quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Delegado em conflito com a Lei

Se o que está disposto na reportagem estiver fiel às declarações do delegado Marcelo Hercos(aqui), de que o traficante de munições preso nesta quarta-feira em Itabaiana vendia para "todo o tipo de cliente, inclusive bandidos", o delegado caiu em contradição com a Lei. Ninguém que pratique crime pode ser sentenciado antes de julgado e condenado; todavia, todo aquele que fizer qualquer coisa fora da Lei já é um suspeito de crime. E comprar armamento ou munição, não me consta que seja legal. Coisa de cidadão.
Não existem homens de bem armados por aí. Homens de bem não arrumam encrenca a ponto de terem de andar armados. E se autoridade, a Lei fornece a guarda devida.
A declaração é fruto da mistura explosiva: jeitinho brasileiro mais cultura de que bandido, só alguém com pelo menos um "p".

Chocante! De volta à Rua da Tenda.

Nada contra o proprietário, por sinal meu amigo e no seu direito de pleitear e conseguir, mas essa da Administração Municipal ter autorizado o primeiro supermercado de revistas numa praça pública do mundo na Praça João Pessoa... sem palavras.
Pois bem. E não é que a Prefeitura resolveu radicalizar? Permitir a “monstrulização final” do já “monstrumento” que ali existe desde fins dos anos 80? Onde foi o antigo bar Tia Joana? (sem fotos aqui pra não servir de galhofa por aí).
Je-sus!
Uma das bandeiras do candidato Luciano Bispo de Lima apoiado por uma enormidade de partidários seus em 1988 era acabar com a visão armagedônica de um monte de barracas que deprimiam a Praça Fausto Cardoso, ainda hoje nosso maior ponto de referência. E acabou.
De uns tempos pra cá, as barraquinhas da Praça Fausto Cardoso até podem ser consideradas charmosas pelo ar “de antigamente” que passam ao se olhar as fotos daqueles tempos; diante de tanta coisa que vem acontecendo.
O terreno do “monstrumento” foi doado aos Correios quando a instituição ainda era departamento, por Euclides Paes Mendonça através da Lei 89 de 1° de julho de 1953. Os Correios não construíram o prédio e o terreno voltou a ser doado em 08 de novembro de 1968 através da Lei Municipal 350 ao cidadão João Marcelo. Tamanho: cinco por três metros. Magicamente, futuros donos, ao instalarem ali um bar em fins dos anos 70 foram empurrando o espaço até se achar quinze por doze metros. E o prefeito da época deixou.
Vai ver que, como aquele lado da praça foi durante séculos a saída pra São Cristóvão e conhecida como Rua da Tenda, a Administração Municipal tem projeto de retornar a Rua da Tenda ao seu leito normal, acabando com a Praça João Pessoa, enquanto faz as vontades de privilegiadíssimos eleitores – que ninguém sabe até quando o serão.
Em tempo I: não faz muito tempo ouvi de um candidato à Prefeitura de Itabaiana, em comentário sobre a administração da ex-prefeita: “Tá tudo à toa!”
Em tempo II: Não há Lei, absolutamente nenhuma Lei, que seja válida e permitida pelas constituições da União e do Estado, e pela Lei Orgânica do município, que pregue a supressão do interesse coletivo pelo interesse privado. E não tem essa “de ele é dono pode fazer o que quiser” Numa civilização existem regras.
Numa civilização.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Carestia

Como é cara, essa Justiça ibero-americana! Mais aqui.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Recordações.

Por quinze anos, desde seu nascimento, vivi cada momento, crucial ou não, da Câmara, inicialmente Clube, de Dirigentes Lojistas de Itabaiana, a CDL. O barquinho fenício, desde cedo evocou a minha genética lusitana, herdeira fiel daqueles que ousaram lucrar sem tomar à força: os comerciantes da velha Fenícia. Isso é para lembrar que de todos os quinze anos, somente em dois deles não foi feita a campanha promocional de Natal e, mais ainda, todas elas foram feitas com extrema confiança de que seriam bem-sucedidas. Todavia, é preciso lembrar que em alguns anos foi duro, muito duro remover a crosta de ceticismo e desânimo nos próprios comerciantes associados e bancadores da campanha. Especialmente naqueles anos em que o maior empregador de Itabaiana atrasou salários ou aumento deles.
Venho ouvindo-as já de algum tempo; mas as reclamações que ouvi hoje me chamaram mais a atenção. Não se trata de atrasos como ocorreu no passado; mas de coisa parecida, tão dolorida quanto: redução de salário. Por mais maracujá (marajá é o que ganha muito) que seja, o cidadão-eleitor-funcionario tem compromissos e agenda. E essa agenda, somente por força maior como um acidente natural ou comoção social pode ser alterada abruptamente. Cabe, pois, aos de ciência, supostamente os mandatários, prover para que o sistema seja o mais linear possível.
Há danos que são irreparáveis. Por mais compensações que venham a seguir.

O piso salarial dos professores de Itabaiana e meu pai.

Meu pai, primeiro professor na Mangabeira (*) foi ali também o primeiro e único delegado, entre 1947 a 1950. Em 1949 já não era mais o professor, pois fora construída a “Escola Rural” e havia chegado uma professorinha novinha em folha, com curso na Escola Normal, em Aracaju.
Como delegado foi apaziguador, às vezes tendo que ameaçar – só em uma vez prendeu a um sujeito futucador de partes íntimas de moças de bem – e negociar intermediações entre os sujeitos e a Lei, de forma que esta fosse respeitada sem a necessidade do uso da força. A Ribeira, segundo maior centro comercial no município de Itabaiana e até em toda a região tinha um delegado “de carreira”, um major da Polícia. Chega meu pai um certo dia na feira e já estava armada uma confusão: um cidadão da Mangueira, jurisdição de meu pai fora preso pelo major sob alegação de baderna. O citado era zoadento, falava alto, e brincalhão. O major resolveu impor a sua ordem e acabou por praticar um ato de exorbitância da autoridade. Meu pai foi resolver porque, além de conhecer o cidadão e toda a sua família de até duas gerações atrás, o mesmo tinha domicílio em seu território. Não teve dúvida: era justiça soltar o sujeito. Argumentou com o policial e não teve jeito. Eis que chega Manuel Teles, chefe político, de quem meu pai era aliado e pelo qual havia ganho o posto que não vencia soldo. Trabalhava de graça. O chefe político ouviu as duas partes e decidiu que o cidadão preso deveria ser solto imediatamente. Com a resistência do policial o chefe político ameaçou-o de punição e, fugindo da real e justa situação, que seria fazer justiça a um preso inocente, em complemento às ameaças ao policial disse: “Major Temístocles, o seu tá garantido; o meu eu tenho que correr atrás de quatro em quatro anos. Solte o homem!”
O major soltou o prisioneiro, não por ter sido preso injustamente; mas porque Manuel Teles precisava garantir o dele de quatro em quatro anos.
Sobre a lógica da administração municipal (todas, viu?) em relação aos professores: tem menino na escola; tem professor ensinando, merendeira, e ajudantes vários nas escolas não é porque pobre precisa estudar pra sonhar e se capacitar para um mundo melhor. Elevar-se a si e ao próprio lugar, como ocorreu a Itabaiana nas décadas de sessenta e setenta(**). Da mesma forma, tem gente demais lotada na educação - repartindo um bolo que já é pequeno para quem trabalha - não é pelos usuários; os alunos! É que diferentemente de 1949, agora tem eleição a cada dois anos.

(*) Aprendeu "a ler, escrever e contar" com uma sua tia, professora primária no povoado Urubutinga, Lagarto, naturalmente sem concluir o primário.
(**)Até 1980 o perfil da violência em Itabaiana era por rixas pessoais, nalguns casos por motivos partidários. Nos anos 80 gestamos o serpentário e a partir de 1990 as gangues, seus carrões e outros símbolos de riqueza (fácil e questionável) invadiram a cidade e de vez em quando tem campanha de desova; de limpeza, queima de arquivo; limpeza de "unidades com defeito", vencidas (mais de trinta anos); ameaçadoras. Às vezes até aparece por aqui o "controle de qualidade"; o controle dos excessos de atividades, por autoridades que dão o ar da graça de vez em quando.

Ai, ai, ai!

Tá no blog do Nassif (aqui), que o DEM de José Carlos Machado entre outros, mandou fazer uma pesquisa e... Serra de serra abaixo. O tucano não levanta vôo. E pior, com a mineirice de Aécio e a providencial queimação ou "esquecimento" que a mídia grande, toda ela paulista e a serviço de Serra vem fazendo em cima dele, Aécio também não empolga. Aí sobram Dilma e Ciro. O “companheiro” socialista Ciro já esteve aliado com o PFL, hoje DEM, noutros tempos. E mais: o DEM, por uma conjunção de fatores que fugiu ao seu controle está fora do governo já há sete anos, mas tem como característica o aguçado faro de reconhecer com grande antecipação para que lado os ventos soprarão.
Já pensou, o companheiro Ciro num palanque ladeado por Maria Mendonça e José Carlos Machado?
Uma coisa é certa: se ainda vivo, ACM já teria mandado a candidatura Serra pros quintos.
Agora, falando sério: O Brasil não suporta mais quatro anos de divórcio entre o governo e suas elites. E será isso, seja eleita Dilma, seja eleito Serra. No caso de Dilma é o continuísmo de Lula desprovido de toda a capacidade de estadista deste. Continuaria a guerra com as elites e perderia o apoio popular, o quadro que os “cientistas políticos” tucanos apostavam com Lula. Já Serra seria o velho coronelismo industrial de São Paulo, encarnação dos "revolucionários constitucionalistas de 32"; de Adhemar de Barros e Maluf, que vê São Paulo como centro do mundo e o Brasil como um fardo a carregar (São Paulo não se acha Brasil). Dividiria ainda mais o país que Dilma. De qualquer forma seria prejuízo pra todos.

Banda "lerda"

Tô adorando a "Banda Lerda", essa nova modalidade de conexão de internet da dupla Uol/Velox (ops! paradox). A qualquer hora decido pelo retorno à conexão discada. Como diria um filósofo de pé de calçada: "só dá ladrão!"

domingo, 1 de novembro de 2009

Isso não dá certo!


Leio com felicidade que finalmente o governo de Sergipe vai prestar mais atenção ao perímetro irrigado do Projeto Ribeira. Mas aí, vêm as constatações: demorou demais. E aí vem coisa pior: alguém resolveu botar a culpa no governo João Alves que lá se vão a bagatela de 34 meses dos 48 possíveis que deixou o governo. Ninguém nem mais lembra quando o foi. Só que foi.
Não me consta que Lula, mesmo na atualidade fique a jogar no colo de Fernando Henrique o “quase nada” de pepinos que o paulista do Rio de Janeiro deixou para todos os brasileiros.
Faltam apenas quatorze meses pra vencer este governo Deda e somente doze para a nova eleição que dirá se ele foi melhor que João Alves ou não. Foi um governinho medíocre. A quilômetros-luz das expectativas pelo que representa o seu titular. Não soube dar as cartas; ao contrário, ficou o tempo inteiro a reboque dos coronéis que tanto tem travado o Estado ao longo de sua história. Deixou que a multissecular oligarquia anacrônica, pegajosa, intereisseira e preguiçosa usasse seu governo como bem quisesse, impunemente. Ajustou-se, apenas. Sem um mínimo ousar num lugar cansado de mesmices. Se projeto tinha, ele não contemplou Sergipe como Sergipe é, com suas mazelas políticas, inclusive. Mesmice. Só mesmice. Não é a toa que tudo quanto é lidereco que não está mamando se acha no direito de escarnecer. Caso venha ser reeleito, se-lo-á por pura falta de opção já que, João pela quarta-vez, ou Albano pela terceira, Pater Coelis Deo, miserere nobis!
Êta lugarzinho azarado!

“Marvada” Aura.

Certo dia estava numa esquina de Itabaiana quando passou um cidadão, um personagem público, por sinal, cumprimentou a todos educadamente, porém, ao sair e distanciar-se arrancou um comentário de um amigo meu: “Eu não consigo confiar nesse rapaz! Tem alguma coisa nele que me cheira a falsidade”.
Apenas um riso, foi a minha resposta. O meu amigo talvez ainda não o saiba, mas eu também tenho a mesma sensação ao encontrar o cidadão em questão.