sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

SÃO PAULO E ITABAIANA.

 

Anchieta, ao criar uma missão nos campos de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554, deu o pontapé para a maior cidade do mundo ocidental, na atualidade: São Paulo, capital.
Do mesmo modo, a criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana, em 30 de outubro de 1675, também criou a hoje dinâmica Itabaiana.

Amanhã, 25 de janeiro, a maior cidade do Ocidente (África, Américas e Europa) completará 471 anos de fundada.

Originalmente a cidade foi fundada, como uma missão jesuítica – o Colégio São Paulo - porém, tanto impactou a ousadia do Padre José de Anchieta, hoje santo, que três anos depois a missão se emancipou com vila, de São Vicente, que era então, o único município do hoje grande estado. 

Como vila virou capital da capitania em 1663. Mas o status de cidade, só em 1711, 157 anos depois; e, mais três séculos, veio a assumir a "cabeça do Brasil".

Observação: no sistema administrativo português, só era cidade se fosse fortificada. Com muros e exército permanente. Com o tempo, isso foi mudando, e, no caso do Brasil, a ditadura do Estado Novo, pelo Decreto-Lei 311, de 1938, acabou com a vila como sede de município: agora, só cidade.


Itabaiana.

Itabaiana: uma cidade-cofre, para guardar prata. Que só veio a ter o status de cidade, 213 anos depois de fundada.

Incomparavelmente menor, mas a nossa cidade tem mais a ver com a história da grande aniversariante de amanhã do que parece.
Primeiro centro econômico do estado de Sergipe, nos primeiros 50 anos de colonização, foi-lhe negado qualquer organização social até 1675. 
Fundada a paróquia de Santo Antônio e Almas, em 30 de outubro de 1675, estava aí fundada a cidade, que só veio ter esse título em 28 de agosto de 1888, 213 anos depois.
Originalmente, a cidade foi Santo Antônio de Itabaiana; Itabaiana, era toda a área entre as serras, desde o rio Sergipe ao Vaza-Barris
Em 1674, um ano antes, a chegada de D. Rodrigo de Castelo Branco, numa busca desesperada por prata, acabou forçando o nascimento da Paróquia de Santo Antônio e Almas, como parte, certamente de uma cidade fortificada para guardar a prata.
Prata não houve. E a tímida povoação foi emancipada do município-pai, o de São Cristóvão, por decreto de 20 de outubro de 1697, 22 anos depois. Com o status de vila.
Com o status de vila, Itabaiana passou 191 anos, só ganhando o status de cidade em 28 de agosto de 1888. Mas só a partir de 1950 reassumiria sua condição de locomotiva interiorana de Sergipe. Como foi no início dos anos 1600.
Do livro Razoes do Estado do Brasil. Do Sargento Diogo Campos Moreno, 1612.
No início do século XVII, Itabaiana era também o campo de teste da pecuaria nacional, propriamente dita; como as commodities atuais. Onde houver uma manada de pé, no país, foi aqui o campo definitivo de teste de viabilidade econômica.


Meus parabéns aos paulistanos pelos 471 anos de existência de São Paulo dos Campos de Piratininga.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

350 ANOS: SANTO ANTÔNIO, O PEREGRINO.

 

Santo Antônio em peregrinação à matriz de Nossa Senhora do Bom Parto.

E, dando sequência às comemorações do Sétimo Jubileu de 350 anos de criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas, Santo Antônio, nem fugiu, nem escolheu outra quixabeira para pousar.(*) 

Hoje à noite, em procissão, devidamente acompanhada pela banda da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, a imagem do Santo deixou a centenária primeira matriz do interior de Sergipe, e, sob cortejo de fiéis, iniciou uma visita à paróquia-filha de Nossa Senhora do Bom Parto, a segunda mais antiga do sítio urbano, que estará em festa da sua padroeira até o próximo dia 30, última quinta-feira, deste janeiro de 2025.

Além das seis paróquias urbanas, de Itabaiana, filhas de Santo Antônio e Almas, são também filhas diretas as paróquias: do Sagrado Coração de Jesus, de Ribeirópolis; Nossa Senhora da Boa Hora do Campo do Brito; São Paulo, de Frei Paulo; e Santa Terezinha, de Moita Bonita. 

São “netas”, todas as demais, dessas, derivadas: São Domingos de Gusmão, de São Domingos; Sagrado Coração de Jesus, de Carira; São José, do Pinhão; São Francisco de Assis, de Macambira; Nossa Senhora do Patrocínio, da Pedra Mole e Nossa Senhora Aparecida, da cidade de mesmo nome. 

São também “netas”, as de Nossa Senhora da Conceição, do povoado Alagadiço e Menino Jesus, do povoado Mocambo, oriundas da Paróquia de São Paulo, de Frei Paulo; e São Sebastião, do povoado Serra do Machado, oriunda da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Ribeirópolis.

Não definível os respectivos status, mas ainda caberiam na família Santo Antônio e Almas, as paróquias: de São João Batista, de Areia Branca; Nossa Senhora da  Conceição, de Riachuelo; Santa Rosa de Lima, da cidade de mesmo nome; São José e Santa Dulce de Malhador, e de São Miguel, do Aleixo.

É que, antes de ser de Nossa Senhora da Dores, a partir de 1859, São Miguel do Aleixo e toda a margem direita do rio Sergipe era de Itabaiana e sua paróquia. Do mesmo modo, antes de ser de Laranjeiras e Riachuelo, Areia Branca foi Itabaiana, até 1874. Assim também Malhador. A própria Riachuelo, como povoado Rio de Sergipe, na passagem de São Gonçalo, foi disputado por Santo Antônio e Almas e Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba até ser completamente integrado à Paróquia Nossa Senhora do Socorro, em fins do século XVIII (**). Santa Rosa de Lima foi tirada da Itabaiana e anexada à Divina Pastora, só em 1896.

Santo Antônio não teria tempo, até 30 de outubro de visitar todas elas.

Em tempo: por ironia, São Miguel, a quem o Padre Sebastião Pedroso de Góis intentou incutir como devoção principal do itabaianense, não pegou. E foi ressurgir como padroeiro em São Miguel do Aleixo, depois da área desmembrada de Itabaiana, e adicionada a Nossa Senhora das Dores.

Ao dirigir as comemorações do 7º jubileu de Ouro - 350 anos - da criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas, e naturalmente de fundação da cidade, o Padre Marcos Rogério traz-nos à reflexão do porque realmente Itabaiana é grande
Em 1975, nos 300 anos, falou-se no Congresso Eucarístico, e nada sobre a data, Houve um cochilo; dessa vez, não.



(**) Conforme cartas paroquiais de 1757, ao Conselho Ultramarino; e mapa de 1825.

domingo, 19 de janeiro de 2025

QUANDO “AS JUSTIÇAS SE NÃO FAZEM”(*).

Montagem, com o velho Chico Breu e a Rua das Flores, (hoje Barão do Rio Branco).
Do lado esquerdo, a casa de D. Izidia Pinto Monteiro, base de meu avô e família, quando vinha à cidade, e minha mais tenra lembrança da infancia, em 1962; do outro lado, atrás do senhor de pé, o antigo quartel da Rua do Cotovelo, da era imperial, aí já loja, e hoje a Sorveteria Kiola, início da Rua 13 de Maio.

Tudo começou com um dissenso por causa de um valado. Evoluiu para a total falta de respeito, e quem assim praticou, pagou salgado preço.

Desde que me entendi por gente, um modo de dizer, consciente de mim mesmo, que ouvi, repetidas vezes, com a mesma curiosidade da primeira vez, o meu pai, que na época do fato, estava com dez, quase onze anos de idade, sobre o acesso de cólera do seu padrinho, Francisco Antônio de Lima, o Chico Breu, que resolveu de uma vez por todas se livrar do opróbrio com tanto desaforo e nenhum cobro por parte das autoridades.

Foi no dia 15 de janeiro de 1925, assim, com propriedade, nos contará seu neto, o advogado, historiador, professor José Rivadálvio Lima, o Rivas, antológico vice-diretor, da não menos antológica Maria Pereira, da década de ouro do Colégio Estadual Murilo Braga, em preparo de livro sobre o assunto. Para breve.

Pacatíssimo, caboclo respeitador, amigueiro, padrinho de uma reca de afilhados que, só do meu avô eram dois filhos: meu pai, de batismo; e outro – não lembro o qual tio – de crisma. Vivia da labuta de qualquer sujeito endurecido pela vida, desde as experiências como “soldado” da borracha, a plantador de algodão e o que mais desse. 

Porém, depois de constantes xingamentos, do mais baixo calão, possível; inúmeras ameaças físicas, a si, e especialmente, a seus dependentes; desmoralizações, como receber escarrada e cusparada no momento de se dirigir a uma pia batismal para ajudar a fazer mais um futuro cidadão, na fé e ensinamentos de Cristo... no 15 de janeiro de 1925, Chico Breu, deixou a passividade de lado e resolveu resolver. Foram quatro, na ruma.

Fez 100 anos, um século fechadinho, na última quarta-feira, 15. 

Mais? Não conto. Deixarei para quem de direito; porém, desde criança que o herói de meu saudoso pai é também meu herói.


(*) Frase do ouvidor-mor, da capitania de Sergipe d’El-rei, Antônio de Magalhães Passos, em carta à D. Maria I, rainha de Portugal, dando conta da situação precária da justiça em Sergipe, em 1799.