sexta-feira, 1 de setembro de 2017

MORTOS-VIVOS

Chego ao trabalho e uma colega, enquanto aguarda os primeiros clientes adentrarem ao recinto assiste a um vídeo que viralizou nos últimos dias, de um policial federal a fazer ameaças de participação do corpo a que pertence em apoio a supostas manifestações classistas que porventura possam ocorrer em Brasília. O tal vídeo já me foi enviado por pelo menos dez amigos através das redes sociais.
Ao sair de casa, agora pela manhã, coincidentemente fui à busca de alguns papeis e dei com um recibo de indenização trabalhista que recebi há exatos quatro anos atrás. Foi meu último contato com o meu sindicato, para o qual contribuo religiosamente todos os meses por mais de 15 anos. E nunca mais. Mesmo assim, esse contato se deu de modo quase que acidental porque o dinheiro estava me esperando na Caixa Econômica Federal havia três anos e eu, sem orientação nenhum DO SINDICATO ou dos advogados por ele contratado não o havia procurado. Talvez por desengano porque a causa foi ganha em 1993, alguns colegas já o receberam em 1998 e o meu... puseram a pedra em cima. Bem, repetindo, foi meu último contato com meu sindicato ao qual contribuo mensalmente e que sequer um e-mail de parabéns pelo aniversário me envia. Como disse, acidental, porque foi um colega de uma direção anterior quem soube que o dinheiro estava na conta e me acionou, mas, leal à instituição, também comentou com alguém por lá. Aí apareceu um “resolvedor”, desses completamente dispensáveis porque só trabalha estritamente em benefício próprio, e quando não mais há necessidade de sua presença. Os coronéis da direção do meu sindicato - que é regra geral - em nada se diferenciam dos velhos coronéis da política interiorana onde para que o correligionário seja notado tem de lhes puxar o saco e estar lá na sede do sindicato todos os dias como se vagabundos fossem. Como levantar um proletariado e classes sociais em geral com dirigentes desse nível?
Em todas as pessoas que vi assistindo o tal vídeo, senti a presença de recente afirmação do neurolinguista Noam Chomsky de que pelo fato de não reclamar, não significa que o povo brasileiro não perceba o que está acontecendo. O problema é que ele continua sem reagir à espera de um milagreiro que resolva, e, neste caso, até o desabafo de um policial federal sem efetivo poder algum soa como se uma esperança das coisas se ajeitarem.
Toca pra frente que atrás vem gente!
Em tempo: como disse o poeta, TODO ARTISTA TEM DE IR AONDE O POVO ESTÁ.