sábado, 26 de julho de 2008

Cartão vermelho.

Segundo o corpo legal do TSE, nem Estados nem União poderão repassar qualquer recurso não previsto nas Transferências Constitucionais (FPM, FNS, Royalties, FUNDEB, ICMS, IPVA etc) de 05 de julho a 1º de janeiro.
A última remessa fora das transferências constitucionais para o Município de Itabaiana, por parte do Governo Federal deu-se em dois de julho, três dias antes do prazo final. Relativo ao Estado não temos notícia desse tipo de repasse neste ano e para a mesma entidade oficial.
Eis que sugestões não têm faltado na mídia itabaianense no sentido de que estaria vindo montanhas e montanhas de dinheiro para obras no apagar das luzes deste mandato da prefeita Maria Mendonça e dentro das transferências voluntárias, portanto, fora de FPM, Saúde, educação etc., como exposto acima; seja por parte do Estado, seja por parte da União. Hoje tem uma dessas notícias no Itnet que seria sobre a cobertura asfáltica de ruas na sede municipal. Sinceramente, isso, no mínimo é uma provocação. Senão a oferta de falsas esperanças. Aconselharia à colega bloqueira Aninha Mendonça - a quem é atribuida tal informação - se for o caso a checar melhor a dita informação.
As leis eleitorais precisam embutir no seu bojo aquilo que já vale no futebol: jogador que tenta cavar pênalti a base de fingimento e caindo na área leva cartão.
É o tipo de notícia que, mesmo que as máquinas cheguem a se posicionar no canteiro de obras (se o for a Justiça eleitoral certamente mandará se retirar), apenas servirá de munição para o público interno. Não qualifica; deprime.

Em tempo: a Rua Francisco Santos tem menos de duzentos metros(Bandeirola ao INSS); a Benjamin Constant, idem (R S Paulo à Área de lazer), a Campo do Brito (a partir do fundo da Telemar) termina no número 250, a Batista Itajai não tem 150(Bar de Veríssimo até a feira), a Tobias Barreto, descontada a Rua do Sol tem menos de oitocentos; a general Valadão(Rua do Sol), ao fundo da Matriz de Santo Antonio, 150 metros, a Travessa Francisco Porto(fundo da Caixa) tem apenas cem metros e a Rua Cupertino Dórea 220 metros(Messias Peixoto até a Área de Lazer). Mesmo considerando a Rua Tobias Barreto por completo, incluindo a parte sem pavimentação alguma. Juntando tudo formam apenas dois quilômetros.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pesquisas

A julgar pelos sinais imediatos, está vindo pesquisa eleitoral aí pela frente em relação à Itabaiana e possivelmente será publicada. O pessoal está em campo. Da nossa parte achamos que os indecisos serão bem numerosos.
Quanto a quem estará mais ou menos bem posicionado, somente a pesquisa - se efetivamente publicada - poderá dizer.
Aguardemos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O grande debate.

Numa turma de estudantes adolescentes, alguns na faixa entre dezesseis e dezoito anos, dois deles travam um debate sobre a situação política atual em Itabaiana:
- Luciano vai ganhar porque faz festa melhor que Maria – diz um.
- Que nada! Mas ele não paga os funcionários em dia – alega o outro – por isso quem vai ganhar é Maria!
Sempre tive o cuidado de observar crianças e puxa-sacos (quase nada a ver entre uns e outros). É que pelo menos num aspecto eles se parecem. As crianças seguem uma padronagem familiar. Se na sua casa falar-se mal de alguém, ela prontamente demonstrará repúdio ao ver essa pessoa. Se nada se falar, será indiferente. Se houver menções honrosas, ela verá na pessoa mencionada um protótipo de herói. No caso do puxa-saco, da mesma forma, porém por motivos diferentes, se o chefe falar bem ou demonstrar temor (às vezes até respeito), o puxa-saco buscará antecipar-se; se o chefe desconsiderar o personagem presumível, este será sumariamente ignorado pelo “puxa”. É fácil, pois, descobrir quando seu moral está lá embaixo junto ao chefão do pedaço. Já regra para o odiado pelo chefe não é seguida pelo “puxa” da mesma forma que seria no caso das crianças já que aquele é profissional na arte da mentira e do disfarce e quando muito esperto, tem medo do vento virar e ele não ter nada pra negociar um novo ninho.

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmo e vivemos; Ainda somos os mesmo e vivemos;
Ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais.
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam mais
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém.
Belchior – Como nossos pais

terça-feira, 22 de julho de 2008

Qui prodest?

Segunda-feira. Septuagenária, “sem pedigree”, tipo "latino-americana sem parentes importantes e vindo do interior", busca num posto de saúde uma extração de uma unha que em seus pés calejados de agricultora, contraiu de há muito uma micose deformando-a, e fazendo-lhe passar sérios incômodos. Atendentes do posto de saúde a despacham com a recomendação de buscar pelo Hospital já que no dito posto não há nenhum médico que faça a pequena cirurgia. Quarta-feira, manhã, a nossa septuagenária, depois de caminhar por mais de um quilômetro e meio pelo pior passeio público do mundo (ela tem recomendações médicas para caminhar) chega ao Hospital. As demoras de praxe no atendimento em serviço público de saúde e, depois de algumas incertezas provocadas por funcionários mal treinados, mal pagos e até mal educados eis que uma atendente explica-lhe: “Só com a Dra. Tereza. E ela só vai estar aqui à noite. A senhora pode vir que ela lhe atende.” Sete da noite e a nossa septuagenária, que tem todas as garantias de um tal de estatuto do idoso, chama um táxi (pela noite, definitivamente não dá para encarar as calçadas - ditas passeios públicos – verdadeiras armadilhas para quedas, de Itabaiana). E lá se vai a nossa septuagenária senhora em busca de resolver seu problema de unha encravada. Apresenta-se na recepção do Hospital e lhe mandam aguardar. Algum tempo depois um funcionário avisa: “a doutora Tereza chegou. Quem vai pra ela?” A nossa personagem se reapresenta, faz uma ficha e aguarda. Tempos depois um funcionário com cara desses que assumiram o emprego por ser “amigo” de alguém despacha: “a doutora Tereza não extrai unhas”. A senhora ainda inquire: “e quem o faz?”. A resposta, “aqui, ninguém!” Só no Posto da Feira das Panelas. Sexta-feira, manhã, Posto de Saúde José Souto Diniz, popularmente conhecido como Posto da Feira das Panelas. Nossa paciente (e põe paciência nisso!) tenta mais uma vez. “Aqui, não!” Reponde o atendimento. “A senhora tem de ir ao Hospital”.
Segunda-feira da semana seguinte. A nossa septuagenária, através de uma amiga conhece uma clínica que faz o serviço a preços ao seu alcance. A unha agora jaz em algum lixo hospitalar por aí. E a septuagenária dormiu como um anjinho depois de quase dez dias de pesadas doses de analgésicos, caretas, gemidos e humilhações.
Em tempo: tem título de eleitor e vota desde 1954. Não votará nem sob tortura nesse ano. Tem consciência perfeitamente que está dentro daquela indagação que faziam os romanos: Qui prodest: a quem (ela) interessa?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Laissez-faire.

Sábado, 19, por volta das nove da manhã saio para passeio matinal, e cruzo com a tradicional “feira das trocas”. O que menos se faz ali são trocas no sentido do primitivo escambo. Já de há muito. A tradição da desorganização do espaço e seu evento bem como o nome permanecem desde que apareceu, talvez ainda no século XIX. Primeiro tendo animais como produtos de escambo; e atualmente toda a sorte de produtos, inclusive roubados. De vez em quando a polícia encosta com forma de prevenir ou de surpreender, mesmo, os espertinhos que surrupiam objetos de terceiros e que, vez por outra ainda se arriscam a ir até ali.
Mas o que me chama a atenção na feira das trocas é a criatividade, mesma que eivada de ilegalidades. Quando o CD apareceu, logo, logo ele estava na feira das trocas. Depois veio o DVD, e ei-lo lá. A criatividade é tamanha que não tem mercado moderno no mundo mais competitivo. Agora já vendem DVD em envelopes. Sim envelopes que repetem as capas em estojos mais bem trabalhados dos originais. Isso barateia ainda mais o produto. E de nada adiantam as batidas da polícia. O “rapa”, como se diz na 25 de Março, em São Paulo, passa, e eis que já está tudo de volta novamente. É, definitivamente, um problema social, esse da pirataria em cima da indústria cultural. Engloba ele, problemas seculares mal resolvidos que vão desde à pobreza crônica à falta de vontade dos administradores.
Bem, mas sigo adiante. E aí encontro uma das pontas dessa inversão de valores já aculturados. Trata-se de um empresário do ramo da dita indústria cultural e que há tempos atrás bradava pra mim em forma de desabafo, documento à mão, a prova da suposta falta de vontade de uma autoridade em resolver esse problema; o da pirataria. O dito documento era uma determinação, segundo ele, do Ministério Público para que a dita autoridade tomasse as providências no sentido de coibir a tal pirataria, o que nunca, jamais foi feito. Lembro-me que na época eu que me apresentou tal papel tive pra abrir a boca e tirar sua fantasia com um documento sem valor normativo algum, esclarecendo-lhe que aquilo ali só teria validade se fosse o Juiz quem mandasse. Mas fiquei calado diante de tanta esperança e da quase inaceitabilidade da verdade por parte dele.
A pirataria, especialmente de produtos culturais é um problema mundial que não será resolvido com os instrumentos que se tem hoje em mãos. A própria indústria, supostamente a mais prejudicada faz jogo duplo, condenando publicamente, criminalizando o ato, até; enquanto não mexe um dedo para dentro da ferida que poderia de fato resolver o problema. Aí vem o empurrismo. O papel que meu amigo apresentou-me tempos atrás onde o Ministério público “determinava” que a administração municipal resolvesse o problema da pirataria é o último elo da grande cadeia de mentiras que cerca esse legalismo de vitrine. As convenções internacionais criaram leis rigidíssimas, todavia encheram de gargalos premeditados para que fossem facilitadas as transações nebulosas das próprias empresas interessadas em coibir a pirataria dos outros. No caso brasileiro o governo central remeteu tais atribuições aos municípios como forma de “sair da reta”. Inicialmente a idéia era excelente: uma máquina grande demais tem problemas enormes no gerenciamento; entretanto, o que ocorreu de fato foi o famoso “toma que o filho é teu”. Aí cai no colo dos administradores municipais onde, a maioria não tem recursos financeiros; se os têm, não tem a menor vontade política de mexer em vespeiro; se por acaso tiver a tal vontade política, faltam profissionais capacitados para tal.
Enquanto isso cai vertiginosamente a qualidade musical e dramatúrgica no mundo todo. O bilionário mundo de Hollywood está por um fio. A Sony saiu engolindo tudo que encontrou pelo caminho em matéria de áudio e vídeo. Ao invés de se adaptar aos novos tempos – e novos preços competitivos com os piratas – resolveu criar um monopólio e manter os aparentes lucros. Vai quebrar. E isso é muito mal. Não apenas uma empresa da indústria cultural quebrar; mas a própria indústria cultural. Bem ou mal foi ela quem financiou a enorme qualificação do entretenimento que hoje temos em relação aos fins do século XIX. Quanto à nossa “feira das trocas”, se as autoridades reagirem, a criatividade cuidará para que tudo se compense de outra forma. Porta a porta, por exemplo. Aí, fala-se no blue-ray, a nova tecnologia (que já faz mais de dez anos na gaveta). Porém, os “guerrilheiros nas alcovas (já) preparam suas mortalhas”, como diz o poeta. Ou seja, bits são de fato operações matemáticas; e a matemática não é privilégio apenas de uns poucos iluminados.
É o liberalismo.