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Cidade de Itabaiana. Nascida num entroncamento. |
Um fato curioso da cidade de Itabaiana, que completará 350 anos de fundada, junto com sua paróquia-mãe, em 30 de outubro próximo, é a sua origem, e depois permanência com um pé na estrada.
Na década de 1620, curraleiros, ou seja, vaqueiros arrendatários de terras para criar gado, construíram uma das primeiras capelas em “pedra e cal”, isso é, em alvenaria, de Sergipe. Mas distante da Estrada Colonial do Sertão, Salvador-Olinda. Também por esse motivo não pegou e hoje são as ruínas da Igreja Velha. Dali, 400 anos nos contempla.
Mas em 30 de outubro de 1675, há 350 anos, atendendo ao rei de Portugal, o Padre Sebastião Pedroso de Gois, rapidamente, comprou o sítio que pertencia aos herdeiros de Ayres da Rocha Peixoto; levantou uma igreja de taipa, e nela instalou a paróquia de Santo Antônio e Almas, da Itabaiana, já que a região, assim era conhecida pelos indígenas.
E onde?
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No local do provável cruzamento das duas estradas, hoje tem assentada placa de identificação de melhorias pela Prefeitura. |
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Ao longo da grande Estrada das Entradas, hoje das Flechas, Caraíbas, etc., muitos escravos passaram, vindos do sertões de Jeremoabo; mas também do povoado Flechas, onde em 1874, o negro Quintino de Lacerda foi vendido para o hoje estado de São Paulo. E lá, foi liberto, ficou rico e virou prefeito de Santos. |
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Mais uma simples passagem da Estradas das Entradas, o hoje povoado Carrilho, tem leve lembrança na denominação, ao primeiro grande entradista, Fernão Carrilho; e lidera o domínio de Itabaiana no fornecimento de castanhas de caju torradas... nacionalmente. |
Onde, desde 1590 funcionava a Estrada Salvador-Olinda, ou estrada das boiadas; no cruzamento com a então recentemente aberta, a Estrada das Entradas aos Sertões do Jeremoabo, pelo entradista Fernão Carrilho, em 1665.
A povoação não se desenvolveu. Mesmo depois de emancipada; também em outubro, só que vinte e dois anos depois, em 1697.
As estradas logo perderam importância; e, a de Salvador-Olinda, que foi inicialmente a mais importante, em 1800, segundo D. Marcos Antônio de Souza, funcionava precariamente por dentro de terrenos particulares. E a dos entradistas aos sertões, nunca chegou a um centésimo da importância que tem a sua versão mais recente, a BR-235, tecnicamente, a grande rota de Itabaiana.
Mas a cidade de Itabaiana sempre cresceu em busca de suas estradas.
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Nos séculos XVII e XVIII, toda a importante movimentação de entrada e saída da pequenina cidade de Itabaiana era, ou para Laranjeiras, Maruim, Riachuelo, etc., pelo Beco Novo (Rua Coronel Sebrão), a que aparece acima, por trás da árvore e ao lado da matriz; |
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ou para São Cristóvão, depois para Itaporanga, pela Rua da Tenda, aqui, no foto acima, o atual trecho, em frente ao Nunes Peixoto, da depois Praça João Pessoa. Ou pelo Beco dos Alfaiates (Início da Rua Capitão José Ferreira). |
A cidade fundada no cruzamento das suas duas principais estradas coloniais, assim se manteve até a década de 1950, quando veio a BR-235, em 1952. Rapidamente, ela correu pra lá, com a Avenida Otoniel Dórea; as ruas Antônio Dultra e Boanerges Pinheiro, Campo do Brito, Santa Cruz, José Ferreira Araújo, Monsenhor Eraldo Barbosa e 13 de Junho.
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Avenida Otoniel Dórea (em amarelo) em pretensa ligação com a Praça Fausto Cardoso, primeiro espaço de alto padrão em moradias, ligava a BR-235 (e ainda liga) no seu primeiro trajeto, hoje avenidas Manoel Francisco Teles e Carlos Reis. Expansão organizada da cidade, em 1952. |
Na primeira década deste século, contudo, o padrão mudou, e a cidade se expandiu para o norte e para sudeste, onde aparentemente não passa nenhuma estrada principal.
Não? Não tem estrada principal?
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Entrada atual da Estrada das Entradas aos Sertões (Estrada das Flechas), ao atravessar o riacho do Fuzil, e desaparecer pelo traçado urbano moderno do Santa Mônica, só reaparecendo integralmente no primeiro trecho da Rua Capitão José Ferreira, até a Pração João Pessoa. |
A expansão a sudeste – complexo Chiara – busca a rota original da Estrada Colonial do Sertão, Salvador-Olinda, hoje identificável na estrada do Boimé, a caminho do povoado Serra.
E a expansão norte – complexo Santa Mônica – segue a trilha da velha Estrada dos Entradistas, popular e recentemente conhecida por estrada das Flechas. E até um condomínio, recentemente surgido ao fim do Bairro Bananeira, no antigamente conhecido como Bom Jardim, à margem direita do Açude da Macela (plantinha), está margeando o trajeto da mesma Salvador – Olinda, desde que a cidade foi fundada, há 350 anos.
Sempre com o pé na estrada.
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Estrada do povoado Serra, aqui na foto, cortada em fente, pelo primeiro trajeto da Estrada Colonial do Sertão (ou estradas das boiadas, e também dos jesuítas), próximo ao povoado Boimé, ou popularmente Boimel, 2,6 km do limite urbano, depois do totem "EU AMO ITABAIANA". |