Outro dia prestava atenção em outro grupo, enquanto o cantor tocava ao violão, o público ao redor, não etilizado, mas bastante empolgado, o seguia em coro, cada verso de A Banda, do Chico Buarque, gravada e sucesso radiofônico em 1966. Há 58 anos. Detalhe: o nosso jovem cantor, com menos de 30; uns três do grupo, na faixa do 50; e a massa a cantarolar, tudo de menos 30 de idade.
Aí, eu me pergunto, como satiricamente fez a saudosa Rita Lee, em Arrombou a festa, música de 1977: “Ai, meu Deus! O que foi que aconteceu com a música popular brasileira?”
É que ninguém cantarola ou assovia nada com menos de 25 anos de lançado. Já velhos sucessos, mesmo as gerações mais novas, que vive imersa num mundo binário do tum-tum-tum das malditas e má tocadas baterias eletrônicas, quando cantarolam algo, o faz de velhos sucessos de seus pais, e até avós.
A canção do Fernando Mendes a que me referi é Cadeira de Rodas.
A fotomontagem (fundo, órgão de igreja europeia):
Em Itabaiana, Chico Alves, voz, violão (alto, dir.) popularizou a bateria eletrônica em sua memoráveis serestas, na Atlética, a partir de 1983. Mas o estilo inaugurado com a eletrônica não foi logo seguido por Nado e grupo (e outros), que manteve o estilo d'Os Nômades, de 1966. A seguir veio os teclados multi-instrumentaise o empobrecimento melódico geral já estava chegando até às gravadoras.