quarta-feira, 12 de março de 2008

Comemorações II

A se confirmar a festança que se anuncia para esse sábado, 15, em homenagem ao ex-prefeito Luciano Bispo estará dada a largada para a campanha política propriamente dita deste ano. E de nada adiantará a prefeita Maria Mendonça – apesar de ainda não declarada, mas franca candidata à reeleição - tentar não pautar-se pelos acontecimentos que virão a partir de sábado. Bem que poderia ela, a prefeita, ter dado a largada; todavia, agora terá que correr atrás, salvo se a Luciano faltar fôlego logo de saída. Coisa muito pouco provável.
Do ponto de vista de resultados, entretanto, ainda não há como garantir que o oba-oba lucianista feito a partir de agora lhe seja favorável em cinco de outubro. Porque isso também depende da reação de Maria. Para o momento, entretanto, a Prefeita se encontra numa situação pouco semelhante à que viveu João de Zé de Dona em 1996. Mesmo que seu eleitorado seja muito maior que o de João, todavia se não percebe neste a devida confiança. A nosso ver, ela cometeu o mesmo erro de João em seu mandato: esqueceu que uma campanha política só termina no dia em que se entrega o mesmo; o que muda com a posse é a execução dela. E é isso que está pegando. E é isso que poderá turbinar Luciano doravante.
O que fez Maria uma promessa como líder não foi apenas o fato de ser mulher e filha de Chico de Miguel. Foi o fato de ser ela, além de mulher na política, ter sido também o primeiro membro da família de Chico que desceu do salto e foi à periferia, de porta em porta, já em sua primeira campanha para deputada, mesmo depois de ter amargado a primeira derrota para o cargo que ora ocupa. Aliás, já ensaiara ali o cumprimento do bordão que “todo artista tem de ir aonde o povo está”. A prova cabal de seu sucesso dever-se muito mais a isso do que apenas à herança, é o fato de seu irmão, três vezes deputado estadual e três federal ter tomado bomba numa eleição pra deputado estadual, justo depois de Maria ter-se elegido prefeita. Entretanto, o apego demasiado da Prefeita à burocracia, coisa que deveria ficar à conta de seus auxiliares tornou-a até aqui uma mera presença protocolar, mesmo que com alguma freqüência, entre seus munícipes, e até entre seu próprio funcionalismo. Coisa que Luciano sempre foi radicalmente em contrário. Ad ministrar é diferente de fazer. Fazer é coisa de operário. Administrar é coisa de líder. Isso não torna o fazer menos nobre que o administrar, todavia, é preciso respeitar as competências para que se não atropelem os fatos.
O resultado dessa opção da Prefeita, sejamos justos, se faz cada vez mais presente nos sinais de que a administração não anda; está emperrada. Tenta-se lances espetaculares sem a devida ressonância popular porque desprovido de alma.
É o conjunto da obra que importa.
Como aspecto que mais está pegando, a imagem de adinamia ora apresentada pela administração municipal ér visível, por exemplo, na administração dos convênios assinados com a União que parecem não sair do papel, mesmo que alguns estejam sendo executados, observa-se que a chancela ainda não concluída/Normal ou mesmo não iniciada é a informação mais comum (vide >Caixa Econômica Federal). Mesmo em casos de convênios firmados em 2005. Os valores também estão aquém da capacidade da administração por dois motivos: o primeiro é o fato de se tratar de alguém com experiência anterior no assunto, portanto, com capacidade de fazer uma equipe administrativa de primeira, e, portanto, pleitos bem melhores e maiores; o segundo é que a Prefeita é o primeiro agente administrativo na história do município com ligação direta com a Presidência da República. Todavia, o valor de investimentos nos últimos três anos, contando a parte a se realizar, fica muito aquém do conveniado e até do executado pelo ex-prefeito. Atualizando-se os valores tomando-se por base o primeiro dia do ano subseqüente ao contrato tem-se que os convênios feitos através da Caixa Econômica, por exemplo, não passam dos R$ 5.985.386,60. Bem distantes ainda dos R$ 8.685.091,03 que Luciano executou entre 2001 e 2004, e menos ainda dos 15.420.091,03 que foram contratados. Quando Luciano entregou deixou encrencados R$ 6.735.000,00 por falta de documentos ou travados por passivos dos quais muitos ainda se arrastam na CGU. Todavia, boa parte deste poderiam ter sido resgatados e não o foram. E se está falando apenas dos convênios federais e monitorados pela Caixa Econômica.
Chama a atenção um aspecto: dos convênios já firmados, quase dois terços ainda estão por iniciar. As verbas solicitadas à União e que não carecem de maiores cuidados burocráticos como o planejamento, por exemplo, todas saíram a jato. Leia-se verbas para custeio de atividades culturais e aquisição de máquinas. Já em se tratando de itens onde há necessidade de planejamento minucioso, mesmo obras sabidamente acabadas ainda não foi dado baixa como tal, o que aponta para a ausência de documentação adequada. Outro dado é que se repete aqui, um fato comum na administração passada: o de contratar sem o devido respaldo técnico, inclusive a denominação do lugar a receber o benefício. A verba para o Matadouro, por exemplo, não é para a construção de um novo; e sim para reparo do antigo. E não se mexe no orçamento da União como se mexe no caderno da bodega; o mesmo ocorre com um dinheiro que por sinal já foi liberado para o município referente à construção de uma praça, supostamente o Largo Simão Dias Francês, em frente ao conhecido Posto São José. Também ainda não saiu do papel.
Todos esses probleminhas vem causando desgaste na imagem da administração de Maria Mendonça e para maior chance é necessário que corrija o mais rápido possível. Para o povo, todos os males de Luciano estão perdoados. A bola – ou vidraça - da vez agora é Maria.

A campanha de Luciano Bispo
Por outro lado é preciso quantificar alguns possíveis problemas na campanha de Luciano. Sobre os problemas legais é informado que o TCE já bateu o martelo relativo às contas municipais de 2002. Mas isso não é tudo. Aliás, é impressionante o quanto se cozinha nos tribunais de contas esses relatórios. Também o ex-prefeito ainda tem uns probleminhas relativos a convênios com a União e aqui, ele bate de frente com a LRF, a temida Lei de Responsabilidade Fiscal imposta pelos gringos para garantir seus próprios frutos de agiotagem. Convém não achar que é mera besteira. Luciano ainda enfrenta o problema do financiamento da campanha, mas isto, se sua campanha se mostrar viável tudo quanto é agiota lhe abrirá os cofres.
E aí vem o lado negro de sua administração que foi o não devido cumprimento de contratos. Bem, mas isso os partidários da Prefeita trataram de anular ao cantar esse mantra durante três anos e nada de melhor apresentar; e esquecendo que no Brasil ninguém acredita na honestidade de ninguém, logo, “todos são iguais perante a Lei.” O problema de Luciano mesmo é de foco. Está nos dez por cento que não tem dono. Nem é de Luciano nem de Maria. Gente que vota muito mais pelo que acredita e não por paixões ou interesses. É pouco, mas significa algo em torno de cinco mil votos efetivos. Isso dá uma diferença danada. Apostando em que Maria se enforcasse usando sua própria corda, o ex-prefeito e seus partidários esqueceram-se de criticar e fazer oposição real à Prefeita como se estivesse esperando que a dita administração se enredasse em seus próprios erros como já dito. Nem sempre isso funciona, especialmente quando isoladamente. O resultado é que esses mesmos dez por cento pode ter se convencido que é tudo farinha do mesmo saco. E isso é ruim para Maria e péssimo pra Luciano. Depois, tem outra questão de foco do marketing do ex-prefeito. Na ânsia de parecer “do contra” seus partidários comeram a corda dos paulistas – o velho PRP ressuscitado no PSDB – e sua mídia, que há cinco anos lutam pra derrubar Lula e passaram todo esse tempo querendo derrubar Lula como forma de derrubar Maria. Perderam, portanto, o foco local. É mais ou menos o que acontecia nos anos 70, quando relevantes membros da sociedade local se preocupavam com a política nacional e estadual, na espera de um anjo vingador; se fechavam em grupinhos – às vezes até mesmo em clubes de serviços - enquanto Chico de Miguel ganhava uma eleição após outra. Obviamente que agora existe a figura centralizadora de Luciano, o quem causa uma grande diferença, mas esse risco de academização visto naquela década persiste. Aliás, nessa história de entrar na onda é que fica mais evidente o salto alto nas hostes lucianistas. Está a cara de 1970 quando o azarão do PMDB foi desprezado pela nobreza local e com apoio de Chico de Miguel, em quinze dias derrotou a ditadura, a mídia de então, o governador e a mesma oposição.
Todos estão de olhos apenas no que poderá ser usado para comprar votos, essa prática secularmente negada e tão praticada, todavia, como já dito acima, é o conjunto que interessa. Detalhes, somente como parte do conjunto. Do ponto de vista pessoal o ex-prefeito vem fazendo a coisa certa mantendo o canal com o povo desde quando entregou as chaves da Prefeitura. Entretanto, quase todos que irão à sua festa sábado estarão de olho em quantos e quais estarão por lá. Disso demandará a “boa vontade” em contribuir, seja com trabalho, seja em espécie. E aqui não vale os apoios circunstanciais e mais que interesseiros do tipo João Alves e Albano Franco. Agora a mentirinha só vale se acompanhada de reais posições. No popular, quando o cavalo está carregado de açúcar, até o rabo é doce.
Por último é preciso que se indague: mesmo que tenha força para tal, importaria a João Alves Filho o retorno de Luciano ao poder em município tão estratégico? E a Albano Franco, eterna e geneticamente - do ponto de visto político - sempre ligado aos Teles de Mendonça? O mesmo Albano que já não saiu de fininho do PSDB por medo de apanhar da mídia grande e principalmente da Globo; e claro, perder os contatos na FIESP que é quem está por trás do verdadeiro poder do PSDB.
A administração municipal até agora favorece o renascimento de Luciano com seu pragmatismo - às vezes até temerário - já visto tantas vezes. Romper com a imagem de adinamia é o que a Prefeita precisa urgentemente para não ser tragada pela maré lucianista que poderá se formar a partir desse sábado.

Tempos difíceis
Uma coisa é certa: quem está mordendo não deixa a fruta assim de graça e quem já mordeu tá doido pra voltar.
Lamentavelmente esse ano é ano de baixaria e queira Deus que não de muita violência. Os ódios estão latentes e foram magistralmente alimentados focando no governo do Estado e principalmente na Presidência da República. Mas eles se reorientarão rapidamente para o primeiro alvo que lhe passar à frente. E, como a cada ação corresponde uma reação em contrário, Deus queira que tenhamos um pleito civilizado. Como tempestades, os ódios são assim. Indomáveis enquanto durem.










Obs.: Os valores foram atualizados pela inflação seguindo o padrão da FGV através da FEE (clique).

segunda-feira, 10 de março de 2008

Comemorações I

Leio no blog de Marco Aurélio que a FM Itabaiana irá somar-se aos festejos de aniversário do ex-prefeito e candidatíssimo ao retorno, Luciano Bispo, que se realizarão no próximo sábado, dia 15, comemorando seu próprio aniversário de 16 anos no ar.
Coisas de Itabaiana!
Na minha carteira de trabalho número 21.269, série 568/SE está que fui admitido na empresa Rádio FM Itabaiana Ltda, CNPJ 32.706.996/0001-41 em 1º de junho de 1992. Detalhe: fui funcionário fundador e, se pouco contribui ali com meu trabalho, confesso, não foi por culpa minha. Porém, de fato, iniciei na dita rádio quase um mês antes da data citada, época de preparação da programação - antes de ir ao ar - e da famosa fase de testes que, no caso, não chegou a trinta dias como era de praxe, resumindo tudo em no máximo cinco semanas.
Acho interessante, pois, essa retroação de data de aniversário.
Isso é a política em Itabaiana.
Platitudes.