quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

21 DE DEZEMBRO - UMA DATA ESPECIAL.

 


No dia 21 deste corrente dezembro de 2022, o “Senado” da vetusta Câmara Municipal de Itabaiana – e seus 325 anos de existência - por seus juízes ou vereadores repetirá uma solenidade nascida há mais de dois milênios, quando Roma criou a tradição da sua Res Publica de tornar seus cidadãos todos aqueles conquistados, porém assimilados e tornados romanos, o que acabou por gerar o gigantismo e longevidade daquele império, inicialmente uma humilde cidade às margens do Tibre.
No dia 21 terá lugar a titulação de várias pessoas - dentre elas, a minha confreira e amiga e poetisa Salete Nascimento - não nascidas no município, mas que de algum modo tem contribuído para o engrandecimento da velha Santo Antônio de Itabaiana.
Porém, a solenidade do dia 21 de dezembro, que me lembre, inédita na Câmara Municipal de Itabaiana, nessa data é para Sergipe, para Itabaiana e sua gloriosa Casa Legislativa não apenas um dia solene; mas uma das principais efemérides na luta pela Independência de Sergipe.

O que significa a data para a História de Sergipe.

Foi a 21 de dezembro de 1821 que a Câmara Municipal de Itabaiana, liderada pelo Capitão de Ordenanças, José Matheus da Graça Leite Sampaio* se rebelou contra o arbítrio do governo da Capitania da Bahia que resolveu passar por cima do Decreto-Régio de 8 de julho, por D. João VI, obviamente.
A Bahia, além de ter prendido o primeiro governador de Sergipe independente, Carlos César Burlamaqui, indicado pelo Rei, com o retorno deste a Portugal, quis perpetuar seu arbítrio, indicando um seu governador para Sergipe; e, para camuflar sua desobediência ao Rei inventou uma eleição de araque, onde as sete câmaras municipais de Sergipe – as vilas, Itabaiana, Lagarto, Neópolis (Vila Nova), Propriá, Santo Amaro das Brotas, Santa Luzia do Itanhy e a cidade de São Cristóvão – deviam enviar representantes a Salvador para que lá “assinassem embaixo” do que fosse decidido pelo governo baiano.
No dia 21 de dezembro, em reunião a Câmara de Vereadores de Itabaiana disse não de forma dura e concisa. Também encaminhou sua decisão às demais seis câmaras, que, conforme apurado pela historiadora Maria Thetis Nunes, a “Sergipana do Século X”, e itabaianense, nascida na Rua 13 de Maio (ainda como Rua do Cisco), nenhumas delas se manifestou, nem também enviou alguém como queria o governo baiano.
D. Pedro I, confirmaria a Independência de Sergipe em relação à Bahia em outubro de 1823.
Logo, a solenidade da próxima quarta-feira, 21 de dezembro é da mais alta monta porque, além dos novos itabaianenses serem agraciados com seus respectivos títulos, isso será feito numa grande data para a Câmara Municipal de Itabaiana. De fato uma cidadela na luta pela emancipação e também o mourão com que se bateu contra quem nos queria eternos subcidadãos.


(*) José Matheus da Graça Leite Sampaio, líder máximo da Independência, foi também primeiro governador de Sergipe independente. Foi trisavô do intendente municipal de Itabaiana Manoel Francisco Leite Sampaio (1906-1907), e tetravô do governador de Sergipe, José Rolemberg Leite (1947-1950 e 1975-1978), este também o fundador do Colégio Estadual Murilo Braga, em 1949
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