sábado, 12 de abril de 2008

Mais do mesmo

Que a política de Itabaiana se tornou uma mesmice mais que entediante nos últimos dez anos, disso ninguém tem dúvida. É sempre mais do mesmo. Todavia, a turma de Luciano Bispo resolveu ser mais eficiente no mesmismo. Até a musiquinha da campanha fracassada de Carlinhos da Atlética em 2004 já voltou com toda a força. É um tal de baba-zum-baba que vai chatear assim na casa dos quintos. É, como diz um amigo meu: “morro teso , mas não perco a elegância”. Assim parece estar a dita turma: morre tesa mas não perde a arrogância.

Espetaculoso

Aproximadamente trinta policiais por volta das dez e trinta da manhã deste sábado, portando armamento médio, em cinco caminhonetões estavam a prender uma motocicleta tipo Bizz na feira das trocas ao lado do Estádio Presidente Médici. Não vi, nem perguntei se prendeu o “inocente” portador do objeto.
Eis pra que servem os mais de cem reais que pago ao governo do Estado só nas contas de água, luz e telefone – aquelas que não têm como sonegar.
Enquanto isso ninguém pode se arriscar a esquecer a porta aberta e pistoleiros continuam à solta. Inclusive aquele, ou aqueles, que previsivelmente mataria o paciente no Hospital Regional Dr. Pedro Garcia Moreno Filho, depois de já ter atentado contra vida do infeliz. Só a briosa Policia Civil não sabia disso e deixou-o, e ao hospital, à mercê dos “justiceiros”.
Sobre o inquérito de Tonho Cabaré é melhor lembrar uma observação dita pelo então senador paraibano Humberto Lucena em entrevista ao jornalista Heródoto Barbeiro na TV Cultura de São Paulo à época do processo que expulsou Fernando Collor da Presidência da República. A de que “parecia que o homem foi uma miragem; nunca sequer morou na cidade”. Referia-se ele aos trabalhos da CPI da Câmara em Itabaiana – a pior que disse ter participado - em agosto de 1963, para apurar a morte do deputado federal Euclides Paes Mendonça. Ninguém disse nada aqui que fosse relevante ao processo; e a CPI encerrou-se por falta de dados, e naturalmente de provas. Aqui “as justiças se não fazem” como já constatava o ouvidor-mor Magalhães Paços em 1799.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

E se...?

A dengue anda a mil. Disso ninguém tem mais dúvida. Uma olhadela por aí nos meus arquivos e recobrei um assunto (ver aqui também) que havia esquecido lá no fundo do baú: a resistência do transmissor da dengue, o mosquito aedes aegypti, especialmente o de Itabaiana. O estudo – infelizmente em inglês e não tive tempo pra traduzir – publicado, entre outros, pela Organização Mundial de Saúde, feito por esse pessoal da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP) mostra que em matéria de resistência aos venenos nosso mosquito está um pouquinho acima da média pesquisada. Esses levantamentos de campo vêm desde 1999. A pesquisa não explica o interstício de tempo exato, entretanto, como me lembro de ter lido esse artigo há pelo menos cinco anos, com certeza de lá pra cá muito mais veneno foi jogado ao léu por aqui o que quer dizer que o nível de resistência do mosquito pode ter aumentado bastante, especialmente em relação aos venenos então mais eficazes.
Um dado na pesquisa chama a atenção: o malathion. Os pesquisadores não se referiram a esse aspecto, porém, como bom itabaianense acostumado a ver e ouvir sobre uso excessivo de venenos em verduras e hortaliças arriscaria que parte dessa resistência nasceu exatamente daí. O malathion é usado e abusado de várias formas por aqui desde início da década de 70.
Isso serve de aviso aos adeptos das soluções “arrasa quarteirão” prometidas ou sugeridas pelo uso do carro “fumacê”, de que não basta envenenar o ambiente.
Disso também se conclui que é inquietante a noção de que talvez estejamos nos envenenando de graça, pondo cérebro, baço, fígado e todo o organismo à mercê de toda a sorte de perigos, dentre eles o câncer, enquanto o mosquito ri da nossa cara.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Isso não vai dar certo!

Fica parecendo que a República Velha se reinstalou novamente em Itabaiana. Só não cabe o instituto da eleição bico-de-pena da época porque no resto do país em que Itabaiana está contida a Justiça Eleitoral, mesmo com juízes que adoram ser pop stars na mídia, é inquestionavelmente melhor do que nos tempos de Sebrão e Itajaí com o livro eleitoral debaixo do braço - sob as bençãos dos juizes Nobre de Lacerda ou Cupertino Dórea - a manipular a permanência no poder pelo poder. Como ocorre atualmente com a maioria das associações de caráter privado.
Bem, mas voltando ao básico, nas duas últimas semanas foi dado o tom - preocupante porque de baixaria - da campanha por aqui neste 2008.
Da parte do ex-prefeito, candidato ao retorno, resolveu este pegar carona na desgraça que se abateu contra Tonho Cabaré e insinuar ali um crime político onde, claro, seus partidários tendem a apontar na prefeita o foco preferido. Isso não vai dar certo. Em 1976 foi tentado algo assim com fato bem mais concreto do ponto de vista de responsabilidades. Eleitoralmente foi um desastre pra quem tripudiou e achou que comoveria o eleitorado com esse tipo de coisa.
Da parte de considerável parte dos partidários da prefeita, vê-se um esforço tremendo em tachar Luciano de ladrão fazendo-se uso de fatos com certa perspectiva concreta, entretanto, ainda carecendo de julgamento; e até de factóides pela própria natureza, ou por ser de dificílima comprovação. Isso também não vai dar certo. Mesmo que consiga algum sucesso, um único caso de suspeita levantada contra a administração da prefeita jogará tudo por terra. E o que não falta às administrações levadas a cabo por tanta gente diferente é coisa fora de lugar. Até mesmo por imperícia. Logo, é melhor não atirar pedra no telhado alheio.
Crimes, se os há se apura e se pune. Fazer campanha política focando em cima disso, aponta o histórico de várias eleições é chover no molhado. No imaginário popular todo político é ladrão. Mesmo que diante de uma pesquisa de opinião haja a tendência de isolar o seu político do político do outro, porém, em geral, esse é o que corre no imaginário popular. Acusar um político de ladrão, portanto, só tem valor real quando o mesmo já for rolete chupado. Tiver perdido o poder sem possibilidade de reavê-lo. E tiver sido condenado. Mesmo assim ainda corre-se o risco de transformá-lo em vítima.
A exacerbação de tal linguagem somente faz aumentar ou surgir os ódios enquanto que as verdadeiras questões que realmente interessam à sociedade vão pros quintos. É a linguagem de quem nada de realmente bom tem a prometer. De quem quer fugir de compromissos futuros. Ou de cobranças.
No caso em particular, vira uma disputa sobre quem é o menos pior.

Resumo lamentável.

“Tudo que se quis, se fez; e o que se não fez foi porque se não quis.” Alguém cravou essa frase que li ainda na minha adolescência e da qual nunca me esqueci.
Ouvindo um dos vários programas de radio-jornalismo local neste 09 de abril pela manhã confirmei mais uma vez tal assertiva.
O locutor comandante do programa a exaltar a forma violenta com que houve o desfecho do famoso caso Pepita onde o adolescente foi vitimado pela mesma violência de que provavelmente fora vítima durante toda a vida e morreu pela mesma. O mesmo a verberar contra a atitude de um procurador da República que, a exemplo de todas as pessoas que ainda acreditam que uma civilização vá além da posse de bens tecnológicos como carro e computador, resolveu questionar a mania de bandos de justiceiros que se estabeleceu na sociedade sergipana, onde matar “bandido” é a coisa mais natural do mundo.
Dessa forma, rotula-se algum marginalzinho sem periculosidade alguma de bandido perigoso. A mídia vende notícia; o policial mostra serviço e os cães humanos à procura de mais uma carne fresca se refestelam a cada execução. (veja também aqui)
Conclui-se, portanto, ao ouvir tal afirmação da parte de um responsável pela educação social que está tudo perdido. Isso mesmo! Mesmo que não o queira, um comunicador, de qualquer espécie é um agente de educação. Ou deseducação social. Ao bem da civilidade está proibido até de endossar o clima de “mata e esfola” realimentado por toda a sociedade que, dessa forma safa-se de resolver os verdadeiros problemas. De trabalhar, enfim; já que educar dá muito trabalho. De estimular a sociedade da justiça da pistolagem.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Campeonato de idiotice

Completamos, ainda no sábado, com o esfaqueamento ocorrido na Praça Etelvino Mendonça – popular Área de Lazer – a décima quinta-morte por assassinato no ano. Subimos de um por semana. Dirão os “sabidos”: só morreu bandido. Ótimo! Dessa forma ganharemos de todas as favelas cariocas onde “só morrem bandidos”; além da reputação da Cidade mundialmente Maravilhosa. Aqui também “só morrem bandidos”. E assim perpetuamos a fama de cidade mais violenta de Sergipe mesmo que a capital, Aracaju (não a Grande Aracaju, somente), com expurgo e tudo, seja mais violenta ainda. Mas aqui, os sabidos vão continuar se contentando que “só morre bandido”.
Ah! Inauguramos na semana que passou um tipo de crime do qual infelizmente ainda não tínhamos em nossas estatísticas: a execução de bandidos em leito de hospitais. Agora, sim, entramos para o rol dos favelões modernos.
Mas que fique claro: "só se mata bandido".