindo ter recebido um ataque ele convenceu a cidade em lhe possibilitar uma guarda. Guarda essa que usou para dar o primeiro golpe no Conselho. Ao ser descoberta a manobra, ele perdeu o cargo, a guarda, e foi expulso da cidade.

Mas Peisistratus não era de desistir. Sabendo da devoção da cidade por sua deusa Palas Atena, ele arranjou a mais alta mulher que pode; vestiu-a como a imagem clássica da deusa; e entrou triunfante na cidade com “a deusa” mandando seus filhos obedecê-lo, o que inicialmente fizeram. Mas durou pouco. E ele foi expulso novamente. Desmoralizado.

Peisistratus sabia que em Laurium, distante de Atenas, havia uma mina de prata. Ele para lá se botou; e dez anos depois ele entrava com um exército na velha Atenas, egoísta ao extremo, arrogante, prepotente, autossuficiente, superdividida politicamente, e onde ninguém fazia nada, a não ser travar quem queria fazer.

Não houve caça às bruxas, confiscos, prisões, e sim, entre outros, a primeira, portanto a incomparavelmente publicação da Ilíada, e a construção do primeiro Partenon, depois reconstruído após o primeiro cair sob terremotos, cujos restos ainda hoje estão lá. 

Foram 20 anos de estabilidade e progresso ao qual Atenas jamais teve, antes e depois. Até que Atenas voltasse a ser Atenas: a do dissenso estéril, da competição desenfreada e inútil, depois dominada por persas, macedônios, romanos, turcos, ingleses...