sábado, 19 de março de 2022

PACIS ARA

Lugares que me transmitem paz. Mesmo só conhecendo em foto

Basílica de Santo Agostinho e ruínas de Hipona. Atual Annaba, Argélia.



sexta-feira, 18 de março de 2022

ABANDONADOS

 

 

Ontem, 17 de março deste 2022, às 18 horas e 35 minutos se completaram dois anos dessa foto. Símbolo do mundo atual, onde os Estados, quando agem é somente no interesse restrito do mega-capital, relegando todos os demais à sarjeta da sociedade e ao deus-dará.
Às 18 horas e 35 minutos do dia 17 de março de 2020, lá estava eu, sozinho, sentado à umas das mesinhas, depois do tradicional expresso da Kiola, “observando a engrenagem”, assuntando sobre o momento do mundo e constatando que fomos abandonados por aqueles a quem pagamos, mantemos com nossos votos, para supostamente nos proteger relativa ou totalmente; nos dá garantia de vida, confiança, esperança: NOSSO GOVERNO.
Recém aposentado do serviço público de saúde, passou-me um rápido filme na cabeça com o triste histórico de saúde pública nacional e seus gigantescos saltos nesta última metade do século XX na prevenção de moléstias com vacinação em massa – um dos melhores programas vacinais do mundo – um tímido saneamento básico, porém, compensado por um dos melhores sistemas de barreiras sanitárias do mundo; facilitado, inclusive pela relativa centralização aérea em São Paulo e as abundantes barreiras de fronteiras, secas e molhadas, e... naquele 17 de março eu já sabia que tudo tinha ido pro brejo.
Na primeira quinzena de março, quem chegou da Europa já entupida de casos passou direto pela alfândega paulista, como se estivesse chegando de Santos ou Sorocaba. O mesmo em Manaus, Recife, Salvador... só não entrou infectado que teve a sorte de não se infectar ou não veio num avião para o Brasil. Então, no dia 17 de março de 2.020, já nas urgências de hospitais nervosamente recebendo gente desesperada eu sabia que esse seria um imenso desafio. Até mesmo porque, num país onde é praxe se viver de imitação do exterior (daí se festejar, acender velas em louvor da vacinação), com todos os países “libelês” do mundo, especial Estados Unidos e países da Europa Ocidental, era previsível que nada se fizesse, como nada se fez; o que fez, quem o tentou fazer foi sabotado pelo suposto líder maior; a cabeça da nação.
Hoje, 18 de março de 2022, dois anos depois, fechamos com 6.297 mortos em Sergipe, incluindo mais de duas dezenas de amigos meus; e muito mais de meio milhão (656.798) no país inteiro. 

TUDO E-VI-TÁ-VEL. 

Era só querer, fazer a coisa certa no tempo certo.
Essa foi uma desgraça anunciada e PRECONHECIDA. Era só querer evitar.
Desarranjou toda a economia, toda a sociedade; matou a esperança.
Houve quem ganhasse, e muito. Os abutres da jogatina financeira estão cheios; empanturrados. Todo o dia eu recebo dezenas de telefonemas, supostamente de financeiras querendo gerar lastro para sua dinheirama através da concessão de empréstimos. Mas o país está à deriva; porque a conta, apenas começou a chegar.
Tudo por irresponsabilidade de quem deveria proteger, cuidar do Brasil.

O futuro? Nunca esteve tão nebuloso.


quarta-feira, 16 de março de 2022

“TÁ FALTANDO OXIGÊNIO NESSA ATMOSFERA”.

 



Em 1982 tínhamos o Negão do Povo e uma molecada-promessa na esquerda que acabou dando em Marcelo Déda 24 anos depois. Hoje, perdoem-me, mas não tem nada além do mesmo; da mesmice.
A escolha do deputado Fabio Mitidieri como o candidato governista e de consenso sinaliza a pobreza, quase miserável de lideranças de que dispomos, onde os arranjos são feitos exclusivamente em “programas” pessoais ou microconchavos e zero para o futuro do Estado.
Não basta ter governo; é preciso dar esperança. 

E isso “não vem do mar nem das antenas de TV” porque “a arte de se viver da fé, só não se sabe fé em que...” já se exauriu.


Na foto superior:

Entre a promessa imediata do "Negão do Povo", João Alves Filho (Aqui com o deputado federal José Queiroz da Costa e o radialista Alexandre Santos), a esperança, político de carne e osso, líder; e o futuro governador Marcelo Deda, a agitar, inclusive a empurrar o "Negão" pra cima dos desafios através da oposição com alma valente (*). Política com arte e alma vibrante. A voz das ruas. O quadriênio da esperança: 1983-1986. Com certa continuidade até 2012.

(*) Em 1992, durante a preparação do primeiro comício da campanha de João Alves dos Santos (O João de Zé de Dona), um grupinho, do qual fiz parte sentado a uma mesa da Associação Atlética de Itabaiana; nele, além de futuro prefeito, a estrela maior do recém-empossado secretário de Estado, então deputado estadual, José Carlos Machado. Perguntado pelo radialista Edivanildo Santana se estava contente em sair da Assembléia, de volta ao Executivo Estadual, Machado foi taxativo: não estava mais aguentando aquele ambiente calmo demais; de pouquíssima ação. "Quando Deda era deputado fazia gosto estar lá. Toda hora eu tinha de estar de extintor à mão para apagar os incêndios que ele começava. Agora, nesse mandato, que a turma do PT resolveu fritá-lo tá insuportável o ambiente na Assembleia sem nada a fazer" Completou.

João Alves Filho, Mario Andreazza e José Carlos Machado no Rio das Pedras visitando as obras do Projeto Ribeira. 1984.


Título entre aspas: verso da canção Salve o Verde. De Jorge Benjor.

Citação em verso sobre TV de Herbert Viana, in Alagados.


REINO DOS ABUTRES


Levado por um comentário do meu saudoso amigo Josenildo Pereira de Souza assisti, em 1994 Taras Bulba, filmaço! Em que pese não fazer parte dos grandes épicos de Hollywood.
Josenildo, fundador e primeiro presidente da CDL-Itabaiana, em 07 de outubro de 1989, véspera do meu trigésimo aniversário natalício (se foi intencional, não sei; mas se constituiu num grande presente à minha pessoa) havia migrado do ramo de varejista de tecidos (da sua loja, a Itapuã Tecidos), para uma locadora, ramo que também logo se desfez diante da digitalização e mergulho total nesse mundo fluído, onde as tecnologias só demoram meia hora. Consequentemente, sua linguagem saiu da milenar área da fabricação de roupas para a moderna da sétima arte: o cinema e suas fitas VHS para videocassete e suas locações de grandes filmes. O videocassete - o cinema familiar - teve clímax na década de 1990. Foi célere; mas tão vigoroso como nos idos dos 50 e 60 com as então raras, mas esplendorosas produções hollywoodianas.
Um dos frequentadores assíduos da locadora de Josenildo foi o atual deputado, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, Luciano Bispo de Lima; e, amigo de Josenildo citou um filme que assistira na adolescência e muito o impressionara: Taras Bulba. Josenildo logo conseguiu encontrá-lo e pôr à disposição da clientela. Com inauguração da fita, é claro, por Luciano.
Eu também peguei a fita com a história de Taras Bulba, que, ademais, é a história do que é hoje a Ucrânia, só que na saída da Idade Média. E adorei a história; porém, mais pelo viés histórico. Se pouco hoje conheço sobre o mundo eslavo; em 1994 era quase zero.
Taras Bulba, o filme, romanceado, o que claro nem sempre é fidelidade histórica, contudo está na faixa de um Emiliano Zapata, ou de histórias mais comuns tipo E o Vento Levou, Dr. Jivago, Os Três Mosqueteiros, Guerra e Paz, A Missão e por aí vai.
Mas, vendo Taras Bulba (Yul Brynner) além do romance entre seu filho Andrei Bulba (Tony Curtis) e Natalia Dubrov (Christine Kaufmann) deu uma certa tristeza pelo futuro da Ucrânia, justo naquele momento - 1994 – de esfacelamento da União Soviética e “independência” de seus estados-membros, com um desorientado Bóris Ieltsin, perdido como cego em meio a um tiroteio a presidir a então CEI-Comunidade dos Estados Independentes.
A sinopse do filme é que os cossacos, que em turco significa “homem livre” se aliaram à Polônia para barrar a conquista pelo então terrível sultão turco, vencendo-o; mas, após a vitória, os poloneses traíram os líderes cossacos, matando-os quase todos, com Taras Bulba ainda jovem se safando; e deixando a atual Ucrânia e sul da Rússia debaixo de um governo tirano de Varsóvia.
Numa nova investida dos turcos, anos depois, o rei polonês se faz de bonzinho reconquistando a confiança dos bravos cossacos que, no entanto lhe devolvem a traição: ao invés de se somarem com as tropas polonesas contra os turcos, sob a liderança de Taras Bulba, aprisionam aquelas na cidade de Dubno. E aí vem o drama familiar envolvendo o filho de Taras Bulba e uma princesa polonesa, aprisionada junto com o exército, levando Bulba a matar seu próprio filho por traição. A maior parte do exército cossaco que havia desertado com a traição retorna, vence os poloneses e fundam um novo reino independente.
Em verdade, iniciou-se aí, formalmente a dependência política ucraniana em relação à Rússia, ao longo dos tempos sofrendo abalos de vez em quando, até hoje.
No entanto, se por um lado nunca houve unidade no Estado ucraniano em pertencer a grande Rússia; por outro lado nunca aproveitou sua posição no mundo russo de grande produtor de alimentos e acesso privilegiado ao Atlântico, mediante o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo, navegáveis o ano inteiro, ao contrário da restante enorme costa do Estado russo propriamente dito, de navegação sofrível ou inexistente nos invernos.
E é justamente essa insatisfação com Moscou que tem levado a Ucrânia a fragilizá-la ou isso tentar, servindo de célula inoculada de peçonha por Estados estrangeiros imperialistas. Nem se defende convenientemente; e acaba servindo de aríete para ataques maiores à toda Rússia.
Andaram dando uma mãozinha aos ingleses em 1854, na Guerra da Criméia; e em agosto de 1941 literalmente festejaram a chegada dos panzers alemães e as prisões em massa de russos eslavos e outros grupos, judeus e ciganos, inclusive; e só mudaram de opinião quando menos de 15 dias depois descobriram que, além serem enviados aos montes como escravos para a Alemanha, estavam sendo também exterminados pelos nazistas. O plano de Hitler era “limpar” a Ucrânia para recolonizá-la de “arianos” alemães. Russos de todas as nacionalidades, inclusive ucranianos, no máximo seriam aproveitados como escravos primários. 10 por cento de “sortudos”, talvez.
O cristianismo penetrou nas estepes pela Ucrânia. A primeira universidade russa foi a de Kiev, como no romance que gerou o filme de Taras Bulba.
A atual Ucrânia é o útero da Rússia civilizada; onde nasceu a civilização russa. Que, convenhamos, não tem sido devidamente cuidada e toda hora se rebela e resolve fazer um aborto radical.
Com hordas de abutres à espreita esperando carne fresca.
Em 1854 já era o financismo inglês por trás da carnificina da Criméia (turbinado pelo magnânimo sucesso na Guerra do Ópio, na China, onde nasceu o HSBC); hoje, uma vez mais a banca anglo-americana. Tudo o mais vem atrás.
Torçamos pelo menos pior.