Porém a mudança na administração, até então concentrada na cidade de São Cristóvão, desde então passou a ser dividida com os recém criados municípios de Itabaiana, Lagarto, Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia, hoje do Itanhy.
A priori, Itabaiana e Lagarto foram uma consequência da imposição real de Lisboa, posto a executar em fins de outubro de 1697, pelo governador-geral, D. João de Lencastro, com os municípios sendo instalados pelo ouvidor Diogo Pacheco. Mas o ouvidor, entendedor com maior profundidade da realidade sergipana, tratou de fazer um puxadinho; e, de imediato, instalou o terceiro município em Santo Amaro das Brotas, E meses depois concluiu um possivelmente desejo do Capitão Belchior da Fonseca Saraiva Dias Moreia, instalando a vila de Santa Luzia do Rio Real.
Santa Luzia foi um claro contraponto à povoação, de origem popular, que lhe passou a pertencer, a da Estância de Henrique Dias no Rio Real, evolução da cidadela, militar, montada à época da reação à invasão holandesa. Estância passou mais de um século querendo ter sua importância reconhecida, fato que só em 1831 conseguiu. Já Santa Luzia, infelizmente não evoluiu, chegando mesmo a ser povoado de Estância.
Santo Amaro, o ponto mais estratégico no litoral sergipano, onde se construir um forte, uma cidade, também não evoluiu o suficiente durante o primeiro século, chegando a ser momentaneamente substituído pelo povoado de Maruim em 1835. Em nosso grosso modo de ver, a sede municipal – vila até o Decreto-Lei 311/38 – foi extremamente prejudicada por uma ocorrência estranha à governança: sua própria paróquia, item fundamental de governança das sociedades de até pouco tempo atrás - só veio existir ao fim do século XVIII. Enquanto Itabaiana e Lagarto só sobreviveram onde foram fundadas, graças aos efeitos, catalisador e amalgamador, das respectivas paróquias, Santo Amaro teve a primeira paróquia fundada na passagem de São Gonçalo, de frente para a atual Riachuelo, obviamente na margem esquerda do Rio Sergipe. Pior: dado à exiguidade da mesma, migrou, sucessivamente, primeiro para onde hoje está Divina Pastora; e a seguir, mais ao norte, parando na aldeia do Pé do Banco, onde tomou a denominação de São Gonçalo do Pé do Banco: Siriri, atualmente.
O fato é que, das primeiras unidades administrativas interioranas, a que menos demorou a se desenvolver foi Lagarto; e quase meio século depois Itabaiana. Já Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia do Itanhy permanecem como aprazíveis, mas pequeninas cidades, depois de mais de três séculos de existência.
De qualquer modo hoje é um dia especial para os quatro municípios interioranos, em particular; e para o estado, como um todo, pela nomeação da sua inicial burocracia administrativa.
Registrar também que, apesar das travas características da época, porém Lagarto teve a primeira mulher da História de Sergipe investida num cargo público: o da tabeliã do 1º Ofício, Izabel Borges de Abreu.