terça-feira, 16 de julho de 2024

MINHA VITORIOSA CAMPANHA A VEREADOR.

 

Há exatos vinte anos - duas décadas - uma decisão, de certa forma, mudou a minha vida: me candidatei ao cargo de vereador, perdi a eleição, e quando vi, tinha virado historiador.

Em 2004 eu vinha de uma média militância política, do então lado hegemônico, de 20 anos, depois de um curto estágio no PT local, onde o subscrevi como fundador e primeiro presidente do diretório municipal, eleito em 16 de agosto de 1981.

Como todos os jovens idealistas itabaianenses de então – muito poucos – eu queria transformações rápidas; e, tão logo se consolidou um grupo viável de oposição, em 1984 deixei as querelas teóricas de esquerda de lado e mergulhei na mudança que haveria de haver. Eram tempos de fim de ditadura e da carga ideológica que isso traduzia.

Duas décadas depois, em 2004, cansado, decepcionado, amadurecido, resolvi romper literalmente com o passado e nele mergulhar, agora muito mais longe como pesquisador e não mais como torcedor desse ou daquele cordão.

No desânimo com a política partidária – a ala a quem me achava pertencente – cinco anos atrás, havia descoberto o mundo mágico da internet, e por ela, algo de que ressentia muito em não ter acesso: as bibliotecas.

Especialmente a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde, acessando-a por conexão discada (sempre depois da meia-noite, com impulso único de DDD), entre 1999 e 2002, vasculhei tudo que podia, maravilhando-me a cada vez que aparecia o verbete Itabaiana. Praticamente tudo desconhecido para mim, e talvez para a maioria dos profissionais. Depois constatado que muita informação foi minimizada e desprezada.

Em 26 de março de 2001, com ajuda do meu garoto primogênito, pus o primeiro sitio (site) de Itabaiana no ar, já enriquecido com muita informação, então inédita sobre o passado pouquíssimo conhecido de Itabaiana, até então, mas que jazia nos escaninhos dos vários fundos documentais.

Mas, em agosto de 2004, o site Itabaiana.inf.br havia se tornado pesado demais para eu gerir. E, parado, sem dinamismo, eu não queria com ele permanecer. Tirei-o do ar.

O Itabaiana.inf.br fazia duas provocações: uma era o aumento exponencial de conhecimentos sobre a cidade, para o mundo; e a outra, uma forma de estimular a geração de um provedor local. Isso numa época de conexão discada fazia toda a diferença, pela eliminação do chamado DDD, Discagem Direta à Distância, pelo qual se pagava horrores a cada minuto conectado.

E aí veio o Itnet. Menos de seis meses depois - já que ninguém quis trazer antes - o novo provedor, genuinamente itabaianense estava no ar. 

Achei-me meio derrotado por desativar meu modestamente rico conteúdo; mas a internet menos cara estava garantida. E eu fiquei com uma enormidade de dados à mão sem ter como compartilhar com ninguém.

Então veio a campanha vitoriosa de vereador.

Rompido com meu grupo político, a quem, em verdade nunca pertenci, e sentindo certas estranhezas no ambiente de trabalho forcei a barra numa candidatura que, já antevia, paupérrima em grana e votos. Dos mais um mil amigos “de carterinha”, apenas 81 sufragaram meu nome, nas urnas, em 3 de outubro de 2004. Não me decepcionou. Porque o meu principal objetivo, o de levar, de forma tópica, o mais resumida possível, a História de Itabaiana a cerca de 17 dos então 20 mil lares, foi exitoso.

A História de Itabaiana entrou definitivamente na academia e até na curiosidade popular.

E não mais voltei a me candidatar. É que um raio, dizem, não cai duas vezes num mesmo lugar.

Eppur se mouve