Ouvindo alguém na vizinhança tocando algo do estilo "moleque de teclado: 'é rapariga, é cabaré'," simultaneamente, recebo uma mensagem no celular e fui lê-la, obviamente.
Na mensagem, do amigo e colega de rádio, Evaldo Nascimento, uma música em homenagem a Itabaiana, ontem, que a cidade estava a completar o título de cidade, uma mera honraria, à época em que recebeu, porém, comemorada com efusividade desde 1988.
E eis que começo a ouvir.
Maravilhado!
Voz da intérprete, impecável, afinadíssima, no ponto.
A letra é que comecei a achá-la mal arrumada. Longa, detalhista, versos com silabação forçada... nada muito diferente da maioria das canções ultimamente feitas. Buzina (como a do saudoso Chacrinha) acionada.
Porém... arranjo, ritmo e melodia... coisa de cinema como se dizia na minha juventude.
Impecável!
Aí, o Evaldo me adverte que é produto da IA, ou, Inteligência Artificial.
Como a interpretação fosse boa demais, interpelo ele sobre a excelente cantora: também Inteligência Artificial, é a resposta.
A letra foi composta pela IA, com ele apenas apontando textos na internet, e depois fazendo rápidas correções.
Ele escolheu o ritmo; o modo do acompanhamento... e veio a torrente. Que, certamente 80% dos que ouvem música nem vai notar que praticamente nada há de humano aqui. E dos 20% que efetivamente gostam - muito além de só ouvir - terão dificuldade de identificar; especialmente nos dias atuais, de tanto lixo produzido de forma natural, entupindo nossos ouvidos diariamente.
Nunca o talento humano foi tão precioso.