sábado, 12 de setembro de 2009

Trilhas da infância.


Faz trinta anos, talvez, que atravessei o trecho da velha estrada colonial para São Cristóvão (na sua primeira versão até 1675, antes do surgimento da Vila, hoje cidade de Itabaiana) que liga a BR-235 à estrada vicinal do povoado Serra. Quanta diferença! Pra pior e pra melhor. No primeiro trecho, próximo à BR, onde não havia uma só casa por volta de 1976, há, de um lado, um arruado de casas, sem nenhuma orientação, e naturalmente sem água, esgoto, muito menos pavimentação. Do outro, mansões enormes por trás de muros altos denotando privacidade total de seus donos. Mais adiante, entra-se de fato no clima de sítio, porém, não demora e mais chácaras paradisíacas. Numa parte até pavimentação a paralelepípedo, existe; acredito que às expensas do dono da mais vistosa das chácaras, já que a parte pavimentada para na sua porta. Na maior parte do trecho, nem de longe parece aquela quase vereda que eu cruzava a pés, ou montado a cavalo e onde até pra empurrar uma bicicleta era difícil. Também pára por aí. Depois da parte em pavimentação, entramos numa vereda apertada com mato à altura do joelho, e, estrada de fato só teremos já quase ao chegar à estrada da Serra (pela BR-235), mantida ainda graças a instalações granjeiras que nela existe.
Próximo à estrada, uma capelinha do povoado guarda ao seu lado o túmulo de um dos três personagens mais importantes de Itabaiana na primeira metade do século XX: Antonio Dultra de Almeida. Um tesouro histórico para quando futuras gerações debruçarem-se sobre as raízes de sua terra.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

João, o profeta?

Tópico excelente de Claudio Nunes (AL: 2 contra 1). É a cara do indefinido governo Déda. De quebra, a confirmação do que foi visto como um escândalo, mas que aqui evidencia que João Alves Filho está certo: "peguem o dinheiro com esse besta e depois venham pro meu lado".
Nunes analisa que de deputado mesmo Déda tem um na Assembléia: Francisco Gualberto. O resto é punguista, inclusive os do PT, da ala do PT que vive às turras contra qualquer liderança que não seja o dito cujo ou a dita cuja. A mesma que já derrubou Marcelo Déda lá atrás. É Augusto Bezerra e Venâncio Fonseca com um telhado de vidro do tamanho de uma garagem de avião, a tripudiar sobre o governo Déda, e somente Gualberto chega junto. O resto faz ouvidos de mouco.
Governador... tem de ir aonde o povo está!
Quando é pra mudar, ou se espera que seja pra mudar... tem que mudar! Do contrário acabará sendo mudado e pior, desprezado pelo povo que odeia que lhe trai, quem lhe castra os sonhos. Por menores e confusos que sejam. Uma das formas de trair o povo é depositar confiança em quem o povo não confia.
O povo tem pavor a otário.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pobre Itabaiana

Apesar de ter a maior frota de automóveis – particulares e de serviços – do interior do Estado (segundo lugar é Lagarto com a metade); e a maior rede de telefonia fixa e móvel também do interior (Lagarto, idem), o valor de participação do Município no Imposto de Renda arrecadado em 2008 é menor do que 24 municípios sergipanos. Itabaiana, está, portanto, em 25 quinto lugar na arrecadação de Imposto de Renda. Os respectivos 26°, 27° e 28°, 29 e 30° lugares são Riachão do Dantas(R$ 267.155,28)*, Poço Verde(R$ 265.852,44) e Maruim(R$ 262.509,00), Pacatuba(R$ 260.452,10) e Nossa Senhora das Dores(R$ 237.223,30). Por setenta e dois reais não ficamos abaixo de Riachão dos Dantas.
Arrecadaram mais imposto de renda que Itabaiana(R$ 267.227,64)*: Areia Branca(R$ 271.224,65), Umbaúba(R$ 284.147,40), Propriá(R$ 357.732,71), Indiaroba(R$ 368.050,06), Boquim(R$ 369.564,67), Itabaianinha(R$ 371.359,34), Simão Dias(R$ 377.197,02), Barra dos Coqueiros(R$ 390.754,35), Porto da Folha(R$ 421.063,01), Poço Redondo(R$ 451.976,54), Tobias Barreto(R$ 478.189,28), Nossa Senhora da Glória(R$ 479.393,54), São Cristóvão(R$ 514.193,80), Japaratuba(R$ 515.690,30), Capela(R$ 579.196,17), Rosário do Catete(R$ 645.998,00), Laranjeiras(R$ 663.111,44), Lagarto(R$ 789.732,08), Itaporanga d’Ajuda(R$ 797.300,00), Estância(R$ 869.105,00), Canindé do São Francisco(R$ 1.296.128,54), Nossa Senhora do Socorro(R$ 1.714.425,90) e Aracaju(R$ 17.684.968,90).
A arrecadação de Imposto de Renda incide sobre pessoas físicas e pessoas jurídicas (empresas). Itabaiana tem a segunda maior rede de funcionários públicos do Estado e está entre os três maiores núcleos de funcionários públicos da União no interior do Estado.
Funcionários públicos e autoridades em geral não têm como sonegar o que ganham do governo.
...
(*) Se refere ao valor - que é proporcional à arrecadação - recebido pelo Município.
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Balanços dos municípios - 2008

Raça do cão!

De repente a polêmica: o Governo Deda perdeu uma verba para um CEASA em Itabaiana. Mas, onde diabos estava mesmo essa verba que não aparece no Orçamento Geral da União (Eduardo Amorim é deputado federal, logo, não pode legislar sobre verbas estaduais)?
Flavio Conceição sai ou não sai? A Assembléia tira Flavio Conceição ou não tira? Mas, sobre o principal - que são os motivos de Flávio Conceição estar nesse rolo, a Operação Navalha e a descoberta dos assaltos aos cofres públicos – nisso... ninguém toca?
A mentira – como o feitiço – quando demais vira bicho e engole o dono.
Como diz o poeta: “mentiras sinceras me interessam”. Mas tem que ser sinceras! Ao menos.

Atenção, sacoleiros

Regras novas sobre a sacolagem via Paraguai.
Aqui: (clique)

Não estou entendendo

Anunciado pela assessoria do deputado Eduardo Amorim - e replicado com certo estardalhaço na mídia local - a geração de uma terceira faixa na BR-235, entre o Rio das Pedras e a Terra Dura, ou seja, em todo o trajeto que corta o Município de Itabaiana (mais aqui). Ótimo. Só que o que está no OGU 2009 para a dita BR-235 e dentro de Sergipe é de apenas R$ 2.246.000,00, para toda a BR.
A situação no OGU 2009 estava assim no dia 28 de agosto passado:
Manutenção de Trechos Rodoviários - na BR-235 - no Estado de Sergipe:
- Lei aprovada inicialmente: R$ 8.730.000,00;
- Valor remanejado(retirado): R$ 6.484.000,00;
- Crédito autorizado de R$ 2.246.000,00;
- empenhados até 28 de agosto: R$ 361.856,00.
Adequação de Travessia Urbana - no Município de Itabaiana - na BR-235 - no Estado de Sergipe:
- Lei aprovada inicialmente: R$ 5.000.000,00. Essa verba foi completamente remanejada (retirada) do OGU 2009 (ao menos assim é a situação até 28 de agosto, dia da última atualização pela própria Câmara dos Deputados).
Logo, surpreende o anúncio, e ainda mais dos 19 milhões anunciados, haja vista as finanças federais não ser uma bodega onde se transaciona valores a bel-prazer a qualquer momento, apenas ao sabor das conveniências eleitoreiras ou outras.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Idéias que martelam minha cabeça.

Na minha mania de parecer grande; de achar que o lugar em que vivo é grande; enfim, de grandeza, mesmo sem extravagâncias, ao observar o drama que mais uma vez a megalópole paulista sofre; analisar-lhes os políticos que nada resolver e tudo disfarça há décadas; São Paulo das cheias e engarrafamentos intermináveis, incêndios, assaltos, selvageria, gente que não se fala... eis que lembro da minha Itabaiana. Ultimamente tenho ouvido muito a expressão: não tem jeito! Eu não gosto disso. Eu não gosto de quem joga a toalha. Muito menos de quem, por disfarçar, se esconder, safar-se do dever, diz que não tem jeito. Por isso me vieram à cabeça os versos criados pela turma da MPB que encenou a campanha pelos flagelados do Nordeste em meados dos anos 80:
“Nós não vamos nos dispersar. Juntos, é tão bom saber. Que passado o tormento,
será nosso esse chão”.

Dando má impressão


Nada há de mais deprimente do que sinais de abandono. E não há sinal maior de abandono do que certos pequenos detalhes que, no fundo, tanto contam. Por exemplo, desde a administração passada que o relógio da Praça de Eventos – Praça Etelvino Mendonça – se acha quebrado. Já houve festas de aniversário da cidade por duas vezes; feirinha de natal, shows particulares, etc., e o danado continua lá: danado. No dano. Bem que a administração municipal poderia aproveitar que teremos o Motofest (clique aqui) neste final de semana (11, 12 e 13) e dar ajeitada. Pequenos detalhes assim não ajudam ninguém a ganhar eleição; mas tira votos que é uma beleza. Significam descuido, descaso. Incompetência. Além de detonar com a imagem da cidade. Apesar de ser "só um detalhe".
...
Em tempo: hoje não fizemos averiguação se já começaram a consertar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Bom pra otário.

É um dever – e não apenas um direito – a busca do cidadão pelo aperfeiçoamento da civilização, onde um dos seus aspectos é o sistema democrático, o mais transparente e honesto possível. Deste prisma, é válido o esforço de qualquer grupo em se organizar pra exigir melhoria na ética eleitoral. Mas, de fato, a retórica ora presente da “Campanha Ficha Limpa” é de um nível de cinismo que não tem tamanho. Por mais que tolos ali existam, a achar que uma simples – mais uma – Lei resolverá um problema que passa por um filtro muito mais poderoso, o que se vê por trás é manipulação; exercício farisaico da arte do poder.
O que mais chama a atenção dessas entidades de “defesa da ética” é que geralmente elas fogem ao ponto onde as soluções realmente poderiam acontecer. Por exemplo, tenho acompanhado a Transparência Brasil e não vi nenhum interesse na materialidade da Lei Complementar 131, que resumiria a corrupção a níveis “quase celestiais”. É retórica por cima de retórica. Pavonice. Todo mundo querendo aparecer, seja por apenas aparecer, seja para aparecer escondendo algo grave que deseja esconder.
Em relação ao PL da Campanha Ficha Limpa, se aprovado, ou será derrubado no STF porque é inconstitucional; um instrumento fascista de controle, de exclusão de indesejados por quem detiver o poder, tal quais as eleições de bico de pena da República Velha; na menos ruim das hipóteses, mais uma letra morta. É uma pena que instituições que já marcharam pelas liberdades civis e conseqüente aprimoramento da sociedade, como a CNBB, estejam subscrevendo uma idéia estapafúrdia destas, no mínimo uma ingenuidade; senão um enclave nazi-fascista no modo de ser da sociedade.
Temos “n” meios de resolver o problema da corrupção eleitoral. Inclusive todas as leis, artigos etc., e etc., listados pelo MCCE. É só a Justiça funcionar. Não passar quatro ou cinco ou até vinte anos pra julgar um processo em que não há mais o que acrescentar. Nosso problema está na Justiça; não nas leis, especificamente. Uma Justiça onde a Revolução de 30 – sequer o Golpe da República de 15 de novembro de 1889 – chegou. Justiça dos velhos ouvidores-mores dos tempos coloniais, por mais computadores que entrem nas salas. Cadê a pressão em cima da Justiça pra que funcione?
A CNBB, fonte básica da autoria do Projeto muito bem poderia instruir seus membros, especialmente os clérigos a exortarem o povo continuadamente ao exercício da cidadania pela fiscalização do uso do dinheiro público através dos portais de internet do Governo Federal, a exigir-lhe ainda mais clareza; e que governos em instâncias inferiores cumprissem com maior brevidade o que preceitua a Lei Complementar 131; enfim, cobrar dos juizes que cumpram suas funções: julguem; e não sentem-se em cima dos processos, com isso a beneficiar ladrões.
Não será com mais uma Lei de Exceção que se resolverá um problema que a rigor, só se resolve com democracia, leia-se Estado radicalmente de Direito.
Para inocentes e tolos, esse projeto é mais uma falsa esperança; para os malandros e cônscios, uma patacoada. Fórmula de manipular otários.
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(clique em cima das palavras em destaque para abrir-lhes os arquivos).