segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Mensagens que tocam fundo

"Este ano
Quero paz no meu coração
Quem quiser ter um amigo
Que me dê a mão

O tempo passa
E com ele caminhamos todos juntos
Sem parar
Nossos passos pelo chão
Vão ficar

Marcas do que se foi
Sonhos que vamos ter
Como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer"
Por Roberto Pera e Flecha (gravação
Os Incríveis)


Tem textos de publicidade que são eternos.

Também, com uma qualidade dessas!!!

Feliz 2008!

domingo, 30 de dezembro de 2007

Turbinando o usurômetro.

"(...) De qualquer modo, já que a previsão existe, em abstrato, fatalmente ocupará as fantasias dos conspiradores de sempre. Sobretudo se o governo falhar; se não falhar procurar-se-á fazer-lhe com que falhe, até pelo prazer de confirmar a profecia”

Raymundo Faoro in, A Semana Final. IstoÉ, 1212, 23/12/1992, p.21.


Corre solta por aí uma perigosa idéia contra o petismo sergipano e, desta vez, à própria mecânica da civilidade na política, reconhecida como democracia. A idéia é que o governo Déda está com tanto dinheiro; mas tanto dinheiro, que pode reeditar o fenômeno do eletrocheque de Albano e João Alves, e pelo qual Albano cuspiu a João nas eleições de 1998.
Há duas intenções na propagação dessa idéia. A primeira é que qualquer sucesso obtido pelo partido do governador será proveniente de roubo na forma de compra de votos. A segunda e atirar-lhe desde já todos os “güelas”, a urubuzada que milita no umbral da política, e com isso criar para o governador a imagem de ranzinza. De inimigo dos “amigos”. Em miúdos: ou dá ou desce!
Acostumados à velha política da roubalheira convenientemente burilada pela hipocrisia certos setores - bastante influentes - da vida nacional e sergipana não se conformam que haja vida além do roubo. Do saque direto, impiedoso e permanente ao dinheiro público.
Se quero, logo posso! Se posso, eu faço, pouco importa os arrebentados do caminho, inclusive até mesmo seus protagonistas.
O pior para Deda é que a mega-campanha de expulsão de Lula do Palácio do Planalto não funcionou porque houve uma série de medidas imunizatórias convenientemente tomadas bem antes. Já no caso do Governador, até agora não há nada de povo que o segure. E a cacicada é pior que nuvem em meio à tempestade. Fica irreconhecível a cada segundo.
Para o bem da democracia as forças conflitantes devem sempre existir. No caso de Sergipe, todavia e neste momento, a máxima do senado romano tem que ser escutada: Delenda est Cartago.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A amizade sincera.

Há algum tempo atrás, Mino Carta, num desses momentos em que titãs como ele resolve massagear o ego de insignificantes como este meio escriba aqui, ao comentar meu comentário sobre um seu artigo (Uma advertência de sucesso, 28/06/2007 21:30h) e, num ato de pós-edição, junta-lo ao comentário gerador do fato, com propriedade lembrou-me dos alertas do grande Raymundo Faoro em relação ao perigo da ironia. Repliquei o dito re-comentário agradecido, inclusive pela lembrança do alerta de Faoro, uma das minhas leituras favoritas na ex-IstoÉ (que virou IstoFoi).
Mas tudo isso aqui é para falar sobre ironias e mostrar o quanto são sinceras as declarações lidas por mim há alguns dias atrás quando o jornalista Marcos Aurélio, ex-Secretário de Comunicação (ou Assessor, não sei) da Prefeitura Municipal, resolveu declarar a amizade fraterna entre ele próprio e Jâmisson Machado, administrador do Itnet.
Até no modus operandi os dois se parecem.
Aos fatos.
Em 2004 empreendi uma cruzada de divulgação de fatos históricos sobre nosso município usando como “gancho” um panfleto eleitoral. Pois bem. Para minha surpresa, “meu amigo” Jâmisson, logo depois ao me encontrar saudou-me efusivamente pelo trabalho... Senti-me quase viscoso de tanto elogio. Mas, mais surpreso ainda fiquei quando uns poucos dias depois, todo o meu trabalho apareceu na íntegra num sub-portal do Itnet... Sem autoria alguma. “Me arretei” e resolvi bronquear. Não sou dono de nada e tudo que faço é visando a publicação. Não negocio com informações. Não sou foca do jornalismo muito menos informante de máfias. Mas dessa vez eu “me invoquei”. Jâmisson corrigiu. Pegou o nome de uma empresa de publicidade que tenho e colocou lá como autora do trabalho. Quem fez o trabalho, na ótica dele, foi a empresa... essas coisas desta era cibernética: “não sois homem; máquina é o que sois”, numa reversão completa da bela mensagem de Carlitos, o eterno e adorável vagabundo.
Bem, eis que chegamos ao amigo de Jâmisson, o jornalista Marcos Aurélio que “recebeu de um leitor” (26/12) uma crônica sobre Chico de Miguel, cuja “crônica” aparece logo acima da sua (link para o blog nabocadopovo), no fronstspício (ops, home page) do mesmo portal em que ele publica suas mensagens. Isso depois de ter sido lida em pelo menos uma emissora (a Rádio Capital do Agreste, por Aninha Mendonça), ter sido publicada originariamente no portal itabaianase.com.br (24/12/07 às 08:08 h), y otras cositas más.
Conclusão: se o modus operandi de Jâmisson – de se apropriar do conteúdo produzido por terceiros em seu próprio nome – foi copiado por Marcos Aurélio, está confirmada a verdade da amizade entre os dois.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Salário de marajá

Completou 60 anos no último domingo a publicação da Lei Municipal nº 06 de 23 de Dezembro de 1947, onde os subsídios do prefeito subiram para R$ 14.196,17 em valores atuais (Cr$ 14.400,00 da época), com Verba de Representação de R$ 3.549,04 (Cr$ 3.600,00).
O único secretário da época passou a ganhar R$ 9.464,11 (Cr$ 9.600,00). É de encher os olhos até hoje, não?
Calma. Esses valores se referiam a todo o ganho de um ano. Logo, o salário mensal do prefeito era de R$ 1.183,01 com Representação de R$ 295,75 formavam um total de R$ 1.478,76.
E o salário mensal do secretário ficava em apenas R$ 788,67.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Multidão acompanha o féretro de Chico

Uma multidão de partidários, amigos, familiares e curiosos concorreu ao adeus ao ex-deputado Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel nesta segunda-feira, 23, véspera de Natal, com desfecho no Cemitério de Santo Antonio e Almas da Itabaiana. Presentes várias autoridades, dentre elas o governador Marcelo Déda Chagas, amigos e aliados políticos novos e antigos, como o ex-deputado (e ex-governador do extinto território do Amapá) Gilton Garcia.
O evento derradeiro deu-se às 17 horas como previamente marcado. Sem arroubos de comoção, todavia, o sentimento de orfandade estava no ar. Ficaram órfãos os que tanto e por tanto tempo seguiram a Chico; mas, mais ainda ficaram órfãos seus adversários viscerais que perderam o foco com a morte do velho líder.

Morre o mais longevo líder da história itabaianense.


Alguns, inclusive esse meio escriba aqui, apostavam que o velho Chico iria enganar a morte mais uma vez como tem feito desde que a uns oito anos passou a freqüentar cada vez mais os consultórios médicos e até hospitais. Não deu. Faleceu ontem, 23 de dezembro do ano de 2008(*) Francisco Teles de Mendonça, popularmente Chico de Miguel de Carrola como conhecido na sua Várzea do Gama natal. Completa o ciclo de vida como o mais longevo e bem sucedido líder político da história da velha Itabaiana: 44 anos de vida pública, dois mandatos próprios de deputado estadual; três também de estadual de seu filho José Teles e dois de sua filha Maria Mendonça; mais três de deputado federal do mesmo Jose Teles, um de prefeito de cada um dos seus filhos Antonio Teles e da atual prefeita Maria Mendonça, além de ter eleito José Filadelfo Araújo, Antonio José da Cruz e João Germano da Trindade como prefeitos de Itabaiana. Depois dele, o que mais tempo ficou no poder foi o coronel Sebrão, de 1896 a 1927; Manoel Francisco Teles, de 1941 a 1967, 26 anos; José Matheus da Graça Leite Sampaio, líder da Independência de Sergipe que ficou desde 13 de agosto de 1805, quando foi nomeado Capitão das Ordenanças da Itabaiana, até sua morte em 1829, 24 anos; Luciano Bispo de Lima, de 1989 até o presente, 18 anos; e Euclides Paes Mendonça 13 anos. Além desses também fez liderança em Itabaiana o lagartense Manuel Baptista Itajay, entre 1890 e 1916, por vinte e seis anos, portanto.
Com uma vida pública atribulada desde seu início, Chico teve de enfrentar as carências pessoais de conhecimento; as desconfianças dos liderados e até a falta de respeito por parte de alguns correligionários que se achavam mais aptos a assumir a liderança deixada por Euclides Paes Mendonça, para lidar com a maior agremiação política de então e que não arrefeceu mesmo com a perda do controle do Município em 1988.
Tão logo assumiu o primeiro mandato em 1967 se viu no epicentro do turbilhão da morte do ex-deputado Manoel Teles e não raras vezes teve que vencer os ardis de adversários e até de partidários de olho no comando do bolo. Todavia, sempre houve em Chico algo que faltou aos seus adversários e até aliados: nunca perdeu o jeitão de povo. A prova mais cabal de sua resistência política ser isso é que somente um outro líder também com cheiro de povo conseguiu retirar-lhe a prefeitura das mãos em 1988.
Não cabe aqui tecer maiores comentários sobre o comportamento do grande líder – a história já foi escrita – e sim solidarizar-se com seus familiares e partidários que perdem um pai. Sim, Chico foi o político que mais encarnou a figura do político-pai em Itabaiana; do coronel político – figura mítica da política brasileira de quem tanto se fala mal, de forma leviana, sem que se pesem os prós e contras. O maior aspecto de que Chico encarnou essa figura mítica é que, além da tradicional política de clãs aqui exercida – por todos, políticos e sociedade - foi ele o primeiro político na história de Itabaiana que deixa sucessores na mesma política. Como tal, deixa também toda uma cultura que vai desde as anedotas, aos atos de bravura e defesa dos mais fracos e oprimidos a até a opressão de outros. Enfim, um homem do seu tempo e do seu meio.
Abre-se neste momento um perigoso vácuo que, mesmo não tendo a dramaticidade de 1963, vai mexer com o equilíbrio de forças dentro da sociedade itabaianense.

Mesmo um pouco afastado das pelejas políticas Chico continuava a ser o cimento necessário à coesão de seu bloco.
Resquiet in pace!
Correção:
(*)Onde lê-se "23 de dezembro do ano de 2008" Leia-se 23 de dezembro do ano de 2007. Desculpas pelo lapso.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Tá brabo!

A prefeita Maria Mendonça, seguramente não passa por um bom momento no seu biorritmo. Com o pai internado alternando entre o estado grave e o gravíssimo, além das péssimas notícias e indícios de que sua reeleição não será nada fácil, eis que o amigo Albano Franco a visitou neste último dia 21 e, segundo o articulista Cláudio Nunes, ao mesmo momento da visita, numa de suas emissoras, havia frenético corre-corre pela apuração de suposta ordem de prisão à Prefeita pelo não cumprimento de ordens judiciais relativo a um aterro sanitário, oriunda de MP que cada vez mais se converte em palanque de partido único - o dos "doutores da Lei", acima de Deus e do diabo - geratrizes dos melhores escândalos de espetáculos possíveis. Quanto a Albano, fica a suspeita de prática da política do morde-e-assopra. Recentemente Albano participou de um convescote na residência do ex-vice-prefeito Jose Américo Bispo onde rolou de tudo, inclusive juras de eterna lealdade entre o próprio, João Alves Filho e Luciano Bispo. Pouca diferença dos idos de 1982. E de 1998 quando Luciano constrangeu Albano a declarar-se rompido com Chico de Miguel em pleno palanque eleitoral.
De burro Albano não tem absolutamente nada. A seu modo é o homem disparadamente mais rico de Sergipe; e foi tudo o que imaginou ser – de deputado estadual em 1966 até governador, reeleito por sinal. Se não chegou à Presidência da República é porque sabe da estreiteza da boca do funil e corre de problemas como satanás corre da cruz.
Quanto à Prefeita, além dos problemas enfrentados na montagem para uma equipe eficiente, desde o início de seu governo, tem ela e seus comandados concorrido fartamente para um erro crasso na vida pública que é o de esquecer que uma campanha política somente termina quando se entrega o mandato. Ao se tomar posse, apenas muda a natureza dela. Para muito mais séria. Por exemplo, são procedentes as críticas que lhe foram movidas, ontem, sexta-feira 21, no programa de Eduardo Abril da rádio Itabaiana FM, pelo ex-prefeito Luciano Bispo de que nem seus próprios secretários se conhecem entre si. “Todo artista tem de ir a onde o povo está”, já diz a bela poesia cantada por Milton Nascimento.
Se fosse esperar a boa vontade de quase cem por cento da mídia nacional, visceralmente contrária, o presidente Lula já teria desaparecido do cenário político a pelo menos um ano.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sem brincar em serviço

Que a política é como uma nuvem, isso todo mundo de algum juízo sabe. Algumas nuvens, todavia, de tão pesadas parecem que nunca se irão dissipar. Como a briga existente desde os (des)acertos financeiros na campanha de reeleição de Albano Franco ao governo do Estado em 1998, entre os compadres, o ex-Prefeito Luciano Bispo de Lima e o radialista Edivanildo Santana. Ao que a parece a formação cúmulo-nimbus, digna de tempestade das brabas já se converteu em meras penugens de céu de brigadeiro. Como costuma dizer o mesmo compadre: Luciano não é de brincadeira. Existe uma rádio na velha estrada do algodão dos campos de Frei Paulo aguardando por novidades talvez repetindo os versos de Márcio Greyck (gravação de Roberto Carlos, Vivendo por viver): "E ainda espero a cada dia a sua volta, é só você querer".
Eu, nas palavras de um amigo meu: “sou contra os partidos, pois sou pela união de todos”.

Onde é mesmo esse Bairro Santo Antonio?

Recebemos e-mail da CGU com algumas informações, dentre elas a seguinte:

Número Convênio: 593913
Objeto: Construcao de uma praca no Bairro de Santo Antonio
Órgão Superior: MINISTERIO DO TURISMO
Convenente: ITABAIANA PREFEITURA
Valor Total: R$219.375,00
Data da Última Liberação: 13/12/2007
Valor da Última Liberação: R$219.375,00

O que chama a atenção é o detalhe da localidade.
Por tradição conhecemos no sítio urbano as seguintes localidades: os Eucaliptos, também chamado de Bairro São José; a Moita Formosa, o Açude Velho, O Matadouro Velho, hoje oficialmente incluído no Bairro Sítio Porto; o Batula, já dentro da Marianga, o Tijolo e Tijolão, parte na Bananeira e parte na Moita Formosa, A Fazenda Grande, a Coruja, dentro do oficial Bairro José Milton Machado, Açude da Marcela, parte na Bananeira e parte no oficial Mamede Paes Mendonça e a própria Bananeira ainda não oficializada; e mais os oficias bairros São Cristóvão, Marianga, Miguel Teles, Oviedo Teixeira, Sitio Porto, José Milton Machado, Rotary Club, Riacho Doce e Anízio Amâncio de Oliveira. Oficialmente ou mesmo tradicionalmente não existe o Bairro Santo Antonio. Não está em Lei Municipal aprovada pela Câmara nem pode ser decretada pelo Executivo Municipal.
O único local de que nos lembramos existir tal menção em início da década de 80 era a Rua Antonio Cornélio da Fonseca, próximo ao “Posto de Zé de Dona”. Naquele tempo eu era carteiro dos Correios e Telégrafos e trabalhava a cidade inteira; e a área em particular. Lembro que houve algumas menções a esse nome, todavia, nunca pegou e principalmente, nunca foi aprovado em Lei, a parte mais importante do ponto de vista legal e administrativo.
A que bairro então se refere a dita praça?
Acreditamos que tenha havido algum lapso na tramitação de tal convênio que pode ser, desde uma informação errada partida da própria Prefeitura Municipal a até um erro de digitação ou algo parecido no Ministério do Turismo ou nos demais ministérios envolvidos – até mesmo na CGU.
De qualquer forma isso nos reporta ao trabalho que executamos dentro da Câmara Municipal entre janeiro de 2001 e abril de 2003. Descobrimos coisas do arco da velha em termos de desorganização no município. Referente às denominações de logradouros, descobrimos coisas que vão desde a dubiedade de nomes para uma mesma rua a uma enormidade de ruas denominada ao léu. Há até um caso curioso de uma delas, a Luiz Duarte Pereira (primeiro Juiz Direito de Itabaiana em 1859) que é conhecida como Antonio Santana. A denominação foi colocada ali por um funcionário do antigo SESP – já falecido – para homenagear um seu primo, o ex-vereador Toínho do Bar (Antonio Diniz Santana), cujo já tem uma outra rua, saindo da Praça João Pereira com seu nome. Botou e pegou e nunca ninguém contestou. Há casos como da Avenida Luiz Magalhães, a mais importante da cidade cuja denominação não é oficial. A denominação pegou porque à época de sua abertura, em fins da década de 60 alguém lembrou do Juiz de Direito de Itabaiana que também foi prefeito indicado por quarenta e cinco dias e depois de sair de Itabaiana foi desembargador e, o mais importante para tal denominação: foi o braço direito de Euclides Paes Mendonça na “Justiça da época” itabaianense.
O pior é convencer ao povo que essa desorganização não é proposital. Para, por exemplo, receber verbas duas vezes para um mesmo logradouro.
Cabe, pois, à administração municipal tirar isso logo a limpo para que depois não venha sofrer insinuações nada lisonjeiras. E de preferência aproveitar as facilidades da tecnologia e de uma vez por todas fazer o que já era recomendado na “Carta pª o D.or Joam de Sá Sotto mayor com a qual se lhe envia hua Portaria sobre as Plantas q’ hade mandar fazer das Villas da Capitania de Seregipe del Rey. Bahia, 13 de agosto de 1704”(*), e nunca foi feito.
E resolver sérios problemas administrativos cujos necessitam de planejamento. E isso só se faz direito, entre outras coisas, com mapas precisos.


(*)Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Volume 10, p. 22. Rio de Janeiro, 1882/1883.
e-mail do signatário: clique

domingo, 16 de dezembro de 2007

Ganhou o PT de Luciano.

Nas eleições de segundo turno para o Diretório Municipal de Itabaiana deu Olivier Chagas com 57 votos contra 48 de Gilmar Passos.
E daí?
Se tivesse sido confirmada a vitória de Gilmar Passos seria a vitória do PT de Maria. Ou melhor, dos contra Luciano. Uma vez tendo acontecido a virada para Olivier Chagas a vitória passa a ser de Luciano, por mais que esperneiem os componentes da chapa.
O PT de Itabaiana nunca esteve tão fora de rumo como anda desde a briga de Olivier e João Cândido. No momento atual desenha-se uma situação interessante. O PT de Maria apóia Maria Mendonça, naturalmente; que tem não no PT, mas nos irmãos Amorim seus aliados que conta. aliás, periculosamente tem sido plantado pelos partidários desta a idéia que "SÓ O DINHEIRO" ganha eleições. Um dos irmãos Amorim, o que manda porque é quem tem o dinheiro é Edvan cujo casamento com a filha de João Alves Filho, arqui-adversário do PT trouxe gente do porte do ex-Presidente José Sarney (IstoÉ, 1.123, Guerra das Festas, 03/04/1991). O PT de Luciano, por outro lado, é mais independente. É contra Maria o que fortalece Luciano, aliado de Zé Carlos Machado que é afiliado desde 1975 a João Alves Filho (Prefeitura biônica de Aracaju no Governo de José Leite Rollemberg), cujos não dormem um dia sem bater duro no fígado de Marcelo Deda e Lula e até na sigla pt usada pelos Correios ao fim da redação de cada telegrama. Tudo bem que dos três o mais possível de largar João Alves e correr pra Deda é Luciano através de Jackson Barreto e do eterno mimetista Benedito Figueiredo, o problema é que o eleitorado mais influente de Luciano em Itabaiana é radicalmente anti-petista e nem que Jesus desça dos céus abrirão mão disso.
Resumo da ópera: o PT de Itabaiana deve escolher por qual caminho cai nos braços de João. Se por Maria ou se por Luciano. Em ambos os casos lhe restará apenas raspas.
O PT de Itabaiana não aprendeu absolutamente nada com o PT nacional.
É uma pena.

Parindo velhos vícios

Termina neste domingo, 16 de dezembro, a temporada de festas alusivas à santa católica Nossa Senhora do Bom Parto na Matriz de mesmo nome, aqui na Itabaiana.
Como sempre, uma festa bonita - mesmo para incrédulos como eu – com muita gente exercendo seus êxtases espirituais baseados na fé, enfim, a extensão da alma levada ao mais alto nível.
Por trás do êxtase da esmagadora maioria, todavia, ergue-se, projeta-se, e por isso acabam sobressaindo as velhas manias patrimonialistas de apropriar-se, em nome próprio, de alguém ou de um grupo, de determinada situação. E por mais que alguém tente aplainar os picos de insensatez, como se diz no ditado popular, “não se esconde o diabo deixando de fora o rabo”.
Chamou a atenção um detalhezinho, pequenino, quase nada. O cartaz da festa, peça publicitária obrigatoriamente bem elaborada, portanto bem pensada, não traz em sua frente nenhuma alusão à Prefeitura Municipal de Itabaiana, parte integrante, também quase que obrigatória em todas as festividades desse tipo e em todas as administrações desde 1698. Ali estão, contudo, e com justiça, uma quantidade quase visualmente poluente de marcas empresariais que patrocinam o evento. Em compensação, foi feita uma grosseira promoção pessoal de três políticos e, até a compensação tentada no verso do cartaz – onde aparecem as informações adicionais – usou o nome da Prefeita e não o da Prefeitura como seria o correto. Óbvio, neste caso pode ter se tratado realmente de uma doação pessoal da cidadã, já que ali aparecem os nomes de outras pessoas do povo. Rumores dentro da comunidade católica afim, contudo, demonstra claramente que houve proposital esquecimento da marca da Prefeitura Municipal como co-patrocinador da festa. Isso é ruim. Demonstra que costumes que se tenta banir, neste caso o da apropriação de um bem público, a religião, continua em alta por aqui.

A religião e o voto.

Política e religião têm muito mais a ver do que se imagina em nosso município. Por origem, a própria região eleitoral foi estabelecida pelos portugueses ainda nos tempos coloniais partindo da área da Freguesia católica. Em geral essa área se confundia com o próprio município. O município de Itabaiana, por exemplo, foi dividido por muito tempo apenas com outra freguesia que não a de Santo Antonio que foi a de Nossa Senhora da Vitória de São Cristóvão, cuja área passou depois para a Freguesia de Nossa Senhora do Socorro, ou seja, toda a área compreendendo o Vale do Cotinguiba desde o povoado Jurema, vizinho à Usina Pinheiro até as serras, incluindo aí as atuais Areia Branca e Malhador. A maior parte dos senhores de engenho da Itabaiana, portanto, votavam no município de São Cristóvão. A família Franco, inclusive.
A carnificina de outubro de 1848 ocorreu em frente à Matriz de Santo Antonio, pois era ali que se realizavam as eleições. Aliás, era o único prédio digno de respeito na atrasadíssima vila. Foi também na Matriz de Santo Antonio a confusão com o Padre Vicente de Jesus que resultou na morte do avô do radialista Francis de Andrade, já em fuga, na esquina da Rua General Siqueira, em frente à casa da prefeita.
A religião, até o advento do rádio – a primeira grande forma universalizada de comunicação - foi o único sustentáculo de controle social - exceto à força - leia-se dominação. Isso leva muita gente ainda a usá-la como meio de campanha política, mesmo que subliminar, ou no mínimo por mera birra.
Na primeira metade da década de setenta do século que passou o padre Monsenhor José Curvelo Soares, quase ao apagar das luzes de seu mandato na Paróquia de Santo Antonio conseguiu romper um círculo vicioso que se arrastava desde os tempos coloniais, qual seja o de ter como patrocinadores da Festa de Santo Antonio, famílias ou pessoas poderosas da sociedade local, tornando-a assim, motivo de fortes disputas entre famílias de mesmo grupo político; e extremamente acirradas entre famílias de grupo rivais. Desde então, os ditos patrocínios recaem em entidades que, mesmo ainda contaminadas com o interesse político partidário reduziu bastante estas nefastas interferências na festa do dono da cidade de Santo Antonio e Almas da Itabaiana.

Obs. Antes que alguém estranhe o fato de sempre falar Itabaiana como “a” Itabaiana, venho esclarecer o seguinte: antes de Itabaiana, originalmente Vila de Santo Antonio, vilarejo sem importância alguma por séculos, vem a Itabaiana, a região importante, rica e cobiçada, onde se assentam vários municípios. Logo, ao me referir à atual cidade o artigo desaparece. Quando o assunto transcende ao sítio urbano, obrigatoriamente há a necessidade da aplicação do artigo, já que se trata de uma região geo-política que ultrapassa em muito, até mesmo os limites do atual município.

sábado, 15 de dezembro de 2007

A conferir

Vem por aí temporada de deserções. Tomara que não, mas... Tá brabo!
"Aquilo lá não é uma bodega!" Palavras de um amigo meu há muitos atrás sobre imperícias ou inapetencias administrativas de um outro.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Afiando o canivete

Mastruz e erva cidreira debaixo de um jatobá
Menino querendo oiá as caiças da lavadêra
Um chiado de porteira, um fole de oito baixos
Pitomba boa no cacho, um canário cantador
CAMINHÃO DE ELEITOR com os votos TUDO VENDIDO
Isso é cagado e cuspido, paisagem de interior

Maciel Melo - Paisagem de Interior


No último domingo o ex-deputado José Milton de Zé de Dona, como de seu hábito resolveu começar a zoada em prol das eleições de cinco de outubro vindouro. Foi algo surreal. Uma festa, volumosa por sinal, porém no povoado Junco que, apesar de estar na fronteira com o município de Itabaiana, é município de Areia Branca. Um outro aspecto do surrealismo miltiano é o fato de que ninguém dá um conto pela sua posição no ranking dos prefeituráveis, já de hoje concentradíssimo na prefeita Maria Mendonça e no ex-prefeito Luciano Bispo. Com se diz por aí, é briga de cachorro grande mesmo. Tipo pitbulls. E porque Zé Milton entra nessa? Em primeiro lugar, ao contrário de seu irmão, o ex-prefeito João Alves dos Santos – João de Zé de Dona, queira muita gente ou não, Zé Milton, mesmo a peso de ouro tem liderança política e sempre se posiciona de forma tal que, se “rodarem a cara” ele entra com tudo. Segundo que todo mundo que habita a política partidária sabe – principalmente o eleitor – que os políticos vivem de vender e comprar apoios. Ou seja, quanto mais visado, maior é o preço. Isso num lugar como Itabaiana, onde até uma informação sobre uma rua, antes que seja repassada é pesada pra ver se dali não pode sair uma coi$inha, tem um valor enorme. Zé Milton não será candidato. A menos que haja algum impedimento de Luciano Bispo, porque, mesmo esse apoiando outro, há chances reais para o crescimento da propalada terceira força. Todavia, o cabra é bom de zoada. Tem faro apuradíssimo pra lidar com povo, gente, plebe; e tece magistralmente o velho assistecialismo de guerra. Vai fazer muita zoada daqui até o prazo final dado pela Justiça Eleitoral, antes das eleições.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Comunicação em alta

É! Ao menos, num aspecto a nomeação de Francisco Ferreira Pereira o Chiquinho para a Secretaria de Assuntos Parlamentares e Comunicação Social – SEAPCS, já denota uma melhora considerável na comunicação social da Prefeitura Municipal de Itabaiana, antes, sofrível até mesmo na emissora pertencente ao grupo que ora governa o Município, qual seja a Radio Capital do Agreste. Possivelmente Chiquinho teve melhor sorte em montar uma equipe qual não teve o mesmo seu antecessor, Marco Aurélio.
Temos observado que insistentemente têm aparecido boletins informativos propagandísticos ou, americanizando o termo: “newsletters”, por sinal, bem escritos, com concisão e naturalmente, objetividade.
Num outro flanco, finalmente apareceu o portal da Prefeitura Municipal, sonho que acalentei juntamente com um provedor local a mais ou menos dez anos quando tomei conhecimento sobre a chegada da revolução da informação com primeiro provedor de internet em Aracaju e que, sem falsa modéstia, quatro anos depois necessitei “forçar a barra” em 2001 com o lançamento do itabaiana.inf.br.
Cansei de alertar as autoridades municipais pertinentes à comunicação acerca da importância de se instalar um provedor de internet que nos conectasse ao mundo. Por dois anos paguei DDD para me conectar a capital enquanto que outras cidades menores como Estância e Propriá, juntas com menos terminais telefônicos que Itabaiana já navegavam na rede. Isso, por aqui e naqueles tempos só poderia ser bancado pelo Poder Público municipal, único com capacidade de absorver o baixo retorno comercial de tal empreendimento. Até que em 20 de março de 2001 pus o itabaiana.inf.br no ar e, finalmente, através da CDL começamos o projeto de implantar o provedor. Um empresa privada correu por fora e se adiantou nos livrando dessa responsabilidade e, ainda por cima, destravando um estranho comportamento do então maior provedor de internet de Sergipe que teimava em não estender seu link para Itabaiana (já estava na Estância e Propriá), prejudicando assim dezenas de profissionais como contadores e advogados, e que, diante da ameaça do referido provedor privado de Itabaiana, em menos de cinco dias pôs o seu link no ar. Desde então temos dois provedores locais, hoje estendidos para mais outros quando se trata de Banda Larga.
Voltando ao Portal, está faltando ali informações imprescindíveis ao bom e desejado Estado democrático e de direito qual sejam as referentes às contas públicas. Neste item, contudo, é compreensível já que, além do portal ser novo, o do próprio Tribunal de Contas (alguns preferem faz de contas) do Estado de Sergipe tem o hábito de sonegar ou no mínimo postergar a perder de vista o resultado de suas contas. Estamos em fins de 2007 e no site do referido Tribunal, cujos conselheiros ganham nosso dinheiro para zelar pela lisura dos dinheiros, inclusive cumprindo o artigo 37 da Constituição Federal no seu caput, e apresentam apenas e de forma extremamente às escondidas suas contas relativas a 2003, conjuntamente com outros dados bem mais volumosos e que geralmente aumenta a dificuldade de achá-las (clique aqui e baixe o arquivo para seu computador, depois o abra pelo Word).
Com relação ao atual estágio de comunicação da Prefeitura Municipal, palavra de amador: todavia, apesar de toda a boa comunicação, não basta a propaganda. É preciso marketing, algo bem mais complexo.

domingo, 25 de novembro de 2007

Xenofilia

Não precisa ser mago ou pitonisa para descobrir que pegou mal mais essa escolha da prefeita Maria Mendonça de preencher um cargo de alto vulto, no caso o de Secretário Municipal de Saúde de Itabaiana por um profissional sem vínculo absolutamente algum até a presente data com a sociedade itabaianense.
Não quero entrar no mérito da capacidade pessoal do Secretário nomeado, o geriatra Antônio Cláudio Santos das Neves, haja vista não o conhecer, sequer por ouvir dizer, todavia, a inquietação geral é por que tem gente de mais de fora do município em cargos de grande importância e visibilidade.
A escolha da prefeita ainda coincide com uma onda que vem se espalhando perigosamente contra a sua administração qual seja a de que em seu governo “não corre dinheiro”. E esse item – o dinheiro - tem sido ao longo da história humana o fator essencial de todas as discórdias. Ou acertos sociais.
Itabaiana tem uma característica: ninguém “de fora” “arma” aqui. O maior político de fora do município que tivemos foi Batista Itajay, um lagartense, que espertamente casou-se com uma senhorita da mais fina cepa itabaianense antes de entrar na política. Mesmo assim, parafraseando Luiz Gonzaga (Lampião falou), não foi "bom nem foi feliz".
É compreensível a dificuldade de encontrar a pessoa certa para tão relevante cargo haja vista o empossado ter pela frente a administração de mais de um quarto de todo o dinheiro do Município o que equivale a todo o orçamento municipal de cada um, de mais de cinqüenta por cento dos municípios sergipanos. Para comparação, se iguala aos orçamentos de Campo do Brito, de Ribeirópolis, Areia Branca, entre outros. É muito dinheiro. E muita responsabilidade.
Percebe-se desde a municipalização iniciada timidamente no governo municipal de João Alves dos Santos – o João de Zé de Dona – a dificuldade de encontrar o perfil ideal para tal cargo. O principal problema é a remuneração, baixa demais para tanta responsabilidade e a necessidade de compensação. Neste último caso, um médico ao abraçar a administração da Secretaria Municipal de Saúde, imperiosamente terá que a ela se dedicar o que o afastará automaticamente de sua clientela. Quando a esta quiser retornar vai ser difícil de encontrá-la. Isso tem que ser pesado pelo administrador-mor ao fazer um convite a um profissional de saúde para tal cargo. Daí porque o perfil técnico do profissional de saúde para esse cargo, salvo raras exceções nunca deverá recair em um médico. A menos que o Município venha criar mecanismos de compensação, inclusive quarentena para os nomeados no futuro. Caso contrário é prejuízo na certa. E pior: quase sempre será para ambos, o profissional e o povo do município. Paradoxalmente isso não é necessariamente aplicável a municípios menores, não centralizadores do sistema, e onde o profissional pode muito bem fazer a "meia-sola". Ou à capital, com renda superior em muito a Itabaiana.
Talvez a justificativa da prefeita seja exatamente essa: a falta de sintonia entre a condição do profissional ideal local e a disponibilidade deste em assumir tal tarefa, porém, com já fiz aqui neste espaço, pergunto: e por que tem que ser um médico, o administrador da Saúde? Por acaso alguém duvida que - descontando o descalabro da dengue - o economista Zé Serra se deu bem melhor no Ministério da Saúde que o indiscutível técnico Dr. Adib Jatene? O que não pode ocorrer é que os cargos eminentemente técnicos dos quadros da Secretaria fiquem em mãos de pessoas sem a qualificação acadêmica necessária, e, preferentemente com experiência no quesito Saúde Pública.
Da nossa parte ficamos aqui a torcer que o Dr Cláudio das Neves venha realizar um bom trabalho.

Exportando capital realizado.

Junto com a inquietação provocada por mais uma nomeação extra-territorial feita pela prefeita Maria Mendonça está uma constatação - por percepção - da sociedade, confirmada por números alarmantes, mesmo que inconclusivos, da fuga de capital de Itabaiana em direção, principalmente à capital sergipana.
O fenômeno é comum em todo o Estado de Sergipe, porém no caso de Itabaiana, dado à quantidade de dinheiro e à proximidade física entre as cidades, esse fluxo é inumeramente maior que nos demais municípios de porte similar ao nosso.
No próximo dia 18 de dezembro será feriado municipal e, desta vez, certamente a polêmica não reaparecerá, ou, se vier, virá suavizada, já que o dito dia cairá numa terça-feira e não numa quarta-feira ou sábado. Todavia, todas as vezes que ocorre cair num desses dias enumerados o comércio todo entra em pé de guerra contra o feriado. O motivo é simples: o consumidor itabaianense aproveita esse feriado para fazer compras, especialmente em Aracaju e, quando ocorre a coincidência com um feriado do dia de feira-livre, ou o comerciante se expõe à Justiça do Trabalho abrindo ilegalmente seu estabelecimento comercial num dos melhores dias de venda, ou tranca tudo e perde o filão.
O equilíbrio econômico é de uma fragilidade impressionante. Um boato e trabalho de anos vai pelo ralo.
É perceptível que a classe média itabaianense tradicional - constituída de profissionais liberais e fun cionalismo graduado - vem definhando ano após ano. A classe média itabaianense atualmente é quase toda constituída por pequenos comerciantes e não por aqueles segmentos tradicionais acima expostos. Isso é prejuízo para o comércio local.
Uma olhadela no Orçamento da União mostra claramente a desvantagem dos municípios do interior em relação à Capital, e não somente em termos de convênios para repasses de verbas, mas também nas verbas de custeio de pessoal – aposentados inclusive – quase todos residente na capital.
A chegada de instituições de reconhecida remuneração melhorada aos seus profissionais em Itabaiana não tem sido acompanhada de uma política de desenvolvimento urbano satisfatória para segurar esse consumidor de alto poder aquisitivo, e, para resumir, as atividades culturais mais interessantes no município continuam sendo os bares tipo inferninho e suas serestas pontas-de-faca. Um péssimo exemplo de quem precisa competir com uma Capital que além de ser capital tem estrutura muito melhor.
Ser velho em Itabaiana é a cara de ser velho no Brasil. O município não tem absolutamente nenhuma política de desenvolvimento urbano – que aqui é confundido com o mero calçamento de ruas (das praças nem se fala pela despesa durante e depois) – e isso se reflete em quem quer morar bem. O problema – financeiramente falando – é que por ocasião de debates na Câmara Municipal em 2001 sobre o recolhimento sobre os salários dos vereadores para a Previdência já era informado ali que o aposentado contribuía com um aporte de cerca de cinco milhões de Reais na economia itabaianense. Detalhe: toda a arrecadação de Impostos – Município, Estado e União - do ano foi de 7.626.000 (Atlas de Desenvolvimento Humano – PNUD/IPEA - 2001). Todo o Orçamento Municipal daquele ano foi de R$ 17.863.346,00. O PIB municipal foi de 153 milhões, o que deixou somente as aposentadorias responsáveis diretas por 3,2 por cento do ingresso direto de capital. É muito dinheiro.
Do ponto de visto do consumidor de alto poder aquisitivo, como exemplo, o último Delegado de Polícia que efetivamente aqui residiu – com família, obviamente – foi o Bacharel Nivaldo Elias Barbosa que daqui mudou-se em 1981. O último Juiz de Direito daqui havia se mudado em 1977 e o último Promotor pelo mesmo período. O bancário (ainda bem remunerado), o médico, a enfermeira, o dentista, o petroleiro, o técnico da Justiça, da Saúde... cada dia a mais prefere a Capital deixando Itabaiana. Enfim, vamos nos tornando cada vez mais um mercadão onde as pessoas ganham dinheiro de dia e à noite vão para seus palacetes. Isso é sentido pelo comércio e, mesmo que não haja debates profundos e científicos sobre o drama, ele é percebido e causa apreensão.
Qualquer fagulha causa incêndio de enorme proporções neste palheiro.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

CEMB em Ação! Que politicagem é essa desta vez?

Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão.

Gilberto Gil/Liminha, in
Nos barracos da cidade



Sequer procurei saber dos resultados, mas me chamou atenção uma matéria publicada no portal Itnet, hoje, 22 de novembro, às 06:18 horas.
Não por acaso, um dia depois do aniversário do velho Colégio Estadual Murilo Braga (PL nº 106 de 21 de novembro de 1949).
No país da boquinha só se pavimenta rua quando a pedreira, a caçamba, o cimento e até a firma construtora é de “amigos” o que significa notas fiscais engordadas, empreguismo público camuflado em empresa de prestação de serviços - logo, trocado por voto - e por aí vai. Passam-se anos e anos com um problema e, de repente, quando ninguém mais espera e todos os desesperados já se mudaram, eis que chega a providência Quando se vai passar a lupa aí começam as decepções adicionais (a primeira foi não terem resolvido a tempo). Só se constrói açude com o “laudo técnico” que aponta para a localização do terreno dentro da propriedade de algum privilegiado. Até a escola, inexplicavelmente é construída a hectômetros e até a quilômetros do local onde a maioria das pessoas reside, na maioria das vezes levantando a forte suspeita de que tal decisão deveu-se pelo fato de a indenização do terreno ter sido orientada para um “amigo” (vide fotos: apenas dois dos inúmeros exemplos de localizações inadequadas, somente aqui, de Itabaiana).











Pois bem, na matéria anunciaram uma “Ação Social” no Murilo Braga neste último dia 22 e a pergunta é: qual é realmente a função de um colégio que foi parte importantíssima na transformação da história de Itabaiana, qual seja a de um vilarejo trissecularmente condenado a desaparecer e que despertou para se tornar uma verdadeira cidade depois de 1950?
Em nosso modo de ver as coisas, a função de um colégio é instruir para o conhecimento, para o saber. Da minha parte acho que um colégio cumpre bem sua função quando professores não fazem corpo mole ou simplesmente desaparecem para ganhar num colégio privado (onde ninguém é besta faltar) menos do que ganha nesse mesmo colégio público. Também quando por capacidade gerencial de diretores e mestres assombram um Estado inteiro com a quantidade e qualidade de alunos aprovados nos vestibulares. Quando impõe respeito às demais agremiações de ensino através de seu trabalho esportivo. Como por exemplo, ser um referencial por anos de Handbol em todo o Estado. Quando se faz respeitar pela qualidade de seus trabalhos artísticos e culturais de viés erudito (já que o popular o povo já o faz).
Essa é a função de um colégio: educar para a vida.
Ação Social feita por colégio, por mais bem intencionada que seja vai parecer politicagem ou lavagem de dinheiro, essas práticas nefastas tão entranhadas em nossa sociedade de esperrrrrrrrtos. E por isso tão limitada.
Onde estão os esforços para o desenvolvimento intelectual e científico... a feira de ciências do Murilo Braga, por exemplo? Cadê o vídeo, a monografia, a revistinha (como O Serrano, que lá começou mimeografado), cadê?
Quais são de fato os interesses por trás desses apelos populistas de ação social? Quem está bancando?
Mesmo que todos os profissionais envolvidos prestem seus serviços de graça, algum custo existe. E quem banca?
Cadê o sítio eletrônico, perdão, (tabaréu só sabe chamar se for americanizado), cadê o sáite do Colégio anunciado e não aparecido? (O caminho para registro é na http://www.registro.br/) Ao menos aqui é mais barato expor as idéias da garotada.
Sem entrar no mérito sobre quem teve essa idéia, porém, ela é no mínimo tola e inconseqüente. Misturar educação com atividade de viés extremamente politiqueiro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

De volta a 1850

“Na da Itabaiana são o tronco a segurança dos presos, que de mais precisão ser
guardados com sentinella a vista.
Consta que o edifício, onde he a prisão publica dessa villa está por tal modo arruinado que ameaça hum desmoronamento; convindo, por isso, que seja quanto antes demolido, para evitar-se algum sucesso fatal ao mesmo destacamento que ali se abriga.”
(*)

Falla que dirigio a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na Abertura da Sua Sessão Ordinária no 1° de março de 1850, o Exm. Snr. Presidente da Província, Dr Amâncio João Pereira de Andrade. Sergipe. Typ. Provincial – 1850 – No Largo do Palácio. Administrador J. J. da Silva Braga. P.008


O Promotor Público Emerson Andrade (clique aqui para ver matéria de Edivanildo Santana) repete aqui o que era aconselhado em 1° de março de 1850.
O único prédio de verdade pronto para abrigar um policiamento foi o que foi construído em 1918 e que ainda hoje está de pé, levemente modificado na sua estrutura original e com o nome de Talho de Carne João do Volta (o mercado da carne recém ampliado).
O segundo que funcionou entre 1949 e 1986 já não foi essas coisas todas. E o terceiro – o que atualmente existe, construído pela máquina política de João Alves pra eleger Valadares em 1986 é uma piada.
Para quem teve sua primeira autoridade policial – Capitão de Campo (capitão-do-mato) Simão Fernandes Madeira - nomeada em 13 de outubro de 1663, isso é um atraso de vida que não tem tamanho.
E ainda dizem que Itabaiana é um lugar violento. Querem o que de um lugar cronicamente sem autoridades?
(*) Grafia original.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A desmoralização do Estado.

O Estado é a instância máxima da sociedade humana. Pode-se dizer que dele tudo provém e a ele tudo deve retornar.
O Estado é imperecível. Confirma isso o que vem ocorrendo nas favelas do Rio de Janeiro já de algum tempo e noutros pontos do planeta, hoje e ontem ou quando vier a ocorrer. Ou seja, na medida em que o Estado na sua plenitude, legalmente instituído se afasta de sua função, um outro, paralelo, com disposição de substituí-lo é gerado e cresce simultaneamente à queda daquele primeiro. Alguém “tem que mandar nesta zorra”, como se diz no popularesco.
Quando a polícia falha ou inexiste, grupos logo se formam para cobrar pela segurança à revelia das leis.
E a maior confissão de falência de um Estado é a confissão de impotência por parte deste. Por Lei o Estado deve ser onipotente, ressalvados os direitos dos cidadãos deste mesmo Estado. O Estado, então, é tudo. Está acima de tudo. Não pode curvar-se a ninguém.
O Estado se manifesta pelos seus instrumentos e, um deles é a força que deve ser de dissuasão antes de tudo. Em geral ela é chamada de Polícia ou exército, conforme as funções dessa mesma força.
Mas no Brasil; em Sergipe; em Itabaiana, mais especialmente na BR-235, quilômetro 51, Posto da Polícia Rodoviária Federal o Estado demonstra que não existe, ao menos num aspecto: foi preciso colocar quebra molas na pista, em dois sentidos, para que fosse observada a obrigatoriedade de redução de velocidade junto à instituição máxima do policiamento de trânsito do país.
É a desmoralização de um Estado em que policiais até podem escoltar recolhedores de apostas no jogo do bicho; mas não costuma pegar ladrão e muito menos impor-lhes respeito para que não consolidem suas atividades criminosas.
Podem até proteger banquinha de venda de CDs piratas; mas é impotente para dissuadir trombadinhas a assaltar gente indefesa.
Como diz o Chico Buarque de Holanda (Acorda Amor): Chame o ladrão; chame o ladrão, chame o ladrão.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quero meu campinho de volta.

Leio hoje no blog de Aninha Mendonça que na Escola Neilde Pimentel, no Bairro Marianga aqui em Itabaiana uma experiência ali tocada de promoção ao judô vem trazendo excelentes resultados e, coincidentemente assisti a mais uma reportagem sobre a futura Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Os dois assuntos me reportam aos meus cinco anos de idade na pracinha da Mangabeira, a brincar com coleguinhas de mesma faixa etária – alguns deles meu primos – e onde já ali, por volta de 1965, o “mantra” recitado por nós ao chutarmos tropegamente uma bola era “gol de Pelé!” Isso serve para demonstrar o peso que o nome do já gigante tricordiano exercia naqueles tempos.
Ambos os assuntos também me reportam aos meus tempos de estudante primário e o imperdível recreio de trinta minutos onde se fazia – mesmo sem o saber ou querer – o treino necessário para a convivência social futura. Como? Através das também imperdíveis partidas de futebol. O campinho de futebol era um espaço socializante, edificador da cidadania e da convivência sadia com a diversidade e as adversidades.
E aí me deparo com meus filhos que já adultos ou quase, não lograram o prazer de ter espaço. Sua escola foi um lugar de entupimento mental, de poluição intelectual mesmo, de conhecimentos e teorias – na maioria das vezes anacrônicas e xenófobas, logo, de serventia duvidosa – como se tornou a escola brasileira. Um lugar de aprender, sim e ainda; mas acima de tudo um lugar de consumir livros de editoras cada vez mais sedentas de lucro e que chantageiam autoridades – escolares ou político-administrativas - através de sabujos na mídia, transformando o ato excelso e sagrado de ensinar e aprender num mero negócio. Acabaram com meu campinho. Não apenas no sentido físico, mas no sentido de tornar a escola um lugar de convivência social. Um verdadeiro preparo para a vida.
Do ponto de vista físico, a insensibilidade administrativa dos políticos retirou-nos a possibilidade de mantermos os espaços necessários ao lazer, e isso não apenas da criançada.
Oxalá que, aproveitando o clima de Brasil-2014, o esporte mais popular do país - assim como outros - volte à agenda da vida nacional possibilitando a redução de vários males atuais, inclusive a violência de uma galera que desaprendeu a praticar a concorrência saudável com a devida tolerância, e a vontade de vencer praticada com civilidade.
Post Scriptum: Trabalhinho instigante esse aqui (está em inglês).

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Réquiem para a Mossaranha.

Ontem, 29 deste outubro deste 2007 estive na Mossaranha – do original Mçarabãe, segundo Sebrão Sobrinho – e... que estado lastimável! A pequena lagoa, origem de tão bela lenda e que já foi registrada pelo escritor e aventureiro Sir Richard Burton está invisível, debaixo de um capim alienígena que lhe tomou e, sequer serve para que se tome banho nela como tanto se fez ou mesmo que venha se prestar ao abastecimento de animais, como o foi durante séculos, inclusive dos boiadeiros de Simão Dias e dos flancos da Miaba em direção às Laranjeiras, esplendorosa, do século XIX.
Sua importância no passado era tamanha que, junto com as lendas que permearam o mundo acerca da Itabaiana ela foi parar nas páginas do livro de Burton (The highlands of the Brazil, Tinsley & Brothers, Londres, 1869), como uma lagoa de três léguas de comprimento, ou seja, 19,6 quilômetros, talvez numa confusão com a Puripiá dos holandeses, esta, próximo à margem do São Francisco e com o nome atual de lagoa do Cedro.
Sobre lendas, aliás, os ingleses – e escoceses - do Sir Burton são exímios em delas extrair algo mais palpável. Mais sólido. Basta ver o que acontece com o sem graça nenhuma lago Ness onde ninguém nunca pôde provar, mas tantos conhecem ou conheceram alguém que viu um tal de monstro por lá, que nenhuma tecnologia submarina atual foi capaz de comprovar. Vale a lenda. Vale os milhões de libras esterlinas - e euros - com turistas ávidos pela magia da lenda.
Quanto à nossa Mossaranha, continua ela a ser a Lagoa do Forno sem nenhuma importância dos últimos tempos e agora, sequer faz resplandecer o sol sobre a testada da Serra de Itabaiana como muitas vezes testemunhei em meus tempos de criança, já que coberta de capim alienígena. Agora ela é apenas um problema que poderá ser “resolvido” com algum aterro futuramente, né?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Transgenia

A gente vai contra a corrente até não poder resistir
Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá.

Francisco Buarque de Holanda - Roda Viva

O termo é novo, mas o mal que o invoca é antigo, e pior, volta e meia ele está de volta; recorrente.
Desta vez é porque tem pepino – talvez uma roça deles - com cheiro de castanha torrando no ar.

Off line (sem linha; ou desligado).

Considero-me com autoridade para falar sobre o assunto a seguir por estar atualmente meio desligado dos circuitos formadores e informadores das notícias em Itabaiana.
Ontem, às dezesseis horas houve a abertura dos Primeiros Jogos do Interior aqui no Presidente Médici. Apesar de residir bem pertinho, eu lá não fui. Quando me veio a curiosidade pelo som do serviço de alto-falantes que chegou nitidamente à minha casa, fui à internet e encontrei notas em dois dos portais da cidade. Releases da Secretaria de Estado que cuida do desporto.
Acredito que não houve essas freqüências todas, apesar de estar Itabaiana sem muita atração de lazer que se possa classificá-la como uma cidade. Quase igual aos tempos de Guilhermino Bezerra quando ganhou o status de cidade apenas para promover os dois irmãos professores do dito deputado estadual.
Eu acho que faltou comunicação.
O evento reuniu boa parte dos municípios sergipanos e, por se tratar de algo envolvendo as maiores autoridades do Estado e do Município - além de outros – era esperada uma promoção publicitária bem mais marcante. Que chamasse a atenção deste desatento escriba, inclusive.
Ao contrário dos shows abertos na Praça de Eventos, ao lado, não percebi nenhuma movimentação de pessoas pelas ruas em direção ao Estádio Presidente Médici.
Ora, a publicidade é uma obrigação constitucional e não há crime algum em exercitá-la. O que é crime é usá-la para outras finalidades que não a promoção do interesse público.
Talvez tenha havido excesso de zelo dos responsáveis pela publicidade governamental do Estado, todavia, é preciso que entendam que ao balcão de negócios em que se transformou a informação noticiosa, especialmente nos últimos trinta anos não há alternativa; a não ser dançar conforme a música. Obviamente que mantendo o cuidado de não cair na zona do umbral.
E, pra ser direto, não adianta incensar o caminho com assessores bem relacionados sem, contudo portar um cheque à mão. Em verdade este último item conta enormemente mais que o primeiro. De fato, é o que conta.
Se bem usado o último item acima fará milagres. Fará com que muita gente – até mesmo do tipo que se acha o máximo – “amoleça” o coração e “abraçar a causa”.
Coisa de profissional. Dizem.
Detalhe: não abuse. Recentemente os que governavam assim o fizeram, mas esqueceram do principal, aquém do alcance dos sabujos. A prova é a presença dos que agora governam no governo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Republicanos

A turma da Direita nacional se péla de medo do Zé. Dizem eles: “o Zé é guerrilheiro”. Não com respeito, obviamente, já que este pessoal só conhece o temor; fruto do medo. E não o respeito, fruto da admiração das qualidades alheias. E, claro, existem muitas mentes avançadas no mundo político, inclusive na Direita; porém, infelizmente a maior parte é de saqueadores.
Pois bem, “o Zé é guerrilheiro”!
A que diabos de guerrilha se refere a turma do egoísmo exacerbado?
O Zé é guerrilheiro porque antes de ser um político é um republicano. Aquilo a que tanto se referem vários personagens do umbral como “homem público”, mas que de fato nada entendem ou querem entender do que seja um homem público, já que são pessoas que têm o olho maior que o planeta, porém, só enxerga o próprio umbigo. E, portanto, são pessoas incapazes de entender a grandeza de um projeto que atinja o máximo de pessoas em detrimento de um projeto egoísta, extremamente pessoal, e que quando bem sucedido o será em termos e breve; e logo em seguida, dadas as circunstancias que normalmente cercam esses projetos, os poucos que dele se beneficiaram buscam dele se desvencilhar; pular do barco antes que ele afunde. Até os descendentes de seu maior beneficiário tudo fará futuramente para negar-lhe o parentesco familiar. É nisso que dão os projetos pessoais; extremamente pessoais. Um mar de choro e ranger de dentes.
“O Zé é guerrilheiro” porque em nome de um projeto imensamente maior é capaz de dar-se ao sacrifício como todos os apóstolos de qualquer credo. Coisa que a imensa maioria, ou tem medo; ou quer dar uma de gato e viver limpo sem tomar banho.
Uma ideologia não pode sobreviver comandada por “especiais” preconceituosos, burocráticos, patrimonialistas – mesmo que no sentido de titulações acadêmicas; e muito menos por quem só enxerga vantagismo em tudo o que, obviamente, acaba por levar-lhe à torpe idéia da “farinha pouca; meu pirão primeiro”. Ideologia é coisa de homem – ou mulher – de espírito público, mesmo quem seja alguém invisível social ou politicamente. Gente que trabalha pela maioria; e não para bandos e muito menos e pior, apenas para si.
Nem todos têm a coragem de ser “o guerrilheiro”. É compreensível. Todavia, é necessário que quem assim não tiver condições de seguir; quem não estiver preparado para a guerra, que peça substituição. Ou pelo menos não plante bravatas. Não destrua os sonhos de quem ainda sonha sonhar.
O PT de Itabaiana têm tudo a ver com o Partidão, o Partido Comunista Brasileiro, a maior agremiação de socialistas de vitrine que o Ocidente conheceu. Basta lembrar o que é o PPS atual, herdeiro direto do velho Partidão.
O PT de Itabaiana começou como todo o PT do Brasil, sem uma definição de caminhos, porém com objetivo certo: tomar o poder pela via democrática e implantar um regime republicano onde o povo, do qual o próprio partido veio, tivesse vez e não apenas como sempre aconteceu onde as pessoas do povo, quando muito, eram promovidas a capitão-do-mato. Aqui, entretanto, o partido tem um grande vício de origem. Enquanto em quase todo o Brasil e especialmente em São Paulo - o núcleo – o partido foi uma feliz combinação de intelectuais e técnicos de alto nível (sem frescuras) com estudantes secundaristas e universitários, cimentados pela massa da turma do “Macacão azul”, o operariado, em Itabaiana, apenas uns poucos gatos pingados com parte intelectual e técnica (com muita frescura, inclusive) e estudantes. Faltou o povo. Caiu naquilo a que mais o grande Raymundo Faoro sempre advertiu contra: na democracia sem povo.
O resultado é que tem sido um constante exercício de vaidades em cima de tão pouco que, se a natureza do eleitorado itabaianense já é refratária a idéias realmente novas, aqui se torna pior ainda. Acreditar em quem?
E não me venha com cantilenas de que isso é discussão democrática. Discussão democrática intra-partidária se faz dentro do diretório, esteja ele reunido onde estiver. Não no meio da rua.
A quem interessar possa, o signatário aqui foi o primeiro presidente (pós
período provisório) do Diretório do Partido dos Trabalhadores em Itabaiana no
biênio 1982/1983.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Versos instigantes para acres dias

Quem perdeu
O trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo

Quem souber
Dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo

GUEDES, Beto. Canção do novo mundo

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Um típico caso de falta de importância.

Hoje pela manhã ouvi pela enésima vez no ano – de vários outros que o antecedeu – o carro de som passar anunciando mais um obituário.
É coisa de lugar de terceiro mundo e bota terceiro nisso, contudo, ao lado dos mausoléus suntuosos que se faz no mundo ibero-americano, e, sejamos justos em mais alguns do mundo mediterrâneo de onde herdamos quase todas as nossas tradições ditas civilizadas, é mais uma forma de demonstrar quem é o bom do pedaço; quem pode mais. Mesmo depois de morto.
É algo meio grotesco, às seis e às vezes até às cinco da manhã acordar um montão de gente que nada tem a ver com a “fama” do ilustre defunto. Todavia, é cultura; mesmo que não erudita ou das mais louváveis. Não adianta espernear.
O fato em si, entretanto, traz uma inquietante constatação para mim que de vez em quando ameaço entrar na área de publicidade: a de que as quatro emissoras de rádio da cidade de nada valem quando se quer anunciar pra valer qualquer coisa.
O obituário publicado surgiu nos jornais, naturalmente e, em Sergipe, ele foi passado para o rádio pela Rádio Cultura nos seus primeiros tempos, início da década de sessenta deste século próximo passado. Como a Rádio Princesa da Serra – a primeira inaugurada em Itabaiana – copiou em boa parte o estilo da Cultura ocorreu que já nos seus primeiros dias o obituário estava incorporado à sua programação extraordinária. Daí para o carro de som foi um pulo. O problema – das emissoras – é que, como apenas o carro de som se consolidou como veiculo exclusivo para esse tipo de evento, isso demonstra claramente que as pessoas não confiam no rádio como forma de fazer chegar mais longe e com eficiência o seu recado. E como fica a publicidade?
Alertai-vos, companheiros radialistas! A responsabilidade pelo sucesso ou insucesso é vossa.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Nada de novo sob o sol

A pesquisa da J Folha Pesquisas Ltda (veja aqui no blog de Edivanildo Santana) divulgada pelo ex-deputado Zé Milton de Zé de Dona é de uma obviedade estonteante. Como diria o velho Salomão lá na Judéia: “Não há nada de novo sob o sol”. A candidata Maria Mendonça continua na faixa dos vinte a trinta por cento; Luciano Bispo na faixa dos trinta a quarenta e os demais números, bem, como dito, dentro da obviedade.
Desde 1992 quando se tornou comum o uso de pesquisas de opinião por aqui – para os certames municipais – que esta tem sido a regra. Inclusive quando Luciano recuperou o fôlego em 2000 e quando seu candidato não o teve suficiente em 2004. Ou até mesmo quando o próprio Luciano disparou em 1996.
O problema na consolidação destes números é que sempre falta combinar com o povo na hora H. Esperava-se ao final da campanha em 2004 algo como um mínimo de 2.500 votos pra Zezinho Queiroz. Deu magros de 733. E pra onde foram os “votos de Zezinho”? Os “simpatizantes” da candidatura de Zezinho migraram, conforme suas consciências ou conveniências pra Maria e Carlinhos da Atlética.
Voltando um pouco no tempo, em 1992. José Queiroz – o pai – era imbatível. A emissora Rádio Princesa da Serra inteiramente em suas mãos, dinheiro, status de ex-deputado, apenas tirado da reeleição por manobra palaciana, etc. etc. Começou disparado na frente. Quando começou a cair, a atual prefeita, então candidata pela primeira vez viu a chance de um passeio. Tomaram de goleada. Ambos. Enfim, pra onde irão os alegados 7,1 de Zé Milton e os nada desprezíveis 28,8 por cento de indecisos? Ou seja, um em cada três eleitores de Itabaiana? Estamos falando de mais de vinte mil votos.
A rejeição alegada de 31,5 por cento de Maria também é perfeitamente normal. Anormal é que Luciano tenha menos de 25 por cento que á faixa histórica dos que nunca votaram, não votam e nunca votarão em Luciano (coisas de interior, mesmo).
Pode parecer surpreendente o fato de a Prefeita, com o poder na mão aparecer com menos de dois terços das intenções de voto de Luciano, todavia é preciso lembrar que não há medida alguma de quando da reeleição de Luciano para comparação, e, nas eleições vencidas por João de Zé de Dona – quando Queiroz foi desbancado para longínquo terceiro lugar – em meados de 1992, José Queiroz ainda era o favorito. E Queiroz era o favorito porque o então volumoso eleitorado contra os Teles de Mendonça não queria Maria; Luciano não era candidato e se houvesse a reeleição e ele tivesse então se candidatado teria sido derrotado. As máquinas (em vários sentidos) salvaram a liderança de Luciano.
A derrota em 2006 pode ser consolidada agora. A vitória, só na última semana.
Quanto aos 7,1 espontâneo pra Zé Milton... É muito, não?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A função social de FHC. E outros.

Excelente a matéria de Luiz Carlos Azenha (clique aqui para ler), publicada ontem, 15 de outubro em seu blog. Não há como não tecer de imediato uma relação com o que se abateu sobre Itabaiana depois da confirmação da onda de mudanças abortada em 1994 com o golpe político do Real, mas reiniciada vigorosamente em 2002 com a primeira eleição de Lula à Presidência da República.
No plano nacional a própria mídia grande, inteiramente anti-petista passou a reverberar o chavão “viúvas de FHC”, no sentido de identificar os afoitos e desesperados que perderam a boquinha com o fim do mandarinato tucano em Brasília. Aqui em Itabaiana, ao susto do mesmo 2002 somou-se a confirmação de 2004 e reafirmação de 2006. Pronto. Caiu um véu de fumo negro digno de comparação a mais tétrica das imagens do Apocalipse.
Desarticulou tudo. A auto-estima de muita gente foi ao fundo do poço. Coisa séria, mesmo.
O sentimento que ora se vê na nação, em Sergipe e mesmo em Itabaiana por parcela ponderável e influente da sociedade é preocupante, pois mostra claramente que mantemos a maldita tradição do excessivo apego ao cargo público, eletivo ou não, como forma de ganhar dinheiro. Em verdade, se este apego se desse entre os degraus intermediários da sociedade, tudo bem; mas o pior é que ele ocorre nas pontas do sistema, especialmente com ricos empresários. O Brasil é um dos poucos países grande do mundo em que rico concorre a eleição pra ficar ainda mais rico; pra ganhar dinheiro. O Bushinho e seus falcões devem ter-se espelhado em nós. O sinônimo dessa adesão interesseira ao extremo é sonegação, concussão, corrupção, roubo. Quero deixar bem claro que não tenho nada contra empresário entrar na política, especialmente do nível de riqueza do nosso empresariado itabaianense, todavia, é preciso que fique bem claro: não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo; e a política é um sacerdócio, apesar de insistentemente, e quase sempre na sua totalidade ser invadida por certos sacerdotes com odores sulfúreos. O empresário grande, pela própria natureza da sua posição social já é um governo ou peça dele.
Quando falo de tradição é que esta remonta as origens da chegada da civilização ao Brasil quando levas de funcionários, todos judeus e desterrados para cá, aproveitavam pra roubar o rei. Aliás, uma implacável forma de vingança.
Mas, voltando ao assunto chave, a perda de mordomias e às vezes até de colocações honestas – apesar de conseguidas na xepa – derrubou a auto-estima de muita gente e é aí que entra a necessidade da liderança. Do FHC local.
Faz algum tempo num grupo político de Itabaiana se discutia sobre as agruras por que o grupo então passava, quando um dos membros, de grande influência no mesmo fez a seguinte observação: “Nós já estamos como nossa vida arrumada, vamos cair fora e deixar essa droga (o termo foi outro) pra lá”. De imediato a liderança maior olhou para a dita liderança menor e indagou: “E como nos vamos olhar nos olhos de nossos amigos que nos acompanharam por todos esses anos?”. A solução imediatista, e egoísta do desabafante morreu ali.
Sempre há luz ao fim do túnel.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sobre feitiços e feiticeiros

Excelente a análise de Claudio Nunes, publicada em seu blog neste 10 de outubro e intitulada “Querem a chave do governo”.
Quando o feitiço é demasiado, pode virar bicho e engolir seu próprio dono.
É da natureza das coisas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Cotidiano da política.

Cotidiano I
Há algum tempo atrás um pequeno empresário resolveu entrar na política e comunicou a um fazendeiro de quem era parceiro em alguns negócios, fazia alguns anos. O fazendeiro, do tipo rústico; quase ranzinza foi na lata:
- Mas, oh fulano, tu já não tens tua vidinha que pediu a Deus? Que queres te metendo nesta pinóia de política? Política é coisa de homem safado!
O pretendente a cargo político, também, na lata:
- Fulano, hoje eu pago imposto no meu negócio. Quando eu estiver na política eu vou é receber.
Assim pensam noventa e nove por cento dos políticos brasileiros que entraram e permaneceram na política. Que o Estado é seu. Não para o bem administrar; mas para dele lambuzar-se despudoradamente.

Cotidiano II
Em 2004 esse escriba que aqui assenta essa lauda resolveu pela primeira vez dar entrada num registro de candidatura própria, desta feita para vereador aqui em Itabaiana. Alguns amigos, sabiamente duvidaram daquilo que eu nunca duvidei, ou seja, eu não teria voto suficiente. Outros, por bondade me animaram, inverteram a situação dando-me tapinhas nas costas, mas, enfim o que ninguém entendeu é que eu tinha um trabalho de formiguinha pra fazer e que somente poderia fazê-lo sem tanta estranheza casando-o com algo típico de quem anda de déo em déo (anda meio esquecida, essa expressão, né?). Pois bem, lá fui eu e meus panfletinhos de pobre a espalhá-los pela cidade. Dezoito mil, ao todo. Piadas o tempo inteiro. E eu ria. Como disse foi trabalho de formiguinha que ainda está fermentando, quase quatro anos depois.
Numa certa tarde vou passando em frente a uma casa, obviamente numa via itabaianense e lá estava deitado na calçada um moço de seus trinta anos, no máximo. À minha abordagem ele foi logo armando o bote de eleitor pra cima de mim, todavia, com toda a sinceridade do mundo, deu muito bem pra perceber. E veio a pergunta:
-Vereador ganha muito bem, né?
Respondi que sim, era um bom salário diante das exíguas horas dedicadas à vereação que não pode ser confundida com o tempo total dedicado aos conchavos políticos, imensamente maior.
- E quer ver ganhar é quando vai votar no projeto do Prefeito, né?
Eu entendi perfeitamente, mas fiz de conta que não:
- Como assim?
E ele candidamente, apenas com uma pontinha de inveja:
- Quando o prefeito quer uma Lei, o vereador não ganha pra votar nela?
Caiu a ficha porque não há voto sem pedido de contrapartida imediata pelo eleitor para si ou familiar, que vai desde a promessa de emprego, passando pela “doação” de bens como cimento, tijolo, colchões, caixões de defuntos; até chegar ao dinheiro vivo.

Cotidiano III
Os dois principais candidatos a vice-prefeito de Itabaiana nesta próxima eleição seguirão à risca o formato criado desde que o saudoso “Primo” Derivaldo Queiroz Correia foi eleito como o primeiro vice-prefeito da história de Itabaiana em 1966 (antes não existia a figura do vice-prefeito). Ou seja, quem tiver dinheiro pra “investir” no emprego de vice-prefeito, será convidado. Se bem acompanhado, obviamente, será o vice-prefeito eleito. Cargo ótimo pra representar o titular naquelas solenidades inconvenientes ao mesmo.
Se tiver sorte receberá o salário em dia durante os quatros anos sem necessidade de brigas e processos judiciais.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Resultado duvidoso

Leio meio incrédulo que houve uma certa corrida de aliados do ex-prefeito Luciano Bispo para no apagar das luzes do prazo de filiação entrarem no PSDB, o partido dos tucanos. A minha incredulidade vem do fato de que é exatamente a alta esperteza que tem norteado a vida das lideranças políticas de Itabaiana em toda a sua história. Esperteza às vezes tão grande que acabou por atrasar a evolução do município numa confirmação de que, quando o feitiço é demais vira bicho e engole o próprio dono, ou criador.
O PSDB, apesar da hiper-blindagem do alto conservadorismo nacional expresso despudoradamente na Justiça, na mídia grande e em boa parte das confrarias profissionais, inclusive empresariais está em frangalhos; anda em baixa e, com certeza não será o grande partido de direita assumida e sem vergonha de se assumir como tal que brilhará no teatro nacional em tempos próximos futuros.
O PSDB foi criado aparentemente de centro esquerda e com a finalidade de ofuscar o brilho de novidade do PT; de tomar-lhe o discurso. Sua reprogramação para partido de direita o faz agora necessitado de uma urgente reengenharia, talvez uma refundação. Tornar-se um partido nacional de fato e não uma mera repetição do PRP – Partido Republicano Paulista da República Velha. No mínimo que venha a ser como o sucessor do PRP, a UDN. Porém, como o partido foi gerado para São Paulo impor-se ao resto do país é quase impossível que os doutores da USP e da FIESP queiram dividir poder com os pés raspados dos demais Estados da Federação.
Pois é exatamente nesse partido que ainda tem gente apostando por aqui. Sei não!

domingo, 23 de setembro de 2007

A companheira socialista Maria Mendonça

A coisa mais certa é que, ao sair do PSDB, a prefeita Maria Mendonça ingressaria num partido da base aliada do governo do Estado e do presidente da República. A questão era: que partido? Ora, modestamente, eu já sabia. O PSB. E porque o PSB? Além de um partido da base aliada – de primeira hora, frise-se - dos governos petistas no Estado e na União, o PSB tem três peculiaridades que favorece Maria quais seja o fato de ser um partido nanico em Itabaiana com alguns gatos pingados cheios de fé e vazios de votos – e de bolso - como o signatário que vós deita esta lauda; tem apenas Valadares como estrela no Estado já que os demais são do porte da Prefeita ou até inferiores em densidade de votos; e é o partido de Valadares, político simondiense, das Matas do Caiçá - como diria Sebrão Sobrinho, de boa cepa ceboleira antiga - com larga tradição de amizade com a família Teles de Mendonça. Em 1970 o jovem deputado foi o quarto mais votado no Estado com 5873 votos e boa parte destes foram transferidos a partir de Itabaiana sob a liderança de Francisco Teles de Mendonça que estava impedido de candidatar-se. Além de não poder candidatar-se, nenhum dos seus filhos tinha dezoito anos razão pela qual foi também impedido de apresentar algum deles como o faria quatro anos depois, em 1974 com José Teles de Mendonça. Em 1974 Chico apoiou o ex-governador Luiz Garcia para deputado federal que obteve 3.546 votos, 40 por cento dos votos para o cargo em Itabaiana. Valadares só conseguiu 12 votos para deputado estadual, porém, em 1978, o apoio de Chico rendeu a Valadares 5.450 votos, agora pra deputado federal, ou seja, cinqüenta por cento dos votos do município para o cargo.
Nos acordos palacianos Valadares assumiu a Secretaria de Estado de Educação e logo, a força dos Teles de Mendonça que já era enorme ficou ainda maior com toda a Educação sob o comando da família.

O hiato no relacionamento
A história só mudaria a partir de 1984.
Por um capricho da política houve um momento dificílimo no relacionamento entre Valadares e a família Teles de Mendonça. Deu-se quando o mesmo foi candidato ao governo do Estado em 1986, apoiado pelo então governador João Alves Filho, rompido com Chico desde 1984 e tendo este apoiado José Carlos Teixeira. Curiosamente, apesar de ser o governo de alguém tão ligado sob o ponto de vista pessoal, foi no governo de Valadares onde mais as portas se fecharam para a família Teles de Mendonça. Explica-se tal atitude de Valadares por ter sido ele um governador imprensado por um ex-governador que logo viraria ministro do Interior, um cargo vital para Sergipe; pela Assembléia Legislativa majoritariamente alvista e sob o comando de José Carlos Machado; e pela própria conjuntura onde depois da derrota de José Teles frente a Luciano Bispo em 1988 pareceu que seria ali o ocaso político da família Teles de Mendonça.

O reatamento

Porém, antes mesmo que saísse do governo Valadares costurou o acordão envolvendo Albano Franco e João Alves e todos os pesos pesados da política interiorana, inclusive pondo num mesmo saco o balaio de gatos chiquista e lucianista daqui de Itabaiana. Conseguiu algo inédito: inaugurar o Mercadão que leva seu nome em 1990 com a presença em palanque de José Teles e Luciano Bispo. Obviamente que ter também a presença do patriarca Francisco Teles de Mendonça já seria querer demais. Chico não apareceu lá.
Sob o ponto de vista do relacionamento pessoal, apenas no período de dificuldades políticas maiores ele ficou morno; nunca esfriado. Logo, seria de esperar a atitude da Prefeita, especialmente quando se sabe que a família não costuma atirar com a pólvora alheia. Fazer acordos com os irmãos Amorim, tudo bem. Mas é só isso. Os irmãos até poderão se apoderar de parte ou do todo do espólio eleitoral que é anterior ao próprio Chico. Mas, além de esperar muito vão ter que trilhar longo caminho.
Bem, enfim, saudações socialistas, Prefeita. Não sei se lhe interessa - e ao Senador - a minha permanência no partido, mas, por enquanto estamos(?) no mesmo barco.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

O tamanho da encrenca

O ano de 2008 se aproxima e por toda parte vê-se sôfregos pretendentes à cadeiras das 75 viúvas municipais. Um levantamento da situação que serve de aviso aos navegantes: nem tudo são flores nesse reino da fantasia. Fomos buscar no Tesouro Nacional os balancetes de cada município referentes a 2006 e eis aqui o que conseguimos:

MUNICIPIO.........População..Rec Orçament...Média/mês..Ranking/Est

Amp. de S. Francisco....2.397......4.860.237,78.......168,97.....4°

Aquidabã....................19.873.....16.087.281,30........67,46....42°

Aracaju....................505.286....503.448.431,82........83,03....22°

Arauá.........................11.061......9.964.510,85........75,07....31°

Areia Branca...............17.989.....14.229.562,67........65,92....47°

Barra dos Coqueiros.....21.562.....20.877.668,08........80,69....24°

Boquim......................25.055.....17.437.076,53........57,99....57°

Brejo Grande................7.398......8.207.850,70........92,45....18°

Campo do Brito..........16.472.....11.824.231,71........59,82....53°

Canhoba ....................4.040......5.337.598,00.......110,10....14°

C. de São Francisco.....22.396.....51.402.103,99.......191,26.....3°

Capela........................27.562.....23.903.587,19........72,27....35°

Carira........................19.508.....15.527.662,26........66,33....43°

Carmópolis................11.252.....40.211.311,46.......297,81.....1°

Cedro de São João........5.567......5.493.907,06........82,24....23°

Cristinápolis...............16.734.....10.649.582,00........53,03....62°

Cumbe........................3.883......4.693.244,15.......100,72....15°

Estância.....................62.796.....56.394.336,00........74,84....32°

Feira Nova....................5.549......5.590.209,00........83,95....21°

Frei Paulo...................13.226......9.121.232,22........57,47....58°

Gararu..........................12.027......9.005.575,07........62,40....49°

General Maynard...........2.586......4.573.459,85.......147,38.....6°

Ilha das Flores...............9.135......7.599.076,02........69,32....40°

Indiaroba....................14.294.....13.599.253,42........79,28....26°

Itabaiana....................85.664.....45.520.110,06........44,28....66°

Itabi..............................5.425......5.541.645,03........85,12....20°

Itaporanga d'Ajuda......29.294.....25.842.030,00........73,51....33°

Japaratuba..................15.703.....31.005.126,18.......164,54.....5°

Japoatã........................14.846.....10.930.709,36........61,35....51°

Laranjeiras.................26.972.....45.359.532,33.......140,14.....8°

Macambira......................6.418......5.895.036,38........76,54....28°

Malhada dos Bois............3.694......5.083.503,22.......114,68....12°

Malhador......................12.589......8.361.221,71........55,35....59°

Maruim........................16.024.....14.464.542,00........75,22....30°

Moita Bonita..................11.886......9.446.328,23........66,23....44°

Mte Alegre....................13.064.....10.972.769,60........69,99....37°

Muribeca.........................7.411......6.486.872,91........72,94....34°

Neópolis.......................20.823.....14.719.003,80........58,90....54°

Nossa S. Aparecida...........8.054......7.653.736,66........79,19....27°

Nossa S. da Glória.........29.447.....19.233.708,53........54,43....60°

Nossa S. das Dores......24.109.....17.013.179,41........58,81....55°

Nossa S. de Lourdes........7.024......5.967.325,49........70,79....36°

Nossa S. do Socorro....179.060.....80.519.982,18........37,47....67°

Pacatuba......................11.563.....12.937.080,46........93,23....17°

Pedra Mole.....................2.989......4.791.716,69.......133,59....10°

Pedrinhas.......................8.389......8.835.323,06........87,77....19°

Pinhão............................5.846......5.565.981,73........79,34....25°

Poço Redondo...............30.358.....21.351.717,22........58,61....56°

Poço Verde....................21.678.....18.111.113,87........69,62....39°

Porto da Folha................27.281.....19.789.384,15........60,45....52°

Propriá..........................29.081.....16.332.552,76........46,80....65°

Riachão do Dantas...... .20.835.....16.358.239,27........65,43....48°

Riachuelo........................8.918.....10.375.703,00........96,95....16°

Ribeirópolis..................16.479.....12.337.509,14........62,39....50°

Rosário do Catete............8.183.....25.933.110,00.......264,09.....2°

Salgado........................20.472.....13.305.408,86........54,16....61°

Sta Luzia do Itanhy .......15.336.....12.135.267,93........65,94....47°

Sta Rosa de Lima............3.766......5.142.704,00.......113,80....13°

S. do São Francisco..........6.357......5.773.663,87........75,69....29°

Sto Amaro das Brotas....10.704......8.507.459,24........66,23....45°

São Cristóvão..............77.278.....32.532.362,06........35,08....68°

São Domingos...............10.375......8.509.675,81........68,35....41°

São Francisco................2.761......4.833.236,04.......145,88.....7°

São Miguel do Aleixo......3.680......5.375.027,56.......121,71....11°

Simão Dias..................40.225.....22.728.624,00........47,09....63°

Telha............................2.958......4.743.046,03.......133,62.....9°

Tobias Barreto............47.307.....26.682.978,39........47,00....64°

Tomar do Geru...........13.994.....11.750.861,99........69,97....38°

(Descupem a sinuosidade da tabela. O blog não me dá condições de melhorá-la como num site comum)


Ficaram de fora desta relação do Tesouro Nacional os municípios de Divina Pastora, Gracho Cardoso, Lagarto, Pirambu, Siriri, Umbaúba. Fatos dessa natureza ocorre quando no momento do fechamento geral o município em questão se acha em débito com as informações, geralmente passadas à STN - Secretaria do Tesouro Nacional, até o mês de abril subseqüente ao fechamento da Execução Orçamentária anterior.

Itabaiana entre os três piores e Pedra Mole entre os dez melhores.
Mesmo não aparecendo o nome e consequentemente os dados de seis dos setenta e cinco municípios sergipanos nesta lista, entretanto, valores esparsos consultados apontam para uma imobilidade na tabela entre os últimos colocados; e pouca mudança entre os dez primeiros colocados. Neste caso, a entrada de municípios de forte arrecadação como Divina Pastora, Pirambu e Siriri, pode retirar de Pedra Mole a posição de décima melhor arrecadação municipal do Estado. No segundo, no qual se inclui Itabaiana, apenas uma correção nas expectativas populacionais de acordo com os números reais do IBGE reem fechados pode mover de lugar o município de Nossa Senhora do Socorro e aí Itabaiana passaria para o penúltimo lugar já que com certeza os números de Gracho Cardoso e Umbaúba são melhores que os de Itabaiana e até mesmo o de Lagarto, numa prévia, uma arrecadação algo em torno de 49 reais por habitante ao mês.

Carmópolis e Rosário do Catete: arrecadação de cidade alemã.
Pouco mais de cinqüenta municípios brasileiros tem arrecadação per capita melhor do que Carmópolis e Rosário do Catete. Dentre elas, São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo, IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano municipal de padrão europeu há pelo menos dez anos. E Rosário, alguém poderia responder?

A tragédia canindeense.
Um dos piores IDH-M do Estado, Canindé do São Francisco é o segundo município que mais arrecada no total e terceiro no proporcional, não perdeu o ar de lugarejo esquecido por Deus. Apesar da intensa irrigação monetária e do primeiro PIB municipal do Estado – quase o dobro de Aracaju – o município é uma penúria só. Arrecadação de Joinville (SC); PIB de Campinas (SP) e padrão de vida compatível aos piores municípios do Brasil.

Obs. A população aqui referida é a previsão para 2006 pelo IBGE e não a real, constatada no último censo que ora se fecha.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Terras do Rio de São Francisco do Sertão de Baixo

Tópico na coluna de Cláudio Nunes desse dia 17, no portal Infonet traz à tona um problema trissecular e aponta para um fato interessante: enterraram um sapo no Baixo São Francisco, ao menos no que diz respeito ao convívio da Igreja Católica com proprietários locais. Desta feita há ameaças ao padre Isaías e mesmo ao bispo da Diocese de Propriá, D. Mario Rino Sivieri, todavia, essa história é antiga e os que se acharam sob o cetro de D. José Brandão de Castro tiveram muitas dificuldades, especialmente em 1982 quando em Ilha das Flores o padre foi posto a correr.
Mas, recuando um pouco mais vamos chegar em 20 de novembro de 1711, com as primeiras confusões, desta feita em Neópolis, então um simples povoado, e que forçou ao governo geral enviar tropas para sufocar levante na região. A igreja, como sempre ocorria naqueles tempos chegou bem cedo à povoação
(Carta que se escreueo ao Vigr° de Seregipe del Rey Ant° de Souza de Brum, sobre
o leuantam.to dos moradores da Villa noua do Ryo Sam Franc°. Da mesma data.

Anais BN-Rio, Vol. 10, p.86).
Em 24 de fevereiro de 1754, a Câmara Municipal
“da Villa Nova Real del Rey do Rio de S. Francisco”,
faz representação contra o Padre Joaquim Marques de Oliveira. A confusão rolou por mais de quatro anos. Somente quando veio o reforço militar e as negativas das cortes de Lisboa sobre a pretendida remoção do padre é que os ânimos se acalmaram. Em 1757, fruto dos tempos da organização administrativa de Pombal, em artigo escrito para a Real Academia de Lisboa o padre deu a primeira descrição minuciosa da região, inclusive da instabilidade das terras na boca do São Francisco onde fica o famoso povoado Cabeço.
Em 05 de outubro de 1761 o desembargador Joaquim José de Andrade oficia
"ao governo interino da Bahia, informando ácerca da syndicância a que procedera
sobre o procedimento dos Padres Barbadinhos italianos que tinham estado nas
Missões junto ao Rio de S. Francisco",
dentre as quais Pacatuba e Ilha de São Pedro (Japoatã era então dos jesuítas). As mesmas confusões de terras atuais.
Em setembro de 1788, segundo ofício do arcebispo D. Antonio Corrêa, de 09 daquele mês, a tragédia se confirma: foi assassinado
"o Padre Luiz Coelho de Almeida, Vigário encommendado da freguezia de Santo
Antonio da Villa do Rio de São Francisco"
(do Urubu de Baixo, ou seja, Propriá). A freguezia era a segunda do município de Neópolis.
Em 1792, uma representação de Antonio Gomes Ferrão Castelbranco que se apresentou como
“Fidalgo cavalleiro, na qual pede que sejam cassados os autos de medição e
repartição de umas terras pertencentes ao morgado instituido por seu avô o
mestre de campo Pedro Gomes (...)e dadas as necessarias providencias para o
supplicante no ser inquietado pelos mesmos Índios e pelo seu missionario Fr.
Isidoro Vignale, religioso italiano Barbadinho.”
Ou seja: mais uma vez o problema da terra.
Deixemos as confusões de desde então em banho-maria, já que foram muitas e dá um livro de no mínimo 600 páginas.

domingo, 16 de setembro de 2007

A tragédia do desperdício.

Dos R$ 971.066.007,00 autorizados no OGU – Orçamento Geral da União, ano 2007, para Sergipe, R$ 290.216.677,00, estão dentro dos programas que dependem diretamente dos administradores públicos estaduais e municipais para sua execução. São os programas fora das chamadas Transferências Constitucionais, que são aquelas em que o administrador local presta contas, todavia, é obrigatório o seu envio pelo governo federal. No caso dos 290 milhões, estes se situam dentro das Transferências voluntárias e é por isso que dependem quase que exclusivamente dos administradores locais, pois, se os mesmos não forem buscar, o dinheiro não virá.
Dentro desse valor – o das Transferências Voluntárias - estão, por exemplo, as verbas para pavimentação de ruas, para esgoto, para construção de casas de alvenaria no lugar de casas de taipa, enfim, de obras em geral além de atividades como estímulo à cultura, ao esporte e ao lazer.
O detalhe é que dos ditos 290 milhões, até o dia 10 de julho haviam sido empenhados – o que não significam ainda, liberados – apenas R$ 31.384.992,00, ou seja, em pleno sétimo mês do ano menos de onze por cento haviam sido procurados por quem de direito; os prefeitos municipais. Se esse fosse um fenômeno referente apenas ao ano de 2007 poderia ser considerado apenas um caso especial. Torna ainda mais desanimador quando nos debruçamos nas execuções orçamentárias dos últimos dez anos e vê-se que essa é a regra. Ou seja, todo o ano sobra mais de cinqüenta por cento dos recursos que poderiam ser bem utilizados para a melhoria a vida do povo.

Escorrendo pelo ralo.

Num mundo onde há a necessidade de investimentos no chamado setor de serviços, o turismo, uma fonte de riqueza importantíssima para todo o Estado de Sergipe só tinha recebido até a data de dez de julho pedidos de 400 mil reais no Programa de código 1166 - Turismo no Brasil: Uma Viagem para Todos. Dos 24 milhões empenhados, isso dá 1,66 por cento do disponível para o ano todo. Destes, 395 mil reais para a Prefeitura de Itabaiana.(*).
No Programa 1250 (Esporte e Lazer da Cidade), dormiam até o dia 10 de julho em berço esplêndido todos os R$ 5.570.000, alocados para Sergipe. Esse pode ser o tamanho do desperdício da força e garra de nossa juventude em 2007. Nos demais anos não têm sido diferente. O mesmo ocorria com o Programa 9991 (Habitação de Interesse Social) com empenhos de sete milhões e meio de reais. Quantas casas de taipa dariam para substituir por construção de tijolo e reboco com esse dinheiro?
O abastecimento, com o Programa 515 (Proágua Infra-estrutura) teve 59 milhões em empenhos, mas até a data consultada não havia saído um centavo, mesmo com tantos povoados e até periferias de cidades necessitando de expansão na distribuição de água potável.
Há uma montanha de povoados em Sergipe que já comportam um trabalho sério de melhoria na vida de seu povo, mas o Programa 1128 (Urbanização, Regularização Fundiária e Integração) do qual pode ser extraído dinheiro para, por exemplo, pavimentação nos povoados continuou sem uso dos seus quase 23 milhões de reais previstos para ser gastos em Sergipe.
O pior é que por falta de conhecimento técnico, falta de interesse ou mesmo preguiça, milhões também deixa de vir nos programas de execução automática, como saúde e educação, já que estes, apesar de como dito, serem automáticos, carecem de boletins precisos e constantes no acompanhamento. Ou seja, se não mandar o relatório direitinho o dinheiro não sai. Ou sai pela metade. Uma olhadela grosseira aponta para desperdício de no mínimo dez por cento nos quase 600 milhões desse tipo de verba previstos para esse ano.


(*) No dia 06 foram acrescentados do Ministério do Turismo mais 135 mil reais nos valores pedidos pela Prefeitura Municipal de Itabaiana. O valor não aparece aqui no principal por ter o SIAFI fechado o sistema em que fizemos a pesquisa (programa) dando como data limite o dia 10 de julho, mas com dados anteriores. Pessoalmente ainda não atualizei, mas os valores recentes podem ser encontrados na página da CGU (geral) ou aqui (para o caso específico de Itabaiana).

Pra ler mais:

cofre cheio
Correio Braziliense (para assinantes)
Obs.: A composição da gravura é meramente ilustrativa e composta de paisagens urbanisadas brasileiras, não necessariamente de Itabaiana ou mesmo de Sergipe, porém comum a todo o Brasil.