quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Bons ventos sobre a Igreja Velha.

Por volta de 1620, curraleiros – criadores de gado arrendatários – construíram a Igreja Velha. Eram tempos complicados, aqueles. A Inquisição acabara de passar por Sergipe, e em particular por Itabaiana, levando muitos cristãos-novos que haviam fugido para cá, das fogueiras em Espanha e Portugal; e ainda mais, o arrogante Império Espanhol que havia engolido o império português, quarenta anos antes, nem estava aí pros destinos dos colonos aportados no Brasil, exceto os endinheirados e acusados de heresia, para os queimar, e, obviamente, tomar-lhes o que tinham. Para se construir e oficializar uma igreja, seja capela ou basílica, até o advento da República em 1889, era preciso o aval do Papa, através do Bispo; e do Rei através de seu preposto. Os curraleiros construíram a Igreja Velha e já foram trombando com o padre de São Cristóvão de Sergipe d’El-Rey, então único em todo o Sergipe. Péssimo sinal. Como resultado, a Igreja Velha nunca foi reconhecida pela Igreja Católica, em que pese ter sido usada por esta, até pelo menos a construção da atual matriz de Santo Antônio e Almas onde hoje se encontra, origem da cidade de Itabaiana. 
A Igreja Velha, registrada pelos holandeses que chegaram a Itabaiana em 1637, resistiu ao tempo e hoje o que resta são apenas ruínas de suas paredes. Mas existe. Único testemunho de uma era na colonização brasileira, o chamado Ciclo do Gado. Depois dela, o símbolo mais antigo dessa era, é o forte dos Ávila, no litoral norte baiano, este, porém, de depois de 1705, quase um século depois da Igreja Velha.
Hoje, 17 de outubro, pela noite, antes do início da solenidade de instalação da II Bienal do Livro 2013, nos corredores da Câmara Municipal de Itabaiana, onde ocorreu o evento, tive o prazer de conversar com o prefeito municipal, Sr. Valmir dos Santos Costa, que me notificou já haver indenizado o dono do terreno onde está assentada a Igreja Velha, sendo o terreno, desde já, e, portanto, as ruínas, propriedade do Município. Ao menos esta parte está pronta. Mas não pode parar por aí. É preciso que o processo de tombamento pelo Patrimônio Histórico da União, seja através do IPHAN, seja através de outra instituição, avance; e que as agências governamentais que trabalham neste sentido agilizem este processo para que efetivemos essa relíquia nacional, como tal. De qualquer forma, mais longe já estivemos. E vamos em frente!