segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O ORÇAMENTO SECRETO.

 

Além do caráter de negociação política que acompanha a natureza do Orçamento Secreto, no governo federal, obviamente, e que naturalmente dificultará o seu fim, há um outro aspecto, materialmente muito mais explosivo, em matéria de estratégia de segurança: jamais se deve passar ao adversário toda sua capacidade de defesa e ataque.
Nisso reside, máxime o poder de dissuasão.
No verão europeu de 1939, Hitler estava excitado com a possibilidade de fazer a guerra pra valer, como próprio de todo tirano, e queria começar por riscar a Polônia do mapa invadindo-a, para num futuro chegar a Moscou, seu objetivo maior. Mas, mexer com a Rússia lhe atemorizava, como depois, em maio de 1945 ficaria claro que ele nisso estava certo; então, buscou uma impensável parceria com a própria União Soviética, Rússia de então, para começar com a fragilíssima Polônia, dividindo-a entre os dois.
A invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939 sob o pacto Ribentropp-Molotov foi um golpe de mestre. Hitler pôde ali ver que a Rússia soviética só tinha tamanho. E preparou-se para sua grande “missão”: exterminar a Rússia, consequentemente limpar toda a Europa do comunismo e fundar seu Terceiro Reich. Só não deu certo devido ao tamanho colossal do ex-Império Russo, e agora União Soviética, em homens e fibra, subdimensionado pelo tirano nazista.
Os sistemas financeiros mundiais – e todas as transações financeiras, quanto e com quê – estão praticamente todos sob vigilância da banca anglo-americana. Nada se negocia, se compra ou vende sem que esteja ao alcance do Tesouro dos Estados Unidos, hoje comandado a quatro mãos pela “city” londrina e por “Wall Street”. Pode parecer bizarro, mas o comando dos Estados Unidos e de quase todo o mundo não é de Presidente Biden; é de alguém nas sombras, no topo do comando dos bancos, nos dois lados do Atlântico. Biden é somente o apertador de botão
Desta forma, resta aos países que querem alguma autonomia cair naquilo que pode ser classificado como marginalidade.
O risco de corrupção generalizada é enorme: ninguém mexe com mel para não sequer lamber os dedos. E os gatos gordos sempre vão na maior fatia; nos copos cheios, a se lambuzar.
O outro dado é que quanto maior os ajeitamentos, mais caro vai ficando, e mais complexo com a inclusão cada vez maior de elementos da ratazana menor.
Porém, escândalos americanos da era Reagan como o Irã-Contras tende a se tornarem comuns nas estratégias dos Estados a fugirem da excessiva vigilância, quase sempre com fundos de estratégia local e internacional de poder.
Certa feita um prefeito da região foi à loucura quando descobriu na manhã de um certo dia 10 que eu noticiara em meu portal (extinto desde 2004), que seu Município recebera até mais do que o previsto, por pagamentos de atrasados do Tesouro Nacional. Os valores, creditados na conta e publicados de imediato foram uma conquista destes tempos de internet no segundo Governo FHC, até dezembro de 2002, há vinte anos.
Em 2002, prestando serviços de informática à Câmara Municipal de Itabaiana, defendi, num artiguete no Observatório da Imprensa a transparência total, com o uso da internet. Esse material acabou numa sala de discussão numa universidade americana.
Não posso negar a minha satisfação naquele momento.
Quatro anos depois, porém, ao ler sobre uma medida do sistema contra o Irã, caiu a ficha: nem a transparência, já adiantada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso e radicalizada pelo Governo Lula estava de fato cumprindo com o seu objetivo de inibir a corrupção; como ali também enxerguei esse aspecto, o da fragilização dos governos nacionais em protegerem seus países das intervenções danosas por parte dos Estados estrangeiros, como mãos executoras dos verdadeiros mandarins do sistema financeiro internacional.
Em resumo, eis a Venezuela. Com trilhões em ativos em petróleo, mas com polpudos depósitos em bancos estrangeiros, há mais de década congelados – e seu povo passando fome - sob a esdrúxula alegação de ser uma ditadura, quando os Estados Unidos e o Reino Unido, em nome de seus bancos negociam com ditaduras ferozes mundo afora e são, nos últimos 200 os maiores fomentadores de regimes tirânicos mundo afora.
Em resumo, o Orçamento Secreto pode não ser tão danoso ao Brasil. Desde que não sirva para comprar votos.