sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 ITABAIANIDADE

Montagem sob fundo de imagem do GoogleEarth, indicando mais um lugar com o nome Itabaiana, no município baiano de Presidente Tancredo Neves.


Em dezembro de 1975 houve o 3º Congresso Eucarístico de Itabaiana, a primeira grande festa da cidade além da procissão de Santo Antônio. Era também o tricentésimo aniversário de sua fundação. Que ninguém comemorou, e até hoje faz de conta que a data exata – 30 de outubro - inexiste; apesar de já ser conhecida e estar nos apontamentos do IBGE desde os anos 1940.
Mas o que daquela festa me chamou a atenção em 1975, foi a quantidade de ceboleiros espalhados pelos quatro cantos do mundo que esteve por aqui, especialmente nos últimos dias da celebração. Como uma espécie de Jerusalém, Itabaiana se viu invadida por seus filhos há muito residindo muito, muito longe e há muito tempo.
Em 1988 veio a segunda grande festa. Apesar de ser de campanha política, mas como se tratou do Centenário do status de cidade, recebido aos 191 anos já de emancipado, repetiu, em grau menor a romaria de 1975; apesar, repito, da contaminação político-partidária da festa.
Corte rápido no tempo, na atualidade é comum se encontrar o nome Itabaiana encimando tabuletas de identificação de fazendas, sítios, fábricas e especialmente de lojas comerciais. Mas, isso não é de hoje.
No início do século XIX, Hermelino Contreiras partiu daqui para o novo eldorado – o da borracha – internado-se na Amazônia. Como bom itabaianense seu negócio foi o mais leve e lucrativo de transporte, especialmente desde o Ceará ao Acre, esse ainda boliviano, agenciando mão de obra e transportando os seus produtos até o porto da soberba e endinheirada Manaus. Muitos itabaianenses seguiram suas pegadas; a maioria, contudo, não logrando o seu mesmo nível de sucesso acabaria por regressar, depois de algum capital junto.
Bem, ainda nos dias atuais, no meio da floresta amazônica, na margem esquerda do rio Juruá, lá está o Seringal São Sebastião, mas que ainda é conhecido por Itabaiana. Algumas informações raras, uma ou duas delas, apontando para o proprietário do Gaiola fotografado no porto de Cruzeiro do Sul: Hermelino Contreiras.
Pouco antes de 1900, Seu Manoel Félix de Oliveira subiu o Velho Chico até a exuberante Januária, norte de Minas, decorou o sobrenome, incluindo Itabaiana; no seu próprio e de seus filhos, estabelecendo um tronco familiar de tradição em Minas e Rio de Janeiro e fincado raízes barranqueiras no Velho Chico superior.
Mania de se dizer itabaianense, antes mesmo de se declarar sergipano. E de ostentar a marca Itabaiana por onde chega.
Isso é itabaianidade.