quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PMDB de hoje; PSD de ontem.

Em 15 de junho de 1964, pouco mais de três meses do Golpe contra João Goulart perpetrado pela direita, majoritariamente dirigida pela UDN eram cassado os direitos políticos de Juscelino Kubitschek. Houve protestos de quem não tinha voz; resmungos de alguns que a tinham, mas preferiram preservá-la para usar depois de 1980, enfim, prevaleceu a velha malandragem. “Homem, sim; mas sem exagerar, né?” O PSD do ex-governador mineiro e ex-presidente da República não teve a menor moral pra reclamar nada. Tinha participado, quando não em ação, em omissão, relativo a todo o esquema golpista montado pela UDN e pelos quartéis. De fato, salvo alguns incautos, não tiveram muito do que reclamar. O PSD era majoritariamente de coronéis “esclarecidos” (não em Itabaiana onde Manoel Teles era semi-analfabeto), senhores de terra, sobressaltados com as notícias que liam n’O Globo, Estadão, Folha da Manhã (a Folha de São Paulo veio depois) e demais órgãos da imprensa golpista, do mesmo jeitinho que é hoje. Juscelino só foi cassado porque “era ousado”; poderia tentar alguma coisa como restabelecimentos das eleições diretas pra presidente. E principalmente: tinha como maior adversário Magalhães Pinto, banqueiro do Banco Nacional e governador de Minas Gerais. Foi, portanto, uma briga de coronéis.
Mas voltando ao PMDB, este, como o PSD de 1964 não é um partido. É uma sigla de aproveitadores que, em se tratando de um partido “de direção esculhambada” (na base do “já que ninguém manda, melhor pra quem quiser fazer o que quiser”), nele cabe todo tipo de gente. Até o serrista até a medula Nelson Jobim. Luciano Bispo tá bem acompanhado, já que, partidariamente, é chefe de si próprio.
Por falar em Luciano, em 31 de dezembro de 2009, dezenove milhões e quinhentos mil reais destinados exclusivamente para Itabaiana esperavam para serem empenhados (no mínimo) e resolver meio mundo de problemas de saneamento básico: 56000-Ministério das cidades; Programática 0122 – Serviços de água e esgoto. Ainda tinha mais um milhão no mesmo Ministério: Programática 0310 – Gestão de política de desenvolvimento urbano. De R$ 24.800.000,00 alocados, até agora só saíram R$ 56.500,00 da já magérrima verba de R$ 150.000,00 para a Cultura municipal. É muito dinheiro pra se perder. Torço pra que já estejam no mínimo sendo empenhados.
A quem de direito possa: em 1909 foi empossado Batista Itajay como vice-presidente do Estado. Seis meses depois era enxotado do Palácio Olimpio Campos como um cachorro(*). Não basta ser bom de voto; tem que ter dinheiro. Não basta ter o dinheiro; tem que ganhar as eleições. Não basta ganhar as eleições, tem que ter sangue “azulado” por mistura com algum “nobre” quebrado e cheio de pose das velhas linhagens. Do contrário, só numa revolução. Até Jose de Barros Pimentel (o primeiro; não o da postegem anterior), um dos primeiros ascendentes de Albano Franco entendeu disso em 1726.
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(*)Logo depois de assumir a vice-presidência, Itajay assumiu também o governo em junho de 1909 por licença de seis meses do titular que, além de se mandar pra Salvador, ainda deixou uma carta de renúncia com Itajay para que este usasse mediante combinação prévia. Ou não. Itajay usou e a elite, a nobreza sergipana forçou o titular a voltar, assumir o cargo e dar um pé na bunda do "tabaréu de Itabaiana, nascido e criado no Lagarto".