quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

E agora, Olivier?


Itabaiana - nem nenhuma cidade de porte pequeno, com eleitorado abaixo de duzentos mil eleitores - nunca teve nem nunca terá “a terceira força”; ou, “terceira via”, salvo quando atingir no mínimo esse patamar de eleitorado. Aqui, ou se parte para ser a primeira pra ficar no mínimo com a segunda posição; ou se é candidato a ser mero coadjuvante, ou nem isso, na chamada terceira via. O eleitor detesta perder o voto. A perder o voto em um candidato, ele prefere anulá-lo ou votar em branco. Por isso, via de regra, ele só vota em quem tem vontade de ganhar e demonstra isso em toda a sua forma de agir. Por mais republicanamente consciente que seja o eleitor; por mais que demonstre capacidade, seriedade e honradez o candidato: o voto sempre irá para os que vão ganhar, segundo a ótica geral do eleitorado.

O PT tomou forma em Itabaiana já em 1981, no seu nascedouro nacional; mas, a primeira vez que conseguiu levar um cargo eletivo em Itabaiana foi nas eleições de 1996, num acordão com uma das alas conservadoras da super conservadora política itabaianense, a capitaneada por Luciano Bispo de Lima.  A quase investida do advogado Olivier Chagas numa campanha para prefeito em 2000, com certeza não o tornaria vitorioso ali, mas pavimentaria o caminho seguro, certo e praticamente inevitável de um cargo de deputado na Assembleia Legislativa de Sergipe em 2002, o que, por tabela e levadas as condicionantes do período também poderia ter pavimentado sua eleição em 2004 à Prefeitura de Itabaiana, ou no mínimo a indicação de um vice na chapa vencedora, ou ainda a geração de uma nova liderança forte no município. É bem verdade que o PT ali era minúsculo, continua minúsculo, e só não desaparece de vez de Itabaiana devido ao porte nacional; mas, historicamente em Itabaiana, desde a primeira eleição em 10 de outubro de 1823 que se não tem partidos, logo, ideologia; e sim, lados: o “lado de lá”, e o “lado de cá”. Olivier perdeu ali a chance de se tornar um dos “lados” da política local, e aí, através do poder, tentar modificar alguns vícios seculares que permeiam a nossa política.

Bem, doze anos depois, cá estamos nós, com a estrela do partido, Olivier Chagas, figura solitária e mais uma vez, a meu ver, dando um passo errado. É bem verdade que as chances de algum crescimento do PT itabaianense em aliança com o clã dos Teles de Mendonça eram iguais a zero. Bem o prova a situação vexatória do suplente de vereador José Carlos Santana, o Zomas, pela segunda vez rifado; mas, também ao meu ver, a mudança de norte de Olivier Chagas em 2012 levou à vitória total - pessoalmente falando - de Luciano Bispo que, mesmo perdendo a reeleição à Prefeitura, elegeu o adversário que queria como adversário no plano municipal; derrubou de vez o PT local, subjugou o PT estadual, levando-a à berlinda com a confirmação de perda do último grande bastião de que ainda contava no interior, consequentemente fragilizando o Governo do Estado; e o pior de tudo disso: consolidou a financeirização extremada da política itabaianense: ninguém sem dinheiro por aqui, tão cedo poderá pensar em vitória eleitoral baseado em ideias. Não importa se para vereador ou prefeito. A começar da primeira vítima disso: a deputada Maria Mendonça atropelada na hora da decisão sobre a candidatura a prefeito, dentro de seu próprio quintal; atualmente com ainda reais chances para cargos proporcionais, mas de quase zero em relação ao retorno à Prefeitura Municipal. Isso fatalmente levará a uma tragédia: política, administrativa, e tomara Deus que não humana como a de 1963. Mas, até lá, o esgoto, o pior do pior campeará com os loucos do vale tudo jactando-se de suas “sabidurias”, numa imitação ao que fazem os bandidos antes que a casa venha ao chão arrebentando um monte de gente, inclusive eles.

E Olivier? Brigará por uma vaga na Assembleia ou desistirá da política? Se brigar pela vaga se defrontará com um PT em queda no estado; um governo estadual impopular por ter apostado demais em republicanismo (existe demasia, sim; consoante o grau de evolução do eleitorado), e a aliança que só beneficiou a Luciano Bispo se desfará porque este é o verdadeiro jogador no tabuleiro; o cara que escolhe aliados e adversários quando bem o quer e entende; logo, mesmo que restrito à Itabaiana, mas o grande jogador no cenário. Luciano, obviamente apostando num governo de Valmir pior do que o de Maria Mendonça voltará à Assembleia Legislativa como forma de se manter na proa; mas como também de aliviar algumas situações complicadas na Justiça. E aguardando o seu retorno “nos braços do povo”. Menos uma vaga pra Olivier, portanto. No caso de Maria Mendonça, é certeza a sua tentativa de quinto mandato já que a política está no seu sangue; e com reais chances de reeleição; ainda há a possibilidade de José Carlos Machado, caso João Alves Filho não confirmando sua saída da Prefeitura de Aracaju para candidatar-se ao Governo do estado, também se candidatar a deputado com chances de nesse caso ser apoiado localmente por Edvan Amorim, o que significa larga margem de votos. E por fim, aí vem o projeto pessoal de Nê de Glória de levar seu filho David também à Assembleia como forma de pavimentar a tomada total do poder no município, uma espécie de inversão à fórmula adotada por Euclides Paes Mendonça. Vai sobrar pouco espaço pra Olivier.

Bem, como política é como uma nuvem: muda a cada segundo, pouco disso pode ser que venha a ser confirmado; mas, de uma coisa há a forte probabilidade: o PT vai ter que se reciclar em Itabaiana para ressurgir daqui a dez anos; depois. E Olivier depende disso.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Não foi!

Na edição 11 do jornal Carta Serrana, de abril/maio de 2010, página 06, saudei a iniciativa da administração municipal de finalmente lançar um olhar para o esquecidíssmo povoado da Mangabeira. Passados quase três, e depois de toda a verba federal liberada ainda em 2010, fizeram um "taipeiro" no meio da praça, hipoteticamente um anfiteatro  a meu ver sem a menor necessidade, já que a população do povoado só tem necessidades tais num dia da quaresma, ao ano. E sequer concluíram.
A minha coluna no sobredito jornal tinha o seguinte título: 

"Minha esquecida Mangabeira...
Será que agora vai?"

Não foi.

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Aqui a reprodução integral:

Do pacote de convênios assinados pela Prefeitura Municipal de Itabaiana com o Governo Federal, ao apagar das luzes de 2009, para a vinda de verbas para Itabaiana (veja a tabela no rodapé) dentro do orçamento findo, uma verba de R$ 292.500,00 me chama a atenção: Construção de Praça no povoado Mangabeira. O lugar onde nasci e me criei até os seis anos; onde vi o primeiro caminhão e o primeiro caminhoneiro que levava farinha da Mangabeira para São Paulo capital e baixada santista (foi o de nome popular Rolopeu. Alguém aí já ouviu falar nele?); de onde ainda guardo nos ouvidos - e ouço-os claramente em lembrança, em noites mais silenciosas desta minha barulhenta cidade - os hinos das novenas populares cantados pelas moças e senhoras trabalhadoras daquele lugar, onde não se costuma ver ninguém durante a semana, salvo nas malhadas, casas de farinha ou na escola, que honrosamente posso dizer que foi fruto do trabalho persistente de meu pai, Alexandre Frutuoso Bispo e da providencial intervenção de Dr. Airton Teles, segurando os tiques de privilégios à família pelo então prefeito Jason Correia (*).
O povoado é dos mais abandonados pelos administradores do município desde que começou a se formar o local da dita pracinha com o convencimento da minha tia Jorgina pelo meu pai em 1947, em ali permitir um campo de futebol, mediante loteamento dos terrenos em redor. A Mangabeira, já existente em 1757 como um sítio (**), começou sua estagnada urbanização 190 anos depois e isto porque Itabaiana estava rompendo com seu passado de ondas de pequenas melhorias, com grandes períodos de estagnação. Portanto, o povoado é fruto da nova Itabaiana progressista que tomou curso desde os anos 50 e que seus políticos interesseiros não conseguiram atrapalhar, nem mesmo Euclides.
O Fenemê de Rolopeu pegando farinha na Mangabeira, em 1964, é a representação clássica, a simbologia de uma era de progresso na qual o caminhoneiro e o agricultor de Itabaiana são os responsáveis pelo título de Cidade Celeiro ou ainda Município Modelo. Só que a Mangabeira, como a maioria dos povoados, foi abandonada. Entregue à própria sorte e à desdita de ver os ladrões lhe tomando de conta, num desestímulo constante ao produzir de riquezas.
Os benefícios de agora, caso se confirmem, conquanto não lhe devolva o desenvolvimento que ostentou nos anos 50, ao menos melhorará a auto-estima de um povo que vive de trabalhar, de produzir riquezas para a grandeza de Itabaiana.


 (*) Parte do projeto das escolas rurais em todo o país do educador Anísio Teixeira, a escola rural da Mangabeira quase foi desviada para o povoado Serra Comprida, então com quatro famílias apenas, devido a um pedido de emprego para a filha de um cunhado do então prefeito Jason Correia.
Manoel Teles deu uma de Pilatos, mas Dr. Airton Teles resolveu a parada e a escola foi parar onde ainda hoje está, num terreno doado por... meu pai.
(**) LIMA JÚNIOR, Francisco Antônio de Carvalho. Poeira dos archivos. Mais dous Patrimonios. Diário da Manhã, Aracaju, 31 de dezembro de 1926,
p. 2. (Poeira dos Archivos sobre Itabaiana - Patrimonio da Capella dos Senhor Bom Jesus de Mattosinhos da Freguesia de Itabayana.)

De cores e horrores


Curioso: ainda na madrugada do dia 1º, baldes e mais baldes de tintas foram utilizados pra tirar “as cores de Luciano” da Prefeitura e colocar “as cores de Valmir” (L’Etat c’est moi!). O mesmo foi aplicado em mais alguns prédios públicos onde a sanha “administrativa” dos lucianistas havia “marcado o território” com suas cores... contudo, até agora, nove dias depois da nova administração, a propaganda de Luciano, oficialmente site da Prefeitura Municipal continua como criada: propaganda de Luciano Bispo. Com cores e tudo.
O site não é de Luciano; em que pese ter sido criado como tal. É do Município e como tal deve ser administrado. Inclusive é o meio mais rápido de fazer as informações que devem ser públicas, chegarem a todos indistintamente.