sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Animadíssimo com o nível político de Itabaiana.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a idiotice travestida nas espertezas efêmeras, de tanto ver crescer a soberba daqueles que, em se achando com muito dinheiro, acham-se também semideuses; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos malandros, eu desanimei da virtude, rio-me da sapiência, e já penso seriamente em me tornar um chipanzé.

(adaptação de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sugesteiros.

Um amigo meu hoje tentou me convencer que a candidatura à Prefeitura que defende estaria onze por cento à frente da concorrência. Aliás não faltam, de esquina em esquina, esse tipo de boca a boca, de todas as torcidas.
No saudável endurecimento da Justiça Eleitoral tomado neste ano ficou difícil a prática do disse-me-disse eleitoral com pesquisas de araque publicadas em impressos ou meios eletrônicos. Logo, ninguém se arrisca a uma canetada. Dolorida canetada. Também ninguém se arrisca a mostrar as “armas”, ou seja, a real situação. Daí porque eu não acreditar na “sugesta” do meu amigo. É que se o número usado por ele fosse até no máximo cinco por cento, haveria como me engabelar. Mas onze? Como é que alguém num eleitorado cuja diferença de votação nunca chegou a vinte por cento deixa de faturar estando onze pontos à frente? Deixa de publicar isso, dentro da Lei, obviamente? No mínimo acabaria com o moral do adversário tornando a campanha mais barata para ambos os lados. E teimo em acreditar que quem tem dinheiro goste de queimar dinheiro.
Meu caro, conte outra.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Emancipação.

Seria de bom alvitre que alguém explicasse como pode haver Câmara Municipal sem Município. Ou como pode haver Município sem emancipação.
A Prefeitura Municipal de Itabaiana insiste nessa redução da nossa grandeza histórica; nesse apequenamento de nosso município. Desde 1988. (Mais aqui)

Já que os Doutores da Lei estão revestidos de tão gran fineza que não podem requerer a simples mortais os caminhos para desvencilhar-se dessa bobagem, segue aqui o caminho das pedras; pode contratar algum professor da Conchichina que, de posse dos ditos documentos venha esclarecer, enaltecendo os super, hiper, mega-egos. Ao menos cinco exemplos já são suficientes, mas, pelo amor de Deus: meu lugar é bem mais do que isso a que querem reduzir-lhe.
Pedir os documentos originais, por favor, à Divisão de Informação – DINF, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Se entrar no site até cego acha.


  1. 1700 Setembro, 2-Lisboa. Tabelião do público, judicial e notas da vila de S. Antônio de Itabaiana, a Manuel João do Cabo. Idem, L. 26, fl. 242. Inventário dos documentos Relativos ao Brasil, existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa - II Grupo (1693-1702) Chancelaria de D. Pedro II. in Anais da Biblioteca Nacional do rio de Janeiro. Volume 93. P.84
  2. 1700 Novembro, 12-Lisboa. Escrivão dos órfãos em S. Antônio de Itabaiana, a Leandro Correia de Vasconcelos (Alvará de) Idem, L. 26, fl. 268. Inventário dos documentos Relativos ao Brasil, existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa - II Grupo (1693-1702) Chancelaria de D. Pedro II. in Anais da Biblioteca Nacional do rio de Janeiro. Volume 93. P.89
  3. 1701 - Janeiro, 11-Lisboa. Escrivão do alcaide da vila de S. Antônio de Itabaiana em Sergipe de El-Rei, a Manuel da Silva e Sousa (Alvará de) Idem, L. 62, fl. 123 v. Inv. dos documentos Relativos ao Brasil, existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa - II Grupo (1693-1702) Chancelaria de D. Pedro II. in Anais da Biblioteca Nacional do rio de Janeiro. Volume 93. P.95.
  4. 1702 - Março, 14-Lisboa. Alcaide da vila de S. Antônio de Itabajana, a Manuel da Costa Morgado (Carta de) Idem, L. 27, fl. 126. Inv. dos documentos Relativos ao Brasil, existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa - II Grupo (1693-1702) Chancelaria de D. Pedro II. in Anais da Biblioteca Nacional do rio de Janeiro. Volume 93. P.115.
  5. Prouizão da Serventia do officio de Escriuão da Camera da Villa da Itabayana, prouido a João Ribeyro Brandão. De 27 de Dezembro. In Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Volume 10. P.487. (27/12/1715)

Tonho de Doça.



Não dá pra dizer muita coisa sobre Tonho de Eudócia, ou Tonho de Zezé da requinta ou Antonio Oliveira, porque ele será sempre mais do que tudo aquilo que dele se disser. Neste caso, pra mim que tive a honra de conhecê-lo, porém não desfrutei da sorte de com ele bastante conviver, só me resta dizer: Adeus amigo!
É uma droga! Perder mais um (leia mais aqui). Mais que fazer. Essa é uma lei inflexível. A única de todas as coisas de que temos alguma certeza.
Deixará muitas saudades e um exemplo de vida que, se fosse perseguido por todos, certamente esse vale de lágrimas seria bem melhor.
Dizer o que mais?...

Fora de foco.


Em primeiro lugar, Wilson Cunha, o Gia é meu amigo, por sinal o único político que me arranjou um cargo, mesmo que não tenha sido lá essas coisas e por breves noventa dias. O dito cargo apenas serviu de gancho para um puxa-saco de ocasião de Zé Queiroz ir pro ar num programa de Gilmar Carvalho, ainda na Rádio Educadora de Frei Paulo me “descascar”. Não respondi por que não valeu à pena. Mas o cargo, foi sim, um sinal de respeito do ex-deputado Estadual e depois Federal para comigo e, portanto, mesmo que estejamos desligados a um bom tempo nutro pelo mesmo respeito e sei que sou correspondido.
Em segundo, a matéria de Claudio Nunes, publicada em seu blog e replicada no blog de Edivanildo Santana peca por um aspecto indiscutível. O que, em regra, o SINTESE está contestando – pelas próprias palavras do colunista – não é o fato de Gia estar de posse do comodato relativo ao Módulo Esportivo da Secretaria de Estado da Educação em Itabaiana; e sim o fato de Gia ter construído sem licença alguma um prédio dentro do mesmo espaço, no qual estaria morando.
Na administração pública, as vontades, antes de serem aplicadas têm que passar pelo crivo da Lei; pré-existente, ou votada pelo respectivo executivo. É assim que funciona uma república. Do contrário será uma bodega, no pior sentido. Porta aberta pra todo o tipo de traquinagem como as inúmeras doações ilegais que têm sido feitas no município e pelo Município de Itabaiana. Citaria várias, mas resumo-me ao espaço do centro da Praça João Pessoa, onde foi doado um espaço cinco por três metros (Lei 350/68) e hoje há um monstrengo de dez por vinte e cinco quebrando a boa impressão paisagística que ali poderia ter. Por pouco não ressuscita a Lei 89/53 que havia doado o mesmo terreno aos Correios, numa dimensão de 20 por 25 metros. Logo, em si a doação de 1968 foi legal; o ilegal foi o avanço enorme sobre o espaço público, quinze anos depois. Também está incluso nessas doações ilegais, sem registro algum no Tombo de leis da Câmara – o Poder que tem poder pra tal ato - o prédio sede da Intendência (prefeitura) que funcionou até 1913 na esquina da Praça Fausto Cardoso com a atual Avenida Ivo Carvalho. Em 1971 , o dito prédio era alvo de recomendações do Ministério do Interior para que fosse tombado como Patrimônio Municipal e, seguidos os caminhos devidos, chegar ao tombamento pelo IPHAN. - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Acabou virando uma cafua depois.
Além desses exemplos, algumas associações idem, idem.
Todo o apoio ao projeto desportista de Gia, meu amigo (conheço as suas manias de realizador); todavia, relativo à sua intervenção inadequada, o SINTESE está coberto de razão. O que é público é público; não pode ser administrado como coisa privada. Principalmente num lugar com um histórico tão rico de apropriações do espaço público. Não quero aqui acusar ninguém, mas houve um erro por parte de Gia, na forma como executou uma obra num espaço público sob seus cuidados. E isso, de alguma forma tem que ser reparado. Em verdade, a mesma responsabilidade que tem o SINTESE de questionar Gia também tenho eu, que não sabia de tal feito; Edivanildo, Claudio e qualquer cidadão que se queira como tal.
Por falar em malversação de patrimônio público, a tricentenária Câmara Municipal de Itabaiana - se estivesse funcionando de fato - poderia fazer um grande serviço aos seus munícipes e publicar e manter atualizado todo o cadastro de bens móveis e imóveis do povo de Itabaiana que, vez ou outra, algum espertalhão passa a mão. Mas isso é querer demais, eu sei. Cada povo tem o vereador que merece.


Obs.: As leis acima referidas foram publicadas na primeira versão do site da Câmara por mim quando tive o prazer de catalogar, sistematizar e publicar todas elas em 2001. Inexplicavelmente, além de acabar com a publicação dos balancetes, até o banco de leis Suas Excelências resolveram dar-lhe um basta. "Pra quê isso?.Né?"

Paixão política ou comportamento de gangue?

O interesse da população pela vida política se manifesta, muito mais, em relação a pessoas do que a programas.(...)Não existe, em Itabaiana, movimento social. O individualismo predomina.(*)
Não é segredo pra ninguém que o comportamento, supostamente eleitoral, do itabaianense é por demais esquentado. Por trás disso está uma máquina de distribuir benesses que vai desde empregos, muitas vezes graciosos; a dinheiro vivo distribuído na campanha eleitoral. A paixão é movida, pois, a notas emitidas pela Casa da Moeda. Sintomaticamente, foi nos momentos de maior produção agrícola do município que os incidentes violentos vinculados às épocas eleitorais quase ou completamente zeraram. Meados e penúltima década do século XIX; 1966, especificamente, e 1988. Coincidentemente, no primeiro caso havia a ressaca, a sombra tenebrosa da morte de Euclides Paes Mendonça, porém, associado veio o fato de Itabaiana ter atingido em 1965 a condição de maior produtor de farinha de mandioca do Brasil. No segundo, entrou em operação a mega produção de hortaliças dos dois projetos de irrigação: Jacaracica e Ribeira.
É o empreguismo, o motor de maior poder eleitoral por aqui. Não existe a paixão, mesmo que rude, mas pura; de coração. Esse coração está, geralmente no terço médio superior da perna, à altura da coxa. O exacerbamento que ora já é visto (ver matéria aqui) em alguns pontos e momentos é fruto, insofismavelmente, de comportamento de gangue. Marcação de território. Isso tem levado aos sucessivos conflitos como em 1848, 1877, 1916, 1946-1962, além dos eventos das eleições de 1954 e 1976, e os retumbantes de agosto de 1963 e 1967, entre outros.
(*)Relatório Preliminar de Desenvolvimento Integrado. Município de Itabaiana. SERFHAU - Serviço Federal de Habitação e Urbanismo. Ministério do Interior. 1971. APES, cx 21, doc. 09.