sexta-feira, 21 de junho de 2013

Itabaiana, suas praças e suas árvores.


A polêmica agora criada com a história da reforma da Praça João Pessoa (veja aqui o convênio) para criar mais vagas pra carros se deve ao histórico das administrações municipais e suas respectivas fixações em destruírem praças e transformarem-nas em lajes de concreto.
O primeiro caso concreto de uma praça de Itabaiana transformada em laje foi a Praça Santo Antônio, desde 1960 convertida definitivamente em Largo. O segundo caso foi outro espaço também convertido em Largo, logo em laje de concreto, o Largo José do Prado Franco. Em ambos, funciona a Feira Livre.
Há também o memorável caso das praças que nunca foram. A Dom José Tomaz foi doada à Igreja que nela construiu o que é hoje o CTP. A Honório Mendonça, como a Prefeitura Municipal nunca indenizou negociadamente o dono do terreno, Dr. Gileno Almeida, este doou parte, quase toda à Associação Atlética de Itabaiana, criada por ele; parte foi vendida diretamente em lotes e em outra parte foi indenizado na marra já que a Prefeitura invadiu, doou terrenos ao INSS e aos Correios. E não pagou. Foi parar na Justiça com Dr. Gileno, naturalmente ganhando a causa, não sem algumas perdas. A Sebrão Sobrinho, essa é que nunca ninguém aventurou sequer negociar. E, como não houve invasão da Prefeitura, acabou sendo loteada. Houve ainda os casos peculiares da São Luiz, hoje renomeada para Sebrão Sobrinho, e que nunca foi do Município, porque terreno particular da família Teixeira e doado à Igreja; o caso da Praça João Pereira, cujo terreno foi doado junto com a parte onde hoje se assentam as escolas Airton Teles, Nestor Carvalho e Lenita Porto; e há o caso da José Francisco de Mendonça, no Conjunto Euclides Paes Mendonça, onde o Município construiu uma escola, depois saiu doando terrenos à Igreja, cuja última doação ocorreu no mês passado e a Praça vai encolher mais cinco metros, é o que dizem. Aliás, neste caso, existe a praça do Conjunto José Luiz Conceição onde mais da metade foi tomada pela Igreja na construção de outra paróquia.

A grande laje – a Praça de Eventos.

Desde que se estabeleceu no lugar onde foi a sede da fazendola de João Teixeira, pai de Oviedo e do prefeito Silvio Teixeira e avô de José Carlos Teixeira, que a hoje Praça de Eventos, oficialmente Praça Etelvino Mendonça passou a fazer parte das preocupações dos vários prefeitos: um pepino gigante a ser descascado. Até pra cimentar era complicado porque o maior espaço aberto urbano de Itabaiana. Em 1991 João Alves Filho foi reconduzido ao Governo do Estado, com votação maciça de Itabaiana na eleição de 1990; não tanto como em 1982, mas maciça. Em 1994 foi forçado pelas circunstâncias a apoiar Albano Franco que, ressalve-se, nunca foi bom de urna. Teve fim aí a urbanização da Praça de Eventos. O modelo, tipicamente ao gosto dos administradores de Itabaiana, como se vê no projeto original, baseado na laje; pelado. Como mera ilustração, árvores num triângulo na esquina das avenidas Manoel Teles com João Teixeira; metade da quadra onde hoje foi apropriada pelos topiqueiros e duas fileiras – não apenas uma como é hoje – de árvores ao redor do conjunto. Informaram-me na época em tom de ufanismo que era um projeto baseado numa praça na Califórnia, não sei se em San Diego, San Francisco ou outra cidade do grande estado americano. Ocorre que toda a Califórnia está numa latitude acima de 30 graus; logo, com níveis de insolação de metade do que temos no inverno e menos de um terço do que temos no verão. O Parque do Ibirapuera em São Paulo, capital, e o Central Park em Nova Iorque não são propriamente lajes de concreto; todavia a atividade cultural ali, incluindo megashows é intensa. Mas aqui preponderou a laje. Como se vê no projeto original aqui anexado, sequer a quantidade de árvores planejada foi plantada. Quase 30 mil metros quadrados com apenas míseras 102 árvores, quase todas arbustivas. Existem R$ 2.032.000,00 pré-contratados junto à Caixa Econômica (ainda depende de alguns detalhes pra serem liberados pelo Ministério do Turismo) para reforma da dita Praça. Ao que parece, nem projeto existe. Esperemos o que virá – e se virá – pela frente.

Na foto acima: projeto arquitetônico em 1994, antes da construção; o lugar onde seria o parquinho em 2009, já com os topiqueiros dela apossados; e em 1995, um ano depois da obra inaugurada.