sábado, 27 de agosto de 2022

ITABAIANA, UMA CIDADE...

 

Cópia do relatório do governo da Província de Sergipe, em 1835: ITABAIANA MUNICÍPIO. Bem antes de 1888.

Há 134 anos não houve nada de mais, com a aprovação da Resolução Estadual 1.331, de 28 de agosto de 1888. Nada. Nem o sino da velha matriz de Santo Antônio e Almas tocou para anunciar o acontecimento. Nada. Simplesmente porque naquele momento não significou grande coisa.
Nada significava uma vila virar cidade; especialmente a paupérrima vila de Itabaiana, já depenada na sua circunscrição territorial com as emancipações das vilas de Itaporanga d’Ajuda, Nossa Senhora da Dores e Riachuelo, que lhe levaram toda a área rica dos engenhos que, a bem da verdade, a vila de Santo Antônio e Almas disso nunca se beneficiou. E, dois anos depois, 1890, foi a vez de Frei Paulo – com a atual Carira – deixando a vila sem os benefícios da vigorosa cotonicultura que, além de criar a nossa tão querida feira chegou a inspirar o Governo Imperial a projetar a primeira estrada de Ferro pra Sergipe, com destino a Itabaiana, e não à então novíssima capital, Aracaju.
Em Santas Almas de Itabaiana, edições O Serrano, 1973, Vladimir Souza Carvalho escreveu que: 

“A população itabaianense é que não sentiu de imediato os efeitos da mudança nem vibrou com a emancipação política. O povo continuou a chamar Itabaiana de vila e o vigário Domingos de Melo Resende, do púlpito da Igreja, carregando de tristeza e pessimismo as palavras, exclamava:
– Civilidade! ... Civilidade! Quando perdeu, agora, Itabaiana ao deixar sua vida simples de vila! Civilidade!... Civilidade sem civilização!"

(Apud Sebrão, sobrinho, in “Tobias Barreto, o Desconhecido”, pg. 159.)

Relativo ao vigário de Itabaiana, nascido de abastada família capelense, de uma vila de Capela criada no calor da insurreição santamarense de 1835, e em 1.888 uma das mais urbanas e ricas sedes municipais sergipanas, de um município rico, que pouco se abalou quando partido ao meio em 1859 para criar o município de Nossa Senhora das Dores, certas declarações podem soar como despeito por estar a sua cosmopolita Capela recebendo o status de cidade junto com uma empobrecida Itabaiana que de vultoso só tinha a matriz de Santo Antônio. Possivelmente todas as demais construções feitas de taipa, mesmo que com reboco e pintura.
Chama a atenção o oportunismo do deputado Guilhermino Bezerra, esquecido relativamente na história, e então único de Itabaiana, em ter se empenhado numa negociação difícil para incluir Itabaiana no projeto de Resolução, inicialmente somente contemplando Capela. O que o levaria a isso? Popularidade eleitoral, pelo visto, não; haja vista que ninguém se abalou com o status de cidade. Teria sido realmente o que maliciosamente se disse à época do grande itabaianense, de que somente se empenhou em elevar a vila de Itabaiana à cidade para beneficiar dois irmãos professores?
Sergipe teve como cidade por 240 anos apenas São Cristóvão, que de fato cidade nunca foi. A Bahia não deixou. Mesmo em ocasiões drásticas como na invasão holandesa e na Rebelião dos Curraleiros a força policial, salvo um ou outro capitão-de-campo ficava toda ela em Salvador. E um pressuposto básico das cidades antigamente é que tivessem defesas reforçadas permanentemente.
A segunda cidade, Laranjeiras, começou como vila, emancipada de São Cristóvão em 1832, e obtendo o status de cidade em maio de 1848. Logo a seguir vieram Maruim e Estância, esta também convertida em vila, substituindo a estagnada Santa Luzia do Itanhy, em 1831, e obtendo status de cidade no segundo semestre, também de 1848. Depois veio Propriá em 1866: Cinco cidades. Tudo o mais, vilas. Umas mais vistosas, bem cuidadas, com algum instrumental de serviço público além do religioso; outras nem bem o religioso a contento.
E aí veio a sexta cidade de Sergipe: Lagarto.
Lagarto tem a terceira mais antiga paróquia de Estado e foi emancipada pelo decreto de mesma data que Itabaiana: 20 de outubro de 1697. De fato, Itabaiana, São Cristóvão e Lagarto são os pilares originais em que Sergipe se assentou. Sempre juntas no interior a dar suporte à capital. Contudo depois da Independência do Brasil e emancipação de Sergipe o município descolou-se de Itabaiana e até o início do século XX sua sede esteve sempre à frente da cidade de Itabaiana. Em 1880 Lagarto pleiteou e ganhou o status de cidade. Oito anos depois foi a vez de Capela e Itabaiana.
Intui-se, pois, que os redobrados esforços do deputado Guilhermino Bezerra, pode até ter sido contaminado pelo interesse pessoal de beneficiar os irmãos, promovendo-os a “professores de cidade”; e não mais de vila. Mas o que dá mesmo a entender é que por trás dessa movimentação política, que não lhe trouxe benefício algum, em contrário deve lhe ter trazido amarga decepção esteve o fervor bairrista serrano, superaquecido em 1880 quando Lagarto sozinha passou a ostentar o título de cidade, e Itabaiana, não.
Em 28 de agosto de 1888, mesmo que de carona e em condições que nada lembravam uma urbe estruturada, sequer uma vila desenvolvida, eis que Itabaiana vira cidade.
Independente das condições da época, trabalho do grande e até hoje quase nada celebrado deputado Guilhermino Bezerra.
Ironia do destino, quando Itabaiana foi finalmente fundada, além de romper o muro de má vontade que norteou os poderosos, quando da construção da primeira tentativa, na hoje Igreja Velha, o foi com o firme propósito de ser uma cidade típica da época. Com muros, torres, fosso e pontes. É que foi durante a estadia de D. Rodrigo de Castelo Branco, plenipotenciário governador das Minas da Itabaiana, que tinha ordens expressas do rei para, em confirmando a mina construir um forte para guardar o minério extraído, antes de o embarcar para a Europa.
A paróquia, embrião da futura urbe foi criada em 30 de outubro de 1675; mas não houve prata. Nem cidade. Que esperaria 213 anos para ser elevada junto com Capela, como dito, numa ardilosa negociação política do deputado Guilhermino Bezerra que deu na Resolução 1.331 de 28 de agosto de 1888.

Página de site noticioso (93 notícias) com erro recorrente, COMUM A TODA MÍDIA ITABAIANENSE, a reduzir a importância histórica de um município que tem 325 anos de emancipado, e cuja cidade completa 347 anos de fundada em 30 de outubro próximo.




quinta-feira, 25 de agosto de 2022

MUSICALÍSSIMA.

Sediando a mais antiga instituição musical do Brasil em atividade – a Filarmônica Nossa Senhora da Conceição; e com a longevidade de um município que está entre os 50 mais antigos do Brasil, precisamente 325 anos no próximo 20 de outubro - seria de se esperar que hoje Itabaiana estivesse entre os produtores de cérebros musicais do país. Aparentemente, não. Contudo, não temos muito do que reclamar.
Fruto da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, um garoto aprendiz com seu próprio pai, então maestro da mesma, se destacou nacionalmente com o advento do rádio no país, se convertendo ao lado de feras como Donga, Pixinguinha e demais velha guarda da MPB num dos criadores de um dos mais gostosos ritmos musicais brasileiros, o chorinho: Luiz Americano Rego.
Independente de influência da citada Filarmônica, porém com a genética musical serrana, transmitida por D. Josefa da Silva Rocha, sua filha Adileia - a diva Dolores Duran – tornou-se gigante; uma das mais importantes na história da Música Popular Brasileira.
A República Velha, que tudo atrasou no país, por uma questão de exclusão forçou a migração onde deu nos dois casos de sucessos citados.
As décadas de 40-70 foram pobres na produção da genialidade musical serrana, porém, a década de 80 já se inicia com leve efervescência local, com um pé no marcante grupo Cataluzes e especialmente... Antônia Amorosa. E a década termina com o nascimento daquele que hoje está entre os dez - talvez os cinco - maiores instrumentistas brasileiros, também cantor e compositor, Mestrinho.
A enorme, muito bem vinda expansão da Nossa Senhora da Conceição, de desde o início da década de 90, além da qualificação individual em dela frutos diretos têm influenciado essa mesma qualificação em indivíduos e até novos grupos, como é o caso da SOFIVA de uma década para cá.
E eis que um sonho alimentado por mim, pelo então companheiro de rádio Gilmar Carvalho e por tantos outros, embalados pelo histórico do s programas de calouros dos anos 60 de Daniel Barros e de Djalma Lobo, justo com o frenesi criado pela iniciante Rádio Princesa da Serra, lá pelos 80-82 chega neste sábado na sua segunda edição.
Mantida a excepcional qualidade, tanto em letras como em arranjos, melodias... nesse sábado, 27, os jurados terão a mesma dificuldade que tivemos há um ano em julgar, com composições de alto nível, e que pena que não as ouvi transformada em hits da parada musical.
Neste ano eu não farei parte do grupo de jurados. A presença de um amigo, confrade na Academia Itabaianense de Letras e ex-aluno da Nossa Senhora da Conceição; de outro amigo e confrade, da SOFIVA me levou para a torcida, tirando do júri.
Uma excelente final.
Vou estar na plateia me deliciando com as criações que, por uma pequena amostra já ouvida vai dar trabalho aos jurados em decidir.


 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

E JÁ RUFAM OS TAMBORES.

 

De fato, há mais de mês que os ouço; mas só agora resolvi registrar mais uma preparação para o dia 7 de setembro.
A primeira vez que lembro de ter ouvido foi em 1965.
Ainda residindo na Mangabeira, povoado ao sul do atual município de Itabaiana, onde nasci, lembro de estar na malhada, acompanhando minha mãe na lida rural, quando ouvi aquele som rimado qual nunca atentara nos meus já quatro anos de idade em véspera de cinco.
No Grupo Escolar da Mangabeira, com a grande alternância de professoras não lembro de ter visto desfiles cívicos por lá; mas na “Escola de D. Rita”, ex-professora na Mangabeira, agora no Grupo Escolar do Rio das Pedras, onde depois de muitos anos se aposentou, todo ano tinha.
O Grupo “de D. Rita”, como era conhecido, é hoje uma escola municipal, do Município de Areia Branca, ironicamente por sob a linha arbitrária, determinada pela Lei Estadual 1.224/63 que criou aquele município, que o reparte ao meio: metade Itabaiana; metade Areia Branca. Ao invés de darem-se ao trabalho de usar as divisões naturais de acidentes geográficos fizeram o limite numa linha direta, cortando até casa ao meio.
Na cidade, o Sete de Setembro se impôs como festa popular desde os anos 1940, tangido pelo patriotismo nos grandes centros, estimulado pelo Estado Novo.
A consolidação da Educação de Itabaiana nos anos 50, com a entrada em operação do Colégio Estadual Murilo Braga tornou o Sete de Setembro uma tradição ao nível da já centenária procissão de Santo Antônio do dia 13 de junho. Ainda hoje, com múltiplas atrações de entretenimento e lazer, mas o enorme público, a se espremer nas calçadas e canteiro central da Avenida é sagrado no ato de assistir as inúmeras escolas a desfilar.
E a preparação para esse grande momento se inicia já ao final do mês de julho, ganhando corpo na última quinzena que antecede o grande dia.
É literalmente um desfile. De patriotismo, de desempenho, mas também de juventude, beleza, vigor e até de exibicionismo pessoal, de protagonistas e assistentes. Festa maiúscula.
Que venha mais um Sete de Setembro!

domingo, 21 de agosto de 2022

E RECOMEÇA A ANARQUIA

 Campeonato de paredões ensurdecedores na Avenida Manoel Francisco Teles dão o tom do que teremos nessa "campanha política"... É isso?
Estão a 900 metros de mim. Mas na profusão de três ou quatro fontes de barulho está chegando até mim como se estivesse a 200 metros e em campo aberto.
Complicado!