sexta-feira, 1 de abril de 2022

PACIS ARA IV

 

Inselbergue no município de Paulo Afonso, estado da Bahia, à margem do Km 14 da BR-110.

Lugares que me transmitem paz.
Adoro essa paisagem caatingueira do Sertão Nordestino. Transportam-me a um tempo bem antigo, qual somente em sugestões geológicas vi.

quarta-feira, 30 de março de 2022

QUEBRA DE QUALIDADE

 

Colônia Sacramento, atual Uruguai: alimentado no seu nascimento por farinha sergipana.
A fabricação da farinha de mandioca pouco evoluiu. Desde os registra Frans Post à bem preservado casa de farinha de Seu Basto e D. Maria, comum até fins dos anos 1960 (Exposição permanente no Shopping Peixoto)

Depois do boi, dos campos de Tobias Barreto e Itabaiana; do fumo do Lagarto; a farinha de mandioca da foz do rio Real, e todos os subprodutos desta foi a grande ocupação econômica sergipana. Ainda no século XVII.
Em 1656, em ataque aos curraleiros da rebelião pipocada em Itabaiana, já era a farinha do povoado da Estância quem abastecia as tropas supressoras da revolta, além de abastecer Salvador. E continuou no repique da revolta, cujo epicentro foi desta vez no Lagarto, em 1671.
Mas no início do século XVIII, com a tentativa de reconquista espanhola da Colônia do Sacramento, a farinha do Rio Real da Praia foi convocada para uma missão internacional do império português e passou a abastecer aquela cidade regularmente até sua queda para os espanhóis, em 1705.
Em 9 de janeiro de 1705, a  “Carta para o ouvidor de Sergipe del Rey sobre a farinha que se lhe encarregou para a Colônia ser escusada; prender o mestre que levou a Carta se a não entregou por sua omissão; e sobre os dois soldados que remeteu presos, e obrar o mesmo com os mais de que tiver notícia”, deixa claro: foi escusada por baixíssima qualidade. Até pedrinhas haviam sido encontradas na amostra em geral.
A bem da verdade a tecnologia na produção de farinha de mandioca sempre foi sofrível. O alimento básico brasileiro até a década de 1970 (no Sul, meio século antes) nunca mereceu dos produtores grandes melhoramentos tecnológicos. Dos pequenos, por absoluta falta de capitais; dos grandes pelo espírito de mero extrativismo do empresariado brasileiro, salvo exceções.
Até fins dos anos 1960, a moagem da raiz era feita em rodetes artesanais e movidos a mão, tal o modelo pintado pelo pintor Frans Post, na metade do século XVII. Some-se a isso a péssima raspagem da parte externa e até a torragem da massa.
De uns anos para cá tem havido farta preocupação em relação a “descobrir a roda”; ou seja, voltar a ter uma alimentação mais natural. Assim é que a mandioca, especialmente a variedade não tóxica, o aipim ou macaxeira voltou com força ao cardápio em raízes cozidas, bem como a batata doce e o inhame.
E aí começam os problemas de qualidade. Aipins vencidos, expostos ao consumo, por dias e semanas, e que ao cozê-los é que descobrimos inadequados por tempo demais em exposição. Batatas doces mal manipuladas que ao cozê-las encontramo-las cheias de felpas, coisa rara antigamente; e até o caro inhame, colhido às pressas, antes das raízes devidamente maturadas, e portanto corrediço, sem a consistência de massa, mais seca ou molhada que lhe é peculiar, a depender da variedade, vindo de plantações onde a única coisa que interessa é o dinheiro apurado e imediato. Qualidade análoga as farinhas da Colônia do Sacramento.
E as tapiocas? Em toda esquina tem gente vendendo, porém, do cheiro comum à massa puba – mandioca apodrecida e depois depurada – deliciosíssima, mas como puba, a amostras que mais parecem ter sido extraídas usando água barrenta, sabe lá Deus a qualidade... tem de tudo.
Coisas que sempre ocorrem quando áreas operadas por profissionais são invadidas por reles ganhadores de dinheiro.
Uma lástima! O espírito de pura agiotagem chegando à mesa; maculando o nosso prazer de comer bem.
Vamos melhorar isso aí, né, gente?

O NOTICIÁRIO.

 

 Eu dou risadas toda vez que ouço/leio/assisto o “noticiário” brasileiro sobre a guerra na Ucrânia. Em primeiro porque desde o primeiro segundo dela, não é um “noticiário”, por isso as aspas; é uma campanha, de um vergonhoso pusaxaquismo do sistema do Otanistão (OTAN), braço armado do poder banqueiro mundial, que, obviamente é quem também comanda os Estados Unidos. O “noticiário” brasileiro é muito mais real que o rei; vai muito além do pedido pelos patrões. Coisa de babas-ovos: FHC precisou levar um pito em público de Clinton, em 2000 para pisar no freio do liberalismo exacerbado que já ameaçava os lucros dos mais afoitos aventureiros do “mercado” (além de escancarar o país ao espanhol Opus Dei e seus Santander, Telefonica, Santillana, etc., etc.).
Abro uma página de um grande “noticioso” e lá está em ação o programa de demonização em tempo integral de qualquer figura que não subscreva a dita demonização russa e do presidente russo. Desta vez, o foco é Cirilo I, patriarca de Moscou das igrejas ortodoxas da grande Rússia.
Vergonhoso. Para quem tem vergonha, né?
Eu imagino a preocupação do cidadãos russos com essas campanhas ocidentais; eles que desde o Império Romano só acumulam prejuízos no relacionamento com essa galera das bandas de cá, e por isso se entupiram de foguetes supersônicos e bombas atômicas... devem estar tendo repetidas crises depressivas ao constatar a hipercampanha demonizante brasileira, liderada pelas Organizações Globo, Uol e outros e outros.

terça-feira, 29 de março de 2022

MÁ FAMA É O DIABO

 

Ilustração (c. de 1640) da fuga de Bagnuolo atravessando o Rio São Francisco (S. Franciscii flumenis) a pés, em direção para a hoje Neópolis-SE, tendo Penedo-AL ao fundo, em 17 de julho de 1637.

Quando as tropas de Nassau comandados por Sigismünd van Schkoppe atravessou o São Francisco depois de tomar o penedo que é hoje a bela Penedo, Alagoas, em 17 de julho de 1637, além do fato histórico da ocupação de Sergipe até a margem esquerda do Vaza-Barris gerou também lendas como a do incêndio de São Cristóvão de Sergipe d’El-Rei.
Em primeiro, uma observação: Nassau não veio no comando, em pessoa, devido a ter ficado doente na véspera do ataque que gerou a gravura presente, do exército de Bagnuolo fugindo a vau pelo rio, normalmente com pouca água nos meses de julho a início de dezembro. Dizem que do mesmo mau que acometeria o príncipe regente D, Pedro na viagem do fatídico 7 de setembro, só que 1822.
Segundo: quem incendiou as dezenas de casebres e casas de taipa de Sergipe d’El-Rei foi Bagnoulo em mais um estágio da fuga, desta vez direto para a segurança da cidade da Bahia, ou seja, Salvador. Esse era um procedimento comum na guerra; a de terra arrasada deixada ao inimigo. Usado magnanimamente pelos moscovitas quando abandonaram Moscou, invadida por Napoleão Bonaparte, em setembro de 1812.
Mas entre grande parte dos historiadores e do povo em geral foram os holandeses os incendiários.
Corte rápido, é como o comportamento do governo atual, nacionalmente falando.
Todo o projeto do Nacional-Desenvolvimentismo, que tirou o Brasil da humilhante 68ª posição no mundo por volta de 1920 (60 atrás da Argentina) até chegar a 6ª em 2011, sofrendo alguns recuos e avanços, mas sempre mais avançando que recuando foi lavra, a quatro mãos, “de homens que têm valor”, como cantado por Luiz Gonzaga (Paulo Afonso), do campo civil, a maioria de técnicos; e dos militares tenentistas que lhe fizeram coro ou deram suporte, como na Ditadura do Estado Novo, que, apesar de ditadura, o princípio de redenção.
Não resta dúvidas de que o golpe 2013-2016 foi mais uma intervenção estrangeira, sob solicitação e apoio dos perdedores da política das elites do Brasil, de olho apenas em seus queixumes de eleitoralmente incompetentes.
Sucesso total no golpe! Assim como na sua base de sustentação: a demonização da política e do partido que dela vinha fazendo uso dentro das regras para repetir uma eleição atrás da outra.
Consolidado o golpe “democrático”, a velharada tucana esperou o poder cair de maduro para saboreá-lo. Aí entra o azarão, “antipolítica” com já sete mandatos próprios além de enfiar quase a família inteira em cargos eleitorais; Jair Bolsonaro.
Alguma coisa ficou fora da ordem mundial.
Bolsonaro nunca foi do esquema do poder político das Forças Armadas. Do Alto Comando. O que levou Villas-Boas a interferir, quando vendo que o ardil mixara para pegar o poder gratuitamente, a tucanagem, gerenciadora do golpe deu para ameaçar jogar Lula na arena? Havia de fato a ameaça de desordens generalizadas, já que os ódios estavam batendo no teto? Ou os militares estavam pensando em aplicar Huxley... uma ditadura à lá Huxley? E por quê?
Bem, pelo que aparenta, continua um possível medo militar de que o Departamento de Estado americano e tudo que representa nos transforme numa grande Líbia pós-Khadaffi ou pior, numa Iugoslávia; ou simplesmente, a única força que restou inteira depois dos ataques maciços do pós-2013 não anda tão inteira assim. Não tinham nada planejado. Porque... aparentemente é uma trapalhada atrás da outra.
Técnicas são viáveis e imprescindíveis, como a de internar o presidente a todo o momento grave na política. Golbery, o velho bruxo bem disso o sabia; mas também ficam manjadas depois de tantas “facadas”.
Agnus dei... Miserere nobis!