sábado, 22 de agosto de 2009

Nada mal.

Seria um notável aporte de recursos para um comércio que se ressente, e muito, da falta de investimentos públicos, o noticiado por Edivanildo Santana em seu blog (aqui), envolvendo um acerto entre o prefeito Luciano Bispo de Lima e Caixa Econômica Federal, para construção e reforma de unidades de baixa renda em Itabaiana. Rezemos que dê certo. Afinal, seriam milhares de fretes para carroceiros; comissões para vendedores; mais funcionários na casas de material de construção; centenas de empregos para mestres e ajudantes de pedreiro e carpinteiro, enfim, dinheiro em movimento. Como nunca deveria deixar de ser.
O dinheiro é suficiente para beneficiar nove mil famílias com um mil reais; ou três mil com três mil reais; ou um mil com nove mil reais. Repetimos: daria um senhor impacto na economia local, ao final das contas.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Você é meu amigo!

Correu hoje como preocupação de um lado, desafogo de outro, a história de que o deputado federal e ex-quase tudo (exceto presidente da República) Albano Franco bateu o martelo: não apóia Deda. Ora, se for como apoiou Zé Carlos Teixeira em 1986 contra Valadares... que diferença faz? (Zé Carlos foi o único candidato do PMDB em todo o Brasil que perdeu para um do PFL, que foi o único do PFL que ganhou em todo o Brasil).
Albano sempre se refere aos próximos como: “você é meu amigo!” Nunca como: “Eu sou seu amigo!”
Esse legítimo herdeiro de "José de Barros Pimentel, que já hé fallecido e foi casar á Sergipe d'El-Rei com D. Joanna Martins, filha do sargento Manoel Martins Brandão, Cavalleiro da Ordem de Christo, senhor do engenho do Sedro Brasil(...)"(*)... não é brincadeira!
...
(* Nobiliarchia Pernambucana, Antonio Jose Borges Victorino da Fonseca, 1748)

Abrindo o verbo.

Eu não assisti, nem obtive a gravação, logo não tenho tanta autoridade assim sobre o assunto, contudo, pelas duas testemunhas que me passaram a informação, não há a necessidade de dúvida: o vereador Vardo da Loteca ontem “botou quente” - como se diz no popular - em participação na Câmara de Vereadores. O motivo maior é a questão da organização no trânsito. Em essência, Vardo está certo; não vou discutir os pormenores. A SMTT está pior que nos tempos da administração passada. Ali, pelo menos se sabia que só existia no papel e nos cargos "a quem de direito". Agora, a forma atabalhoada com que foi implantada e a velha mania de tentar tapar o sol com peneira demonstra que, ao contrário de organizar, está desorganizando; ao contrário de arrecadar, vai acabar gerando ônus com processos indenizatórios; ao contrário de resolver o problema de trânsito e de credibilidade da administração municipal, está desmoralizando o sistema, coisa que não pode ocorrer: governo desmoralizado (no caso, o municipal).
Detalhe: a vitrine mais negativa da administração Maria Mendonça foi a visão, inúmeras vezes, do entalamento de carros nas ruas centrais, rotineiramente, durante os quatro anos de sua administração. Isso potencializou as imagens de buracos nas ruas; estradas vicinais em estado deplorável e outros aspectos negativos da administração. Por outro lado, João de Zé de Dona ganhou a eleição em 1992 quando Zé de Dona, chapelão de palha à cabeça e pacaio no canto da boca (era fumante naquela época) - junto com o Gordo da patrol e alguns caçambeiros - saiu a consertar meio mundo de ruas em piçarra que se achavam abandonadas desde fins de 1990, logo que o saudoso Beijo de Bibi deixou a área.
Quem quiser que pense que "só dinheiro" ganha eleição!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

E...?

"Suspeito de envolvimento na morte de Tonho Cabaré é encontrado morto em Aquidabã".
Cabem as perguntas: e quem teria mandado ele matar a Tonho Cabaré? Já que a polícia suspeitava do agora morto, porque não o prendeu ou evitou que "o arquivo fosse queimado"?
Se alguém achar que isso resolve, está muito enganado. Aquele sangue que correu naquele meio-fio ainda vai fazer muito estrago.
Itabaiana é interessante: mata-se à vontade e todo mundo está acostumado. Porém, certas coisas, situações ou pessoas são intocáveis. Paga caro quem nelas tocar ou gerar escândalos. As duas últimas eleições majoritárias municipais foram decidas assim: no escândalo. O resto, meros detalhes.

AGRESE: pra quê isso?

Gostaria de estar exultante com a notícia de que o Governo de Sergipe acaba de criar uma agência regulamentadora (mais aqui) que fiscalizaria serviços vários. Mas não estou. A julgar pelos pecados da Vigilância Sanitária do Estado, essa será mais uma agencia B.O.; uma Anatel da vida; que só serve para emitir comunicados da direção que é composta por aqueles a quem deveria fiscalizar.
Quando falo da incompetência(*) da VSE é porque sei do que estou falando.
...
(*) A palavra certa é incapacidade; mas já que o linguajar jornalístico conseguiu substituir os significados, moldo-me a ele.

Imperador das cinzas.

Que me perdoe a franqueza, mas, do modo como o “companheiro” vereador Olivier Chagas vem conduzindo o Partido dos Trabalhadores, PT, cujo diretório municipal local tive a honra de ser o primeiro presidente, parece que resolveu rezar na cartilha tradicional, o mais tradicional possível, da rasteira política itabaianense. Coronelizou. Os resultados... mesmo que para ele venham a ser bons; para o Estado e Itabaiana em particular... tenho sérias dúvidas. E pior é que o mais provável é que acabe se tornando o imperador das cinzas.
Mas, em tempos como esses em que até Marina Silva, em nome do próprio umbigo resolve dar uma forcinha aos tucanos...!
Itabaiana é assim. Foi “promovida” a cidade em 1888 porque seu então único deputado queria promover seus irmãos professores; aumentar-lhes os salários. E como não podia transferi-los para a capital, o jeito foi pegar carona no projeto de Capela. Cidade mesmo, como mandaria a tradição, só depois de 1950. Sessenta anos depois. Os professores irmãos do deputado quase dobraram os salários.
Em tempo: saí do PT em 1987 e (acho que ainda) estou no PSB. E entrei em 2003.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Em queda livre


Os bons tempos de crescimento de Itabaiana já eram. Desde 1990 que o IBGE faz projeções para o crescimento populacional no município e tem que voltar atrás em seguida ao tentar confirmar nos recenseamentos. Em 1970 o município de Itabaiana – cidade e zona rural – possuía 41.640 habitantes. Vieram as crises do petróleo de 1973 e 1976 que balançou negativamente um setor que vinha crescendo velozmente em Itabaiana que era o do transporte, todavia, os investimentos em educação e malha viária diminuíram seus impactos e, ao fim da década, o clima de vitória imperava no município. No censo de 1980, Itabaiana havia crescido 26 por cento, patamar pouco abaixo do melhor de todos, o da década de 1950, com mais de 40 por cento. Cravamos em 1980 52.601 habitantes. De 1980 a 1990 continuamos a crescer, apesar de já sentir certa redução. Os investimentos revitalizantes na economia através da irrigação foram determinantes. Crescimento de 23 por cento até 1991 (não houve censo em 1990), fechando naquele ano em 64.838 habitantes. Desde então, a curva despenca. A cada previsão, ao fechar os números do censo seguinte o IBGE teve que refaze-la. Obviamente aqui houve uma queda enorme na natalidade local que hoje se aproxima da dos Países Baixos (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), todavia, o fluxo migratório pra fora foi muito maior do que internamente. Foi esse fluxo que levou às alturas o crescimento da década de 1950, de 1970 e 1980. Mesmo assim ainda fechamos a última década do século XX com um crescimento de 18,5 por cento, ou seja, com 76.813, bem abaixo dos 80.305 esperados para 2.000. O desastre começa mesmo é a partir de 2.000. Na contagem feita agora em 2007, mais uma vez o IBGE teve que refazer suas previsões populacionais para Itabaiana que só cresceu a uma taxa de 11,8 por cento em dez anos.
Alguém ira alegar, mas isso ocorreu em várias outras cidades sergipanas; e realmente ocorreu; a quase todas. O que queremos aqui enfatizar é que estamos estagnados. Paramos no tempo. E o risco de, no caso de uma cidade de porte médio vir a estagnar, e depois regredir é enorme. Foi o que ocorreu, por exemplo, a Propriá. O município rivalizou com Estância e até Aracaju pelo segundo e primeiro lugar, como centro industrial, por décadas. A partir dos anos 60 foi só ladeira abaixo. Sem esquecer o breve esplendor de Maruim, na passagem do século XIX para o XX. Nossa primeira máquina vapor para descaroçar algodão veio de lá, por volta de 1870. A de gerar energia, por volta de 1920, também.


Riscos

Cidades, como seres vivos, nascem, crescem e morrem. Ou permanecem. O que determina um ou outro estado é o que faz seu povo através dos governos que constituem.
O ímpeto de crescimento do “Município Modelo”, “Cidade Celeiro” observado nas décadas de 70 e 80, vê-se, cai vertiginosamente na década de 90 e se aprofunda muito mais nesta primeira década deste século que ora vivemos. Os motivos? Os de sempre, acreditamos. Falta de perspectivas.
Continuamos o grande mercado; mas estamos produzindo cada vez menos. Conseguimos uma estrutura, digamos, boa, em matéria de educação, todavia, falta perspectivas de colocação local, o que nos transforma, na melhor das hipóteses, num mero exportador de mão de obra. Não há um só projeto de desenvolvimento que possa atrair investimentos, seja para a cidade, seja para o município como um todo. Até a indústria da construção civil, presente em cidade médias do centro-sul do país, aqui foi implementada apenas pela expansão de moradias de baixa renda, geralmente com tendência de aproveitamento eleitoreiro e formação de bolsões de problemas sociais. Além do resultado indesejado exposto, há a falta de opção de investimento para médios e pequenos poupadores que vêem no mercado imobiliário da Capital o ponto certo de investimento. Depois, eles próprios vão embora.
Uma coisa não justifica a outra, mas, a crescente elevação no número de assassinatos, especialmente de 1990 pra cá evidencia um lugar sem rumo; em processo de favelização no que há de pior desse aspecto. A falta de perspectiva levando à atividades econômicas ilegais e consequentemente acertos de contas, graças também a ausência do Estado como força legalista.
Itabaiana tem uma população urbana razoável, porém do ponto de vista das relações sociais se comporta tal como uma cidadezinha de dez mil habitantes: não existe absolutamente um só lugar que possa servir de atrativo para o lazer com alguma qualidade, inclusive nos fins de semana. É "beber, cair e levantar". Nos fins de semana, o grande programa é se empanturrar de bebida nos bares, ouvindo música(?) de horrível qualidade, às vezes de forma abusiva quando se dá a má sorte de encontrar a turma que gosta de andar “à margem”; ou pegar a estrada para lugar mais qualificado.
As perspectivas por aqui vêm se restringindo a discutir, a pensar eventuais lucros, a “viver” o lado político, como no início do século passado, nos tempos de Pebas e Cabaús.
Até o clube de futebol que tantas glórias deu à cidade e ao Estado não anda lá essas coisas.
O pior é a quantidade de famílias de classe média que tem deixado a cidade em função dessas carências citadas, o que se traduz numa perda monumental. Vem daí a preocupação maior quando se ouve uma autoridade expressar: “não vale à pena”, em referência ao lutar pelo município. Significa que jogou a toalha.
Lugarzinho azarado em matéria de lideranças!


Pobre rico pobre

É inegável que, pelo menos no aspecto, economias pessoais, ainda temos muito do que nos sentirmos satisfeitos: temos uma boa distribuição de renda para os padrões latino-americanos, entretanto, como disse o poeta, “há uma pedra no caminho”. Além da falta de estrutura social sofremos cronicamente de um mal terrível: a baixa arrecadação municipal associada ao eleitorismo rasteiro, portanto interesseiro, que reduz ainda mais a capacidade do Município de investir. Fica-se, pois, a correr atrás de esmolinhas, “vantagens” medíocres. Mendigar umas poucas pilombetas enquanto ao largo passa, fácil de ser pescado, enormes cardumes de atuns.
Desde o fim do regime fiscal da Constituição de 46 que vivemos de repasses, especialmente federais. Usualmente é arrecadado menos ICMS em Itabaiana do que em Areia Branca com um quinto da população e uma economia ainda mais distante. Isso reduz drasticamente nossa participação no repasse do que é devido pelo Estado. Aí, ficamos a depender dos repasses federais. Ocorre que os vícios eleitoreiros de hoje são os mesmos de 10 de outubro de 1848, quando as duas facções locais que se digladiavam pelo controle do incipiente cofre bateram de frente em frente da Matriz de Santo Antonio resultando em seis mortos e vários escoriados. Ocorre também que o governo central, diante dos vícios seculares que permeiam a administração pública, especialmente as municipais, criou mecanismos de controle de tal sorte que o FPM –Fundo de Participação dos Municípios, única verba federal que um prefeito pode usar com mais elasticidade de opções, já vem com menos trinta por cento - quinze para a Educação e outros quinze para a Saúde - comprometidos E ainda nele, os penduricalhos como dívidas com INSS, etc. Logo, investimentos, só com verba carimbada, de convênios específicos ou com renda própria, que o Município de Itabaiana não tem. O resultado disso é a enorme perda de verbas federais, devido ao fato de não ter dinheiro para a contrapartida, e demandas simples que municípios muito menores já resolveram há tempos.
O futuro? A estagnação, na melhor das hipóteses.
Há 15 anos que Itabaiana está entre os três últimos municípios sergipanos em arrecadação por habitante. Nos últimos três, em último (aqui)