quinta-feira, 29 de agosto de 2024

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

 

Ouvindo alguém na vizinhança tocando algo do estilo "moleque de teclado: 'é rapariga, é cabaré'," simultaneamente, recebo uma mensagem no celular e fui lê-la, obviamente.

Na mensagem, do amigo e colega de rádio, Evaldo Nascimento, uma música em homenagem a Itabaiana, ontem, que a cidade estava a completar o título de cidade, uma mera honraria, à época em que recebeu, porém, comemorada com efusividade desde 1988.

E eis que começo a ouvir. 

Maravilhado!

Voz da intérprete, impecável, afinadíssima, no ponto.

A letra é que comecei a achá-la mal arrumada. Longa, detalhista, versos com silabação forçada... nada muito diferente da maioria das canções ultimamente feitas. Buzina (como a do saudoso Chacrinha) acionada.

Porém... arranjo, ritmo e melodia... coisa de cinema como se dizia na minha juventude.

Impecável!

Aí, o Evaldo me adverte que é produto da IA, ou, Inteligência Artificial.

Como a interpretação fosse boa demais, interpelo ele sobre a excelente cantora: também Inteligência Artificial, é a resposta.

A letra foi composta pela IA, com ele apenas apontando textos na internet, e depois fazendo rápidas correções.

Ele escolheu o ritmo; o modo do acompanhamento... e veio a torrente. Que, certamente 80% dos que ouvem música nem vai notar que praticamente nada há de humano aqui. E dos 20% que efetivamente gostam - muito além de só ouvir - terão dificuldade de identificar; especialmente nos dias atuais, de tanto lixo produzido de forma natural, entupindo nossos ouvidos diariamente.

Nunca o talento humano foi tão precioso.

Cena profética, do filme 2001: Uma Odisseia no espaço, de 1968. Nela, o camandante está fazer uma ligação de video com a filhinha, ele numa estação espacial, e ela na terra. O foco do filme é HAL, um computador que se domina, e elimina todos os tripulantes de uma missão.


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

ITABAIANA, A SEGUNDA MAIS ANTIGA DE SERGIPE.

 

(imagem alegórica, composta)

Foi tentada na Igreja Velha, na década de 1620. Não deixaram prosperar. E, da igreja que lhe daria suporte, hoje só restam as ruinas.

Mas em 30 de outubro de 1675, por ordem do rei de Portugal, ela nasceu. Timidamente.

Era para ser uma supercidade; se prata tivessem encontrado aqui. Como não encontraram, ficaram a matriz e suas minúsculas casas ao redor. E assim atravessou dois séculos. 

Em 1679 surgiu Lagarto, depois outra, e mais outra. 

Em 1697, ganhou autonomia municipal. Emancipou-se. Junto com Lagarto, Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia do Itanhi.

A roda da fortuna também mudou: de primeiro centro de produção pecuária do Brasil, Itabaiana foi perdendo essa condição, e praticamente esquecida no século XVIII, quando os vales do Cotinguiba, Japaratuba e Vaza-Barris se encheram de engenhos, riquezas até arrogância, tratando os serranos, agora, como ceboleiros.

Empobrecida, sua população se lançou na estrada, de feira em feira, e, mesmo nessa condição, um neopolitano, que a adotou, e foi por ela adotado, incorporando a intrepidez do cacique Mbaepeba; do vaqueiro Simão Dias, o mameluco ou francês; e do governador, capitão-mor, Manuel Pestana de Brito, ao liderar a legião de pequenos, destemidos e teimosos serranos, José Matheus da Graça Leite Sampaio deu um basta nas pretensões baianas de tornar Sergipe um eterno puxadinho da Bahia. Em 20 de julho de 1820, o rei D. João VI assinou o decreto, retornando Sergipe, agora, à plena independência da Bahia.

Mas Leite Sampaio, ao morrer, não deixou sucessor; e o grande município, constituído de pequenos – agricultores e comerciantes – caiu mais uma vez no esquecimento. Na década de 1860, numa breve respirada pela produção de algodão nasceu sua feira, e consequentemente o embrião do seu robusto comércio; mas foi voo de galinha; curto.

O título de cidade de 1888, em nada significou, já desmoralizado desde o fim da era colonial (cidade era uma vila fortificada, com muros, e pesado aparato militar: canhões, soldadesca etc.).

Mas em 1950, a combinação de um tetraneto de Leite Sampaio, no governo de estado – José Rollemberg Leite - e de nova e forte liderança – Euclides Paes Mendonça – rompeu com a eterna pusilanimidade e finalmente a transformaram numa cidade, conforme o ideário popular.

De qualquer modo, assim como cada título desportivo, ganho por um itabaianense, individualmente ou em equipe, tem que ser comemorado pela cidade, o status de cidade conseguido aos 191 de emancipação da vila, têm que ser comemorado (porque toda vez que um ceboleiro sobe, ele me leva consigo, independentemente de qualquer coisa). 

Independentemente de a grande festa ter sido criada como campanha de políticos, em 1988.

Rumo ao aniversário de 350 anos de fundação.