Câmara e Biblioteca, na cidade de Areia Branca, tendo do lado direito a rua, ex-estrada real Simão Dias-Laranjeiras, origem da povoação, na primeira metade do século XIX. |
Os vereadores, invariavelmente eram também chamados de juízes, e, como as câmaras fossem uma imitação do senado romano, por vezes elas também foram chamadas “senado da câmara”. Até porque, eram as instâncias municipais de maior poder. Inclusive o de prender e soltar. Daí o porquê de a necessidade de sempre ter no térreo a cadeia, também usada pela polícia, quando indispunha de quartel.
Esse formato, como já dito, veio da República Romana. Antes dos imperadores. E atravessou os milênios com algumas modificações.
"...que os moradores desta Capitania queiram fazer as casas de Câmara e Cadeia à sua custa". |
Há tempos que eu só passava por Areia Branca, pela BR-235. Não entrava na cidade, que vi crescer, e a tive como segunda povoação de que mais gostava na adolescência. Nela estreei o meu lado comercial, aos nove anos, vendendo cestinhas de verduras aos feirantes, concorrendo com as bancas... e não fui muito adiante. Em seu município tive minha primeira ocupação formal, qual seja a de professor de MOBRAL... aos 13 anos. Tão pequeno que ao receber a primeira supervisão, a diretora de Educação, minha saudosa amiga D. Josefa, diante da dificuldade do motorista do Município em saber quem era o professor, brincou: "sobe no banco aí, Zé, pra Louro te ver!"
A cidade, postada no curso da estrada real Simão Dias-Laranjeiras, originada na passagem das inúmeras boiadas, e outra mercadorias, entre ambas as potências econômicas da época, século XIX e início do XX, muito pouco cresceu no início, mesmo depois de virar sede municipal, em 1963. Explodiu seu crescimento depois de 1980.
Hoje, fotografando a cidade para dois projetos, um deles, municiar-me de material sobre o município original de Itabaiana e sua paróquia – a segunda na história sergipana – que entrou ontem em seu Ano Jubilar de 350 anos de fundação, consequentemente também fundação da cidade, dei com uma feliz associação, não de Câmara e Cadeia; mas de Câmara e Biblioteca.
A biblioteca, essa magnífica invenção de Ptolomeu, há mais de dois milênios salvou, não somente a cultura grega, mas de todo o Ocidente, depois das loucuras das matanças feitas por Alexandre Magno, chefe de Ptolomeu, que o sucedeu no velho Egito, uma das conquistas do grande general, horrivel administrador. Os esforços de Aristóteles, pois, foram recompensados.
Chamou-me a atenção.
Um fórum democrático por natureza, onde se prática a arte escura da política; com o outro lado, diametralmente oposto, de um templo do saber, da polidez, refinamento e clareza nas ações humanas.
Minha pequenina Areia Branca, há muito deixou de existir.
Mas continua graciosa.