segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Civilidade! Civilidade!

No último fim de semana o GoogleEarth atualizou a fotografia por satélite do sítio urbano de Itabaiana com a fotografia encomendada em abril pela Ethos Incorporadora. É assustador o crescimento; o espraiamento da cidade: quase vinte por cento, contando com os loteamentos semi ou totalmente construídos, em apenas dez anos. Outra constatação: a planta da cidade perdeu o formato triangular que perdurava desde a década de 50, quando iniciou-se sua fase de maciça expansão, depois de dois séculos e meio de estagnação.
A outra constatação é que... nossa laje de concreto continua a se expandir: as quadras da cidade de Itabaiana tem muito menos verde que as da capital do estado, Aracaju; ou de outros sítios urbanos sergipanos menores, como Estância e Lagarto. Como resultado? Calor abrasador. A cidade não dispõe - ao menos que seja do meu conhecimento - de um estudo sobre variação de temperatura; mas, com segurança, vem se tornando sufocantemente mais quente, com a crônica falta de verde no espaço público e o fim dos grandes quintais cheios de fruteiras de até vinte e cinco anos atrás. Pra piorar, todo mundo corre pro ar condicionado, que, resfria o ambiente imediato, mas sob o custo de gastos e custos estratosféricos de energia elétrica e adição de mais calor ao ar que circula pela cidade.

Aqui, o comparativo, entre 2006 e hoje, 03/02/2016.


E aqui, o comparativo entre quatro cidades: Itabaiana, Lagarto, que, apesar da cidade ter um um sítio urbano de metade de Itabaiana (o município inteiro é três vezes maior e pouco mais populoso), é a cidade do interior que mais se assemelha a Itabaiana; Aracaju, capital de Sergipe e São Paulo, a maior cidade da América do Sul e uma das maiores do mundo.
Os quadriláteros medem respectivamente mil por mil metros de sítio urbano e, por eles, se vê que São Paulo, A SELVA DE CONCRETO, tem muito mais verde do Aracaju, que tem mais do que Lagarto, que tem bem mais do que Itabaiana. Pior: como o sítio urbano de Lagarto tem metade do tamanho do de Itabaiana, as consequências da impermeabilização se faz faz sentir bem amena; ao nível do que era Itabaiana há justos 25 anos.
Imagens de Itabaiana gentilmente cedidas por Edson Passos, mediante Milton Sobral (2006) e Robério Santos (2015). De Lagarto, Aracaju e São Paulo, diretamente do GoogleEarth.



(Título retirado dos lamentos em pregação do pároco Domingos de Melo Rezende, que do púlpito da Matriz de Santo Antônio e Almas protestava, à sua maneira, em fins de 1888, contra a esperteza do deputado provincial Guilhermino Bezerra, de conseguir mudar o status da sede municipal, de Vila de Itabaiana para Cidade de Itabaiana, apenas no intuito de elevar os salários de seus dois parentes professores).