quarta-feira, 27 de maio de 2009

A dinâmica da política

A cada evento de larga proporção que ocorrer a um povo ou país, uma velha safra de políticos sai de cena para entrar uma nova. Para não muito ir adiante, foi assim no início da última Ditadura que tivemos, inaugurada em 1964; com seu fim, a partir de 1980; com a eleição de Lula à Presidência da República em 2002. Este, um caso ainda em curso.
Em Itabaiana, tivemos uma grande mudança com o fim da República Velha em 1930; com o fim do Estado Novo que a sucedeu, em 1946, consolidada em 1950; uma outra a partir de 1970, quando se consolida a liderança de Chico de Miguel e, por fim, quando esse período cansa ao fim dos anos 80.
Até 1950, a moeda eleitoral era o favor pessoal. A partir de 1950 entra em cena o dinheiro vivo que sai de cena, voltando ao estilo de antes dos 50, até o fim da Ditadura, início dos anos 80. Aqui retorna com toda a força a presença do dinheiro vivo além da sempre presente troca de favores. Em todos os casos, um regime danoso para a sociedade e para os próprios políticos avalistas de tal sistema, dele prisioneiros, na base do “se correr o bicho pega; se ficar o bicho come”.
As três últimas eleições municipais em Itabaiana foram de um nível de corrupção eleitoral impressionante. Não foi o bastante, os cargos públicos leiloados sob variadas formas - não entregues, claro, por aqueles que perderam; os rumores de compras de sufrágios a dinheiro vivo são enormes. Mas isso tem um custo e muito alto. Menos ruas pavimentadas; menos escolas construídas ou construídas de forma precária; menos qualidade de vida para todos em nome da vantagem, às vezes fantasiosa, de uns poucos. Pedir aos que militam na política que observem isso é dar bom dia a cavalo. Mas, da mesma forma que um alcoólatra se joga ao vício e depois paga com um fígado em frangalhos, chega um momento em que a natureza da dinâmica social cobra seu preço ao político praticante da corrupção. É hora de mudar. Porém, muitos, mesmo que tenham pensado em mudar, tanto se acostumaram ao vício que teme em dele sair. E aí, a casa cai.
A Lei Complementar – fico a dever o número – sancionada hoje, 27 de maio, terá um peso muitíssimo maior nas transformações políticas que vêm por aí do que a LRF que tirou meio mundo de gente tradicional da política. Não vai valer à pena; mesmo pros cabeças de bagres do “zoião”.
Suspeito que em Itabaiana entramos definitivamente na era da renovação de quadros. Talvez isso atrase um pouco; todavia, como num terremoto, quando acontecer, sua força será potencializada proporcionalmente ao tempo em que demore a vir.
Itabaiana - Prefeitura e Câmara - só tem dois anos pra se adaptar à nova Lei. É muito tempo, porém, além de passar rápido, é o que foi possível.
Detalhe: sem esperanças de retrocesso na Lei. Como a LRF, essa veio pra ficar.