sábado, 19 de janeiro de 2008

Obviedades e razão pura.

Um ex-vereador, veterano de muitas eleições numa análise rápida:
“Se na penúltima eleição eu tive 1.200 votos gastando apenas o trivial e na última, na qual eu gastei um carro zero a mais eu só tive 80 votos a mais, significa que não adianta eu queimar o meu. Quem quiser ir pro fogo que vá!” Diz ele.
Observação deste aqui: nesta agora de cinco de outubro vai ser bem pior. Quem viver verá.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

E quer ganhar de graça, é?

Sonhador que sempre fui, continuarei a sê-lo, porém, a notícia (já que mais uma vez não fui convidado para o evento, óbvio) sobre a posse da nova Diretoria do Partido dos Trabalhadores, o PT, e a posse especialmente de Olivier me fez lembrar um ocorrido nos idos de 1996. A lembrança é porque o tom dramático, apesar de a mais concorrida de todas, com que se fez as ditas posses – a do presidente do Diretório e demais membros – demonstra claramente, salvo um milagre, o fim a que se destina mais uma vez o PT nas eleições deste ano aqui em Itabaiana. Não sei por que, mas antevejo um Olivier Chagas se lançando às feras em nome de uma coerência deixada em 2000; ou esperando um aceno, primeiro de Luciano Bispo e, depois de desenganado deste, da prefeita Maria Mendonça. Antevejo a correria pra salvar a dignidade do partido do Presidente da República e do Governador do Estado, espezinhado pelas maiores lideranças municipais que não darão um mínimo de real importância ao mesmo. Um porque estará bem demais pra querer pesos mortos; o outro porque, para perder de qualquer jeito, vai sozinho mesmo. Neste caso, caberá a Olivier correr o risco que não quis correr em 2000: o de afrontar o high society itabaianense – a burguesia, como diriam velhos petistas - onde se encontra boa parte de sua clientela de advogado, ou, como em 2.000, novamente bater em retirada.
Ah, sim a lembrança! Ela me veio porque já me ocorreu que parte da ojeriza de grande parte da população itabaianense ao PT se baseia no objeto da pergunta que me fez um “amigo” em agosto de 1996. Na oportunidade, então acompanhando a campanha de Luciano Bispo, ao ouvir falar que o mesmo ia gastar tubos de dinheiro pra se eleger “com folga” comentei que aquilo era um absurdo uma vez que, depois do resultado de 1994, Luciano só precisava se preocupar em comprar o terno para tomar posse em 1997. O meu “amigo” “queimou ruim” ao ouvir tal heresia e disparou: E quer ganhar de graça, é?
Moral da história: o PT de Itabaiana tem dinheiro pra comprar votos pelas duas próximas eleições? Se tiver – e mantiver ao menos um dos governos em esfera superior – aguarde 2016. Vai ser um passeio.
Há outros caminhos, porém, ao menos na aparência, bem mais difíceis.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Versinhos interessantes para momentos óbvios

"Esse silêncio todo me atordoa,
atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, pra qualquer momento,
ver emergir o monstro da lagoa."

In Cálice, por Francisco Buarque de Holanda

domingo, 13 de janeiro de 2008

O Beco Novo

Antes mesmo de me aprofundar na história da velha Itabaiana sempre achei o Beco Novo com um certo charme de coisa antiga. Das velharias de que sempre gostei, desde os tempos em que me debruçava no batente de porta de uma das minhas inúmeras madrinhas de fogueira a ouvir-lhe as crônicas orais repassadas, muitas delas, de geração a geração.
Foi assim quando vi o Beco Novo pela primeira vez no início dos anos 70. Primeiro é que achei algo impressionante o sobrado do padre, demolido depois pela insensibilidade artístico cultural de um deles que, diga-se de passagem, foi um dos mais eruditos entre os que por aqui passaram. Pra resumir, um professor universitário – doutor de verdade - de Ciências Humanas deitou o velho prédio abaixo sem cerimônia alguma deixando o início do Beco Novo menos poético.
Ontem passei pelo Beco Novo mais uma vez e me deparei com cenas triviais, logo, despercebidas, da reformulação contínua da sua arquitetura, um mixto de exemplo do século XIX e XX.
No início da Rua, oficialmente denominada de Coronel Sebrão (Já foi Riachuelo), no seu primeiro trecho, ainda há algumas casas mais antigas, entretanto, a maioria estilo anos 30 a 50 do século próximo passado.
Depois do terceiro trecho que termina no cruzamento da Rua Padre Filismino, toda a arquitetura é recente haja vista a cidade somente ter alcançado tal área a partir dos anos 50. Entretanto, o terceiro trecho e principalmente o segundo, situado entre as ruas da Pedreira (oficialmente Marechal Deodoro) e a Monsenhor Constantino é onde mais podemos ver exemplos de arquitetura da era de ouro de Itabaiana – quando finalmente a riqueza começou a chegar pra ficar - e a transformação que não pára com casas mais antigas cedendo lugar às novas, inclusive de gosto artístico bastante duvidoso.
Andar pelo Beco Novo, desde a esquina da Praça Fausto Cardoso até a Rua das Sete Casas na Moita Formosa é como relembrar aquela turma de batalhadores pela sobrevivência e suas cargas em lombos de burros - às vezes até na cabeça, mesmo, por não ter dinheiro para comprar o animal - com destino às feiras dos engenhos e cidades adjacentes do século XIX e de início do século XX. Dá até pra ouvir o tropel dos animais no leito de terra da rua ou na sua passagem pelos atoleiros de inverno do Tabuleiro dos Caboclos, hoje Bairro São Cristóvão.
A estrada floresceu - como já dito - em fins do século XVIII quando a feira de Laranjeiras que deu origem à cidade foi inventada. Disso é fácil concluir que a importância do Beco Novo por volta de 1800 era mais ou menos a que ora tem a Avenida Luiz Magalhães. Possivelmente a denominação “Beco Novo” venha daí, já que até então a estrada mais movimentada era a que deu origem às ruas da Tenda e Itaporanga; a primeira delas atualmente o lado leste da atual Praça João Pessoa. O curioso é que a estrada de São Cristóvão passou a ser conhecida como de Itaporanga e a de Laranjeiras, também uma vila bem mais importante – o Beco Novo - foi durante algum tempo a Rua de Riachuelo.
Semânticas à parte, o Beco Novo continua a traduzir a saudade dos tempos em que as esperanças – e desesperos - do Itabaianense chegavam por ali a pé ou a cavalo.