sábado, 4 de outubro de 2008

Cálice

Esse silêncio todo me atordoa,
atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá qualquer momento,
ver emergir o monstro da lagoa

Chico Buarque/Gilberto Gil. In Cálice.


São 23 horas da sexta-feira que antecede ao sábado, véspera de eleição. A barulheira infernal que se fez até ontem, hoje, pelo menos amainou e a calma voltou à cidade. Enquanto isso, o silêncio profundo é cortado por carros apressados, alguns com apenas duas pessoas, que trafegam pelas ruas como foguetes como se a levar mensagens a agonizantes. Nalgumas casas pessoas recebem mensagens. Talvez uma saudosa lembranças dos tempos de chumbo do AI-5. E as mensagens continuam. E elas continuarão, a despeito da “vigilância” que sempre “cuida do normal”, elas continuarão. Até que se venha a parir mais um monstro pelos próximos quatro anos.
Pai, afasta de mim esse cálice. Mas que seja feita a tua , e não a minha vontade.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Será que a tempo?

Não sei se buscando reinserir-se no cenário nacional (já que anda muito ocupado com minimalismos de coronéis da política interiorana); ou por outro motivo como o de realmente promover o refinamento cultural no Estado, mas está posto que o governador Marcelo Déda prestigiou o lançamento do filme “Orquestra de meninos” no Cinemark do Shopping Jardins, na Capital, ontem, 29 (mais aqui). O press-release do governo, contudo, não fala se o ora governador imitou o líder estudantil de 1981 que costumava deixar plantados por horas os compnaheiros de fundação de um certo partido chamado de PT, à sua espera para começar a projeção de filmes (proibidos pela censura) sobre lutas de trabalhadores e outras subversões. Como certa vez, na sede do partido, no Cine Palace. Quase perdi o ônibus de retorno pra Itabaiana por causa de seus clássicos atrasos. Bons tempos aqueles que eram de sonhos!

domingo, 28 de setembro de 2008

Licença pra badernar.

Hoje você é quem manda /falou tá falado não tem discussão, não./ A minha gente
hoje anda/ falando de lado e olhando pro chão, viu!

HOLANDA, Francisco Buarque de. Apesar de você.


Em lugar de gente no comando sequer isso ocorreria. Ocorre que aqui tem “espertos”, gente “sabida”, e aí, se alguém importante se sentir incomodado e reclamar – e pegar mal - um lado aponta o dedo pro outro; as torcidas virão em providencial socorro e, tudo bem.
Eu gostaria de saber quantos votos a mais é somado a qualquer dos dois candidatos a cada tiro dado por estas descargas infernais que a molecada põe nas motocicletas em dias de comício (badernaço?). E não me venham os senhores candidatos majoritários e seus prepostos com essa de que não têm nada a ver com a baderna instalada em certos dias de campanha por aqui. Lei? Loi, c’est moi! Aqui “a Lei não vale”, já foi dito. Aí, ao belíssimo espetáculo em que se transforma a cidade engalanada, repleta de bandeiras que mais parece um Fla-Flu (mesmo que sugira certa breguice), soma-se a deprimente zoeira infernal de escapamentos de motos, buzinas, motores turbinados, cornetas, mini-trios ensurdecedores... o diabo. Aliás, não já bastam estes e sua já ensurdecedora barulheira. A polícia? Ah, a polícia. Está interessada em outros afazeres desde os “mais nobres” como garantir carretas e passeatas – com todo o barulho acima descrito – a outros nem tanto.
Itabaiana é assim mesmo. Dizem.